PJ Harvey foi, talvez involuntariamente, a resposta britânica ao rock alternativo americano que floresceu na década de 1990. Mas na virada do milênio, a artista decidiu cantar sobre a energia nova-iorquina. O resultado foi um de seus discos mais vendidos e aclamados, ganhando até mesmo o Mercury Prize.
Por mais que a PJ Harvey sempre tenha sido uma mulher de atitude, aqui ela soa ainda mais confiante, poderosa e sexy. Essa sua força fica explicita na interpretação apaixonada e profunda de "A Place Called Home". Sua batida tão aconchegante quanto dançante dita o clima da canção.
As guitarras lo-fi e o vocal voraz tão característicos da PJ chamam atenção em "Big Exit", faixa em que ela demonstra não estar psicologicamente tão sob controle. Já em "The Whores Hustle And The Hustlers Whore" são as mazelas do mundo que são expostas.
É interessante se atentar a participação do Thom Yorke na crescente "One Line", na apaixonadamente orgânica "Beautiful Feeling" e, com maior destaque, na lindamente construída "This Mess We're In".
Entre minhas faixas prediletas posso citar "Good Fortune", um pop rock perfeito, de vocal incisivo e refrão marcante; "Kamikaze", um esporro de guitarras sujas, vocal saturado e groove quase de drum and bass (tremenda performance do Rob Ellis); e "This Love", digna de coloca-la entre as artistas mais poderosa da história do rock. Nessa última, o falante do amplificador parece que vai rachar no meio.
A produção deste disco é muito mais acessível que os trabalhos anteriores da artista, embora sem perder a abrasividade, o que pode ser compreendido como um amadurecimento natural. Definitivamente um dos grandes momentos da PJ.

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