quarta-feira, 25 de julho de 2018

TEM QUE OUVIR: Pulp - Different Class (1995)

Por vezes, tenho impressão que o britpop noventista ficou reduzido a tentativa de emulação sonora dos Beatles feita pelo Oasis. Isso ao menos no Brasil, tendo em vista que a imprensa e o público britânico endeusa diversos outros grupos, dentre eles o Pulp, que lançou em 1995 o prestigiado Different Class, produzido pelo Chris Thomas e muito mais audacioso que o trabalho dos irmãos Gallagher.


"Mis-Shapes" é daquelas faixas de abertura acachapantes. Sua força interpretativa e melódica é estonteante, principalmente no refrão. É possível sentir guitarras marteladas à la Clash. Já o clima chamber pop de "Pencil Skirt", com direito a arranjo ironicamente pomposo, remete de alguma forma ao David Bowie.

Entre os hinos da época estão "Common People", de dinâmica crescente e timbres sintetizados que não trazem nenhum ranço retrô que ficou associado ao britpop. Curiosamente a faixa lembra o que faria posteriormente os novaiorquinos do LCD Soundsystem.

Impossível passar batido diante da interpretação apaixonada e exuberante do Jarvis Cocker em "I Spy", mais uma vez dona de belo arranjo. Em nenhum outro momento uma orquestração enniomorriconiana soou tão dançante. 

Falando em dançante, o disco traz também o hit "Disco 2000" e a chapada "Sorted Out For E' And Whizz", com sua temática condizente a geração rave britânica.

A sexual "Live Bed Show", a elegante "Something Changed" e a construção brilhante da incomparável "F.E.E.L.I.N.G.C.A.L.L.E.D.L.O.V.E." evidenciam o Pulp como um dos melhores grupos ingleses do período. Não por acaso eles levaram o Mercury Prize daquele ano com este disco.

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