quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

RETROSPECTIVA 2019: Lançamentos (Incluindo os MELHORES DISCOS DO ANO)

É janeiro, mês em que a "tradicional" lista de melhores do ano do País do Baurets dá as caras. Ao contrário de tantos outros sites/blogs, evito soltar listas antes do tempo. Se o ano termina às 23h59 de 31 de dezembro, não vejo sentido em publicar no começo de dezembro.

Reconheço que citar mais de 100 discos de um único ano é exagero, ainda mais atualmente, onde tudo parece ser tão descartável (não enquanto obra, mas enquanto hábito de ouvinte). Todavia, não deixaria de postar algo bacana só para me enquadrar num número pré estabelecido ou em tendência comportamental de terceiros.

Apesar da grande quantidade de álbuns, fiz descrições curtinhas (não são criticas, muito menos resenhas, são descrições), justamente por entender que, embora as pessoas tenham sede de conhecimento, nem todos tem tempo/interesse/prazer de ouvir tantos lançamentos um a um, muito menos de ler a minha irrelevante opinião sobre tais obras.

Mesmo assim tá ai, o trabalho sujo está feito. Com direito a uma faixa destaque de cada disco (exceto nos "MELHORES DISCOS DO ANO", ao menos esses escutem inteiro).

Mais que uma crítica, esse post é um apoio para quem quer caçar uma novidade (e um HD externo para eu mesmo catalogar minhas audições/preferências).

Obviamente muitos prováveis grandes discos ficaram de fora simplesmente por eu não ter tido tempo de ouvir. No passado isso me causava angustia, hoje deixo rolar. De qualquer modo, se tiverem alguma grande indicação para fazer, é só colocar nos comentários.

Separei tudo em ordem alfabética. Nacionais e internacionais, tudo misturado. Sem pódio de chegada ou beijo de namorada. Acho que assim fica mais fácil para procurar algum lançamento específico. Todavia, como tem quem se interesse em saber as predileções nacionais, deixo aqui uma menção honrosa para os discos do Cadu Tenório, Deafkids, Douglas Germano, O Inimigo, Pata, RAKTA e Yung Buda. Destrincho eles mais abaixo.

Sem mais delongas, vamos para a lista:


MELHORES DISCOS DO ANO (SEGUNDO EU MESMO)
Cotação subjetiva: 8-10

- Ariana Grande: thank you, next 
Um dos grandes méritos da Ariana é conseguir mesclar produções ganchudas em canções de temática quase depressiva (ou de "falsa superação"). Isso tudo com uma interpretação ora sexy, ora terna, mas sempre cheia de personalidade, fazendo dela uma das artistas mais interessantes do pop atual. Vale atentar que até mesmo seus melismas estão mais contidos. Além disso, as melodias vocais melhoraram muito. Ótimo repertório, arranjos e clima proposto. Mais um passo evolutivo sem abandonar o mainstream.

- Big Brave: A Gaze Among Them 
Em apenas 39 minutos, esse trio conseguiu construir uma sinfonia de post-metal. Tudo muito intenso e denso, com direito a ritmos hipnóticos amontoados em texturas distorcidas. A execução transparece entrega emocional. Há ainda uma acessibilidade nas melodias e na interpretação vocal da cantora. Impressionante.

- Billie Eilish: When We All Fall Asleep, Where Do We Go? 
Há tempos que a estranheza e escuridão lirica estão presentes no mundo pop, ainda mais quando interpretada por jovens garotas (vide a Lorde). Neste sentido, Billie Eilish não é novidade. Sua massiva divulgação traz até certa aparência de "armação". Todavia, de todas as artista que direcionaram suas composições para essa estética "pop dark", ela é que se saiu melhor. As composições são atraente e "divertidas". Melhor ainda são as produções, arquitetadas não por trocentos produtores, mas somente com seu irmão, o Finneas O'Connell. Tudo muito pulsante, cativante, sintético, espaçado, grave, saturado e denso. Já sua interpretação, mesmo contida - quando não um ASMR -, evidencia paixão. Grata surpresa sonora em meio ao hype. Muito para uma artista de apenas 17 anos.

- Billy Woods & Kenny Segal: Hiding Place 
Beats bastante abstratos criam climas de tensão para que Billy Woods passeie por versos bem escritos com seu flow complexo, furioso e sombrio. Tem ainda elementos vibrantes de blues e jazz escondidos na composição/produção. É o rap em seu formato mais adulto e esteticamente rico.

- black midi: Schlagenheim 
Mantendo a tradição de grandes discos de estreias no rock, o debut do black midi apresenta uma sucessão de surpresas. Sua mistura de pós-punk, noise rock e math rock é tão cerebral quanto abrasiva. Em meio a arranjos intricados e performance bastante particular, é impossível não reconhecer o talento e a ousadia composicional do grupo.

- Charli XCX: Charli 
O pop contemporâneo em seu lado mais apelativo (no bom sentido), explorando melodias ganchudas em faixas pulsantes, criativas e intoxicantes. A produção ultra sintética e ruidosa invoca luzes festivas num porão escuro. Muitos do mérito se deve ao produtor A. G. Cook. Adoro como a voz da Charli soa "na cara" e como seu flow é criativo. Ao menos é isso o que acontece na maior parte do disco, tendo em vista que algumas baladas são pouco inspiradas (vide "I Don't Wanna Know"). A participação da Lizzo, Clairo e das garotas do Haim também não saltou aos meus ouvidos. Por sua vez, Pablo Vittar, CupcakKe e Sky Ferreira dão as caras de forma extremamente exitosa. As 5 primeiras faixas são tão espetaculares que compensam os deslizes. Versátil e impressionantemente eletrizante em seus melhores momentos.

- Denzel Curry: ZUU 
Um estrondo de velozes 29 minutos. Beats graves e imensos (ótima mix) que te jogam para trás em traps de bons ganchos melódicos. Isso sem falar na força interpretativa do Denzel Curry, uma das melhores vozes do hip hop desta década. Um disco menos "inventivo" que seu trabalho anterior, mas extremamente exitoso na execução. A capa noventista também é sensacional.

- JPEGMAFIA: All My Heroes Are Cornballs 
Embora experimental, ruidoso e abstrato, incrivelmente esse álbum soa mais acessível que o trabalho anterior do rapper. Talvez por flertar melodicamente com o r&b. As composições estão bastante confessionais. É um disco estranhamente tão corrosivo quanto bonito. Produção espetacular.

- Lingua Ignota: Caligula 
Kristin Hayter se dilacera num disco de força indescritível. Em cima de uma instrumentação claustrofobicamente sinfônica/industrial, sua interpretação transmite ódio e angustia. É uma verdadeira luta contra a vulnerabilidade de suas violentas memórias. Não é cinematográfico, é a vida. Fúnebre e audacioso. Não se surpreenda se você chorar ou desistir no meio do disco. O inferno é aqui.

- Liturgy: H.A.Q.Q. 
Não só o melhor álbum do grupo, mas definitivamente um dos discos mais inusitados de metal que eu já ouvi. É singular a maneira com que o black metal e o post-metal exploram elementos de música folk, erudita e efeitos glitch. Em cima de guitarras e vocais agressivos, há melodias que invocam uma tradição folclórica. Isso quando não é bruscamente interrompido por efeitos eletrônicos imprevisíveis. Tudo com uma produção bastante corrosiva, que transmite a força da execução. É o metal num momento vanguardístico sem abandonar sua brutalidade eufórica.

- Otoboke Beaver: ITEKOMA HITS 
Uma bomba sonora diretamente do Japão disparada por quatro gurias insanas. A banda chamou atenção antes mesmo do lançamento deste disco, que já nasceu "clássico" (na falta de uma palavra menos elogiosa). É que não dá para deixar de se entusiasmar com o ritmo frenético das canções, que trazem melodias esquisitas, astral elevado, execução vigorosa (em alguns momentos até demais, vide a absurda "Don't Light My Fire"), vocais berrados e peso oriundo tanto do punk rock quanto do noise rock, ainda que com um estranha interferência de ska (!!!). Extremamente complexo e divertido.

- The Austerity Program: Bible Songs 1 
Quem diria que a Bíblia poderia servir de inspiração para um disco tão esporrento. Através de uma produção alta e corrosiva, o grupo dispara seu noise rock com força descomunal. Tem alguns dos timbres de baixos mais nervosos que já escutei, que somados a agressividade dos batidas, não deixam o ouvinte piscar. Guitarras cacofônicas e vocais ríspidos completam o caos. O nível não cai um segundo.

- The Comet Is Coming: Trust In The Lifeforce Of The Deep Mystery 
Um disco de jazz que aponta para o futuro. Os timbres são tão espaciais quanto corrosivos. Há elementos tanto do space rock quanto do hip hop. Embora o sax esteja na linha de frente, é a cozinha encorpada (com timbres gorduroso de baixo e bateria tão crua quanto reverberosa) que salta aos ouvidos. As composições e solos se desenvolvem com maestria. Tudo muito bem tocado e criativamente produzido. É o jazz longe da ortodoxia.

- Weyes Blood: Titanic Rising 
Lindo disco de pop barroco/dream pop, com melodias adoráveis, arranjos orquestrados bem estruturados e interpretação singela (essa moça é apaixonante). Um trabalho charmoso e de aura etérea. Tudo adoravelmente contemporâneo, mesmo quando aponta para o passado (tem uma aura à la Phil Spector). O hype corresponde. Cresce a cada nova audição.

ABAIXO ESTÁ O BOJO DA LISTA. SÃO OS ÁLBUNS QUE OUVI PARA CHEGAR AOS MEUS PREDILETOS. CLIQUE NO MAIS INFORMAÇÕES CASO SE INTERESSAR.

ABRI UM SEÇÃO PARA FILMES SOBRE MÚSICA TAMBÉM.

SEPAREI ENTRE "BONS" (6-8), "MEDIANOS" (4-6) E "RUINS" (0-4).


*- Nome da banda: Nome do Disco (Pequena descrição pessoal). Melhor faixa
Em negrito alguns destaques.

BONS
Cotação subjetiva: 6-8

- 100 gecs: 1000 gecs (Uma mistureba electropop hiperativa com temperos de EDM, dubstep, k-pop, emo, pc music, música experimental, metal extremo e ringtones (!!!). É sério. É tudo tão particularmente surreal que até os equívocos são legais. A produção é bastante sintética, com direito a vocais ultra processados. No minimo peculiarmente atrativo. Encare com humor). 800db cloud

- Aldo: Trembling Eyelids (Após implodir o próprio passado, o duo brasileiro lançou por um selo inglês esse EP trazendo sua interessante fórmula de indie rock eletrônico. Em cima de boas composições, timbres que dialogam entre o anlógico e o digital são trabalhados com sabedoria. Bem legal). Papermaze

- Alex Cameron: Miami Memory (Fazendo uso de uma estética sonora oitentista que percorre pelo heartland rock e o synthpop, o artista parece muito mais centrado do que em seu trabalho anterior. Mais do que qualquer outro atributo, as composições são o grande ponto do álbum, sendo assim, vale atentar para as letras, que tratam diversos aspectos da masculinidade com seriedade e ironia. Sua interpretação contida também privilegia as melodias. Um disco de pop rock acessível e maduro). Bad For The Boys

- Alice Caymmi: ELECTRA (No auge da minha ignorância, fui esperando um disco de mpb-pop porralouca, mas me deparei com lindas composições obscuras do Tim Maia, Fagner, Maysa, dentre outros, na voz grave e dramática da Alice Caymmi. Interpretações intensas acompanhadas somente de piano. É quase que um formato "bolero"/"samba-canção", embora nada pastiche. Uma surpresa gratificante). Mãe Solteira

- American Football: American Football (LP3) (Se as temáticas, melodias e a interpretação vocal continuam apontando para o (bom) emo, o instrumental aqui aparece calcado no post-rock. Numa produção nitida e encorpada, guitarras arpejadas, grooves de bateria sofisticados, timbres atmosféricos, arranjos elaborados e a participação da Hayley Williams e Rachel Goswell, valorizam ainda mais as boas composições. O álbum cresce a cada audição). Uncomfortably Numb

- Amyl and the Sniffers: Amyl and the Sniffers (A fuleiragem rockeira em de seus grandes momentos do ano. Uma mistureba de punk rock, pub rock e glam rock (ou seja, bem setentista) onde a execução preza mais pela visceralidade do que pela excelência técnica. Não vejo o menor problema nisso. Adoro a voz estridente da moça. A capa é uma colagem tão tosca quanto maravilhosa. Música pra jovem rockeiro usar droga). Cup Of Destiny

- Ana Frango Elétrico: Little Electric Chicken Heart (É bem bobinho, mas não é tonto. A voz da moça tem uma doçura tropicalista divertida (meio Gal no começo de carreira). É indie, com traços de música brasileira, mas sem o selo de MPB. Bons arranjos (com direito a metais jazzísticos) e gravação quente. Regularmente exitoso e simpático). Se No Cinema

- Anderson .Paak: Ventura (Poucos meses após seu último disco, ele retorna com um trabalho ainda melhor. Este claramente mais voltado para a soul music. Claro, os timbres são modernos, tem muita coisa sintética, mas o que se ouve são composições calcadas no velho R&B, o que eu acho ótimo. Tem ótimas melodias, belos arranjos, linhas de baixo envolvente... não tem muito erro não. Até o Smokey Robinson dá as caras. É o pop contemporâneo levado a sério). Come Home

- Angel Bat Dawid: The Oracle (Embora calcado no free-jazz, esse trabalho desfoca das origens conhecidas do estilo e apresenta uma linguagem bastante contemporânea, experimentado nas formas e ousando nos timbres. É interessante notar como, conforme o disco evolui, a gravação fica mais lo-fi. Uma estreia vibrante desta talentosa clarinetista). Capetown

- Angel Olsen: All Mirrors (Através de grandiosos arranjos sinfônicos, a Angel Olsen traz refinamento para suas composições. Há grandes melodias e uma produção reverberosa atraente (à la Phil Spector). Isso sem mencionar sua interpretação tão melancólica quanto solar. É um disco regularmente bonito e agradável. Fora que ela tá lindíssima na capa). Lark

- Ave Sangria: Vendavais (Não sou um grande entusiasta do cultuado álbum lançado pela banda em 1974, mas ouvi com felicidade esse disco lançado 45 após seu debut. As referências continuam as mesmas. Muito de música nordestina e rock psicodélico, ambos com personalidade e legitimidade. O guitarrista Paulo Rafael rouba a cena. Merecia uma produção mais criativa, mas tudo bem, o disco é bacana). Em Órbita

- BaianaSystem: O Futuro Não Demora (Ao contrário de muitos, eu não morro de amores pelo som do grupo. Ainda assim, achei esse disco o melhor resolvido da banda. Não que as composições me atraiam tanto, mas é que a fusão de axé, afrobeat e dub está mais poderosa. Fora que as diversas colaborações (BNegão, Antonio Carlos & Jocafi, Manu Chao, Curumin, Edgar, dentre outros) dá variedade ao álbum. Gostei do direcionamento mais orgânico da produção. Adoro o fato da guitarra baiana se manter na linha de frente). Saci

- Barão Vermelho: VIVA (Não era promissor: Barão sem Frejat, embora substituído pelo talentoso Rodrigo Suricato, não parecia boa ideia. Mas dei uma chance. Que surpresa! Acima de tudo, o álbum soa honesto. 9 músicas, sem excesso. Nada muito ousado, mas é o perfeito pop rock/rock nacional para ouvir sem compromisso. Tem ótimos refrões, sendo que se o mercado estivesse melhor para o gênero, apostaria que algumas faixas seriam sucessos. Tudo muito bem tocado, com a pegada rock n' roll característica do grupo. A voz do Suricato, involuntariamente ou não, lembra muito a do Frejat. Até a capa é ótima. BK e Letrux dãos as caras. Bem legal. Se antes olhava com desconfiança, agora arriscaria ir num show). Eu Nunca Estou Só

- Battles: Juice B Crypts (Vi algumas criticas negativas ao álbum que, na hora de ouvir, não se manifestaram em mim. Achei interessante a maneira com que o grupo se colocar entre o math rock, indietronica, krautrock e art rock. Composições inquietantes elevadas numa produção encorpada, que dá enfase a timbres invasivos. Curiosas as participações do Jon Anderson e Shabazz Palaces. Curti). Last Supper On Shasta Pt. 2

- Berlau: Contrassexual Toccata Para Guitarra e Dois Vibradores (A guitarra muitas vezes vista como um objeto fálico é finalmente posto como elemento sexual explorando esteticamente e sonoramente o sexismo. Curioso).

- Beth Gibbons: Symphony No. 3 (Symphony Of Sorrowful Songs) (A cantora do Portishead demonstra personalidade e recursos técnicos nesta impressionante interpretação da emblemática sinfonia do Henryk Górecki. Com direito a regência do Krzysztof Pederenski. Nada mal! Grandioso, épico e emocionante). III. Lento - Cantabile-Semplice

- Better Oblivion Community Center: Better Oblivion Community Center (Um punhado de canções bacanas (e comoventes) de indie rock com um pé na caipirice melódica da country music e o outro nas guitarras sujas do rock noventistas. Bem composto, tocado e gravado. Altamente palatável). Dylan Thomas

- Big Thief: U.F.O.F. (Com uma produção orgânica cristalina, o grupo traz composições com pequenas nuances que atraem o ouvinte. Seja o deslocamento de um acorde ou uma melodia improvável, o disco é de grande eficiência sonora. Tudo muito bem tocado e de interpretação singular e singela da Adrianne Lenker. Para quem gosta de indie folk e dream pop é prato cheio). Jenni

- Bike: Quarto Templo (Dentro dessa "nova psicodelia brasileira", a Bike é a banda que mais me interessa, sendo esse álbum possivelmente o mais rebuscado e interessante. Tem profundas camadas de delay, beat de motorik, timbres vintages parrudos e viajante construção de temas. Acho legal). Divinorum

- Bill Callahan: Shepherd In A Sheepskin Vest (Bill Callahan é um guardião da música folk. Sua música traz à rusticidade do estilo à contemporaneidade através de seu talento para contar histórias. Um disco longo, mas que permite o ouvinte viajar pelas canções. Bons arranjos e grande profundidade interpretativa, mais uma vez lembrando o Leonard Cohen). Morning Is My Godmother

- billy woods: Terror Management (Devo admitir que em meio as (curtas) 18 faixas, algumas vezes eu perdi o foco. Não que as músicas sejam fracas, mas elas não trazem grande surpresa. Inclusive, a experiência de ouvir as faixas isoladas (ou em breves séries), revelam o lado veladamente corrosivo dos beats e a eficiência indiscutível do Billy Woods enquanto MC. É o rap mais uma vez em seu estado mais sério, embora menos bem sucedido que no disco em parceria do Kenny Segal lançado também este ano). Gas Leak

- Black Pumas: Black Pumas (Um tanto quanto pastiche? Não deixa de ser. Entretanto, é sempre bom negócio essa aposta em timbres vintages sessentistas com clima ora rockeiro, ora soul. Apesar da produção "revisionista", é tudo bastante cristalino. Bem tocado e com faixas legais. Funciona). Black Moon Rising

- Black Taffy: Elder Mantis (O verdadeiro lo-fi hip hop. Composições calcadas na música ambiente, donas de melodias com perfurme oriental, mas com beats descompassados de rap. As faixas não apresentam grande variação entre si (timbristicamente são até bastante repetitivas), mas no todo formam uma agradável paisagem sonora). Geraldine

- Blanck Mass: Animated Violence Mild (Através deste terceiro álbum, o projeto se consolida abordando formas e timbres da música techno com uma dinâmica e espírito maligno. Há passagens intensa tipicas de powerviolence ironicamente misturadas ao som de pista. Em épocas de EDM aguado, a experiência deste disco soa oportuna). Death Drop 

- Blarf: Cease & Desist (O humorista Eric André num brilhante amontoado de samples, colagens e outras manipulações de áudio. Até o Jorge Ben foi parar na roda. O resultado é um plunderphonics-rap-noise grooveado e maluco). Banana

- Blood Incantation: Hidden History of the Human Race (Putaquilamerda! Facilmente um dos grandes álbuns de death metal dos últimos anos. A produção faz uma ponte entre os timbres tradicionais/orgânicos com uma limpeza que deixa o peso nítido. Tudo isso ressalta a violenta performance (com destaque para o baterista, embora todos sejam excelentes). Já as composições ora lembrar o lado mais rebuscado de Death, ora a fúria desgraçada do Cannibal Corpse, ora camadas progressivas bastante particulares). Awakening From The Dream Of Existence...

