terça-feira, 20 de novembro de 2018

TEM QUE OUVIR: Lauryn Hill - The Miseducation of Lauryn Hill (1998)

Quando o Fugees estorou em 1996 com o álbum The Score, eles pavimentaram território para uma abordagem mais madura, melódica e profissional do rap, embora preservando a autenticidade e a força musical e social do hip hop. Tal façanha foi aprimorada no primeiro e único disco solo da Lauryn Hill, o espetacular The Miseducation of Lauryn Hill (1998).


A introdução do álbum cria uma atmosfera conceitual, colocando a artista como aluna da vida e seus aprendizados como lição aos seus ouvintes. Daí a inspiração para a capa do disco. 

Se o flow de Lauryn Hill em "Lost Ones" é digno de uma grande rapper, seu beat dançante somado a linha de baixo pulsante e guitarras reggae (do Earl “Chinna” Smith) deixam tudo ainda mais contagiante. Vale lembrar que a faixa é uma diss endereçado ao Wyclef Jean, seu ex parceiro de banda e vida.

Muito do que ouvirmos no r&b contemporâneo/neo-soul tem como matriz faixas como a linda "Ex-Factor", dona de performance vocal não menos que apaixonante. Já groove, o refrão e o piano insistente de "Doo Wop (That Thing)" é um dos grandes feitos do pop noventista. Clássico.

Lauryn Hill volta a disparar seu vocal furioso em "Final Hour", o único "rap acústico" possível, com direito a passagens de violão e flauta doce em cima de um beat incisivo, além de naipe de metais radiante.

O lado mais vulnerável e confessional da artista é exposto na exuberante "When It Hurt So Bad" (que baixo!), na parceria com a Mary J. Blige em "I Used To Love Him" e na dobradinha com o D'Angelo em "Nothing Even Matters".

Vale destacar também a guitarra do Carlos Santana em "To Zion", o arranjo vocal refinado de "Superstar", a força soul/reggae de "Forgive Them Father", a ótima versão pra “Can’t Take My Eyes Off Of You” e a grooveada "Every Ghetto, Every City", essa última de deixar o Stevie Wonder orgulhoso. Todas são donas de produções profundas e apelo pop.

O sucesso do álbum entre critica e público foi imediato. Vale lembrar que ele foi o primeiro disco que possa ser enquadrado no gênero rap (ele é mais que isso) a ganhar o Grammy de melhor álbum do ano. Clássico instantâneo.

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