terça-feira, 26 de junho de 2018

TEM QUE OUVIR: Goldie - Timeless (1995)

Entre o final da década de 1980 e o começo de 1990, durante o auge da cena rave, a música eletrônica se desenvolveu em maior profusão. Subgêneros como o UK garage, jungle e drum and bass traziam novas explorações rítmicas e timbristicas. O álbum Timeless (1995) do Goldie é o exemplo máximo deste período.


Se antes beats em 120 bpm, 4/4 e com acentuação na cabeça do tempo é o que prevaleciam na house music, com o Goldie breakbeats complexos, altamente dançantes, que ressaltam pesadas batidas sincopadas, tornaram-se febre na música eletrônica. Não demorou muito para artistas do mundo pop (vide David Bowie, U2 e Madonna) se influenciarem por tal proposta.

A faixa "Timeless" abre o disco em tom épico. São mais de 20 minutos levando para a música de pista reflexões filosóficas. A introdução inspirada na música ambient é somada a lindos vocais etéreos da Diane Charlemagne numa repaginação de "Inner City Life". A composição se desenvolve num beat intenso com a célula rítmica clássica do drum and bass. Motivos étnicos e climas tão pulsantes quanto introspectivos enriquecem a canção. Uma obra-prima da música eletrônica independente do subgênero.

O ritmo ousado em timbres saturados de "Saint Angel" evidenciam que o Goldie não faria concessões a sua arte. Em "State Of Mind" a influência de diferentes estilos se faz presente, vide os sintetizadores de ambient music e new age, além das vozes que caminham entre o soul, gospel e jazz.

Em tempos onde a música eletrônica mainstream mais parece trilha-sonora de propaganda de celular, a obra do Goldie, por mais datada que seja em alguns aspectos, é um exemplo claro de proposta estética sofisticada com composições bem amarradas e arranjos inteligentes.

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