- Blood Orange: Angel’s Pulse (Embora com algumas gordurinhas, essa curta mixtape tem faixas verdadeiramente boas. É interessante como é possível se apropriar de climas da música "romântica" oitentista que, quando fundidas em timbragens do r&b contemporâneo, soam bem legais. As vastas participações trazem também variedade interpretativa ao trabalho do Blood Orange). Gold Teeth

- Blu & Oh No: A Long Red Hot Los Angeles Summer Night (Uma obra que transparece qualidades com facilidade. Há o calor do west coast hip hop somado a um aspecto sinistro vindo de flow velozes e bem costurados. Uma narrativa feroz e repleta de ganchos que prendem o ouvinte. E por mais que os beats não tenham tanto peso, as bases são bem estruturadas através de timbres orgânicos. Que discão!). Straight No Chaeser

- Bob Mould: Sunshine Rock (Mesmo quando o Bob Mould dá uma oscilada (os dois anteriores são melhores), ele continua no topo na arte de compor canções de power pop/pop punk. Astral elevado). Irracional Poison

- Boogarins: Sombrou Dúvida (Não sou um grande entusiasta do Boogarins, mas esse álbum foi o que mais gostei. Os arranjos e a escolha de timbres está bem mais criativa que a mera psicodelia retrô brazuca. Tem uns reverbs exuberantes nas vozes. Fora o uso de cortes/ruídos bastante criativos. Mesmo a interpretação vocal me agradou bem mais. É bacana). Sombra ou Dúvida

- Boogie: Everything's For Sale (Cheguei ao álbum através da fúnebre e ótima capa. De imediato adorei tanto o flow do rapper quanto os ganchos melódicos, embora a magreza dos beats no primeiro instante tenham me incomodado. Logo essa versão mais pop do west coast hip hop foi caindo no meu gosto. Tem ótimos momentos). Lolsmh

- Branford Marsalis Quartet: The Secret Between The Shadow And The Soul (É muito legal ver um artista consagrado do jazz, de alcance quase "pop" e que não precisa provar mais nada para ninguém, ainda ousando musicalmente. O fluxo de ideias nos improvisos, a interação dos músicos, a dinâmica explosiva (que batera, hein!), a atmosfera do estúdio... Tudo muito redondo e criativo (ainda que dentro da "fórmula" do jazz). Bom demais!). Dance Of The Evil Toys

- Bring Me The Horizon: amo (Não sou chegado no som do grupo, mas já que eles abandonaram a própria trajetória dentro do metalcore, abriu-se a porta para uma nova reavaliação minha. E embora eu não tenha morrido de amores pelo disco, essa incursão por um "hard rock" moderno, com interferência da música eletrônica e do pop, resultou em momentos interessantes. É o pop rock que não abre mão do peso e nem da tentativa de ousar. Isso é louvável. Produção musculosa). Wonderful Life

- Brittany Howard: Jaime (Jamais duvidei que a excelente cantora do Alabama Shakes pudesse lançar um ótimo disco solo, só não esperava que ela desviasse do tradicional via produções tão criativas. Se a célula tronco das composições é a soul music, os arranjos apontam para outra direção, flertando com uma modernidade "psicodélica". Algo como que se o Prince tivesse colocado a mão. Tem timbres podersos e interpretação vocal arrepiantes. Fora que as canções tem uma profunda carga emotiva e politica. Surpreendente). He Loves Me

- BROCKHAMPTON: GINGER (Confesso que esse "amadurecimento" musical do Brockhampton de imediato me causou desconfiança. Não há a euforia de outrora, mas sim composições melancólicas e confessionais, com algumas da melhores produções que já ouvi dentro do pop rap, além da já caracteristica variedade de flow do grupo. Um álbum espantosamente bonito). DEARLY DEPARTED

- Broken Social Scene: Let’s Try the After Vol. 1 EP (Poderia ser apenas um indie pop bobinho, mas é tudo tão bem arranjado, tocado e produzido, que tá mais para um chamber pop melodioso, rico em timbres e de clima solar. Bonita capa. Belo EP). Remember Me Young

- Brutus: Nest (Inicialmente o vocal "na cara" e a produção me incomodaram um pouco, mas as composições numa linha post-metal/post-hardcore com pitadas de blackgaze vão aderindo novos climas, sem  perder a organicidade de um power trio. A cantora/baterista é extremamente talentosa. As composições tem uma interessante evolução. Banda criativa). Cemetery

- Brvnks: Morri de Raiva (Algo que costuma me incomodar do indie rock brasileiro é sua aparente obrigação de aparentar algum traço tupiniquim. Felizmente isso não acontece aqui. Esse projeto da Bruna Guimarães soa como se Courtney Barnett fosse mais ingênua. Boa produção, guitarras cruas e composições divertidas. É um rockinho sem grande surpresa, mas muita eficiência). Your Mon Goes To College

- Buke And Gase: Scholars (Esse duo faz uma verdadeira alquimia combinando composições palatáveis dentro de uma fórmula que envolve timbres saturados, beats incisivos, guitarras rústicas e elementos eletrônicos. As vozes melódicas humanizam a engenhosa manipulação sonora). Scholars

- Bummer: Thanks For Nothing (EP com 4 músicas e total de 11 minutos (com direito a uma ótima versão de "The Beautiful People"). Uma faixa mais simples e porrada que a outra. Todas calcadas num peso monolítico. Paulada). Grim Sleeper

- Cadu Tenório: Corrupted Data孤独死 (Embora seja uma sequência, achei esse álbum infinitamente melhor resolvido que o anterior, tanto no que diz respeito ao desenvolvimento das composições, quanto a excelência da produção, sendo que aqui me refiro não somente a incursão pela música ambient e glintch através de timbres e texturas espetaculares, mas também a nitidez proporcionada pela mix/master). People Only Have Substance Within The Memories Of Other People...

- Caroline Polachek: Pang (Em seu primeiro disco solo, a cantora do Chairlift entrega excelentes performances vocais em composições que, embora não tenham me emocionado, são positivamente regulares. O caminho proposto através da produção, de atualizar o pop oitentista, é muito bem sucedido. Em alguns momentos parece que é o que aconteceria se a Kate Bush lançasse um disco com um produtor de trap ou pc music (bem mal exemplificado). É um pop bastante elegante). I Give Up

- Caroline Shaw / Attacca Quartet: Orange (Uma das mais populares compositoras de música erudita da atualidade (tá na trilha de Dark, ganhou Pulitzer, já colaborou com o Kanye West), em peças sedutoras e equilibradas. Há momentos desafiadores, mas há também respiro e dinâmica. A instrumentação se restringe a poucas cordas, o que traz limpeza e maior desafio no desenvolvimento das faixas. Um álbum bonito que merece uma chance mesmo que a música erudita não seja a sua praia). Plan & Elevation (as cinco partes)

- Cass McCombs: Tip Of The Sphere (Espetaculares canções de perfil folk, mas que não se acanham diante da eletrificação. O cuidado com a composição é nítido. Ótimos timbres orgânicos, com destaque para as guitarras. Grande variação de proposta a cada faixa, trabalhando o desenvolver do disco inserindo diferentes elementos (de música indiana, lo-fi, glitch, americana...). Bem legal). Sidewalk Bob After Suicide

- Cate Le Bon: Reward (Há grande qualidade em artistas que conseguem aumentar a dose de "estranhice" em suas composições sem soar pedante. É isso o que acontece com essa talentosa compositora/instrumentista. As melodias, instrumentação, arranjo... tudo é motivo para experimentar, ainda que sem perder o rumo. Fora que as canções crescem conforme novas audição. Um trabalho de art rock elegante e elaborado). Mothers's Mothers's Magazines

- Celestial Trax: Serpent Power (Um trabalho que exige atenção. Despercebido pode soar monótono, mas a maneira com que os sons se sobrepõem, os climas densos de piano e os efeitos típicos do glitch, dão um caráter rebuscado a esse ótimo álbum de música ambient). Offine Offscreen

- Céu: APKÁ! (Lançado sem aviso prévio, o disco surpreende pelo conteúdo. Não que os climas "dub-vagorosos" não remetam a tudo que a Céu já fez em termos de sonoridade - esse álbum até parece reunir um pouquinho de cada disco -, mas é que os textos estão mais refinados. Pessoalmente abstrato, o cuidado lírico e melódico impressiona. O fato de ser uma mulher recém mãe num mundo caótico, interfere na poética. Já os beats chegam a flertar com elementos sintéticos de música minimalista, ainda que escondidos em meio a canções de aura pop oitentista. Caetano mandou letra, Tropkillaz um beat e o Pupillo produziu (muito bem, por sinal). Me pegou de imediato). Forçar o Verão

- Chelsea Wolfe: Birth of Violence (Não sou dos maiores entusiastas da Chelsea Wolf, mas assumo preferir seus trabalhos acústicos do que os direcionados ao metal. Aqui todo o seu goticismo sombrio é explorado em arranjos densos e lindas melodias. Seu canto profundo chega a emocionar em alguns momentos. Curioso pensar como sua voz as vezes me lembrou a da PJ Harvey e algumas bases me remeteram ao trip hop. Bonito e contemplativo álbum). American Darkness

- Cherushii & Maria Minerva: Cherushii & Maria... (Um disco tão alto astral que nem dá pra pensar que é póstumo. Batidas dançantes, sintetizadores lascivo e o clima urbano da acid house. Nada muito ousado, mas perfeito para "discotecar"). Thin Line

- Christoph De Babalon: Hectic Shakes EP (4 músicas em 20 minutos. Não é som para todo momento, mas é inegavelmente bem sucedido. Beats complexos e sintetizadores delirantes numa construção abstrata e corrosiva. Muito potente). Shakes And Shivers

- Clinic: Wheeltappers and Shunters (7 anos sem disco de inéditas resultou num trabalho com mofos psicodélicos duelando com a abordagem indie rock do grupo. Não vai mudar o mundo, mas seus rápidos 20 minutos são bem legais). Laughing Cavalier

- clipping: There Existed An Addiction To Blood (Não é necessário sequer entender inglês para perceber o quão intrincado é o flow dos rappers. O cuidado rítmico com a palavra é impressionante. Isso tudo em cima de produções criativas, barulhentas e cheias de texturas. Há um clima aterrorizante influenciado por filmes de terror. Na verdade, há até mesmo 18 minutos de um piano em chamas (!!!). Uma amostra de beleza assustadora dentro do hip hop). He Dead

- Cochemea: All My Relations (Embora essa imersão do jazz na tradição dos ritmos africanos possa soar repetitiva posta ao lado de outros trabalhos com a mesma concepção, o resultado dificilmente desagrada. Há uma profundidade quase espiritual em seus elementos tribais. Fora que o saxofonista do Dap-Kings é no mínimo muito talentoso. O groove rola solto, transpirando sons do afrobeat). All My Relations

- Coldplay: Everyday Life (Por mais gigantes que sejam, o Coldplay era pra mim carta fora do baralho. Há muito tempo não ouvia uma música deles que simpatizasse. Dito isso, por mais que tenham algumas gordurinhas, esse disco (duplo, porém relativamente curto) é uma grata surpresa. Tem ótimas canções que refletem o tempo atual buscando tradições da música folk e até mesmo gospel dentro da já conhecida roupagem pop rock do grupo. Moderadamente, mas corajosamente ousado. Produção elegante mesmo nos momentos lo-fi). Trouble In Town

- Crows: Silver Tongues (Ótima estreia. Banda britânica que aponta para diversas nuances do rock. Tem desde as nuvens das guitarras shoegaze, passando pelos beats retos e climas darks do pós-punk, a sujeira punk e o apelo indie. É tudo bastante encorpado, denso e até mesmo hipnótico. Não há temor em botar as guitarras para falarem alto. Gostei da dramaticidade da execução, das composições e da produção reverberosa. Bem legal!). Hang Me High

- Daniel Caesar: CASE STUDY 01 (Embora não tenha me conquistado tanto quanto seu magnifico trabalho anterior, esse disco ainda reserva bons momentos. Ele é menos ousado, mas com bons ganchos melódicos e bem interpretado. No r&b contemporâneo/neu-soul, Daniel Caesar ainda está num ponto bem alto). Cyanide

- Danny Brown: uknowhatimsayin¿ (Ainda que a produção do Q-Tip apresente um Danny Brown aparentemente "domado", o flow do rapper é muito particular, criando um mundo onde o jazz e o ragga se fundem ao hip hop. Todavia, assumo que esse disco "bateu" em mim muito menos que seu fantástico álbum anterior. Questão de preferência, não de excelência. Paul White, Jpegmafia, Run The Jewels, Blood Orange, Flying Lotus e Thundercat dão as caras). Negro Spiritual

- Daphni: Sizzling EP (Dan Snaith, o Caribou, num trabalho altamente dançante, que bate no liquidificador house, disco music e até mesmo um certo balanço brasileiro ("If"). Tudo com produção poderosa. Bem divertido). Romeo

- Dave: Psychodrama (Se esse álbum tem um problema, é soar "correto" demais. E isso é um baita problema pra um disco de rap. Entretanto, apesar de algumas obviedades que chegam a soar cafonas - tanto no que diz respeito aos beats quanto as letras (embora seja impactante como ele faz do álbum uma sessão de terapia para combater os problemas envolto a prisão do irmão) - , não posso dizer que tenha achado a experiência sonora ruim. É um bom disco, ainda que soe genérico e longo demais. Não to sendo muito elogioso, mas dê uma chance que vale a pena. Ele funciona melhor nos ouvidos do que na descrição. Não por acaso levou o Mercury Prize do ano). Psycho

- Dave Harrington: Pure Imagination, No Country (Ainda que empunhando uma guitarra, sua música soa muito mais abstrata do que os limites do instrumentos. Texturas eletrônicas (formando quase drones), elementos jazzisticos e imersões psicodélicas fazem do álbum um registro bastante particular. Talvez como revele a capa, o álbum seja uma instalação sonora). Then I Woke Up

- David Byrne: American Utopia On Broadway (Um bom show que passou pelo Brasil recentemente, mas que não tive a oportunidade de assistir. O disco parece traduzir bem o espetáculo que é ao vivo. Muito se falou do quão criativo é visualmente a estética da banda no palco, mas vale reforçar que sonoramente o show já basta. Arranjos e execução perfeita. Repertório acima de qualquer suspeita. A mixagem do disco também tá ótima. Belo documento). I Dance Like This

- Dead Fish: Ponto Cego (Para mim é nítido que este é o disco melhor produzido e instrumentalmente bem tocado de toda a carreira do Dead Fish. As guitarras, por sinal, estão bem legais. Jás as letras estão tão direitas que as melodias acabaram sendo prejudicadas. Liricamente soa até meio repetitivo (o que pode ser compreendido até como álbum conceitual), mas diante do critico momento politico e do marasmo do envolvimento do rock mainstream no problema, é uma troca que não diminui o álbum artisticamente e ainda o eleva socialmente). A Inevitável Mudança

- Deafkids: Metaprogramação (Se o Diabo viesse em forma de inteligência artificial e engolisse o planeta numa guerra apocalíptica para o centro da Terra, essa seria a trilha-sonora que estaria ecoando. Resumindo: através de delays, ruídos, feedbacks, distorções, interferências eletrônicas e ritmos tribais, esse grupo brasileiro se mantém na vanguarda dos sons pesados). Mente Bicameral

- Deaf Club: Contemporary Sickness (6 minutos divididos em 5 faixas esporrentas. É um hardcore tortão com riffs angulares e dissonantes, além de intensidade nocauteante. É bom pra acordar). Bright Side Of Death

- Debby Friday: Death Drive EP (A fusão do rap com o industrial num EP curtinho. O resultado é energético, violento, ruidoso e bem interpretado. Precisa de mais? Muito bem produzido). Fatal

- Deerhunter: Why Hasn't Everything Already Disappeared? (Uma aposta no seguro. Se por um lado não apresenta grande inventividade, as canções ecoam uma doce fragrância psicodélica sem forçar a barra. Boas composições). No One's Sleeping

- Deli Girls: I Don’t Know How to Be Happy (Por mais que seja possível dizer que é um tanto quanto repetitivo, a carga de euforia nunca abaixa. Os berros femininos, o nível de tensão, os beats violentos e abstratos... tudo se mantém em alta durante todo o disco. É impactante). It Must Be So Nice

- Desgraça: Good Times (Li tantas criticas negativas que fui com um pé atrás e acabei nem achando tão ruim. Na verdade fui até me surpreendendo durante a audição. O que muitos viram como presunção, eu achei somente tonto (no bom sentido) e divertido. Seu esquema "rádio do futuro" com locuções do Jair Navez dá dinâmica as caóticas produções lo-fi das faixas. Tudo recebe alta carga de saturação, embora ser perder o clima melódico do ainda sobrevivente "rock triste". Claro, mal cantando e toscamente tocado, mas isso não importa muito. Resumindo: é tecnicamente ruim, mas é capaz de despertar atração). Airlander (essa música parece uma mistura de Patu Fu com Flaming Lips ou eu tô maluco?)

- Desperate Living: New Concrete (Pegue o post-hardcore e retire dele tudo que o deixa afrescalhado. O resultado é este EP. Sujo, visceral, orgânico e criativo. Talvez apenas o rock em estado de ebulição. Baita som de bateria!). Slow One

- DIIV: Deceiver (Calcado na tradição do bom, velho e amado shoegaze, esse disco apresenta uma sonoridade grandiosa, munida por guitarras gigantes (com direito a muito trêmolo à la MBV) e melodias vocais etéreas apaixonantes. Tudo com apelo do indie atual. Adorei). Horsehead

- DJ LORRAN: Set de Tecnomelody ESPECIAL DE 100K (Me nego a não citar entre os "álbuns". Tecnomelody, tecnofunk, sei lá, só sei que é das coisas mais divertidas que eu ouvi esse ano. Uma colagem maluca, muito bem produzida e frenética. 30 minutos de um set para festa pronto no YouTube. Foda!)

- Djonga: Ladrão (Embora não tenha amado, é disparado o seu trabalho que mais gostei. Seu flow eufórico está a serviço de boas composições, com ótimos ganchos, rimas bem sacadas e refrães melódicos. Os beats ainda ficam devendo, mas ok. A capa é tão horrível que é legal). Ladrão

- Dona Onete: Rebujo (Vou me dar o direito de não fazer nenhuma analise fria e apenas dizer que tive uma manhã extremamente agradável cozinhando e ouvindo o disco desta icone da música paraense. Um álbum cheio de vida).

- Dorian Electra: Flamboyant (O bubblegum pop em seu estágio mais adocicado e sintético. Poderia ser descartável se não tivesse timbres tão cativantes. Vozes ultra processadas dão o caráter andrógino (em alguns momentos soa como a Cher). Sintetizadores saturados trazem rebeldia. E as letras dentro do universo LGBTQ soam necessárias. Muitos méritos para ignorar). fReAkY 4 Life

- Dos Monos: Dos City (São tantas características fortes no trabalho deste trio, que mesmo quando não me agrada em cheio, sinto instigado pela peculiaridade. Beats e samples calcados no jazz criam bases interessantes de boom bap. Por cantar em japonês, o grupo apresenta um flow diferenciado. Somado a tudo isso, as canções tem um apelo pop surpreendente em meio as experimentações. Numa "festinha" de rap, seria uma ótima e diferenciada trilha). Bacchus

- Douglas Germano: Escumalha (Nada me tira da mente que ele é dos mais talentosos sambistas do século XXI. Seu samba paulistano é rico em texto. Os arranjos e a execução estão impecáveis. Embora bastante calcado nas tradições do estilo, o álbum soa atual tanto nas composições quanto na urgência urbana. Um retrato de um Brasil borbulhante). Babaca

- Doug Paisley: Starter Home (Música country/folk, de instrumentação enxuta, mas muito bem tocada. As canções são bonitas e dão enfase à melodia. Nada criativo, mas ressalta o valor da composição no estilo. Boas guitarras, ótima captação). Dreamin'

- Duplo: Dor Dor Dor, bb (13 minutos, 4 faixas. Um panóico e urbano pós-punk brazuca. É o suficiente). Dance

- Duster: Duster (Confesso não estar familiarizado com o som do Duster, grupo que surgiu em meados da década de 1990, mas que não lançava album desde de 2000. Desta forma, o slowcore me soou bastante criativo para uma banda veterana que aposta numa estética já saturada. Acontece que as composições são ótimas, propondo diferentes nuânces a cada faixa. Há até mesmo pitadas de space rock. Fora o inteligente contraste de timbres. Adorei a captação). Summer War

- Dr. Sin: Back Home Again (Um dos grupos que mais gostei quando moleque. Após um breve hiato, eles voltaram sem o Edu Ardanuy. Incrível como ele não fez grande falta. A banda tá até soando com mais raça agora do que em seu "fim" (talvez por ter algo a provar). Os irmãos Busic tem muita personalidade. Claro, se você não se interessa pelo hard rock do grupo, não será agora que vai gostar. Mas se você gosta, vale dar uma chance. Dentro da proposta é bacana). You Had It Coming

- Earl Sweatshirt: FEET OF CLAY (Neste curto EP, o rapper dispara seu flow anestesiado em bases que mais parecem uma manipulação lo-fi de samples. É tudo tecnicamente simples, mas bastante poderoso). EAST

- Ellen Arkbro: CHORDS (A típica viagem que ou você embarca ou vai detestar. Dentro da música minimal/ambient/drone, a compositora explora em duas longas faixas acordes, intervalos, frequências e harmônicos que reverberam em nosso interior. Um álbum difícil prefeito para pré-sono). CHORDS for organ

- Ellen Reid: p r i s m (A música erudita contemporânea representada nessa ópera singular, que aborda o tema do feminicídio. Dada a tensa narrativa, a instrumentação reage com densidade e rispidez necessária. Ainda que tenha a dramaticidade comum das óperas, aqui a coisa não pende para o cafona, ficando mais entre o bonito e o angustiante. Vale lembrar que a obra ganhou o Pulitizer de 2019).

