Quando pensamos na música de 1977, o punk rock logo vêm a mente. Mas no Brasil, o som dos Ramones e Sex Pistols demoraria alguns anos para gerar frutos. Por outro lado, a black music brasileira vivia seu auge.
Tim Maia, Hyldon, Cassiano, Toni Tornado e Gerson King Combo já haviam começado a escrever a cartilha do funk e da soul music nacional, mas foi em meado da década de 1970, paralelo a disco music que eclodia nos EUA, que a Banda Black Rio consolidou a música negra no Brasil, principalmente após o lançamento do clássico Maria Fumaça, o primeiro a ser produzido pelo posteriormente guru do pop rock oitentista, Liminha.
Formado por nomes como Oberdan Magalhães (saxofone) e Barrosinho (trompete) - ambos recém saídos do grupo Abolição, que gravou com o Dom Salvador o cultuado Som, Sangue e Raça (1971) - além do excepcional Jamil Joanes (baixo), o grupo produziu o disco instrumental mais dançante do Brasil.
Logo de cara, o groove contagiante de "Maria Fumaça" traz uma brasilidade oriunda da gafieira carioca nunca antes vista no funk (e eu não estou esquecendo do Jorge Ben).
O ritmo desconcertante de "Na Baixa Do Sapateiro" comprova a qualidade técnica de todo o grupo. Todavia, no tema de "Mr. Funky Samba" é o baixo tão grooveado quanto melódico do Jamil Joanes que rouba a cena.
A banda mostra que também sabia interpretar canções de outros autores, vide as estonteantes "Baião"(Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira) e "Casa Forte" (Edu Lobo).
Após o sucesso deste disco, o grupo ainda gravou o também ótimo Saci Pererê (1980) e acompanhou nomes como Caetano Veloso e Raul Seixas. Hoje a Banda Black Rio sobrevive nas histórias dos bailes que promovia e. principalmente, através deste álbum, constantemente citado entre os prediletos de caras como Mano Brown e Ed Motta, além de sampleado mundialmente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário