Das bandas de rock mais adoradas desta década, o King Gizzard & The Lizard Wizard está no topo. Claro, eles não pertencem ao mainstream, mas qualquer um que goste do gênero acompanha com atenção cada lançamento (e não são poucos) do grupo australiano.
Em 2016, com apenas 6 anos de carreira e impressionantes 7 discos na bagagem - hoje já são 15, cada um com diferente estética sonora -, a banda lançou Nonagon Infinity, que traz um salto na já imbatível psicodelia garageira anfetaminada do grupo.
O álbum tem o conceito de looping infinito, sendo que seu fim emenda com o começo e as faixas entre si estão interligadas. Nada disso interessaria não fosse a força das composições, dos timbres e da execução.
Com uma produção tão organicamente volumosa que mais parece uma nuvem densa, "Robot Stop" abre o disco (ou fecha, ou está no meio... lembre-se, estamos diante de um looping) com melodias abrasivas de guitarra microtonais, que trazem um elemento "oriental" ao solo. Há também gaitas faiscantes com o pé no blues e distorções estridentes em um longo momento instrumental com clima de jam espacial. Uma faixa com sabor de cogumelos alucinógenos.
De compasso ímpar, "Big Fig Wasp" remete a década de 1970, embora tenha uma esquisitice composicional típica do século XXI. Atenção para alguns timbres borbulhantes e memorável refrão.
O groove de "Gamma Knife" faz deste momento um dos mais divertidos do álbum. Tem muito do blues inglês na canção. Interessante o processamento na voz, assim como inquieto pé direito no bumbo. Há até mesmo um solo de bateria ao final da canção. Execução transpirante.
Seja devido a melodia ou os timbres de teclados, "People-Vultures" tem um clima assombroso e até mesmo apocalíptico. Beira o heavy metal. Adoro como a levada de guitarra soa afiada. Há um calor de válvula.
"Mr. Beat" é um momento apaziguador em meio ao caos, mas nem por isso menos delicioso. A melodia é cativante e há até mesmo algo "praiano" no timbre órgão.
A longa "Evil Death Roll" chama atenção por trazer uma potência quase punk dentro de uma composição cheia de partes, com direito a longos solos. Tem algo de rock progressivo na canção, embora com timbres nada cleans.
É divertida e complexa a construção de "Invisible Face". Atenção para seu núcleo adorável, beirando um "jazz rock latino".
"Wah Wah" é um ode ao efeito. As guitarras, vozes e gaita somam wah wah com fuzz de maneira inteligente e nada revisionista.
Por sua vez, "Road Train" é um noise metal psicodélico com direito a bumbos duplos, palhetadas abafadas e clima de terror, embora de resultado mais divertido que aterrorizante.
Um dos maiores méritos do disco é soar veloz e intenso por todos seus 41 minutos. Não há descanso ou bola fora. É o rock em sua forma mais certeira e voraz.
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