- Emily King: Scenery (As composições não apresentam grande inovação, mas é tudo tão bem feito dentro de um contexto pop orgânico, que o disco acaba captando a atenção. A moça canta bem e os arranjos são muito bons). Look At Me Now

- Evi Vine: Black // Light // White // Dark (O clima dark do post-metal em produções sintéticas e climáticas que encontram o trip hop. A voz melódica e acessivel da moça deixa tudo bastante palatável e até mesmo sensual. O instrumental é bastante rico em texturas e dinâmica. Muito bem produzido. Boas composições). I Am The Waves

- FACS: Lifelike (De imediato a produção me soou extremamente interessante. Há uma reverberação orgânica que preenche a sala e enriquece os grooves de bateria. Há também graves claustrofóbicos. Fora as guitarras que mais parecem criar ambientações inóspitas. Tudo isso alimenta os arranjos espaçados e bastante singulares. Diante disso, as composições e a execução são enriquecidas. É um pós-punk hermético, contemporâneo e de muita personalidade). In Time

- Faye Webster: Atlanta Millionaires Club (A simples e criativa capa já me ganhou, mas a moça além de tudo é talentosa. Doces e melancólicas composições interpretadas de forma singela. Há uma aura do bedroom pop, só que muito mais cristalina e cuidadosa nos arrajos e na produção. Adoro a inclusão de "guitarras havaianas" em algumas composições. É um álbum fofinho/gracinha, mas sem ser besta e ingênuo). Right Side Of My Neck

- FBC: PADRIM (Um dos melhores álbuns do trap nacional. Beats pesados, tem apelo pop, boas sacadas no texto - ora rasteiro ("Capa 3"), ora politico ("Assim Que Se Sente") -, interpretação convicta... são muitas qualidades. A produção do Go Dassisti é um destaque. Até a capa é bacana). CONFIO

- FEELS: Post Earth (Canções de indie rock, timbres garageiros e climas psicodélicos. As vozes femininas intercalam entre ferocidade punk e doçura dream pop. Difícil ficar ruim. A performance é toscamente interessante. Nada muito memorável, mas há uma alegre vibração). Post Earth

- FET.NAT: Le Mal (Definitivamente não é um álbum de sonoridade ortodoxa e linear. O grupo demonstra aptidão para criar ritmos complexos e produzir timbres potentes (principalmente de baixo). Um amontoado sonoro que não se enquadra em nenhum gênero. Embora de brilhantismo estético, não é algo para se ouvir muitas vezes. Todavia, quando escutado traz boas doses de inquietação). Tapis

- FKA twigs: MAGDALENE (Ainda que com alguns pontos negativos (vide "holy terrain"), no geral é tudo tão bem produzido (excelentes timbres, beats e mix, com destaque para as faixas que tem as mãos do Nicolas Jaar) e tão apaixonadamente interpretado, que não dá pra passar indiferente. É o r&b contemporâneo numa de suas abordagens mais corrosivas e abstratas, ainda que abaixo do álbum anterior). fallen alien

- Flat Worms: Into The Iris (EP de 6 músicas em pouco mais de 15 minutos. Seria apenas um pós-punk energético se não fosse pelas guitarras ruidosa e epiléticas. Há uma aura garageira muito bacana). Surreal New Year

- Floating Points: Late Night Tales (O que se ouve é maravilhoso, mas gostaria de ressaltar que não sei se acho a proposta tão legitima. A questão é: é uma playlist, set de DJ ou disco? Mais parece uma coletânea caseira de fita cassete, só que de alguém com um gosto musical apurado, indo do jazz à música ambient. Isso posto, é uma seleção impecável e variada de excelentes músicas. Tem muita coisa que sequer conhecia. Como disco de compilação, é perfeito). Blood Of An American

- Flume: Hi This Is Flume (Não posso afirmar que o disco "bateu" em mim, mas as produções são tão tóxicas e corrosivas (principalmente mais para o final da mixtape), que tecnicamente vi com bons olhos. Mesmo as composições dentro de uma linha "Sophie produz wonky" (alias, ela participa do disco) tem grande valor. Talvez só não seja tanto minha onda, embora seja ótimo). Spring

- Foals: Everything Not Saved Will Be Lost Part 1 (Não sou familiarizado com o som da banda, mas achei esse disco bem bacana. É um indie rock sem grande novidade, mas bem composto, dançante e divertido. Adorei a interpretação vocal, as melodias, os timbres... É massa). White Onions

- Fontaines D.C.: Dogrel (Lembra quando no começo do milênio apareceu dezenas de bandas lançando ótimos discos numa linha post-punk revival? Pois então, esse grupo chegou com 20 anos de atraso, mas sonoramente apresenta a mesma qualidade. Tem visceralidade interpretativa e composicional. Tem a cara da juventude irlandesa frente a um período conturbado do Reino Unido. Adoro o estilo vocal e as guitarras barulhentas de urgência punk). Hurricane Laughter

- Freddie Gibbs / Madlib: Bandana (A prestigiada parceria em mais um tremendo disco, que capta a essência do gangsta rap, mas o atualiza dentro de uma visão politicamente pertinente ao EUA atual. Interessante como os beats do Madlib estão mais "limpos". Tem ótimas participações). Fake Names

- Full Of Hell: Weeping Choir (Os discos do grupo não costumam me descer bem. Todavia, deus do céu, isso aqui bateu na cabeça e me derrubou pra trás! Uma desgraçada e extrema fusão de death, grind, industrial e noise. Ruidoso e afiado. Gargantas sangram!). Ygramul The Many

- Gal Costa: A Pele do Futuro Ao Vivo (Não costumo escutar discos ao vivo recentes, mas como não tive a oportunidade de assistir essa elogiada tour da Gal, fiquei curioso para ouvir o registro. Gostei bastante! Seleção de repertório primorosa, ela tá cantando muito bem, os arranjos dão bastante destaque as guitarras, a interação/clima com a plateia é bacana... showzão). As Curvas da Estrada de Santos

- Gang Starr: One Of The Best Yet (Sou um grande admirador do Gang Starr. Entretanto, não esperava ouvir um disco do duo após a morte do MC Guru. Mas o grande DJ Premier recorreu aos seus arquivos, chamou alguns convidados (do Q-Tip ao J. Cole) e conseguiu fechar 16 ótimas faixas (algumas vinhetas) em rápidos 37 minutos. Os elementos jazzy ainda estão lá, mas é o peso boom bap que dita os beats. Tudo muito bem produzido e sem parecer um "tributo do além". As letras também são pertinentes. Embaçado). Lights Out

- Garcia Peoples: Natural Facts (Disco impressionante de uma banda que até então desconhecia. Muitos elementos do classic rock chamam atenção: excelentes composições numa linha entre o country rock e o progressivo, belas melodias com perfume psicodélico, bom desenvolvimento das faixas, timbres orgânicos, ótimos arranjos (inclusive vocais, lembrando até mesmo o Crosby, Stills & Nash), execução primorosa (principalmente no que diz respeito as guitarras)... O rock em seu formato tradicional, mas completamente inspirado e genuíno). High Noon Violence

- Gary Clark Jr.: This Land (Louvável a ponte que o Gary Clark Jr. conseguiu fazer com o r&b contemporâneo sem perder sua veia guitarristica. Alias, seu fraseado melhorou muito e seus timbres de fuzz continuam impecáveis. A interpretação vocal também está bem variada. Vale destacar ainda o posicionamento politico das letras. É um blues-rock-pop engajado e atual. Cortando umas três músicas ali no meio (é um pouco longo) seria ainda melhor). What About Us

- Girl Band: The Talkies (Segundo disco da banda. Devo confessar que achei o álbum mais inusitado do que o esperado. Não são composições palatáveis. A produção ruidosa também não facilita. Impressionante como o som se espalha pela gravação. É um noise rock (com generosas pitadas de industrial) buscando novos rumos). Laggard

- Girlpool: What Chaos Is Imaginary (Disco bonito de dream pop, mas que tem com principal êxito não ficar restrito ao gênero, se apropriando da música folk, shoegaze e rock psicodélico. Tem ótimas guitarras e belas melodias. Até a capa singela me agradou). Stale Device

- Gnaw Their Tongues: Genocidal Majesty (Já ouviu falar no Diabo? Pois então, consta que quando ele ouviu isso aqui ele se borrou de medo. Harsh noise + black metal + industrial em canções de fúria ruidosa impressionante. Soa como se os maiores genocidas da humanidade queimassem enquanto são furados por brocas de dentista. Impactante!). Ten Bodies Hanging

- God Pussy: Bra$il (A música do God Pussy talvez seja a que melhor retrate a atual desgraça politica e social do país. Através de um harsh noise torturante, ele invade nosso canal auditivo expondo sua mensagem. Incisivo, barulhento, estridente e provocante. Distante do divertido ou prazeroso).

- Good Fuck: Good Fuck (Nova empreitada do Tim Kinsella. Parace um synthpop/industrial revigorado, vibrante, dark, de timbres corrosivos e granciosidade pop. Achei curioso o aspecto spoken world do trabalho em muitos momentos. Produção densa, sintética e cheia de texturas mesmo nos momentos mais "calmos"). We Keep It Light

- Guerilla Toss: What Would The Odd Do? (5 faixas que liquidificam um "space kraut electro indie psicodélico punk". Tem uma tontera/humor na interpretação. Fora a grande gama de cores timbristicas (ora sintéticas, ora remetendo a efeitos analógicos vintages). Se fosse um álbum cheio talvez iria cansar, mas enquanto EP é na medida). Future Doesn't Know

- Guided By Voices: Zeppelin Over China (Antes de ouvir vem o velho pensamento "lá vem eles com o mesmo disco novamente". E é isso mesmo. 1h14 minutos sem novidades. Seria pra ficar puto se as músicas não fossem tão legais. Claro que tem algumas gordurinhas em meios as 32 FAIXAS (!!!), mas no geral é bem bom. Há muito de Bob Mould na sonoridade. A produção soa bastante "rasgada". Vou pegar novamente para ouvir? Provavelmente não. Mas continuarei acompanhando o grupo a cada lançamento. Deve sair outro mês que vem (e saiu, eu juro, mas ai decidi dar um tempo). O quão isso é um problema?). Your Lights Are Out

- Hamilton de Holanda: Harmonize (Não bastasse o brilhante bandolinista que assina o trabalho, esse disco ainda conta com o Daniel Santiago, Edu Ribeiro e o Thiago Espirito Santo. Resumindo, é o mais alto nível da música instrumental brasileira, tanto tecnicamente, quanto na interação dos músicos. As composições não se restringem ao óbvio. Bem bom!). Tá

- Hand Habits: placeholder (Seria um dream pop bonito por natureza, com lindas melodias e interpretação vocal aconchegante, mas o grande ponto são as guitarras, que dão acabamento diferenciado dentro do estilo. Bem bom). can't calm down

- HARAM: “Where Were You on 9​/​11​?​” EP (Quatro musicas em menos de 9 minutos. É o punk rock veloz, estranho e corrosivo. Se não ficar esperto você é atropelado). Bomb In The Sky

- Heinrich von Kalnein & Meretrio: Passagem (O trio de jazz paulistano tem seu som elevado na parceria do músico alemão. É arrojado, climático e contemporâneo. A qualidade da execução faz os temas e improvisos brilharem. Música brasileira de alto nível). Hyperhype

- Helms Alee: Noctiluca (Um sludge tão polido que chega a ser acessivel (algo não muito comum no gênero). As composições são palatáveis mesmo nos momentos mais pesados. As melodias vocais cantada pela moça contribuem muito para isso. A produção, embora "modernizada" (esse timbre de bateria não é orgânico nem ferrando), soa muito bem. É legal, talvez esquecivel, mas de audição prazerosa). Beat Up

- Hero Dishonest:  Maailma palaa taas (Sei lá de que lugar é essa bagaça, só sei que é tudo muito eufórico, divertido e encorpado. Um punk/hardcore toscamente feroz e jovial. Muito barulhento e de certa forma solar. 14 musicas em 19 minutos). Hätä tekee meistä läpinäkyvlä

- Hobo Johnson: The Fall Of Hobo Johnson (Só o fato do Anthony Fantano ter dado um 8/10 e a Pitchfork um 3.6/10 já me instigou a querer ouvir o debut do rapaz. Achei divertida a fusão de rock com rap. Algo como se o Beck tivesse surgido agora (dada as devidas proporções de talento). Tem humor, flow ácido, bons ganchos e produção envolvente. Mas nem todo o repertório me cativou. Em nota, daria um 6.8/10. Tá bom). Typical Story

- Horndal: Remais (Doom/sludge/hardcore/thrash... tudo junto e misturado. Exposto os estilos, se preparem para bons riffs, execução intensa e canções cheias de testosterona. Nada muito criativo, mas muito bem sucedido). The Horndal Effect

- Housewives: Twilight Splendour (Produções arrojadas, tanto no que diz respeito aos timbres quanto a construção rítmica, que trazem uma sensação hipnótica. As músicas ficam entre o pós-punk, industrial e algo bastante contemporâneo que ainda não foi rotulado. Estranho) Beneath The Glass

- Ibibio Sound Machine: Doko Mien (É pop, é funk e é divertido. Tem groove e elementos do jazz, afrobeat e electropop. Tudo muito bem tocado (altas guitarras e baixos) e sem ficar restrito a gênero ou época. É bem legal). I Need You To Be Sweet Like A Sugar

- Idlewild: Interview Music (Mesmo com mais de 20 anos de carreira, essa banda escocesa continua produzindo material interessante, que transita entre o indie rock, com arranjos e execução impecável, boas melodias e apelo pop. Nada muito ousado (embora criativo dentro de sua limitação estilística, com algumas interferências até mesmo psicodélicas), mas muito agradável. Talvez um pouco longo. Infelizmente poucos deram bola para o disco). Mount Anologue

- Iglooghost / Kai Whiston / BABii: XYZ (Desta parceria, só não conhecia o trabalho da BABii. Ambos outros produtores, unidos por seus timbres sintéticos musculares, fazem uma excelente ponte entre o dubstep, wonky e glitch. Um disco pesado e abstrato, que parece se passar ora num ambiente lúdico, ora em uma mente esquizofrênica). Maü Shit

- Infraaudio: Tempo (EP com 5 musiquinhas e 20 minutos. Um bom nome do indie rock brasileiro, com direito a composições bacanas e guitarras barulhentas noventista, remetendo em alguns momentos ao Dinosaur Jr. (dada as devidas proporções). Nada tão memorável, mas legal. Quero agora ver um show). Tempo

- Injury Reserve: Injury Reserve (Ao contrário de muitos, gostei mais desta estreia em disco do que das mixtapes anteriores do trio. É um trabalho variado que percorre por diversos subgêneros do hip hop, sempre com energia, criatividade e beats elaborados. Fora que a colaboração de nomes como Rico Nasty, JPEGMAFIA, Aminé e Freddie Gibbs dá dinâmica e enriquece ainda mais a obra. Bem bom). Jailbreak The Tesla

- Inter Arma: Sulphur English (Esse tom épico quase sinfônico dentro do metal me incomoda um pouco. Fora que desencadeia até mesmo na longa duração da obra. Entretanto, o que se sobressai são as camadas de guitarras em riffs pesadíssimos e robustos, que não se limitam a power chords. O peso vem da grandiosidade harmônica. Mesmo os timbres de bateria são bastante orgânicos, sendo a força braçal que preenche a massa sonora. Os vocais intercalam entre gutural tipico do black/death metal, mas também momentos mais melodiosos (vide "Stillness"). Um trabalho rico e denso indicado para quem gosta de metal extremo). Sulphur English

- Intercourse: Bum Wine (Primeiro vem um vômito, para só depois a banda tocar. Não sei em que subgênero essa desgraceira se enquadra. É um hardcore bruto, esporrento e torto. É massa. Ao todo não passa dos 10 minutos). Brad The Bag Boy 

- Ithaca: The Language Of Injury (Um dos álbuns mais legais de metalcore que ouvi nos últimos anos. Isso acontece por eles absorverem diferentes elementos. Tem breakdowns e os riffs violentos do estilo, mas também algumas melodias escondidas, dissonâncias que puxam para o new metal, djentadas e até mesmo texturas ruidosas de noise-rock. Os vocais esganiçados e as timbragens modernas (sem perder a rispídez orgânica) alimentam a urgência das composições). Impulse Crush

- Jade Bird: Jade Bird (Dona de uma voz áspera e expressiva, essa jovem cantora inglesa mergulha de cabeça em boas canções que caminham entre o rock alternativo, country e pop. Há um gostinho de "já ouvi isso em outro lugar", mas que não tira o êxito do álbum). I Get No Joy

- Jai Paul: Leak 04-13 (Bait Ones) (De imediato, assumo que antes do lançamento deste disco eu desconhecia o artista. Não sabia da história do material roubado e nem do seu hype. Meu contato inicial despertou uma curiosidade genuína para as canções. As produções (no que diz respeito a construção dos beats, nem tanto pelos timbres) são bastante rebuscadas. Gostei também de diversas melodias. Soa até meio Prince (dada as devidas proporções). Todavia, o fato de ser uma demo, traz uma sensação de material inacabado que prejudica a sua experiência em plenitude, assim como carrega um charme lo-fi. Contraditoriamente senti as duas questões. Por estética ou contratempos, um r&b/synthpop que soa moderno e rústico não deixa de ter sua particularidade atrativa). BTSTU

- Jair Naves: Rente (Após um disco solar, Jair Naves volta a produzir o que faz de melhor: canções angustiantes e muito bem escritas. Há o espirito punk do Ludovic, mas também arranjos, execução e produção bem costurados. O disco dá uma caída no final, mas ok). Deus Não Compactua

- James Blake: Assume Form (O já consagrado James Blake é rei em intercalar cafonice com bom gosto. Se por um lado algumas melodias e climas são breguinhas, a produção é poderosa. Estão aqui alguns dos timbres mais ricos no que diz respeito ao trap, uk garage e neo-r&b. Graves pulsantes e beats climáticos dão força às composições. Há também uma profundidade vocal apaixonante. Driblando alguns preconceitos, a audição tende a ser recompensadora. Travis Scott, André 3000, Moses Sumney e Rosalía dão as caras). Barefoot In The Park

- Jamila Woods: LEGACY! LEGACY! (Embora abordando temas sérios envolto a identidade negra e o feminismo, o álbum carrega uma leveza pop na interpretação da cantora. Bons beats e produção moderna expõem o que há de melhor do r&b contemporâneo). BASQUIAT

- Jards Macalé: Besta Fera (Antes de tudo eu preciso dizer que o debut do Jards é meu disco predileto da música brasileira e que considero o núcleo de instrumentistas/compositores que participa de Besta Fera (formado por Juçara Marçal, Romulo Fróes, Kiko Dinucci, Guilherme Held, Rodrigo Campos e Thiago França) dos mais talentosos da música brasileira atual. Sendo assim, impossível ignorar a expectativa e não ficar um tanto quanto decepcionado com o resultado. É que, assim como acredito que tais instrumentistas revigoraram a música brasileira, aqui eles caíram numa repetição de uma fórmula bem sucedida. Ainda assim, há passagens instigantes, tanto liricamente, quanto de ritmos de construção complexa e timbres ácidos. Talvez o maior problema seja a expectativa mesmo, afinal, a média aqui apresentada é bem alta). Trevas

- jizue: gallery (É o fusion contemporâneo, só que a tal fusão de jazz com o rock tem agora elementos de música brasileira no groove (e como é interessante ver japoneses grooveando) e do math-rock, ritmicamente entortando a bagaça (vide a enlouquecedora "rage agains the music". Ótimos improvisos). river

- Joel Ross: KingMaker (Não é todo dia que a gente se depara com um álbum de estreia de um jovem vibrafonista. E que estreia! Tudo impecavelmente tocado, em composições bem desenvolvidas (algumas temas são singelamente complexos), com improvisos radiantes (alguns cheios de notas outside), passagens virtuosas (mas com respiração) e captado com nítida pureza. Embora seja claramente um trabalho de jazz, em muitos momentos há uma interação com a música erudita contemporânea (vide "Grey"). Uma beleza de disco). Ill Relations

- John 5 & The Creatures: Invasion (O John 5 tinha saído do meu radar, mas fui de encontro a esse disco e adorei. Ele tem muita personalidade. Sua técnica e timbres estão no auge. Já as composições mantém o humor de country-metal virtuoso. É bem legal, embora provavelmente especifico ao nicho dos guitarristas). I Like The Funk

- Jonny Nash: Make a Wilderness (Não sei dizer o que separa o encanto do marasmo na música ambient, só sei que este álbum é bem bonito. As composições se desenvolvem numa calmaria acolhedora, explorando a capacidade do ouvinte de se atentar a pequenas nuances que surgem. Produção bastante abstrata e rica em texturas timbristicas). Language Collapsed

- Juan Wauters: La Onda De Juan Pablo (A tradição da música uruguaia numa roupagem que traz instrumentos de "timbres pobres/baratos" em canções de perfil folk. Interessante se pensarmos no crescente interesse mundial pela música latina. Mais ainda por corresponder a essa demanda se distanciando da caricatura). Disfruta la Fruta

- Julia Jacklin: Crushing (Relacionamentos conturbados narrados por uma jovem compositora de indie rock. Tal fórmula extremamente saturada convence devido as canções serem cativantes, de interpretação singela, sem soar blasé e ter ótimas guitarras. Nada de excepcional, mas bacana). Don't Know How To Keep Loving You

- Julian Lynch: Rat's Spit (Mesmo com o pé no indie, esse disco tem tudo para agradar os fãs de rock progressivo. Tem momentos bastante viajantes e elaborados. Confesso que a guitarra de "Meridian" até me lembrou o Robert Fripp (dada as devidas proporções). Fora que os timbres e a produção são bastante criativos. Uma grata surpresa). Peanut Butter

- Kal Marks: Let The Shit House Burn Down (Neste EP de 5 faixas, a banda parece atirar para diversos lados - noise, sludge, "prog" - tentando encontrar uma linguagem. Embora falte unidade, me soou como um "teste" criativo bem-vindo). Science Is Science

- Karen O / Danger Mouse: Lux Prima (Uma parceria que só de existir já fica nos holofotes. Sonoramente, o disco percorre por caminhos libidinosos tanto das orquestrações/arranjos tipicas do yé-yé francês, quanto das interpretações singelas do trip hop. É um elo entre o presente e o passado no que há de mais sensual na música pop. Em alguns momentos beira o cinematográfico. É bem bom). Leopard's Tongue

- Kari Faux: Cry 4 Help EP (Uma forte dualidade entre o lirismo cheio de confronto e a suavidade musical dentro de um r&b contemporâneo bem produzido. Bela e vagarosa voz. A capa me fez esperar por algo mais pesado, sendo que no resultado o sabor foi doce). Leave Me Alone

- KÁRYYN: THE QUANTA SERIES (Uma produção exuberante que traz a modernidade da pc music em arranjos elaborados e timbres robustos. Se há uma breguice lounge vinda das melodias vocais, há também um aspecto pop palatável importante. Excelente mixagem. Um álbum com muitos êxitos sonoros). YAJNA

- Kehlani: While We Wait (Um álbum de pop/r&b de produção impressionantemente consistente (excelente mix) e muito bem interpretado (inclusive, bons arranjos vocais). Algumas faixas tendem para a cafonice, mas é tudo tão bem feito que não consegui achar ruim. Tem um interessante pé no pop noventista). Nunya

- Kel Assouf: Black Tenere (Se aquela cena "psicdolélica-bluseira" do Tuareg for sua onda, você rapidamente adentrará a linguagem deste disco. O diferencial é que a produção aqui é um pouco mais "modernizada". Ótimas guitarras, climas hipnotizantes e motivos étnicos. Bela capa). Alyochan

- Kelman Duran: 13th Month (Ainda que as duas longas primeiras faixas tendem a deixar uma impressão inicial ruim (mesmo nos acertos, são um tanto quanto presunçosas), o restante do disco é uma amostra muito divertida de música eletrônica jovem, periférica, latina (mais precisamente da Republica Dominicana), pop, quente, paranoica e encorpada. É som pra festa).

