segunda-feira, 10 de julho de 2017

TEM QUE OUVIR: Tom Waits - Rain Dogs (1985)

Tom Waits, outrora trovador pianístico cria da poesia beatnik, já havia atormentado seus antigos fãs com o bizarro Swordfishtrombones (1983). Deste modo, quando lançou o clássico Rain Dogs (1985), todos já estavam preparados para suas estranhíces composicionais.


Feito um bêbado na sarjeta, Tom Waits descreve o submundo dos bairros chineses ("Singapore", de sonoridade arrojada) e o trabalho insalúbre dos bombeiros com deficiências físicas ("Clap Hands"). Pois é, esse é o nível de surrealismo lirico que o artista expõe. 

Quem se encanta com a sonoridade raquítica e humorada tipica de um circo de horrores em "Cemetery Polka", logo estará repetindo os versos sobre Tio Vernon, o sinistro dono de um matadouro.

Tom Waits é acompanhado por instrumentação enxuta e rudimentar, com destaque para percussões que parecem feitas com marimbas e utensílios domésticos ("Diamonds And Gold"), pianos desafinados de saloon/cabaret ("Tango Till They're Sore") e a guitarra não menos peculiar de Marc Ribot ("Rain Dogs"). Tudo em arranjos encantadoramente ébrios, com destaque para o jazz cacofônico "Midtown".

Impossível não ficar impactado com seu canto cavernoso/ríspido em "Big Black Mariah", a beleza dramática de "Time", a energia infernal de "Union Square" e o blues de pirata "Walking Spanish". Já na balada country entorpecida "Blind Love", um parceiro de prestigio dá as caras: Keith Richards.

Ainda que fugindo do convencional, Rain Dogs fez enorme sucesso, gerando a Tom Waits o titulo de ícone do absurdo.

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