quarta-feira, 15 de março de 2017

TEM QUE OUVIR: Elliott Smith - Either/Or (1997)

É inquestionável na história do rock o quanto o movimento grunge foi avassalador. Se o astral nunca esteve elevado, com a morte de Kurt Cobain a coisa só definhou. A ressaca dos anos 90 ficou completa com a ascensão de interpretes como Jeff Buckley e Elliott Smith, sendo esse último um compositor extremamente confessional. Seu álbum Either/Or (1997) é um relato tão potente quanto doloroso.


Vindo de fracassos comerciais, Elliott foi encorajado pela sua namorada a produzir novo material. Mesmo insatisfeito com as composições, chegou após longos meses nas 12 canções aqui presentes. 

Gravado exclusivamente por Elliott em sua casa, o resultado é de simplicidade intimista. Em alguns momentos, chega a soar como um Daniel Johnston da "Geração Y". A entrega em suas letras, onde relata seus problemas com as drogas e álcool ("Between The Bars"), só colabora com essa percepção.

Por trás da sonoridade lo-fi, revela-se a qualidade melódica de canções como "No Name N°5". Poeticamente seu auge pode ser apontado em "Pictures Of Me", "Rose Parade", "2:45 AM" e "Say Yes", todas tão cativantes quanto amargamente singelas e frágeis.

Vale ainda cconsiderar que canções de abordagem acústica como "Alameda" e "Angeles" representam uma repaginação da música folk americana. Isso numa época de esporros guitarristicos vindos do cenário alternativo.

A critica adorou Either/Or. Já o público sequer notou. Foi descobrir o cantor somente na trilha de Gênio Indomável (1997), que além de trazer canções como "Speed Trials" e "Ballad Of Big Nothing", o levou para o palco do Óscar. Daí em diante nasceu o artista cult. Either/Or é hoje um clássico da década de 1990.

Nenhum comentário:

Postar um comentário