- Kelsey Lu: Blood (O verdadeiro pop barroco. A artista consegue fundir o cello em canções que beiram o dream pop, mas com uma aura do r&b contemporâneo. Tudo muito etéreo, bonito e bem interpretado. Até o 10cc entrou nessa). Pushing Against The Wind

- Kero Kero Bonito: Civilisation I (3 faixas pop irresistíveis. Ótimos sintetizadores, ternura interpretativa, climas de city pop, arranjos criativos, excelentes timbres... bem legal). Battles Lines

- Kim Gordon: No Home Record (Nesta altura da vida (incriveis 66 anos), em seu primeiro disco solo, Kim Gordon revela ter muito ainda com que contribuir. Um disco versátil, que traz desde as guitarras barulhentas que lhe acompanharam por toda a carreira, mas também flerte com o industrial e até mesmo pitadas de dubstep e rap ("Paprika Pony"). Fora que a voz da Kim é penetrante. A produção do Justin Raisen é poderosa. Bem legal). Sketch Artist

- King Gizzard & The Lizard Wizard: Fishing For Fishies (Embora a direção proposta pareça um tanto quanto cômoda, o álbum tem ótimos momentos. Ele é bem mais contido que os trabalhos anteriores, sendo focado no blues-rock com nuânces psicodélicas. Se a execução não salta aos ouvidos, os climas e composições despertam atração). Acarine

- King Gizzard & The Lizard Wizard: Infest the Rats’ Nest (Em sua tentativa de emular o thrash metal (!!!), uma das bandas garageiras mais legais da atualidade chegou num cruzamento eufórico de Motörhead com Pentagram. Isso carregado por um ambiente esfumaçado de maconha e devaneios sobre o fim do mundo devido o caos ambiental cada vez mais distante da ficção. Gravação brilhantemente podreira e honesta. Foda!). Mars For The Rich

- King Princess: Cheap Queen (Com apenas 20 anos, abordando suas vulnerabilidades, a cantora chegou num bom disco pop. É um tanto quanto rasteiro, mas bem interpretado. E gosto desta sonoridade nem tão sintética no pop. É legal). Prophet

- Kirin J Callinan: Return To Center (Se você ouvir a abertura do disco ("Life Is Life") e não achar no minimo hilário, então você está morto por dentro. Em um nada usual disco de versões, o artista usa do humor e sarcasmo para construir um repertório contrário a masculinidade tóxica. Tudo isso dentro de uma estética sophisti-pop. O desenvolver da obra é sério (nos temas) e divertido (na interpretação). O resultado encanta). Signed Curtain

- Knocked Loose: A Different Shade Of Blue (Metalcore/deathcore com elementos ainda mais agressivos, dando um ar de carnificina num estilo de produção comumente modernosa. É violento, técnico, tem frescor e criatividade. A interpretação vocal é em alguns momentos beira o desesperador). Danied By Fate

- Korn: The Nothing (Se você está disposto a ouvir um disco do Korn nesta altura do campeonato, você já sabe o que irá encontrar (de positivo e negativo). Dito isso, o álbum atendeu minhas expectativas. Ótimas guitarras e baixos percussivos característico. Tem até mesmo surpreendentes linhas vocais. O som de bateria ultra processado me incomoda um pouco, mas ok). Idiosyncrasy

- Kovtun: Death (Uma nuvem fúnebre de sonoridade grandiosa. Tudo muito grave e denso. Uma profunda amostra de música dark ambient. É tribal e é industrial. Uma arte nacional às margens do país). The Swarm

- Labirinto: Divino Afflante Spiritu (Espetacular banda nacional de post-metal num disco prejudicado por uma produção embolada, que por outro lado, evidencia uma grandiosidade orgânica na sonoridade. É quase sinfônico. As composições são bacanas, com riffs pesadíssimos e ganchos melódicos em meio ao caos. Resumindo, mais um ótimo trabalho do grupo). Divino Afflante Spiritu

- Lady Lamb: Even in the Tremor (As vezes a gente só precisa de indie rock/pop pra dormir tranquilo. A moça canta bem (e seu olhar penetrante na capa me deixou bolado), as canções são legais (e versáteis), muito bem arranjadas/tocadas... nada muito criativo, mas nenhum grande equivoco. Dentro da proposta basta). Untitled Soul

- Lambchop: This (Is What I Wanted to Tell You) (Um disco arriscado. O grupo liderado pelo Kurt Wagner se joga em produções com pitadas de trap, glitch, jazzy e baldes de Frank Ocean. O resultado é estranho e bem vindo. O abuso de vocoder cria uma atmosfera bastante particular. É bem interessante). The Air Is Heavy And I Should Be Listening To You

- Lana Del Rey: Norman Fucking Rockwell! (A qualidade da Lana enquanto compositora e interprete já vinha há tempos em ascensão. Sendo assim, ao contrário de muitos, não me surpreendi com a beleza deste disco. Sua interpretação perdeu o ar blasé e ganhou refinamento. Já as letras manisfestam sensibilidade emotiva. Todavia, é a exuberâncias das melodias, dos arranjos e incursão por timbres mais orgânicos que acentuou a eficiência do álbum. Mérito também do produtor Jack Antonoff). Happiness Is A Butterfly

- Lao Dan, Paul Flaherty, Randall Colbourne e Damon Smith: Live At Willimantic Records (Free jazz vanguardista desenfreado ladeira abaixo. Ritmos malucos e um show de cores via instrumentos de sopro. Tudo muito maluco, desafiador e inquieto. Não dá para ouvir a qualquer momento, mas funciona dentro da proposta. Sem destaque, as longas seções de improviso funcionam como um todo).

- Lari Basilio: Far More (Pegue a escalação da banda que acompanha essa jovem e talentosa guitarrista brasileira: Vinnie Colaiuta (bateria), Nathan East (baixo) e Greg Phillinganes (teclados). De quebra o Joe Satriani participa de uma faixa. Alguém tem dúvida que o disco é muito bem tocado e gravado? Uma grande conquista. E o resultado? Composições que não são brilhantes, mas batem de frente com o rock/oar instrumental produzido atualmente. A Lari tem um fraseado muito "agradável". Aliás, eis uma palavra pouco utilizada ao descrever discos de guitarristas). Violet

- Laurel Halo: DJ-Kicks (É complicado um set de DJ funcionar em disco. Todavia, essa sequência ininterrupta de faixas pulsantes é perfeita para quem quer fazer uma festa em casa. Uma house music forte e vibrantes). 5 Min

- Leif: Loom Dream (Convenhamos que não é comum um álbum de ambient music cativar o ouvinte de imediato. Mas foi isso que esse disco conseguiu. Suas texturas, timbres, nuânces, mixagem e ambientação são atraenter. Fora que há incursões por ritmos tribais, sons de natureza, interferências glitch, dentre outros elementos que trazem variedade num gênero comumente monótono. Boa porta de entrada para o estilo). Yarrow

- Life Aquatic: Neon Cortex (Grupo instrumental do ABC, região onde moro. Eles investem numa sonoridade bastante particular, que consegue unir elementos de post-rock e krautrock sem soar cabeçudo. Muito pelo contrário, é até bastante grooveado. Nada de solos verborrágicos, é o desenvolver das composição através de climas e timbres "borbulhantes" que prevalece. Bem legal). Dinglebop

- Lightning Bolt: Sonic Citadel (Embora aqui esteja as primeiras canções cantáveis do grupo, não se engane, na arte de produzir noise rock garageiro e corrosivo, o duo continua imbatível. Timbres cáusticos impulsionados por grooves e performances vibrantes. Sem surpresa e sem folga para o ouvinte). Blow To The Head

- Lil Nas X: 7 EP (O êxito comercial da fusão de trap com a country music (!?!) do single de abertura beira o cômico, mas ao menos é divertido. Mas o mais legal é que a sequências das composições apresentam bastante versatilidade dentro da estrutura trap, buscando elementos do rock e pop em faixas curtinhas. Fora que a produção é encorpada e tem bons ganchos melódicos. Longe de ser espetacular, mas os 18 minutos de EP descem bem. Surpreendente). Old Town Road

- Lim Kim: GENERASIAN (O que era antes uma cantora de k-pop se transformou numa criativa artista que funde a tradição da música coreana com o pop contemporâneo. As produções musculosas e sintéticas trazem muito da estética pc music. Não que as composições sejam acima de qualquer suspeita, mas o resultado é criativo. É curtinho, então vale conhecer). MINJOKYO (ENTRANCE)

- Liniker e os Caramelows: Goela Abaixo (Só há uma coisa mais besta que o espirito de "lacração", é quem se incomoda com isso ao ponto de não reconhecer o talento de alguns artistas. A Liniker é uma interprete de personalidade, os arranjos são bons, tudo é muito bem executado e há um tradição da música pop/soul brasileira que poucos artistas manifestam atualmente. Passa longe de ser perfeito e é liricamente um pouco afetado? Sim, mas há muitas outras qualidades para se ignorar). Bem Bom

- Little Simz: GREY Area (O grande diferencial desta rapper britânica é o cuidado e o requinte com as músicas. É possível encontrar arranjos de cordas, elementos de jazz, beats tipicos do grime, texturas de glitch e leveza pop. Fora que ela manda muito bem no texto e o flow. A qualidade salta aos ouvidos em todos os sentidos). Venom

- Lizzo: Cuz I Love You (Mulher, negra, obesa e empoderada, mas acima de tudo dona de um vozeirão, que as vezes até exagera em sua potência, mas tudo bem, neste caso "mais é mais". As canções transitam entre a soul music, o pop, r&b e o rap. Ótimas instrumentação, com groove e corpo. É legal ver seu enorme sucesso). Crybaby

- Logos: Imperial Flood (Vi que esse produtor é um dos percursores da weightless music, seja lá o que isso signifique. Tenter decifrar o seu som e não obtive muito sucesso, apesar de ficar admirado como ele constrói suas produções. Beats ritmicamente complexos e estranhos, arranjos espaçados, timbres que remetem ao lado mais dark do ambient... muitas características tão desafiadoras quanto atraentes. Isso é muito bom). Lighthouse Dub

- Lolo Zouaï: High Highs To Low Lows (É o pop em seu estado mais genérico (faz parte!). Chega até a lembrar a Ariana Grande (só que a moça é francesa). Beats de trap, interpretação sexy, uma aura meio "maldosa" e ótimos ganchos melódicos. Eu gosto!). Ride

- Lomelda: M for Empathy (Vozes, violões e teclados dilacerantes. Para ouvir quando se quer morrer (e as vezes isso saudável). Baladas acústicas minimalistas de pouco mais de 1 minutos que juntas não dão 17 minutos. É gracioso, tristonho e bonito. Adorei a voz da moça). So Bad 2, Care

- Low Dose: Low Dose (A influência do grunge é óbvia, mas é tudo tão voraz que não soa pastiche. Tem uma perturbação propria. A vocalista é dona de um timbre poderoso e berra até cuspir sangue. Adoro o fato das composições serem calcadas em riffs pesadíssimos. A mixagem também soa ótima, ainda que padronizada. É o rock em sua máxima eficiência). Right On

- Low Life: Downer Edn (Aquele bololo de pós-punk e indie rock com pitadas de "krautrock-space-shoegaze" que a gente tanto adora. Tudo bastante vitaminado, dançante e eufórico. Não vai mudar o mundo, mas é bacana). Rbb

- Lucinda Chua: Antidotes 1 EP (Excelente EP de estreia. Sua voz profunda, doce, sombria e apaixonante soa delicadamente enorme em bases gravemente densas/atmosféricas que transitam pela música ambient e chamber pop). Whatever It Takes

- Lula Galvão: Alegria de Viver (Eu tava com vontade de gravar um disco meu somente ao violão. Ouvi esse disco do Lula Galvão e fui desmotivado. Eu não tenho tanto a dizer. Já o Lula passeia por um repertório espetacular com sua técnica e consciência harmônica aflorada. Timbre límpido e execução perfeita. Espetacular). Radamés y Pelé

- Lupe de Lupe: Duas Valsas (Estreia do Jonathan Tadeu na banda. O nome do EP explica o conteúdo. Duas boas canções, sendo uma densa e a outra singela. Ambas apaixonadas). Happy Hour

- Lydia Ainsworth: Phantom Forest (O pop rebuscado disfarçado de pop descartável. Entre ritmos pulsantes e sintetizadores arpejados, as canções são construídas com climas libidinosos atmosféricos. Nada mal). Can You Find Her Place

- Madison Cunningham: Who Are You Now (Uma bela voz, guitarras legais, canções pop calcadas no gênero americana perfeitamente arranjadas e executadas. Nada que vai mudar a eixo da Terra, mas nem por isso deixa de ser bacana). Song In My Head

- Malibu Ken: Malibu Ken (Aesop Rock e Tobacco numa parceria que traz doses nada moderadas de xaropice ao rap. Produções sintéticas (com direito a ótimos e "kraftwerkianos" timbres de sintetizadores) e textos absurdos criam um clima nonsense divertido, embora sonoramente um tanto quanto repetitivo). Sword Box

- Mannequin Pussy: Patience (Confesso que o disco não "bateu" de imediato, até mesmo por ter algumas composições mais fraquinhas (vide "In Love Again"). Todavia, a fusão de pop punk com guitarras shoegazes numa linguagem indie contemporânea, soa bem interessante em diversas canções. Fui simpatizando durante o disco com a interpretação vocal da cantora. Adorei as faixas curtinhas. A produção poderia ser mais criativa, mas ok). Fear/+/Desire

- maquinas: O Cão de Toda Noite (Um salto em qualidade. Não que a banda já não fosse ótima, mas esse direcionamento composicional mais brasileiro trouxe ainda mais complexidade e personalidade. Fora que é muito bem tocado e produzido. Cuidado enfoque nos ritmos. Sensacional). Sintomas 

- Marissa Nadler, Stephen Brodsky: Droneflower (A união do celestial com o obscuro num disco que, embora de arranjos e instrumentação enxuta, soa enorme nos climas. Épico sem ser maçante). For The Sun

- Matana Roberts: Coin Coin Chapter Four: Memphis (Embora seja a quarta obra de uma mesma série, devo confessar que só agora cheguei a esse projeto encabeçado pela saxofonista Matana Roberts (ainda tenho que quitar minha dívida com os trabalhos anteriores). Na realidade fui bombardeado por elogios extremamente justificáveis, tendo em vista o resultado alcançado em composições que carregam a herança do Sul dos Estados Unidos numa visão contemporânea do free jazz, repleto de improvisos tão irradiantes quanto angustiantes. A maneira com que o som se espalha diante da captação traz uma imersão a um ambiente e tempo particular. O fio narrativo via o uso do spoken word impede que o ouvinte ignore o texto, embora isso tenha dificultado minha experiência, tendo em vista meu péssimo inglês. A acidez instrumental arremata o enredo. Pulgente). Piddling

- Matmos: Plastic Anniversary (Em sua já conhecida e estranha busca por novos sons, o duo aposta na manipulação do plástico (!!!) enquanto instrumento. Desta forma, a música eletroacústica soa bizarramente divertida, "funky" e instigante. Não só os timbres alcançados são bem legais, mas também o desenvolvimento das composições). Thermoplastic Riot Shield

- Mavis Staples: We Get By (A "Elza Soares dos americanos". Chegou aos 80 anos e continua proporcionando irresistíveis (ainda que previsíveis) performances de rock, blues e soul. Para mim é o suficiente). Stronger

- Maxo: LIL BIG MAN (Esse jovem rapper tem uma voz que poderia ser aplicada ao trap, mas que via beats típicos de lo-fi hip hop e letras amarguradas/depressivas, tomam um caminho surpreendente). Quiktoldme

- Mayhem: Daemon (Saiu na mesma semana que o disco "cristão" do Kanye West. Escutei ambos no mesmo dia e o do Mayhem saltou aos ouvidos (comparação besta, mas engraçada). A pedrada de sempre, só que com uma nitidez impressionante. Timbres brutalmente cristalinos. Adoro como as guitarras trazem velozes palhetadas e acordes abertos numa amalgama fantástica. Só podia ser mais curto, né. Tem excessos. Linda capa). The Dying False King

- Mdou Moctar: Ilana (The Creator) (Mais um tremendo nome vindo diretamente do Tuareg. Adoro essa atmosfera étnica genuinamente embebida por psicodelia hendrixiana. As músicas tem um astral bem legal, ainda quando abordando problemas sociais locais. Um show de ácidas guitarras). Asshet Akal

- Meat Puppets: Dusty Notes (Vocês já sabem como a banda funciona, então vou me restringir a dizer que o disco é legal. Nada tão inspirado, mas é das bandas do coração. Quando eles arriscam em momentos mais melodicos, saem coisas bem interessantes. Tem uns countryzão massa no meio). On

- Mega Bog: Dolphine (Misture Fairport Convention e Love com elementos de chamber pop e rock progressivo e traga para a contemporaneidade. É assim que o disco soa. O cuidado vai desde o arranjo até a dicção da cantora. As faixas se desenvolvem de maneira brilhante e inesperada. Ótimas melodias. Há também boas guitarras/violões. Pena que a uma leve queda no miolo do disco, mas nada que possa abalar o resultado final). For The Old World

- Megan Thee Stallion: Fever (Trap pesadão em seus beats, soando em muitos momentos até mesmo dark, mas liricamente divertido, ainda que incisivo dentro da concepção feminina. Alias, é legal ver mulher cantando trap, ainda mais com um flow tão poderoso quanto esse. Atenção para a capa estilo blaxploitation). Cash Shit

- Mekons: Deserted (Veteranos do "alt-country" ainda hoje demonstrando ter bala na agulha através de boas composições que não soam old. Tem seus momentos viajandões. Qual a chance deles tocarem no Brasil?). How Many Stars?

- Membrane: Burn Your Bridges (Não sei como cheguei a este grupo, mas sei que tem muito de post-metal e sludge aqui. Nada muito criativo - chegando até mesmo a remeter em alguns momentos ao Neurosis (ótima sinal) -, mas bem legal para quem se interessa pelos gêneros). Fragile Things

- Metz: Automat (Uma compilação de sobras que não "bateu" de imediato. Isso porque ocorre um "bolo" sonoro que em alguns momentos me soou caótico e mal resolvido. Me pareceu um noise rock sem objetivo. Todavia, toda essa desconexão oriunda de execução orgânica, timbres que se propagam pela sala de captação e arranjos pouco ortodoxos, criam também texturas tóxicas que impregnam em nossa mente. Uma balbúrdia musical de estranha atração). Ripped Os The Fence

- M. Geddes Gengras: I Am the Last of That Green and Warm-Hued World (A música ambient num formato pouco concenvional, que cria um cenário espacial, de timbres grandiosamente viajantes. Efeitos glitch, micro-ritmos estranhos (quase tribais) e uma capa com estética de videogame me confundem. Alias, é um disco que pouco explica, ele mais desperta o imaginário para estranhas possibilidades. Longo, mas tem seu momento). The Pump At The Way Station

- Michael Chapman: True North (Confesso que não conhecia o trabalho deste veterano/lendário nome do folk britânico, mas adorei esse disco. Belos/enxutos arranjos de violão, composições profundas e interpretação rasgada de uma voz que já contou muitas histórias. Há um discreto clima dark nas canções. Produção do Steve Gunn). Full Bottle, Empty Heart

- Michael Kiwanuka: Kiwanuka (Um dos grandes nomes da soul music dos últimos anos em mais um ótimo disco. A mão do Danger Mouse pesa na produção e traz timbres orgânicos que remetem diretamente a década de 1960. Pitadas de psicodelia embalam esse formato sessentista. Lindas composições, arranjos orquestrados exuberantes e desenvolvimento majestoso de várias canções. Algumas vinhetas são desnecessárias, mas nada que atrapalhe tanto). Final Days

- MIKE: Tears Of Joy (Embora ritmicamente complexo através de samples/colagens criativas, a produção é bastante crua e "lo-fi", combinando muito bem com o flow reto rapper, meio entorpecido, meio entregue a conflitos existenciais. As faixas tem no geral duração bem curtinha, o que dá bastante variação. Se existisse o rótulo art rap, esse disco poderia ser enquadrado no gênero). Fool In Me

- Mike Krol: Power Chords (Rock descompromissado, jovem e divertido. Pitadas nada moderadas de punk rock, indie rock do começo do milênio e power pop em canções energéticas. Há ainda uma carga extra de saturação timbristica. Passou praticamente despercebido. Se fosse em 2000 e ainda tivéssemos MTV e rádios de rock mais influentes, seria bastante comentado). The End

- Mineiros da Lua: Queda (Euforia e ponderação num disco sentimentalmente rico. Estruturalmente caminha pela tradição do Clube da Esquina, chegando ao esporro ácido do indie rock brasileiro. Peca em algumas canções, mas no geral me agrada). Ato I

- Minors: Abject Bodies (Menos de 30 minutos de esporro. O hardcore vai de encontro ao post-metal e gera um álbum ultra pesado. Interpretação eufórica e timbragens vorazes. Tudo soa na cara, inclusive o vocalista, que parece estar cuspindo e apontando o dedo). Flesh Prison

- Mono: Nowhere Now Here (Ainda que sem trazer nenhuma novidade, essa veterana banda japonesa sabe como contruir climas enormes com seu post-rock cinematográfico. Timbres monolíticos nos momentos mais intensos e interpretação doce nos momentos singelos. Uma fórmula arrebatadora). After You Comes The Flood

- Moodymann: Sinner (Esse talentoso DJ fez a ponte entre o pop e o jazz (pitadas de glitch e trio hop ocorre no meio desta agradável confusão) num disco surpreendente. É dançante e criativo, remetendo ora ou outra em nosso arquivo de memórias musicais através de algo novo. Sem destaque, o legal é como o disco se desenvolve em sua amplitude).

- Moon Tooth: Crux (Uma fusão de metal progressivo com pop-punk (!!!) que em alguns momentos me lembrou o Periphery, em outros Incubus e até o Extreme em algumas passagens de guitarra. Embora tenha a pasteurização do prog metal, ele não soa massivo ou afetado. É até bastante divertido. Todavia, provavelmente fique restrio a uma faixa etária adolescente). Omega Days

- Mount Eerie / Julie Doiron: Lost Wisdom, Pt. 2 (Embora eu não tenha escutado a primeira parte desta parceria, mergulhei nas canções deste disco com facilidade. São lindas faixas folks, de instrumentação minima e captação crua, que dão enfase para composição e interpretação. Há breves e interessantes momentos de explosão. Álbum bonito). Belief

- Mr. Muthafuckin’ eXquire: Mr. Muthafuckin’ eXquire (Embora tenha algumas gordurinhas, é daqueles discos extremamente instigantes. Um produção estranha e encorpada e um flow freaky. É o hip hop conteporâneo chapado. Divertido e criativo). A Definite Maybe

- Mtxs: Ache (Metalcore bruto, com a força das ruas e a técnica de bons instrumentistas. O fato da produção soar "modernoza" demais, embora deixe tudo muito sintético, transborda fúria. É som pra moleque dar murro em parede). Strain

- My Life With The Thrill Kill Kult: In The House Of Strange Affairs (Estéticamente é possível apontar problemas no álbum, principalmente por ele soar um tanto quanto retrô (normal, a banda já é veterana). Mas sua performance de electro-rock é muito divertida. Ritmos pulsantes, boas melodias e timbres saturados ditam o rumo das produção. Fora que tem bons ganchos. Há vitalidade e, dentro da proposta, isso é o suficiente). Strange Affairs

- Neil Young And Crazy Horse: Colorado (Temos que admitir que não é o artista que é acomodado, mas o público. O artista só não precisa provar nada a ninguém. Dito isso, o que você espera ouvir em um disco do Neil Young com a Crazy Horse? Me fiz essa pergunta antes da audição e sai recompensado. Tá tudo aqui). Help Me Lose My Mind

- Nérija: Blume (Fujindo do elitismo jazzístico, esse jovem coletivo inglês formado por mulheres cria climas bonitos e aconchegantes através dos temas e improvisos. Isso não quer dizer que não tenha acidez nas frases, mas sim que o sábio direcionamento musical transparece maturidade e ternura). Equanimous

- Nervous Curtains: I Tried To Fight It But I Was Inside It (Começa fraquinho, mas engrena brilhantemente. É uma visão atualizada do synthrock (embora que, inevitavelmente, com ecos oitentistas). Os timbres sintéticos combinam com a proposta. E por fim, há um contexto antifascista no álbum que o faz ganhar pontos). Executioner Privilege

- Ni: Pantophobie (Imagine os riffs angulares e tortos do King Crimson em timbres muito mais pesados. É o encontro do metal alternativo com o zeuhl. É o djent para velhos. Isso tudo é um elogio. A cabeçudice empapuça, mas é bacana). Kakorraphiophobie

- Nick Cave & The Bad Seeds: Ghosteen (Quem está familiarizado com os trabalhos recentes do Nick Cave e sabe da trágica morte de seu filho, já sabe o que esperar só de ler o nome do disco. Focado em textos profundos, Nick interpreta as composições com grande excelência. Sua voz grave vai na alma. O tom tão épico quanto minimalista do instrumental é certeiro, embora alguns timbres me pareçam equivocados (vide "Night Reid"). Certos climas me remeteram aos trabalhos do Brian Eno com o Bowie (vide "Ghosteen"). Álbum tocante). Sun Forest

- Nill: Lógos (Não sou grande entusiasta do som do niLL, mas ao mesmo tempo é impossível não admirar o resultado que ele alcança nas produções. Seu pop rap é etéreo, flerta com o synthpop, traz um "estética vaporwave"... sei lá, é especial. Seu flow é chatinho, mas no fundo, há cama instrumental aconchegante e temas criativos). Bullet's

- Nilüfer Yanya: Miss Universe (Uma curiosa junção do indie rock com o r&b contemporâneo. As guitarras se entrelaçam ao canto melodioso da jovem artistas. As composições e os arranjos são bem bons. Algumas vinhetas são dispensáveis, mas ok. É o pop rock que faz sentido). Tears

- Nivhek: After its own death / Walking in a spiral towards the house (Música ambient com arpejos delicados, timbres fúnebres e climas delicados. Não ironicamente: pra dormir é uma maravilha!).

- Nocturnus AD: Paradox (Se bobear é o único disco de death metal com teclados que já gostei. Embora a produção dê uma embolada, as composições e os arranjos são bem criativos. Tem passagens bastante técnicas. É um disco curioso, que foge do convencional dentro do estilo). Precession Of The Equinoxes

- Nonlocal Forecast: Bubble Universe! (Embora esteja jogado no saco do vaporwave - dá para entender devido a estética e ambientação criada -, é na verdade uma incrivel fusão sonora da new age com o fusion oitentista. Tudo muito sintético e virtuoso, programado para elevar a experiência criativa além dos limites técnicos). Planck Lengths

- Oh Sees: Face Stabber (É nitido que "Scutum & Scorpius" e "Henchlock" passam do ponto (sendo que juntas somam 35 minutos, superados só com muita maconha na cabeça). Entretanto, o restante do disco é excelente. Com seus timbres garageiros há uma performance afiada que percorre do krautrock ao punk passando pela psicodelia. Das melhores atuações instrumental do grupo). Fu Xi

- O Inimigo: Contrariedade (Um dos bons discos do punk rock lançados no Brasil nos últimos anos. A influência de Cólera e Inocentes é nítida. O peso moderado nas timbragens dão espaço para criação de linhas melódicas de baixo, ritmos pulsante, guitarras largas e lirismo pungente). Nova Segregação

- Oli XL: Rogue Intruder, Soul Enhancer (Para quem gosta de IDM, esse disco é um bom mergulho no lado mais festivamente noturno do gênero. Beats complexos e texturas criativas preenchem a obra. Tem até um pezinho em produções de hip hop. Complexo, nem tão cabeção). Liquid Love

- Oozing Wound: High Anxiety (33 minutos que passam voando. É thrash metal, hardcore e noise rock. Uma pedrada de interpretação eufórica e bagaceira. Os timbres graves formam uma massa sonora robusta. Bruto). Die On Mars

- Operators: Radiant Dawn (Um synthpop noturno, pulsante e com timbragens agressivas, embora sem perder a aura pop (e em alguns momentos, meio cyberpunk, vide "Despair"). Na construção é oitentistas, mas a produção, mesmo com timbres retrô, moderniza a experiência. Composições bacanas. Acho que não precisava de tantas vinhetas). Days

- Ossuarium: Living Tomb (Se quando o vocal entra com seu gutural grave e tosco a atmosfera das composições partem para o death metal mais tradicional, por sua vez, seus longos momentos instrumentais são mais criativos, se desenvolvendo por caminhos pouco comuns, criando grooves interessantes, riffs brutais e frases técnicas. Não nada tão memorável, mas se sua praia for metal extremo, é uma boa pedida). Malicious Equivalence

- O Terno: <atrás/além> (Até entendo quem considera as letras "confessionais" pedantes, mas tudo é embalado em interpretações tão singelas/intimistas, melodias tão bonitas e arranjos tão bem feitos, que eu não consigo concordar com os detratores do grupo. Tem muito mais ponto positivo que negativo. Esse talvez seja o álbum mais adulto do trio, lembrando mais o trabalho solo do Tim Bernardes que os discos anteriores da banda. Senti falta das guitarras recheadas de fuzz e os momentos explosivos de outrora, embora as belas orquestrações, enfoque no piano, levadas de bateria aconchegante e linhas de baixo espaçadas compensem. Eu gosto e defendo). Atrás / Além

- Oren Ambarchi: Simian Angel (Embora sejam duas longas faixas, a obra caminha agradavelmente por momentos etéreos de música eletroacústica. Há um colorido especial nos timbres e na montagem das composições, passando longe do marasmo. Pitadas de ambient, drone e glitch são altamente perceptíveis. Perfeito viajar antes de dormir). Palm Sugar Candy

- Pabllo Vittar: 111 1 (Primeira parte (um EP) do disco que saíra em 2020. Achei divertido, algo crucial na música pop. Esteticamente, a produção poderosa (bebendo até da PC music) e o abuso de ritmos populares brasileiros (algo como um bregafunk), somados a personalidade forte da Pabllo, faz dela uma forte candidata a estrela pop internacional, ao contrário da Anitta, que atenua sua brasilidade por uma demanda internacional que ela não atende. Ela também diminuiu as extravagâncias vocais. Charli XCX dá as caras. Até a capa é bonita). Amor de Que

- Papisa: Fenda (Um cruzamento natural da música brasileira com o dream pop. Tem ares de psicodelia nas letras e aura ritualística no todo. Nem é minha onda, mas é tão bem amarrado que não tive como resistir. Fora que por ser auto-produzido/composto/interpretado, faz da Papisa uma mulher de destaque no cenário musical brasileiro). Retrato Infinito

- Pata: Shit & Blood (Surpreendente! No começo parecia uma tosqueira punk/grunge. Todavia, as composições de voracidade lirica feminista ganham também arranjos inusitados. O instrumental é pouco ortodoxo dentro da sua imundice. A interpretação é de entrega explicita. Sem cerimônia, já que a capa já afasta os otários reacionários. Bem legal! E é brazuca). Monster

- Pavel Milyukov: La Maison De La Mort (Um trabalho vanguardista de música eletrônica que explora ruídos glitch, sons mecânicos e atmosferas ambient. Em alguns momentos soa como resíduos "crispeis" que passaram por uma peneira (???). Uma percepção subjetiva diante de uma música subjetiva). Virus Saw

- Peaer: A Healthy Earth (Através de arranjos cuidadosos, esse grupo de rock alternativo construiu um disco que, se não é memorável, ao menos atrai o ouvinte durante o percurso. Bem tocado, produzido e com personalidade, bebendo na fonte do slowcore, soando esquisitinho e "entorpecido"). Commercial

- Pedro Martins: VOX (Já havia visto esse jovem instrumentista debulhando na guitarra evidenciando sua enorme influência do jazz. Fui ouvir seu disco e de cara fiquei surpreso com o rumo proposto. Canções viajandonas, que pegam a influência do rock psicodélico do Clube da Esquina e traz para a contemporaneidade. É o indie rock por caminhos tortos. Curioso. Tem a participação do Kurt Rosenwinkel, Brad Mehldau e Chris Porter. Nada mal). K7 Dreams

- Pedro The Lion: Phoenix (Após 15 anos sem um disco de inéditas, David Bazan reuniu um punhado de canções ganchudas que passam longe de estar entre as coisas mais criativas (na real tem até um trejeito de Bob Mould), mas que conseguem entusiasmar quem tem apreço pelo "indie de tiozinho". Guitarras sujas e boas melodias são a base do caldo. Para mim é mais que o suficiente). Quietest Friend

- Pharmakon: Devour (Chega a aterrorizar o peso alcançado por essa artista de noise-industrial. Tudo muito brutal, corrosivo e mecanicamente feroz. Claro, isso pode ser interpretado como uma "fúria gratuita", mas o resultado não deixa de ser interessante. Só sua voz que não me agradou muito. É que o disco da Lingua Ignota elevou nosso padrão de barulho). Homeostasis

- Picastro: Exit (Ainda que canadenses, esse já veterano grupo conseguiu unir ao seu slowcore elementos da musica folk inglesa. A instrumentação é arrojada, a interpretação tem momentos angustiantes e as composições são exuberantes. A produção límpida privilegia a dinâmica e os climas. Especial). Blue Neck

- Pijn & Conjurer: Curse These Metal Hands (No começo fiquei com um pé atrás devido a polidez sonora. A faixa que abre o álbum também não ajudou. Todavia, as composições melhoram e, embora a produção não seja das mais criativas, ela atinge em cheio o ouvinte com um peso mastodôntico. Tem boas melodias, mesmo quando cobertas por guturais agressivos. É um lado mais acessível do post-metal, o que não é ruim). The Pall

- Pile: Green And Gray (É assim que o tal "post-grunge" deveria soar. Digo isso porque o disco tem muito das melodias, peso e vozes dobradas que eu associo ao gênero, mas sem a pasteurização frouxa do estilo. Alias, aqui tem arranjos bem estranhos. Os timbres também chegam a puxar para o noise rock (vide a intensa "The Soft Hands Of Stephen Miller"). Tudo isso intercalando com momentos mais melodiosos com um pé no progressivo. As composições são arrojadas, muito bem tocadas e produzidas. Estranhamente acessível). On A Bigger Screen

- Pin Ups: Long Time No See (Após mais de duas décadas sem disco de inéditas, o Pin Ups comprova o porquê de ser lembrada como das melhores bandas daquela cena "guitar bands" do inicio da década de 1990. Não há grande novidade, mas boas composições, ganchos melódicos e agradável saturação timbristica. Já tá ótimo). You Can Have Anything You Want

- Plague Vendor: By Night (Sabe aquele "indie rock garageiro" sujo de pista perfeito pra balada que vingou no início do século? Pois então, aqui ele se faz presente. As composições são irregulares e até mesmo pastiche, mas tem momentos vigorosos. Ouça sem grande expectativa durante um "esquenta" tomando cerveja barata). Let Me Get Hight \ Low

- Polo G: Die a Legend (Trap ganchudo. Faixas curtas que evidenciam uma produção pesada, beats consistentes e apelo melódico. O rapper logo no seu debut domonstra um flow veloz que "respeita a tradição" (expressão péssima) do hip hop. A cena de Chicago tem algo para mostrar. Um pouco repetitivo, mas sem o traço arrogante/maçante do trap e pop rap). Lost Files

- Poppy: Choke (O que eu pensava ser apenas uma humorada fusão de música pop com "metal moderno" originou um EP tão interessante quanto o disco anterior. É tudo estranhamente pesado, dark, jovem e acessivel. As produções são inquietantes. A faixa com o FEVER 333 é das melhores do ano). Scary Mask

- Post Malone: Hollywood’s Bleeding (Muita gente meteu o pau no disco, mas talvez por eu não esperar muito do Post Malone e sequer racionalizar suas músicas, a mim atendeu a expectativa e propósito. Acho ele um dos melhores no pop rap. Melodias ganchudas, bons beat de trap, interpretação honesta (e bem pop) e feat versáteis, indo do Young Thug ao Ozzy (!!??). Funciona). Goodbyes

- Priest: The Seduction Of Kansas (Difícil apontar em que estilo o grupo se enquadra, mas certamente há muita inspiração em sons do final da década de 1970, seja o pós-punk, disco, new wave, krautrock ou art rock. O resultado é irregular, mas de personalidade atraente. A vocalista tem uma magia. Fora que tem timbres e arranjos criativos). Control Freak

- Prince: Originals (Direto dos arquivos, uma compilação de demos inéditas de composições do Prince regravadas por outros artistas, sendo que a maioria confesso desconhecer. Mais um registro que comprova sua excelência enquanto compositor, arranjador, instrumentista e produtor (mesmo em versões "caseiras"). Se como valor documental já é um lançamento válido, melhor ainda por soar brilhantemente funkeada e cativante). 100 MPH

- Prince Daddy & the Hyena: Cosmic Thrill Seekers (O disco mais legal com o pior vocalista que você ouvirá este ano. Seus grunhidos alimentam o pop punk descontraído do grupo. Criativo, estranhamente épico, eufórico e repleto de timbres atraentemente "feios"). Cosmic Thrill Seeking Forever

- PTU: Am I Who I Am (Esse duo russo de música eletrônica apresenta um trabalho que, embora fortemente calcado na música techno, transgride o gênero com imersões bem experimentais através de ruídos, passagens jazzy (vide o final de "How Does It Feel") e timbres peculiares/saturados. O desenvolver das composições também é bastante intrigante. Um álbum nem tão fácil, mas que serve de exemplo sobre as possibilidades na música eletrônica). Castor And Pollux 

- Puce Mary, Francesco Leali, Heith: An Exploitative Version Of Surrogacy (Algo como um drone grave, ruidoso, sinistro e poético. Em alguns momentos é monótono, em outros ele parece que vai te engolir. Sem destaque, são apenas duas longas faixas que constroem o caos). 

- PUP: Morbid Stuff (Quem diria que um disco de pop punk poderia surpreender em pleno 2019! A verdade é que o álbum soa muito bem, intercalando boas melodias com momentos mais pesados (vide a quase sludge "Full Blown Meltdown"). Claro, a interpretação vocal as vezes parte pra uma onda juvenil que nem é tanto minha onda, mas as composições são legais, então tudo bem). See You At Your Funeral

- Purple Mountains: Purple Mountains (Após 10 anos afastado da música, David Berman ressurge na liderança deste grupo e expõem com franqueza e acidez a sua depressão. Tudo calcado num alt-country que, seja devido a interpretação vocal, qualidade dos textos ou delicadeza dos arranjos (vide o coro de vozes), de alguma forma me remete ao Leonard Cohen. Tristemente, o ex-líder do Silver Jews morreu poucos dias após o lançamento do disco). Night That Won't Happen

- Questions: Libertatem! (Banda já veterana do hardcore brasileiro em seu primeiro álbum cantando em português, não por acaso no momento em que suas letras contestadoras se fazem mais necessárias. Instrumentalmente, embora sem grande novidade, é bastante poderoso na proposta. Bonita capa). Florar

- Rachel Grimes: The Way Forth (Um tratamento erudito para uma pesquisa antropológica. Através de pianos, harpas, cellos e violinos, a artista narra a história das mulheres do Kentucky. Tem muito da música folclórica e de spoken word. O álbum exige dedicação e abstração, mas recompensa. Bem bonito. Verdadeiramente cinematográfico). Nowhere On Earth

- Radio Diaspora, Thayná Oliveira, Paola Ribeiro e Luiz Viola: Cachaça (Um seção complexa e vanguardista que une elementos do free jazz e da música erudita contemporânea numa performance bastante abstrata. Ao que consta, é "tributo vivo às heranças afro-diaspóricas na música". A mim, ficou a alegria de ouvir no Brasil um nível tão avançado e instigante de composição). Vento

- RAKTA: Falha Comum (Me pareceu que o grupo perdeu um pouco de peso, o que de certa forma colaborou para que o lado hipnótico das composições ficasse realçado. Tem muito de pós-punk e até mesmo de Swans. Ótima produção e desenvolvimento das faixas. Para mim, continua sendo dos grupos brasileiros mais interessantes da atualidade). 笑笑

- RAP: EXPORT (Independente do gênero musical que possa se enquadrar, esse segundo álbum do duo faz um bom apanhado da música urbana inglesa. Tem tanto momentos etéreos quanto mais dançantes. Tudo baseado em timbres sintéticos e desenvolvimento de composições complexas. É um trabalho rico).

- Rap Plus Size: A Grandiosa Imersão em Busca do Novo Mundo (Abordando temas tão em voga e batidos (ainda que necessário) quanto feminismo, racismos e aceitação do corpo, o duo arquitetou um álbum conceitual que trabalha conceitos como água e oceano. Beats pesados e estrutura de "álbum cheio" incomum dentro do rap nacional elevam a obra. A interpretação vocal tem seus pontos fracos, mas ok. Djonga, Kamau e MULAMBA são alguns nomes que dão as caras. A capa parece de disco do Baroness). Cardume

- Red River Dialect: Abundance Welcoming Ghosts (Embora eu assuma que o disco não tenha me capturado de imediato, há ótimas composições numa linguagem madura de folk rock. O desenvolver das faixas é bem consistente. Muitos violinos, melodias bonitas e um pé fincado no rock alternativo). Red River

- Refused: War Music (Embora seja possível afirmar que a banda apostou no seguro, soando domada mesmo nos momentos mais eufóricos, eu gostei da maioria das faixas. As composição não são tão inspiradas, mas é uma fórmula que me agrada. Vai entender). Economy Of Death

- Relaxer: Coconut Grove (A música techno numa longa amostra de eficiência, criatividade, riqueza, corpo e texturas. Tudo sem invencionismo besta, mas com profundidade técnica. Ótimos timbres e passagens oriundas da música ambient. Excelente mixagem. Prato cheio para quem gosta do estilo. Sem destaque, vale como um todo).

- Resavoir: Resavoir (Esse talentoso trompetista lidera um combo de 18 instrumentistas para produzir um jazz acolhedor que trafega pela contemporaneidade do rap e indie rock. Tudo muito bem tocado, primorosamente arranjado e lindamente acessível). Taking Flight

- Rhiannon Giddens: There Is No Other (Uma voz majestosa em composições que trazem o tradicionalismo do blues e do bluegrass. Mesmo invocando o passado, não é um trabalho retrô. Ele tem uma excelência e frescor atual. Ainda que de instrumentação mínima, é impecavelmente tocado. Adoro a rusticidade cristalina da captação. Lindo). Gonna Write Me A Letter

- Richard Dawson: 2020 (Embora seja um artista atrelado a música folk, esse disco tem fortes trejeitos de rock progressivo. Ou no minimo art rock. Isso devido os arranjos intrincados e melodias complexas. Você nunca sabe o que vêm na sequência. Tudo com forte sotaque (musical mesmo) inglês. Há também timbres bem criativos. Já sua interpretação vocal (que incrivelmente remete ao Peter Hammill) as vezes me parece um tanto quanto forçada. O nome reflete uma experiência de futurologia nada improvável de um mundo em colapso. Álbum arrojado sem soar pedante). Two Halves

- Rico Nasty & Kenny Beats: Anger Management (Nove faixas curtinhas que passam voando. Também pudera, Rico Nasty continua disparando seu flow afiado e intenso sem deixar espaço sequer para respirar. Ainda que nem todas as composições sejam inspiradas, sua interpretação eufórica convence. Pesadão. E que capa feia, hein!). Cold

- Rincon Sapiência: Mundo Manicongo: Dramas, Danças e Afroreps (Gostei muito mais deste disco do que do aclamado álbum anterior. Produção consistente e encorpada com traços de ritmos brazucas. O flow e o texto do Rincon melhorou bastante. Fora que tem bons ganchos dentro da estrutura do pop-rap/trap. É bem bacana). Meu Ritmo

- Rival Sons: Feral Roots (Dentro de uma linguagem do classic rock, a banda é das que se sai melhor atualmente. Muito de Led Zeppelin e blues-rock, mas com um criatividade genuína nas composições. Fora que é muito bem tocado. Aqui também se destaca a produção, ainda mais suja que o normal. Bem legal. Mais uma prova que não há desculpas para ouvir Greta Van Fleet). 

- Roberta Sá: Giro (O tal disco da Roberta Sá formado apenas por composições inéditas do Gilberto Gil. Não, não é nada explosivo ou fora da curta. É até mesmo bastante flat. Mas ao mesmo tempo atende uma vontade por MPB bem interpretada e aconchegante. Um disco sem grande inovação ou compromisso, mas muito bem feito. Não colocarei novamente para ouvir, mas se por acaso tocar em algum eu ouvirei com certo entusiasmo). Giro

- Royal Trux: White Stuff (Em tempos de Greta Van Fleet, só do grupo voltar com sua proposta de "rock n' roll esquisito", eu já acho bacana. A sonoridade é meio chapada. Rola até uma "rap psicodélico" ("Get Used To This"). Não é incrível, mas é interessante e divertido). Shoes And Tags

- Samantha Fish: Kill Or Be Kind (Parece que nos últimos anos, sempre tem uma guitarrista de blues que surge como a "revelação da vez". Este ano foi a Samantha Fish, que embora não tenha achado espetacular, é ao menos simpático/agradável. Ela tira bons timbres de guitarra, toca bem (principalmente slide), tem uma ótima voz e gostei como ela se adequou ao pop. Se você tem interesse por sons palatáveis com atmosfera blues e soul, é uma boa pedida). Try Not To Fall In Love With You

- (Sandy) Alex G: House of Sugar (Por mais que o disco não pareça "fechar", soando quase que um amontoado de boas ideias jogadas ao ar, alguma faixas especificas "me pegaram". A variedade, que vai do folk psicodélico até timbres modernosos em canções de gênero algum, também me atrai. Irregular, mas com pontos bem altos). In My Arms

- Saskia: Pq (Essa artista mineira produz um som estranhamente arrojado e urbano. A interpretação incisiva, os timbres sintéticos e os ritmos pulsante/quebrados são os principais elementos do trabalho, que bebe do industrial, funk carioca, rap e o que mais passa pela cabeça dela. Em alguns momentos até me lembrou o Death Grips, o que definitivamente não é pouca coisa). Foda  

- SeeYouSpaceCowboy: Songs for the Firing Squad (18 minutos de esporro divididos em 13 faixas. Grindcore, metalcore e screamo intenso, ríspido e bizarramente humorado (atenção para o nome das músicas). Bastante tortão e urgente. Não faltam breakbeats, grunhidos de porco e riffs angulares. A produção condiz com a fúria que as canções querem transmitir. Coisa de moleque xarope, coisa que muito me atrai). Pep Talk From A Nihilist

- Sharon Van Etten: Remind Me Tomorrow (A talentosa cantora dá enfoque à composição e amarra seu texto em bases tão atmosféricas quanto pulsantes. Ela soa como se a Lana Del Rey fosse mais "verdadeira" e menos blasé. Tem paixão). Hands

- Show Me The Body: Dog Whistle (Uma maneira bem singular de ver o noise rock e o hardcore. Tem ainda alguma interferência do hip hop, mas o que é privilegiado é a esquisitice dos arranjos e a fúria da execução. As faixas mais fracas involuntariamente dão dinâmica e tornam as melhores ainda mais explosivas com seus breakdowns ferozes. Atente-se aos timbres gordurosos de baixo. Doentio). Badge Grabber

- Sidoka: Doka Language (Com um flow no mínimo peculiar, este rapper mineiro desbrava o trap e suas particularidades com muita propriedade. A manipulação da sua voz é feita em excesso e com criatividade. É jovem, eufórico e de valor questionável. Uma construção criativa e paranoica de música contemporânea). LV 

- Sleater-Kinney: The Center Won't Hold (Li criticas tão cheias de ressalvas que me surpreendi com o disco. Claro, passa longe do vigor de tempos passados, mas as composições são legais. Se não tem nada excelente, também não tem nada vergonhoso. É um direcionamento mais pop com as mão da St. Vincent. Lamentável apenas é a saída da baterista Janet Weiss). Hurry On Home

- Slipknot: We Are Not Your Kind (O tal disco de "volta as origens". E o pior é que quando eles tentam recriar a urgência nocauteante dos primeiros discos eles se saem bem. O problema está nos momentos mais ousados (vide as vinhetas e as faixas "Spider" e "My Pain"), que não funcionaram. Para nossa sorte, são momentos minoritários. Os fãs vão gostar. Os detratores vão jogar contra. O mundo segue). Nero Forte

- slowthai: Nothing Great About Britain (Logo em seu debut, o rapper já entrega um prato cheio para quem se interessa por grime. De texto corrido e interpretação voraz, ele dilacera a politica britânica atual e suas fugas mentais. Fora os beats que são muito bem construídos e produzidos. Skepta dá as caras). Nothing Great About Britain 

- Solange: When I Get Home (Mais uma amostra da sua criatividade e talento vocal. Canções pop com influência do jazz em beats complexos e melodias singulares. Tem timbres bastante particulares (principalmente de baixo). Algumas composições (vide "Beltway"), por mais absurdo que isso possa parecer, apresentam influência da música minimalista. Fora que as vinhetas somadas a canções curtas traçam um desenvolvimento bastante particular ao álbum. Tyler The Creator, Sampha e Playboi Carti são alguns nomes que dão as caras). My Skin My Logo

- Som Nosso de Cada Dia: Mais Um Dia (Em seu primeiro disco em mais de 40 anos, o grupo espantosamente apresenta vigorosidade (sempre com muito groove). Claro, há muitos clichês do rock setentista, mas sendo essa fase tão pouco valorizada no cenario nacional, há ainda muito o que desbravar em termos de sonoridade. Fora que as composições são ótimas. Pena o grande Pedrão ter falecido pouco depois do lançamento. Seu derradeiro álbum expõem o excelente baixista que era). Tempos Difíceis

- SPELLLING: Mazy Fly (Um álbum ousado, que mesmo nos momentos em que não me proporcionou "prazer", foi instigante. Sua interpretação vocal é tão contida quanto profunda. Há muitos elementos darks e texturas timbrísticas nas bases. Não dá pra enquadrar num gênero, embora ecos de Kate Bush e trip hop sejam emitidos numa abordagem r&b). Afterlife

- Squid: Town Centre (Começa meio rock in opposition, emenda com um "post art punk", remete ao Talking Heads e ao LCD Soundsystem, experimenta e instiga... tudo isso num EP de quatro músicas. Difícil ser mais eficiente). Match Bet

- Steve Lacy: Apollo XXI (Para alguém com um currículo tão bom nas produções, surpreende os caminhos adotados em seu voo solo. É mais que cru, é estranhamente lo-fi. Mas não me incomoda. Ainda mais em tempos de ultra polidez no r&b contemporâneo. Já as composições são legais. Adoro quando ele prioriza a guitarra nos arranjos). Playground

- Stormzy: Heavy Is The Head (Fez enorme barulho na Inglaterra. Não posso dizer que essa fusão de grime com pop-rap seja das coisas que mais faz a minha cabeça, só que o peso das produções e a interpretação convicta do rapper traz uma atmosfera envolvente para as faixas. Não acho maravilhoso não, mas tem seu lugar). Pop Boy

- Stray Cats: 40 (Após 30 anos sem um disco de inéditas, um trabalho que não apresenta grande novidade, mas expõem o trio como um dos melhores do rock n' roll. Se as composições não são das mais inspiradas, a qualidade da execução salta aos ouvidos. A crueza dos timbres também me ganha. Digno da história do grupo). I'll Be Looking Out For You

- Sun Kil Moon: I Also Want To Die In New Orleans (Nesta altura do campeonato, já superei todos os contras do Mark Kozelek (basicamente letras quilométricas em canções longuíssima). Decidi ouvir só quando estivesse preparado e isso contribuiu muito para alcançar prazer numa experiência trabalhosa. Aqui o compositor canta (com seu "resmungar" característico) sobre todo o caos do país que o cerca. É um retrato curioso, triste, inteligente e sincero dos EUA em cima de bases "folk jazzísticas"). Day In America

- Sunn O))): Life Metal (Confesso que só de saber que é um disco do Sunn O))) com produção (toda analógica) do Steve Albini, eu já fui disposto a gostar. E embora não seja magnifico - é até mesmo um tanto quanto repetitivo e simplório -, o trabalho ficou dentro das minhas expectativas. Nada que já não conhecemos. É aquela massa sonora de guitarras graves, friez, conflitantes e de intensidade física. Todavia, recomendado só para quem se interessa pela banda. É para os já convertidos). Troubled Air

- Sunn O))): Pyroclasts (Como uma espécie de "seção de improviso" feito durante as gravações do Life Metal (logo, também com produção do Steve Albini), esse disco soa impressionantemente ainda mais corrosivo. Paredes tremem e o chão afunda diante de guitarras que buscam espaço em meio a dissonâncias e distorções. Pesado, corrosivo, denso e belo. Pode ser inclusive uma boa porta de entrada ao drone metal). Frost (C)

- Surra: Escorrendo Pelo Ralo (Atitude hardcore num thrash metal estrondoso, bem produzido e desgraçado. Muito bem executado e com letras que colocam em xeque a postura politica que tem que haver no rock. Não há brechas para delicadeza ou erro). A Lei da Dúvida

- Swans: leaving meaning. (Após uma trilogia praticamente perfeita, toda aquela estética dark e hipnótica da banda agora é apresentada num formato acústico. Nem por isso as faixas deixam de ser densas e ruidosas. A produção reverberosa dá ainda mais grandiosidade para as canções. A interpretação vocal tem momentos sublimes, chegando a remeter ora ao Nick Cave, ora ao Lou Reed. Mais um ótimo disco de um grupo veterano). The Nub

- Tantão e os Fita: Drama (Não sei que gênero exatamente consegue angariar essa proposta de som instrumentalmente eletrônico, esquelético e sintético, que por sua vez humaniza as raízes do povo através de letras proclamadas. Tem muito do funk, mas é mais "experimental". A interpretação eufórica é perfeito para os tempos atuais. Embaçado). Vai Não Volta  

- Taylor Swift: Lover (Ainda que peque pelo excesso - em certo momento o disco soa redundante, principalmente para o final -, é bom ver a Taylor novamente apostando no "pop rasteiro", com alguns timbre e climas do synthpop oitentista, mas com ganchos e temas atuais. E embora goste dela desde o Red, a verdade é que ela melhorou muito enquanto interprete. Resumindo: com altos e baixos, mas de saldo positivo. Obs: vocês sabem que tenho predileção por ela né? Levem isso em conta). Cruel Summer

- Tedeschi Trucks Band: Signs (Embora as composições pareçam menos inspiradas, quando o assunto é sonoridade do classic rock (com muito de soul e blues), o combo liderado pelo Derek Trucks apresenta o que de melhor pode ser produzido. E como ele toca guitarra, não?). Hard Case

- Terno Rei: Violeta (Ainda que possa parecer bobinho, eu gosto desta melancolia juvenil exposta em melodias bonitas (inclusive de guitarras mergulhadas em chorus, meio jangle-pop) e climas de dream pop. Nada muito ousado, mas de bom gosto, onde a afetação está mais em quem ouve do que na interpretação). Amor-Perfeito

- Test: O Jogo Humano (28 minutos divididos em 54 faixas (!!!). Sua sonoridade garageira, quase como uma demo, alinhado a composições que não respeitam uma estrutura óbvia, traz ao "post-grindcore-industrial" do grupo um vanguardismo estético brutal. Ruidoso, crispe e braçal. Sem destaque).

- The Aristocrats: You Know What...? (Quando o assunto é rock instrumental virtuoso, esse trio é dos poucos que me anima a ouvir atualmente. Além de dispensarem elogios tecnicos (os três são fodas), há criatividade nas composições, uma interação fluída entre eles e uma produção nem tão modernosa. Soa espontâneo e até mesmo divertido. Gosto bastante). Terrible Lizard

- The Black Keys: “Let’s Rock” (Como é bom voltar a ouvir guitarras num disco do Black Keys. Excelentes guitarras alias, cobertas por fuzz e muito bem tocadas. Adoro também o já conhecido direcionamento "blues rock + garage + soul + pop + indie" do grupo. O resultado é um disco que atende tanto o classic rock quanto o público do Lollapalooza. Tudo isso com canções no minimo "ok". E ainda tem gente que perde tempo com Greta Van Fleet). Every Little Thing

- The Brian Jonestown Massacre: The Brian Jonestown Massacre (Vocês já sabem como a banda funciona. Rock n' roll puro e genuíno com algumas incursões "cósmicas". Adorei o som de bateria que parece captado com um único microfone a 20 metros de distância. Perfeito tanto para sextas chapadas quanto sábados ensolarados). Drained

- The Chemical Brothers: No Geography (Confesso não acompanhar os trabalhos recentes do lendário duo. Ouvi justamente na semana em que percebi o quanto o clássico You've Come A Long Way, Baby do Fatboy Slim tinha envelhecido mal. Sendo assim, foi agradável ir de encontro a um disco que revisita estruturas da house e bigbeat, sem apresentar grandes inovações formais, mas criando ótimos ganchos, beats dançantes, climáticas texturas, melodias vocais acessíveis e timbres/mix encorpados. Rola até uma "bjorkada" ("Bango"). Ciente deste enfoque "revisionista", a audição torna-se prazerosa).We've Got To Try

- The Claypool Lennon Delirium: South Of Reality (Segundo e melhor álbum do projeto que reúne o Les Claypool e o Sean Lennon. O fato da primeira audição ter sido ao lado do meu pai, tomando uma cerveja, talvez tenha elevado a minha percepção. Mas fato é que adorei como a psicodelia deles não soa mequetrefe. É tudo muito bem tocado, timbrado e composto. Boas melodias e arranjos. O caminhar de cada composição é bem atraente. Pena que no fim há uma leve queda, mas nada que tire o grande êxito do trabalho. Como de se esperar, há linhas de baixo estupendas). Blood and Rockets

- The Comet Is Coming: The Afterlife (Mais uma amostra de como esse espantoso coletivo jazzistico reinou neste ano. Adorei aqui como as composições soam delirantes/cósmicas. Em alguns momentos, a forma das composições parece de trance, só que executadas com instrumentos tradicionais. Um dos momentos mais atmosféricos do jazz). The Afterlife

- The End Machine: The End Machine (Mais uma empreitada da gravadora Frontiers, agora reunindo o instrumental do Dokken com o vocalista do Warrant (pois é! [1]). Tais informações são o suficiente para saber se o álbum é pra ti ou não. Eu arrisquei e gostei. Claro, tem todos os chavões do hard rock oitentista, mas há também uma curiosa semelhança com o que é feito por algumas bandas grunge atualmente (pois é! [2]). É interessante também como a produção moderna soa menos pasteurizada que de antigos trabalhos dos artistas (pois é! [3]). Dito isso, é um disco legal destinado a fãs de hard rock e de guitarra - o George Lynch me lembrou o Edu Ardanuy nos solos (pois é! [4])). Alive Today

- The Flaming Lips: King’s Mouth (Ainda que o desenvolver do álbum seja irregular, a volta da sonoridade pop-psicodélica-sinfônica do Flamming Lips através de uma história absurda e com narrações do Mick Jones (sim, o do Clash) reserva momentos de peculiaridade e exuberância emocionante). All For The Life Of The City

- The Mountain Goats: In League With Dragons (É um tanto quanto "dad folk rock" e monótono interpretativamente, mas as composições são bem legais. Adorei a organicidade dos timbres de bateria. Liricamente é mais um delírio comum ao John Darnielle, que diga-se de passagem, não faria feio se fosse um disco de power metal, o que não deixa de ser engraçado. Até a capa revela isso). Cadaver Sniffing Dog

- The Murder Capital: When I Have Fears (Disco de estreia que revela de imediato uma banda substanciosa. É um pós-punk dark, grave, pontualmente ruidoso e repetitivo, incrivelmente mantendo o apelo indie. A maneira com que as composições se desenvolvem é de grande profundidade. Gostei bastante). Slowdance I & II

- The Raconteurs: Help Us Stranger (Nunca fui grande entusiasta do Raconteurs, mas se tem o Jack White no meio a gente escuta. Eu gostei bastante. Muitas das composições podem ser taxadas como esquecíveis, mas o clima blues-rock numa performance "atual" me soa muito bem. É o dad rock que eu simpatizo. E é legal que o disco tenha chegado ao primeiro lugar da Billboard com vendas físicas. Coisas que só o Jack White consegue). Don't Bother Me

- The Who: WHO (Imagine que você é um grande admirador do Picasso e tem a oportunidade de contemplar uma novo quadro do artista. A obra é ótima, não das mais interessantes, mas faz jus ao legado do artista. Todavia, você não tem a memória afetiva com essa nova peça, é o passado que te emociona. Basicamente é isso que acontece aqui. Nada de errado, muito pelo contrário, tem ótimos momentos de um grupo que não precisaria lançar mais nada. Em alguns momentos o álbum parece fazer recorte de várias fazes da banda. Ouça sem expectativa). Hero Ground Zero

- Thiaguinho: VIBE (Ao Vivo) (O pagode é um gênero tão distante de mim que pode ser que eu tenha visto aqui qualidades já inerentes ao estilo. Todavia, ainda assim foi uma surpresa. Claro, as composições liricamente são muito pobres e monotemáticas, mas os arranjos são bem bons, transitando entre o pagode e o pop internacional. Dá até pra lembrar do Drake (só que com mais leveza no humor). Curioso o uso dos sintetizadores e do cavaquinho fazendo lead. Fora que o Prateado é um tremendo baixista. Vale ouvir pela curiosidade. Sem destaque).

- Thom Yorke: ANIMA (Embora não tenha "pirado" no disco, o álbum certamente é exitoso ao explorar texturas da música ambient e glitch num formato "pop". Fora que adoro a profundidade da voz do Thom Yorke. Os arranjos são elaborados, construindo caminhos pouco usuais. É bacana, mas exige uma certa atenção e boa vontade para sua apreciação). Not The News

- TNGHT: II EP (Após 7 anos em silêncio, o duo volta novamente com sua música tão explosiva quanto dançante, trazendo traços de wonky, mas com dose extra de experimentalismo. As faixas estão mais "malucas". Os timbres são intoxicantes. É interessante pensar como "First Body" poderia ser um beat de funk). Dollaz

- Tool: Fear Inoculum (Sem nenhum lançamento nos últimos 13 anos, o Tool fez de tudo para quitar a divida elaborando um álbum que soa exatamente como eles próprios. Se não há grande criatividade, ao menos há excelência instrumental e no desenvolvimento das composições. Nas faixas mais longas, é possível adentrar a atmosfera hipnótica dos riffs densos. Gostei da produção (nítida, pesada, com espaço para "respiração" e mais "natural" que no longínquo álbum anterior). Os interlúdios são dispensáveis. É ok). 7empest

- Toro y Moi: Outer Peace (Gosto quando o Toro y Moi parte pra uma abordagem funky, e isso acontece primorosamente no inicio do disco. O trabalho chega a se perder em composições de r&b que não dizem para que veio, embora mantenha nelas uma produção rica em texturas. No fim, funciona como um todo). Laws Of The Universe

- Tropical Fuck Storm: Braindrops (Em seu segundo álbum, o grupo construiu uma estranha experiência lirica atrelada a arranjos tortos, timbres estridentes e muitos buracos. É aquele velho jogo de alternância de dinâmicas que funciona desde os tempos de Pixies, embora aqui tenha uma acidez peculiar. Trazer criatividade para o rock alternativo mesmo quando faz uso de suas próprias "fórmulas" é uma conquista e tanto. Rock estranho e instigante). The Happiest Guy Around

- Tyler, The Creator: IGOR (Uma enxurrada de elogios chegaram a mim antes de ouvir o disco, o que elevou as minhas expectativas e posteriormente causou certa decepção. Mas não se engane, o amadurecimento do Tyler enquanto criador se mantém em alta ao fundir r&b e rap numa produção ora corrosiva, ora trazendo arpejos celestiais, mas sempre curiosamente "lo-fi". Gosto também da variação timbristica e melódica da sua voz no decorrer das músicas. O caminhar das faixas eleva o álbum. Todavia, comparado ao disco anterior, achei as composições menos cativantes, ainda que igualmente ambiciosas. Vai de gosto). Gone, Gone / Thank You

- Uboa: The Origin Of My Depression (A carga emotiva revelada no nome do álbum é correspondida sonoramente entre sussurros e berros desesperadores. O instrumental faz uso de climas extremamente abstratos e corrosivos, trabalhando desde a música drone, quanto powerviolence e o dark ambient. Apesar de todo o caos, é brilhantemente sinfônico. É um disco para poucos, não somente por suas experimentações, mas principalmente devido a aura verdadeiramente pesada). An Angel Of Great And Terrible Light

- USA Nails: Life Cinema (O punk rock longe do básico. Aquele clima britânico dentro do estilo em canções brutas e de timbres/performances corrosivas. Tem muito de noise rock. Tudo em apenas 25 minutos). Microphone

- Vampire Weekend: Father Of The Bride (O disco apresenta uma boa coleção de canções amorosas e solares, com o agradável e já conhecido flerte do indie pop com trejeitos de Paul Simon. Entretanto, não sei se justifica a longa duração. Todavia, por terem ficado tanto tempo sem material inédito, dá pra dar um desconto. Gostei da participação da Danielle Haim e do Steve Lacy. É bacana). Rich Man

- Vários: Kankyō Ongaku: Japanese Ambient, Environmental & New Age Music 1980-1990 (Título do álbum descritivo. Um interessante apanhado de diferentes artistas que, mesmo produzindo sons herméticos e mansos, ganham dinâmica justamente no alterar da forma de enxergar a música ambient e new age. Para quem se interessa pelos gêneros é prato cheio. Tem momentos bastantes profundos). Praying For Mother / Earth, Pt. 1

- Vivian Kuczynski: Ictus (Embora de voz extremamente madura, essa garota tem impressionantes 16 anos. Sua interpretação é forte e convicta, as melodias e letras são bem construídas e há beats darks, sintéticos e sexy que remetem ao pop internacional, não sofrendo afetação do "clima solar tupiniquim" através de sua estética. Em tempos de brasilidade caricata dentro do pop, isso é um bom sinal). Brasil

- Vulfpeck: Live At Madison Square Garden (Não conhecia a banda, mas só deles estarem no Madison Square Garden já significa que eles tem uma boa legião de fãs. O som é bastante calcado no funk setentista, com enorme instrumentação e muito apelo pop. O baixista Joe Dart é um monstro. A gravação é meio tosca, o que traz uma sensação de "ao vivo ser overdub" bem vinda. Bem legal). Cory Wong

- Xiu Xiu: Girl With Basket Of Fruit (Um álbum bastante estranho, que une lirismo poético absurdo com noise rock, glitch e sei lá mais o que. Tudo costurado sem obedecer estruturas óbvias. Há um elemento tribal aterrorizante. Sua produção soa enorme. Denso e de difícil imersão). Scisssssssors

- Waste Of Space Orchestra: Syntheosis (Black metal, post-metal e space rock numa coisa só. Pesado e climático. Vocais esganiçados arranham a atmosfera instrumental. Um pouco longo demais, mas faz parte do conceito. É bem bacana). The Shamanic Vision

- Weatherday: Come In (Eu não imaginava que o cruzamento do lo-fi com o emo pudesse soar tão poderoso. Numa mescla de paixão e euforia, as canções são guiadas por timbres corrosivos. Os momentos mais barulhentos até mesmo me trouxeram uma angústia que sinto com o black metal (vide a longa "My Sputnik Sweetheart"). Quem ultrapassar a barreira da esquisitice pode se surpreender). Mio, Min Mio

- Weezer: Weezer (Teal Album) (Tem que ser muito odioso para não gostar do Weezer. Esse disco de versões evidencia interpretações bem humoradas sem soar besta. Divertido, muito bem gravado, ótima/criativa escolha de repertório... Muito legal). Happy Together

- Weezer: Weezer (Black Album) (A banda tem a vantagem de, mesmo quando erra, soar simpática. É o que acontece com as canções mais fracas deste disco, que abusam do pop contemporâneo, soando bobinho, mas divertido. Já as faixas mais legais apresentam o apelo melódico travestido por caricaturas que o grupos faz tão bem (vide o "clima surf" de "Zombie Bastard"). Resumindo, passa longe de ser um espetáculo, mas tem carisma). Piece Of Cake

- William Basinski: On Time Out Of Time (Quando menos percebi, já havia escutado o disco todo, imerso em sua poeira cósmica do marasmo denso da música ambient. Apague a luz, desligue o celular, coloque num fone e dê uma chance. Tente, a onda não não vai te engolir. Obs: sem faixa destaque, o lance é o todo).

- William Doyle: Your Wilderness Revisited (Não sei se era a proposta, mas esse álbum me remeteu ao rock progressivo oitentista, ou seja, com traços da música pop, bastante sintetizadores, doses de cafonice e um arrojo melódico e nos arranjos. Fora que é tudo muito bem tocado (embora nada tão virtuoso, o que é bom). A produção, ainda que cristalina, me soou muito flat. Tem ainda passagens bem "espaciais". Brian Eno dá as caras. É um álbum mais interessante e exitoso do que propriamente "legal"). An Orchestral Depth

- Yazz Ahmed: Polyhymnia (Eu havia adorado o álbum anterior desta espetacular e jovem trompetista, sendo esse aqui uma continuação óbvia, um pouco menos ousado, mas bastante profundo nas interpretações. Os motivos árabes de alguns improvisos e temas são radiantes. Tão sonoramente grandioso que em alguns momentos parece sinfônico. Prato cheio para quem ama jazz. Sem erro). 2857

- YBN Cordae: The Lost Boy (Debut deste rapper de voz convicta e bons ganchos. É inteligente como ele transita pelo jazz rap e pop rap sem esgotar nenhum dos gêneros. Excelente produção. As ótimas participações (Chance The Rapper, Anderson .Paak, Pusha T...) trazem variedade e demonstram a aposta no artista. Em alguns momentos lembra os momentos menos criativos/malucos do Kanye. É bem legal). Broke As Fuck

- Young Thug: So Much Fun (Disco longo que, honestamente, me causa impaciência quando a audição é a atividade principal. Todavia, alinhado a outras obrigações do dia-a-dia, ganha destaque através de seus bons ganchos, versatilidade interpretativa vinda das participações e uma produção exemplar de trap. É pop e é divertido, mas para mim funciona somente em segundo plano, o que não necessariamente é ruim). Mannequin Challenge

- Yung Buda: True Religion (O trap nacional em estágio avançado. A ótima produção transgrede a caricatura do estilo, se apropriando de efeitos psicodélicos e elementos etéreos da vaporwave. Há tanto o lado politico quanto o pessoal nas letras. Ora climático, ora divertido, sempre bem sucedido dentro da proposta). Sem Sinal


MEDIANOS
Cotação subjetiva: 4-6

- Alcest: Spiritual Instinct (As composições não são das mais terríveis, mas também não surpreendem. Entretanto, o maior problema é falta de coragem da produção. É tudo muito limpinho. Com isso, mesmo a interpretação soa fria).

- Anamanaguchi: [USA] (Ainda que com timbres corrosivos, grandiosos e atraentes dentro da estética chiptune, algumas composições pouco me cativaram. Tem bonitas melodias escondidas ("The C R T Woods") em meio canções divertidamente energéticas ("B S X"), mas não posso afirmar que é a maior parte das faixas. Mas para quem curte eletrorock é um prato a ser explorado).

- Anna Meredith: FIBS (Um disco tão versátil que eu nem sei em que momento cabe. A compositora usa seu conhecimento formal em peças que trafegam entre o pop, rock e a música eletrônica. Nada ruim, mas nada que surpreende. Não gostei de alguns timbres. Esquecível). 

- Ariel Posen: How Long (É o "John Mayer dá vez"? Ao menos soa assim. Ou seja, um excelente guitarrista em canções pobres em conteúdo. Dá estrutura, passando pela interpretação, não é algo que me cativa. A produção também é muito flat. Só não coloco como "ruim" porque é "bem feito" dentro da proposta e por eu adorar ouvir novos talentosos guitarristas). 

- Baroness: Gold & Grey (Ao "trocar" a "pegada Mastodon" por um "direcionamento mais Foo Fighters", o grupo escorregou em canções que não convencem nem em peso nem nas melodias. Em mais de 1h de álbum, algumas faixas pendem até mesmo para o ruim (vide "I'd Do Anything"). Todavia, não é de todo mal, só passa longe do que o grupo já produziu).

- Beyoncé: Homecoming: The Live Album (Antes de tudo saliento que vou misturar as percepções que tive diante do disco e do filme. Reforço também que acho a Beyoncé muito talentosa: ela canta bem, domina o palco como poucos, é dedicada, sexy e tem um punhado de canções legais, sendo o repertório do show bem bom. Agora os pontos negativos: já assisti apresentações dela bem mais legais (lembro o do Rock In Rio e um em parceria com o Jay-Z, só para citar dois). Fica claro no filme sua dedicação e empoderamento com relação a sua arte. Todavia, não acho que isso se manifesta tão bem no espetáculo. Embora muito bem dirigido no que diz respeito a coreografias, musicalmente fica devendo. Claro, a banda é ótima (com direito a uma enorme fanfarra), mas falta espontaneidade. Ter privilegiado o quesito cênico tirou parte de sua força musical. Resumindo, apesar de alguns êxitos e de confirmar o seu talento, me parece mais um material proporcional do que um retrato instigante da boa artista que ela é).

- Big Thief: Two Hands (Um típico disco cansado. A Adrianne Lenker tem muita personalidade interpretativa, a maneira com que as guitarras se entrelaçam nos arranjos é ótima, tudo soa timbristicamente muito bem... mas o álbum não engrena. Ele trafega num confortável e desleixado indie rock. Para um disco tão elogiado e lançado tão na cola do antecessor (que é bacana), pensei que eles tinham algo mais a dizer).

- Black Alien: Abaixo de Zero: Hell Hell (Embora extremamente elogiado, confesso que achei um álbum morno. Tem seus bons beats e belas sacadas de texto (até mesmo com ar confessional e de superação), mas dado o alto padrão que o Black Alien atingiu, soa abaixo da expectativa. Mas foi tão elogiado que vale nova reavaliação futuramente. Vale lembrar que tem produção do Papatinho).

- Bon Iver: i,i (Se por um lado há uma constante criatividade no que diz respeito aos arranjos e timbres, as composições tem um direcionamento meloso (algo quase neo-r&b) que não me agradaram. O mesmo vale para a performance vocal. É um risco que eles tomaram, revelando inconstância na minha percepção. Vale nova reavaliação no futuro, mas no momento é o disco menos interessante do grupo).

- Boy Harsher: Careful (Pegue o New Order da fase acid house e insira elementos de darkwave. Eis o resultado. Timbres incisivos em composições que não são ruins, mas também não trazem novidade. É o tipico disco ok que não faz diferença).

- Carla dal Forno: Look Up Sharp (Neste segundo álbum, a cantora/compositora elabora um "folk etéreo" (tanto pro lado ambient, quanto pro lado pós-punk) com predileções para o indie. Tem seus bons momentos, mas no geral não é minha onda. Sua interpretação é tanto quanto monótona).

- Carly Rae Jepsen: Dedicated (Se em Emotion havia uma certa novidade no ar ao lincar timbres oitentista em composições com a energia do pop contemporâneo, aqui já não há mais grande atrativo. Algumas composições até são legais (vide "Want You In My Roon" e "Everyhing He Needs"), mas com ganchos menos cativantes. Boa mixagem).

- Caterina Barbieri: Ecstatic Computation (A música eletrônica com pungência, ainda que distante do formato "pista". As composições são guiadas por timbres cristalinos de sintetizadores, que abrem mão de beats incisivos, criando na verdade um efeito pulsante mesmo sem o elemento de pulso. É interessante. Feito os elogios, vale dizer que é um trabalho mais eficiente do que apaixonante).

- Charlotte Adigery: Zandoli EP (O clima caribenho da moça se adéqua ao pop contemporâneo através do Soulwax. É legal e até mesmo criativo, mas não ao ponto de saltar aos ouvidos).

- Cherry Glazerr: Stuffed & Ready (Por mais que não seja "nada demais", adoro esse clima shoegaze com vocais femininos e guitarras ríspidas. Em alguns momentos parte para uma linha dream pop "moderna" menos inspirada. O disco cambaleia).

- Clairo: Immunity (As melodias tem uma doçura bacana, assim como produção ampla que contradiz a estética do bedroom pop (embora de instrumental pouco criativo). Mas a interpretação da Clairo ultrapassa o nível do singelo. É pacato beirando o marasmo. Fora que as letras, por mais densas que sejam, não se comunicam comigo. Mas ele é uma lindinha mesmo).

- Croatian Amor: Isa (Produção extremante atmosférica, que traz elementos do glitch, da música ambient, do pop e do industrial. Individualmente, as faixas não apresentam nenhum erro. São até densamente aconchegantes/sexuais. O problema é que como um todo o álbum empapuça. Dê uma chance caso se interesse por produções frias, climáticas e sintéticas).

- DaBaby: Baby On Baby (Na capa ele já demonstra ser um sujeito carismático. Seu flow radiante segue essa premissa (vide a ótima e veloz "Joggers"). Todavia, por mais divertida que seja a atmosfera das composições, as bases não respondem a altura. Falta peso e criatividade. No fim o resultado é um trap genérico, apesar de toda a personalidade do rapper. Mas é uma audição rápida e recomendável para quem curte o estilo).

- Don Felder: American Rock 'n' Roll (Nem sou interessado no trabalho do guitarrista/vocalista do Eagles, mas ao ver uma chamada destacando as guitarras do disco, fui ouvir. E realmente, tem ótimas passagens de guitarra, tanto no que se refere a timbres quanto execução. Até mesmo o Slash dá as caras. As composições quando partem para uma linha "dad rock" soam bem (afinal, estamos falando de um tiozinho, ele pode soar retrô). Todavia, tem algumas baladas bem cafonas. Capa tosquissima).

- Dua Seleh: Nur EP (Dona de voz penetrante, essa cantora do Sudão criou um trabalho saboroso, de canções melodiosas e potentes. Todavia, sua interpretação convicta somada aos beats vagarosos demonstra eficiência musical somente de inicio, depois cai no marasmo. E olha que estamos falando de um EP de apenas 20 minutos).

- Du Blonde: Lung Bread For Daddy (É divertido. Tem sua "sujeira" rocker, boas guitarras, a cantora intercala a interpretação entre aura dark e sexy... mas sei lá, no fim fica um sabor de "não é tão bom". É um formato de som que me agrada, mas sem grande inspiração).

- Ecco2k: E (Acho interessante a ideia de trazer climas ambient (ou até mesmo new age) para uma proposta completamente pop. Alguns momentos são legais, com beats vagarosos e sexy. Entretanto, o repertório é irregular e, mesmo quando funciona, não é nada tão memorável).

- Efdemin: New Atlantis (Ele tem muitos êxitos: ótima mixagem (alguns sons parecem sair sabe lá de onde, vide "Good Winds"), clima de tensão, texturas, conceito validado por sua narrativa... Todavia, o gosto que fica é de um disco de house/ambient com um clime lounge, ainda que não seja exatamente isso. Um pouco disso por culpa da magreza de alguns timbres genéricos e da longa duração das faixas. Mas vale uma reavaliação futura).

- Efrim Manuel MenuckKevin Doria: are SING SINCK, SING (É espantoso o som volumoso e intenso que o duo extrai, criando algo como um drone-mantra de delicadeza corrosiva. Tem até mesmo elementos "caipira" e muitas texturas timbristicas. Todavia, não é algo que faz a minha cabeça).

- El Toro Fuerte: Nossos Amigos E Os Lugares Que Visitamos (Imagine uma boa banda de emo/indie rock com um som abrasilerado, repertório irregular e um vocalista que as vezes lembra o Marcelo Camelo. Gosto dos momentos mais ousados (vide "Hidra"). Achei a produção meio abafada. É apenas bacaninha).

- Elza Soares: Planeta Fome (Dos álbuns da recém "trilogia involuntária" da Elza Soares, esse é o mais fraco. Inclusive é o único em que sua tão criticada voz me incomodou. Os arranjos estão mais solares, o que atenua a força do texto (e olha que tem letras bastante e necessariamente incisivas). A produção do Rafael Ramos está apenas correta. A capa da Laerte é ótima. Não é ruim, mas também não emociona. Talvez chegará a hora de diminuir o ritmo. A Elza merece).

- Emicida: AmarElo (Respeito e admiro o Emicida mais do que gosto do seu som. Reconheço algumas boas produções e uma liga genuína na sua linguagem, onde o rap, pop e música brasileira viram uma coisa só. Dito isso, acho as composições fraquinhas. Um ou outro verso é interessante, mas dificilmente uma faixa inteira. Como um todo, há aspectos positivos na abordagem acolhedora em época de ódio. Entretanto, não é minha onda. Aqui nem a sua interpretação salvou. As participações não colaboram pra elevar minha percepção, embora tenha achado bacana o Zeca Pagodinho e a Fernanda Montenegro dando as caras).

- Emily Reo: Only You Can See It (Um indie pop-rock muito bem feito (até mesmo com certo "requinte" inquietante), mas que não despertou grandes amores).

- Félicia Atkinson: The Flower and the Vessel (Ah, é bem poético, bonito, ousado e cristalino. Antes de dormir vai que é uma maravilha. Mas não posso dizer que captei a mensagem. O disco exige uma atenção que abri mão. Problema meu, não do álbum, claro).

- Fennesz: Agora (Sou um entusiasta da música do Fennesz, mas não acho que ele alcançou grande resultado neste trabalho. Claro, imerso no disco é possível reconhecer diversas camadas e ricas texturas. Todavia, acho que o álbum não chega a lugar algum).

- Fever 333: Strength In Numb333rs (Vi uns vídeos da banda ao vivo, achei extremamente energético e fui de encontro ao disco. A urgência interpretativa é elevada através de timbres sintético saturados numa boa produção. Os vocais são bem eufóricos e apropriação de beats do rap é bacana. O problema é que as composições beiram o ruim. Tem alguns refrões melodiosos que lembram os piores momentos do Linkin Park. Mas se seu filho de 14 anos tiver ouvindo isso, não reprima, foi feito pra essa faixa etária mesmo).

- Flying Lotus: Flamagra (Um álbum que peca pelo excesso. Do meio pra frente até há ótimas faixas (com destaque para a maravilhosa "Land Of Honey"), mas seu desenvolvimento inicial é de um marasmo que beira o chato. Claro, bem produzido e tocado, mas pouco agregador dentro de sua excelente discografia).

- Foxygen: Seeing Other People (Eu gosto bastante do duo, mas esse álbum me soou pouco inspirado. Muitas das faixas funcionam isoladamente, mas ao todo parece que eles tentam emular uma fórmula que os consagrou no passado. Bateu não).

- Francisco El Hombre: RASGACABEZA (Embora não seja minha onda, gostei de como o disco soa. Uma produção encorpada com elementos do funk carioca e rock num perfeito elo urbano. Tem um climinha "esquerda PSOL" e um lado "fofinho" ("O Tempo É Sua Morada") que me bodeia, mas nas canções mais pulsantes ("Chão Teto Parede") é bacana. Irregular. É curtinho, então vale arriscar. Capa curiosa).

- Fresno: sua alegria foi cancelada (Eu gosto muito do Lucas e entendo onde sonoramente ele gostaria de chegar, mas não acho que isso se manifesta no resultado. Os timbres e a produção tão mais para um Muse que deu errado do que para as influências que ele cita. Entretanto, nem tudo falha. O direcionamento lirico tão politico quanto pessoal dá relevância a obra. Alias, a Fresno é das poucas bandas da sua geração que sobrevive com dignidade. Já é um grande mérito).

- FTR: Manners (Um pós-punk/industrial denso e ruidoso, que faz uso de muitos timbres sintéticos e de ritmos motorik. Tudo isso é bacana, mas genérico. Mas se sua praia é música dark, vai fundo).

- Fuming Mouth: The Grand Descent (É inegavelmente pesado e agressivo. Tudo muito ríspido e interpretado brutalmente. Por tudo isso, espanta o fato do disco não ter "me jogado pra trás". Algo na produção ou nas composições soa "seguro". Um problema para algo de thrash/death que pretende ser violento).

- Future: THE WIZRD (Ok, captei a densidade da produção e a evolução interpretativa do Future, mas não consigo reconhecer variedade suficiente para ouvir os mais de 60 minutos deste disco. Afinal, quem nasceu Future nunca será Travis Scott. Irregular, mas vale destacar "Crushed Up" e "F&N", dois dos trap mais estrondosos do ano).

- Giggs: BIG BAD... (Entenda-se como "rapper britânico tentando adentrar o mercado americano". Produção ótima (beats e mix), mas ele não parece ter a urgência interpretativa do trap. Isso fica nitido em "NOSTALGIA", faixa em que numa rápida participação o Lil Yachty rouba a cena. Mais parece um estudo sobre o gênero visto de fora do que algo impulsivo. Fora que, mais uma vez, nada justifica mais de 1 hora de disco).

- Giovani Cidreira: Mix$take (Essa mixtape/EP me soou como um teste que não seu certo. Ele partiu para um produção mais sintética (bastante calcada do r&b contemporâneo) e abandonou muitas das qualidade do seu disco anterior. Sua interpretação vocal está pouco inspirada também. Parece que faltou paixão. Entendo como desafio, mas pouco me agradou).

- glass beach: the first glass beach album (Por mais que seja inegavelmente um álbum ambicioso, versátil e criativo (entende-se "esquisito", vide a faixa que nomeia a banda) dentro da linguagem emo, acho as composições meio irregulares. Se não fosse tão longo, seria bem mais exitoso. Ainda assim, quando pende para o power pop (vide "cold weather") o resultado é ótimo).

- Griselda: WWCD (Um talentoso rapper na crista da onda, explorando beats consistentes de boom bap, nada de samples, flow firme, aura dark (principalmente nos pianos) e certa energia "pilhada", mas que apesar de resultado bem sucedido, não despertou grande entusiasmo em mim. Dentro dessa estética, tem coisas noventistas que me atraem mais. Todavia, se for sua onda, vá em frente).

- Hannah Diamond: Reflections (O lado mais belo da PC Music oferece momentos graciosos, mas rende pouco para uma artista que ajudou a consolidar o selo/estética e demorou para estreiar em disco. Mesmo com boas produções, tem momentos entediantes, o que é inadmissível no pop).

- Harry Styles: Fine Line (Se em seu primeiro disco solo havia um ar de novidade ao apontar para composições mais maduras (se comparado ao seu antigo grupo), aqui o astro pop não apresenta grande eficiência. A metade final chega a agradar (vide "She" e "Sunflower, Vol. 6"), mas o início é completamente insipido. Entre trejeitos psicodélicos e pop à la Maroon 5, o meu desinteresse cresce. Seus fãs adoram).

- Have A Nice Life: Sea of Worry (Onde foi parar a densidade claustrofóbica do grupo? Nada contra mudança de direção, mesmo que para um caminho mais "pop" (quando não, epicamente entediante), o problema é que as composições/produção aqui encontradas são bem genéricas. Mais uma vez, não é propriamente ruim, só é decepcionante).

- Helado Negro: This Is How You Smile (Talvez eu tivesse que me atentar mais as letras, mas sonoramente não me animou para tanto. É um pop de arranjos e timbres "esquisitinhos", mas que não me diz muito. Sua voz tem profundidade e é um dos pontos altos. Achei que sobra grave na master (não que seja um grande problema, mas incomodou). Embora tenha sido muito elogiado, não fez minha cabeça).

- Holly Herndon: PROTO (Unir coral com "escolhas" composicionais de Inteligencia Artificial é um sacada conceitualmente interessante, mas de resultado aquém. É como uma new age sintética com timbres esqueléticos de pc music. Ali no meio uma faixa ou outra é bacana (vide "Frontier"), mas como um todo soa confuso).

- IAMDDB: Swervvvvv.5 (Esteticamente há muitos pontos positivos, principalmente no que diz respeitos aos beats de trap misturados com uma aura jazzística (vide a ótima "Urban Jazz"), além da boa interpretação vocal. Todavia, não posso dizer que essa mixtape fez minha a cabeça. É ok).

- Jayda G: Significant Changes (O álbum intercalada entre produções criativas/arrojadas e outras de revisionismo com relação a acid house. Em ambos casos soa bem, embora de propósito confuso).

- Jenny Lewis: On The Line (A outrora cantora do Rilo Kiley lança um álbum contando com excelentes companhias (Beck, Ringo Starr, Ryam Adams, só para citar os mais famosos) e a crítica se rende. Sonoramente, embora redondo, não é nada demais. É até polido demais. Quase que um Fleetwood Mac do século XXI e pouco inspirado. Mas se você for uma tia americana de cinquenta anos é capaz de empolgar mais. Só para apontar um destaque: "Red Bull & Hennessy").

- Jessica Prat: Quiet Sings (De gravação empoeirada, voz anasalada e violão rústico, sua música parece reverberar num plano/tempo bastante particular. É um tanto quanto entediante, mas também bonito e docemente delirante. Todavia, não fez minha cabeça).

- Joni Void: Mise En Abyme (O tipico caso de resultado mais interessante do que agradável. As produções são criativas e há até mesmos melismas profundos (vide a boa "Abusers"). Mas é tudo muito distante do ouvinte. Mas vale com experimentação).

- Jozef Van Wissem / Jim Jarmusch: An Attempt To Draw Aside The Veil (É um ambient/drone cheio de texturas, que insisti algumas vezes na audição, mas pra falar a verdade não cheguei a conclusão nenhuma. Até gosto do aspecto acústico, dos violões, da pitada de música renascentista... mas as melodias não me cativaram. "The Two Paths" é destacável  no meio deste bolo. Um disco difícil).

- Juice WRLD: Death Race For Love (As vezes, por zuera, dou uma chance ao tal emo rap. Aqui fui surpreendido por canções pegajosa e divertidas, mesmo tratando de temas depressivos (é que eu tenho dificuldade de levar a sério, desculpe). Melodias legais e um flow bacana preenchem as composições. Gosto do excesso de processamento na voz, embora seja o típico retratado da época que vai envelhecer rapidamente. O grande problema é: precisa ter mais de 70 minutos de duração? 30 minutos selecionando as melhores faixas e soaria muito menos repetitivo. Não cheguei até o final. Capa bem bolada. Vale lembrar que foi o último álbum lançado pelo jovem rapper).

- Kanye West: JESUS IS KING (Documentando a questionável "fase Sunday Service" do Kanye, esse disco traz elementos da música gospel, principalmente no que diz respeito a exuberantes corais típicos da Igreja Batista e órgãos fúnebres (vide a ótima "Selah"). Alias, esse é o aspecto mais "cristão" do álbum (a não ser que você acredite que Kanye é o novo messias). Musicalmente, há também uns "synths de vaporwave" (vide "On God"). Liricamente, existe uma sucessão de autoindulgência comum do rapper, mas que aqui em alguns momentos cai na chatice. A mixagem tem suas bolas foras ("Follow God"), mas nada pavoroso. O fato do disco ser curtinho, ajuda bastante. Longe de atender o hype que foi criado, o álbum retrata um período de pouca criatividade lirica de um artista comumente estonteante em suas produções).

- Kanye West (Sunday Service Choir): Jesus Is Born (De certa forma, acho que esse trabalho é mais representativo desta fase do Kanye West do que o disco anterior. Impressiona também intensidade do coro de vozes, que forma uma nuvem densa e até mesmo perturbadora. Há lindas melodias tipicas da música gospel. Dito isso, é uma experiência recompensadora ouvir 1h30 do álbum? Para mim não. Cansa. E uma observação sem importância: a capa parece do Tangerine Dream).

- Kelly Moran: Origin EP (Intelingente demais pra mim. É legal o lance do piano preparado e de como ela produz um "glitch cristalino orgânico" com o instrumento. Entretanto, me dou por satisfeito com uma única audição. Não é o tipo de som que me atrai).

- Koffee: Rapture EP (Ainda que muito bem produzido, é o tipico de malemolência que não salta aos ouvidos do brasileiro. Entendo o porquê do público norte-americano gostar desta fusão de ragga/reggae com uma produção modernizada, mas para nós latinos, a cantora jamaicana não empolga tanto. Composições fraquinhas, com exceção para a veloz "Raggamuffin").

- L7: Scatter the Rats (Após 20 anos em silêncio, é dificil disfarçar que a banda envelheceu. Até ai tudo bem, eu também envelheci. O problema é que ele invoca um sentimento de euforia que só funciona de inicio, sendo que depois vai ficando capenga. Mas tem seu valor).

- La Dispute: Panorama (Embora tenha gostado do direcionamento do instrumental, apostando em climas de post-rock com direito a arranjos de metais e timbres atmosféricos, tenho um bode dessa linha mais eufórica do emo. A interpretação vocal me cansa. Fora que liricamente não me emocionou).

- Ladytron: Ladytron (O indie electrorock contemporâneo com pitadas de pós-punk, krautrock e desilução. Uma faixa ou outra funciona, mas o disco como um todo cansa. É legal pra discoteca aleatoriamente em "baladinha indie"). 

- Local Natives: Violet Street (Eu simplesmente adorei o instrumental. As ideias, arranjos, timbres e execução. Gostei muito! Por outro lado, toda vez que o vocal entrava, achava um saco. Seu timbre e interpretação é muito bundão. As canções capengam entre o pop rock bem feito e o indie pop descartável. Uma pena).

- Lola Montez: Dissonant Dreams (Li elogios ao guitarras e fui ouvir o disco. Ele é realmente bem bom, mas a mistura de banda de um "hard rock" modernoso com alguns trejeitos grunge é um saco. Por sorte, o vocal feminino faz com que não soe como um Nickelback. Mas entenda, não é um lixo, mas passa longe de me agradar).

- Lucki: Freewave 3 (É o trap numa abordagem pesada/dark e bastante crua. Até ai tudo ótimo, mas soa muito repetitivo. Falta variedade. Fora que a interpretação vocal não é das mais instigantes).

- Mac DeMarco: Here Comes The Cowboy (Baita disco cansado, hein! Faixa ou outra até transparece certa singeleza delirante ("Preoccupied"), mas como um todo o resultado é o marasmo. Mesmo uma música com potencial fica um negocio repetitivo e bobo (vide "Choo Choo"). Outras pendem para o ruim mesmo (que droga de abertura é essa "Here Comes The Cowboy"?). Decepcionante).

- Mal Blum: Pity Boy (Um pop punk bobinho que investe mais no blasé no que no peso. Todavia, não chega a ser ofensivo de ruim. Tem seus momentos ok).

- Mark Morton: Anesthetic (O primeiro voo solo do guitarrista do Lamb Of God. Ainda que ele seja um tremendo riffeiro, as composições não são grande coisa. A produção extremamente comprimida soa maçante, mas tem seu peso. Fora que, embora seja possível ouvir as vozes dos grandes Mark Lanegan e Chuck Billy, eu esperava nunca mais precisa ouvir o Myles Kennedy).

- Matias Aguayo: Support Alien Invasion (O álbum traz uma linguagem interessante ao fundir timbres sintéticos com polirritmias tribais. Todavia, a música funciona mais ao ser descrita do que ouvida. Falta algo).

- Maxo Kream: Brandon Banks (O trap numa amostra dura e genérica. Não soa mal, tem até seus momentos divertidos, mas é esquecível. Fora que seu flow linear é repetitivo. Tem participação do Travis Scott).

- Meitei: Komachi (Não que eu queira soar superficial diante da visão arrojada deste disco, mas sabe aquela galera que gosta de dormir ouvindo sons da natureza? Pois então, esse disco cai bem dentro desta proposta. Sons de água e elementos de música japonesa numa construção bonita de música ambient, mas que não faz a minha a cabeça).

- Moneybagg Yo: 43VA HEARTLESS (Cheguei ao disco por conta da sua forte capa. É um trapzão pesadão e bem feito, mas sei lá, falta o "carisma" do estilo).

- MY DISCO: Environment (Embora tenha um elemento de tensão associado a timbres duros e darks, o problema do disco é sua evolução, que não leva há lugar algum. O melhor está justamente no inicio, depois perde a força. Mas quem gosta do aspecto braçal/mecânico do rock industrial deve conferir).

- Nate Young: Volume One: Dilemmas of Identity (Uma experiência eletrônica que raramente saí da superfície. Em seu miolo há faixas interessantes, com arranjos pouco ortodoxos e timbres saturados. Todavia, o álbum começa e termina pouco instigante, dando a sensação de tédio).

- Nots: 3 (Muito me agrada a inclusão de elementos de space rock dentro de uma estética pós-punk ruidosa. Todavia, os nebulosos timbres soam um tanto quanto abafados, prejudicando até mesma a recepção interpretativa. Mas as composições e a proposta é bacana, é mais um problema de produção mesmo. Vale reavaliação no futuro).

- Octavian: Endorphins (A produção é redondinha e as músicas quando partem para o trap são bacanas. Todavia, há uma interferência/polidez do pop rap/EDM que, embora traga peso para os beats, foge do meu gosto).

- Opeth: In Cauda Venenum (É ruim? Claro que não. Mas se esse direcionamento para uma abordagem progressiva começou bem, agora caiu num território de sons pasteurizados. Falta aquela atitude negligenciada dentro da faceta atual do estilo. King Crimson, Yes, Gentle Giant, VdGG... essas bandas não eram paumolengas. Dito isso, tem seus momentos ok).

- Oruã:  Romã (Eu gosto da tosquice (as gravações lo-fi, o timbre de voz peculiar) do Lê Almeida, mas aqui as composições parecem um tanto quanto presunçosas. As faixas cansativas se sobressaem aos momentos cativantes. É irregular. Mas achei maneiro eles terem ido no KEXP).

- Oso Oso: Basking In The Glow (Projeto elogiado de um tal de Jade Lilitri. Honestamente, achei fraquinho. Não me atentei as letras, já que as melodias e interpretação não me convencem por si só. Mas não é horrível também. Se sua onda for pop punk, emo e até mesmo o lado mais inofensivo do rock alternativo (com ar de 1999), é possível encontrar momentos ok (vide a faixa que batiza o álbum). Para mim não é o suficiente).

- Palehound: Black Friday (O álbum começa muito bem, unindo melancolia, clima "bobinho" do indie rock e boas guitarras. Todavia, as composições vão perdendo força. Mesmo a interpretação vocal "suspirada" soa monótona, algo que só vai funcionar novamente na boa faixa final. Uma pena a queda. Bons timbres durante todo o disco). 

- Panda Bear: Buyos (Tem algumas composições bacanas e sua interpretação vocal, por mais sóbria que seja, tem personalidade. Agora, esse "blublublu" aquático/eletrônico desce bem de início, dando um ar quase psicodélico e criando um ambiente bastante particular. Mas no caminhar do disco isso cansa. Fora que todos os timbres ao redor não apresentam variação. Uma boa ideia nem tão bem executada).

- Patio: Essentials (Trio feminino de NY que faz um (post) punk bem cru. Não é ruim, mas também não encanta. Até tem um ritmos discretamente intricados ali no meio, mas nada que impressione. Mas o principal é: falta vigor na execução. Esquecível).

- Pelican: Nighttime Stories (Não é ruim. É bem tocado e pesado, mas as composições são quadradas demais. A menção ao riff de "Satisfaction" em "Abyssal Plain" é constrangedora. E embora tenha bons timbres, a produção é bastante previsível. Falta ousadia).

- Periphery: IV: HAIL STAN (Até gosto dos momentos "djentados" e extremamente pesados, mas as melodias e a performance vocal não me descem. Parece as piores coisas do Linkin Park tocado pelo Dream Theater com timbragem do Meshuggah (só que ainda mais sintética). Se eu ao menos ainda tivesse 14 anos).

- Pissgrave: Posthumous Humiliation (Uma bagunça dos infernos. Grind barulhento e pesadíssimo. A mixagem parece propositadamente confusa. Se for sua onda, os 40 minutos do disco podem interessar. Em mim deu uma cansada).

- Pixies: Beneath The Eyrie (Apenas escute sem expectativa. Tem composições razoáveis, a produção é bacana, a voz do Black Francis tá com um grave interessante... Vale ouvir, ainda que não seja grande coisa. Depois volte aos dois primeiros do grupo, que é onde está o que interessa).

- PJ Harvey: All About Eve (Até onde sei, é uma trilha para uma peça de teatro. Dito isso, enquanto algumas faixas são bem bonitas ("The Moth"), outras soam maçantes longe de sua função cênica. Na real é uma avaliação de certa forma injusta. Mas é bacana ouvir a PJ envolvida em composições tão refinadas, algumas até com trejeitos de música de câmara).

- Pond: Tasmania (Com produção "caseira" do Kevin Parker, o grupo do lançou um álbum tão bacana quanto esquecível. É o indie psicodélico australiano numa fórmula já conhecida, embora ok. Numa festinha indie vai muito bem, para ouvir por conta própria abro mão).

- Prurient: Garden Of The Mutilated Paratroopers (Tenho dificuldade em fazer uma análise técnica de discos de noise. Apenas o que posso dizer é que esse álbum não me tirou do norte ou chacoalhou minha cabeça. É um ruído que passa sem muito propósito. Estridente e agudo, mas com pouco peso e fúria).

- Quelle Chris: Guns (Embora de produção incrível e beats criativos (uma nova forma de ver o jazz-rap), não achei a experiência auditiva do disco das mais interessantes. O flow, timbre e a interpretação do rapper pouco me atrai. Mesmo a temática das letras (que faz do álbum quase uma obra conceitual) apresenta furos (ao meu ver). Mas merece uma nova avaliação no futuro).

- Raça: Saúde (O disco começa e você pensa "tá bonito, climático, letras confessionais, bem tocado, guitarrinhas maneiras...", ai o disco vai se desenvolvendo e ele não traz nada que já não tenha sido exposto logo na primeira faixa. Isso pra não mencionar os momentos em que as letras não correspondem o bom instrumental. É bacana, mas dá um sensação de tão pouco. A letra de "Mó Real" descreve bem o disco).

- Rádio Morto: Metafísica e os Paraísos Artificiais (Álbum duplo, quase duas horas de material... não consegui não. Material difícil de adentrar e, de certa forma, pouco inspirado. Li o release e não acho que o Raphael Mandra conseguiu transmitir tudo que ele pretendia. Me pareceu um dark ambient industrial meio pastiche. Mas fico contente de ter gente no Brasil apostando nesta linguagem).

- Rapsody: Eve (Se o conceito envolto a homenagear importantes mulheres negras dignifica o álbum, não posso afirmar que o resultado sonoro corresponde. Tem boas letras, flow e produção ok, mas nada que me tire da inércia. Nas mais de 1 hora, há diversas gordurinhas. Um projeto ambicioso nem tão bem resolvido).

- Redbait: Cages (Metade hardcore, metal um metal bagaceiro. O que se sobressai no final é mais a postura politica do que as faixas em si. A execução não transparece tanta força por conta conta da fraca produção. Mas por ser curtinho (13 minutos) vale conferir).

- Reese McHenry: No Dados (Digamos que por algum motivo você queira ouvir uma banda nova de glam rock/rock n' roll com um clima setentista e vocais femininos. Esse disco pode ser uma opção. Tem energia, carisma e uma crueza na medida. Um pouco pastiche, mas ok. Não me interessa muito, mas sei lá, não é de todo mal).

- Rodrigo y Gabriela: Mettavolution (Embora ambos sejam conhecidamente ótimos violonistas, metade do disco, formada por seis composições autorais, soa pouco inspirado. Entretanto, a longa versão de "Echoes" (Pink Floyd) é criativa e linda. A discrepância composicional falou alto). 

- Slauson Malone: A Quiet Farwell, Twenty Sixteen to Twenty Eighteen (Um trabalho que exige uma certa abstração que eu sinceramente não alcancei. E eu juro que tentei. Um amontoado de colagens que criam ricas texturas e um desenvolvimento complexo. Tem climas jazzy, beats de hip hop, timbres glitch, mas acima de tudo muita experimentação. É interessante, mas não pirei).

- Sleaford Mods: Eton Alive (Embora com bons momentos (vide "Flipside"), seus arranjos enxutos e falta de variedade traz uma sensação de marasmo, algo nada bom para um duo que trilhou o caminhos dos sons instigantes e sagazes).

- Stella Donnelly: Beware Of The Dogs (Novo "fenômeno" do indie pop. Embora a interpretação da moça tenha uma aura singela quase infantil, a temática das canções servem como reação de uma jovem mulher contra um mundo que a massacra (isso com humor e sagacidade). Embora de grande lirismo pessoal, que em alguns momentos reflete na sua incisiva interpretação (vide a faixa que nomeia o álbum), os timbres, arranjos e a produção ficam devendo em personalidade e pouco provocam sonoramente o ouvinte. "Tricks" é uma exceção. Ela parece ter potencial para mais. Obs: gosto do fato da guitarra ter papel fundamental na sua composição).

- Swain: Negative Space (Dá mesma forma que pode ser considerado uma evolução da banda na arte da composição (vide a bela "Uncomfortably Aware"), acho que a execução perdeu muita força. Fora que muitos momentos me lembraram o "resmungar" do post-grunge).

- Tal Wilkenfeld: Love Remains (Que ela é uma baixista espetacular não há dúvida. Restava saber como ela ia se sair a frente de uma banda. Resultado: todos tocam bem e há melodias bem intrincadas para um formato de "rock alternativo" (pois é, esqueça sua abordagem ao lado do Jeff Beck, a onda aqui é outra). Já sua interpretação vocal, embora esforçada, não brilha. Fora que algumas composições não ajudam. Resumo: não foi dessa vez, mas quem sabe numa próxima).

- Test Dept: Disturbance (Nada de errado, mas nada também de muito empolgante. É um industrial com forte influência do techno, com ótima (e previsível) produção, arranjo interessante de cordas em uma música (a de abertura), clima cinematográfico em outra ("Full Spectrum Dominance")... sei lá, é legal. Funciona se ouvir uma única música de surpresa, mas enquanto disco cansa. Volte algumas décadas e encontrará clássicos do industrial lançados pela banda).

- The Highwomen: The Highwomen (Ainda que na capa pareça uma banda de mulheres influenciadas pela Suzi Quatro, estamos na realidade diante de um supergrupo feminino de música pop country. Todas cantam bem e tem personalidade. As músicas são bem arranjas e tocadas, transparecendo organicidade e uma certa tradição composicional que não ignora o presente. Dito isso, com pesar assumo: não é para mim. Embora reconheça diversos pontos positivos, simplesmente não me cativa).

- The National: I Am Easy To Find (De tempos em tempos, o National da uma "U2zada". É justamente o que acontece mais uma vez. Em meio a ritmos criativos e arranjos bem costurados, o marasmo interpretativo em mais de 1 hora de disco soa presunçoso. Álbum cansado).

- Tomb Mold: Planetary Clairvoyance (Death metal tradicional, com suas vozes guturais graves e peso nocauteante. Nada que me surpreenda. Achei a produção grave/abafada demais. Não é ruim, mas também não deslancha).

- Vivian Girls: Memory (Não sou muito chegado no som do grupo, mas esse disco me pareceu a altura do cultuado debut do trio. As guitarras em camadas me causam alegria (principalmente em "Sludge") da mesma forma que as composições me entendiam. Ok, "tédio" talvez seja forte demais, mas tem momentos que disperso. Gosto da produção lo-fi e das melodias à la Shaggs, mas nada também que impressione).

- Wilco: Ode To Joy (Eu sou verdadeiramente fã do Wilco, mas esse álbum foi dos que menos me entusiasmou. Claro, só de ouvir as estranhas guitarras de "We Were Lucky" eu já me empolgo, mas no geral as canções me soaram repetitivas. Tudo calcado naquele folk orgânico quase lo-fi que eles tem apostado recentemente. É bem escrito e melancólico, mas a interpretação não me emociona. Apenas ok).

- Wych Elm: Rat Blanket (As referências são melhores que o resultado. Rock alternativo tão sujo quanto manso, bastante influenciado pelo Pixies. Dentro dessa onda tem coisas mais instigantes. Mas não chega a ser ruim).


RUINS
Cotação subjetiva: 0-4

- Anitta: Kisses (Por mais rasteira que seja a música da Anitta, gosto quando ela faz a ponte entre o pop e o funk. Ao menos soa divertido. Só que aqui ela praticamente abre mão das batidas do morro carioca, se rendendo ao pop latino que estourou nos EUA. Os beats e timbres são genéricos, a temática e conceito das canções é repetitivo e sua interpretação não encanta. Tudo errado. Até a capa e os clipes são horríveis. Eu juro que torcia e esperava por algo melhor).

- BTS: MAP OF THE SOUL: PERSONA (Já não tinha gostado do elogiado disco anterior do grupo, mas decidi dar nova chance, afinal eles são os gigantes do k-pop e estavam a caminho do Brasil. O resultado é que achei um pop dos mais safados. Melodias genéricas e produção flat demais. Pra não dizer que nada saltou aos ouvidos, achei "Intro: Persona" bacaninha. O resto é péssimo).

- Chance The Rapper: The Big Day (Primeiro álbum do Chance The Rapper (antes eram mixtapes, sendo que gosto bastante do Coloring Book). Ouvi após ver o review do Fantano. Fui esperando o pior e achei que ele exagerou ao dar 0/10. Entretanto, é ruim mesmo. E em grande parte devido a longa duração. A produção não é péssima (embora acomodada). Tem alguns versos constrangedores, mas acontece. O problema é que são 22 faixas e não dá para aguentar o marasmo sendo repetido faixa após faixa, ainda mais vindo de um sujeito talentoso. Um equivoco dos grandes).

- J Balvin / Bad Bunny: OASIS (Eu tinha achado legal o Vibras por ter colocado o reggaeton como centro do pop. Entretanto, aqui o J Balvin parece completamente cooptado pelo o que há de mais descartável, repetitivo e simples no pop contemporâneo. O flerte com o trap é chato demais. São apenas 8 músicas e ainda assim sequer consegui chegar no final).

- Mark Ronson: Late Night Feelings (Todo mundo sabe que ele é talentoso, mas isso daqui não dá não. Fui passando as faixas. A escolha das interpretes já é fraquinha (Angel Olsen salva), mas o pior são as composições. Nem a produção presta).

- Sessa: Grandeza (Através de interpretações mornas e bocejantes, o ex-Garotas Suecas apresenta a tipica "música brasileira pra gringo ver". Pitadas de tropicalismo, samba e Jorge Ben em composições ruins. Fora que tem um ar "classe média" presunçosa que, por mais subjetivo que seja, eu não consigo ignorar. Um desserviço bem embalado).

- Unprocessed: Artificial Void (Todo gênero que foi tendência, um dia morre. Cada vez sinto mais isso com o djent. Não importa o quão tecnicamente eficientes os instrumentistas sejam, o resultado composicional e as produções datadas perdem a força. Aqui isso é mais que claro. Não apenas ruim, mas terrivelmente chato).


FILMES (sobre música)
- Lord Of Chaos 
(Muito bem filmado, trazendo imagens fortes de uma cena musical envolto a mitos. Achei legal também como revela os membros desta geração como um bando de moleque tonto. É um filme divertido, sanguinolento, muito bem produzido e até mesmo didático para quem não conhece nada desta famigerada cena).

- The Dirt: Mötley Crüe
(A banda já é caricata por si só, logo imaginei que o filme seria uma porcaria. Assisti só para ver tetas e motos. Resultado: fiquei emocionado. A sucessão de tragédias que a banda enfrentou é impressionante. Superou minhas expectativas).

- Rocketman 
(Impossível não compará-lo com filme sobre o Freddy Mercury, afinal, estamos falando de dois blockbusters. Entretanto, esse é muito mais interessante. Criativo, bem interpretado, nem tão cafona (algumas momentos de "musical" são, mas no geral vai muito bem). Fora que não atenua a homossexualidade e os abusos de drogas do Elton John, o que ocorre no filme sobre o líder do Queen. Dito isso, não é excelente, mas funciona bem).

- Minha Fama de Mau 
(Filme bem ruim. Atuações bobinhas, montagem sem ousadia e um enredo que pouco demonstra a importância do Erasmo Carlos para os que nada sabem sobre a Jovem Guarda. Fora que o filme para em 1967, o que é um absurdo perto de tudo que o Erasmo produziu posteriormente. Minhas expectativas eram outras).

- Yesterday 
(Filme nível Sessão da Tarde, que se não levado a sério, pode ser bem divertido. Tem inúmeros furos e momentos cafonas, mas também arranca alguns sorrisos. Tá valendo).

- O Barato de Iacanga 
(Confesso que só de ouvir Som Nosso de Cada Dia e Terreno Baldio num documentário na Netflix eu já fiquei contente. Mas tirando isso, é realmente uma excelente história sobre um festival brasileiro importantíssimo e pouco lembrado. Tudo foi muitíssimo bem abordado pelo diretor Thiago Mattar. Não vou adiantar nada. Assistam!).


CONSCIENTEMENTE NEM OUVI (em todos os casos ouvi uma faixa isolada que não me estimulou a escutar o restante do álbum): Beck, Big K.R.I.T, Cage The Elephant, Cigarettes After Sex, Drake, Dream Theater, Jonas Brothers, Leonard Cohen, Lil Pump, Luísa Sonza, Madonna, Marina Diamandis, Morrissey, NF, Pitty, Plebe Rude, Rammstein, Scalene, Supercombo, Teago Oliveira, Thurston Moore (2h28 de disco não dá, né!) e Tiago Iorc.

2 comentários:

  1. Novamente, parabéns pelo ótimo apanhado! Mas surpreso em não ver Swans, Nick Cave, Tool e especialmente o The National na linha de frente. New Model Army e Mark Lanegan também lançaram trabalhos ótimos (o Lanegan, aliás, apareceu tb como Dark Mark num disco chamado "Downwelling").

    Ainda assim, como sempre, muitas dicas boas e novos nomes para cair em cima! De cara, Spellling e a obra de Ellen Reid me chamaram a atenção! E esse ótimo grupo francês Ni!

    Recomendo algumas bandas relativamente novas do heavy metal que creio que não vi citadas, mas na minha opinião lançaram o melhor disco das respectivas carreiras: Bent Knee e Car Bomb.

    Também deixo umas dicas no âmbito mais experimental que me encantaram deveras, caso se interesse ao longo do ano:

    Cleric - Chokhma
    Dis Fig - Purge
    Eartheater - Trinity
    Iona Fortune - Tao Of I, Volume 2
    Jambinai - Onda
    Loraine James - For You And I
    Moor Mother - Analog Fluids Of Sonic Black Holes
    Muriel Grossmann - Reverence
    Oiseaux-Tempête - From Somewhere Invisible
    Only Child Tyrant - Time To Run (Amon Tobin, que tb lançou 2 discos próprios)
    Orville Peck - Pony
    Plaid - Polymer
    Sequoyah Murray - Before You Begin
    Zonal - Wrecked

    abço!

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  2. Fala, brother!

    Eu gostei bastante do disco do Swans, mas não coloquei entre os melhores pois acho os três anteriores bem mais interessantes. De certa forma, o mesmo vale para o do Nick Cave, sendo que neste caso alguns timbres ali me incomodaram (nada de pavoroso, só não é minha onda). O do Tool, apesar de legal, eu achei um pouco decepcionante dada a longa espera. Já o disco do The National eu não curti muito não. Acontece.

    Anotei todas suas recomendações aqui. Tenho ainda uma lista com uns 60 discos pra ouvir de 2019. Aos poucos vou dando a todos a devida atenção.

    Obrigado novamente pelo comentário. Abraço!

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