quinta-feira, 1 de setembro de 2016

TEM QUE OUVIR: Madonna - Ray Of Light (1998)

Na virada do século, a música pop parecia ter se rendido a mediocre padronização comercial. Boy bands, Britney Spears e outras teen pop dominavam as rádios, MTV e tabloides de fofocas. Madonna, tida como rainha, sequer teve seu posto ameaçado, mas precisava sinalizar em que direção iria. Incrivelmente, abriu mão do pop óbvio e produziu o seu mais sofisticado e aclamado trabalho, Ray Of Light (1998).


Se antes ela tinha alcançado bons picos, aqui o salto foi brutal. Isso se deve parcialmente as aulas vocais que tivera para estrelar o filme Evita (1996). Quarentona, sua outrora personalidade sexy e explosiva deu lugar ao cabala, budismo, hinduísmo e a prática de yoga. Madonna era outra mulher e, consequentemente, outra artista. De seu passado, trouxe o melhor: Pat Leonard, produtor de Like A Prayer (1989). O compositor Rick Nowels e o produtor William Orbit também somaram forças e tiveram papel fundamental para o êxito artístico do disco.

As experiências esotéricas e filosóficas da Madonna se fazem valer na dobradinha "Sky Fits Heaven" e "Shanti/Ashtani", sendo essa última cantada em sânscrito.

Musicalmente, nos momentos mais dançantes o disco bebe do techno e do drum and bass, vide "Nothing Really Matters" e a empolgante "Ray Of Light", que fez enorme sucesso. Já a música ambient, o soft rock e o trip hop aparecem na linda "Drowned World/Substitute For Love" e no hit "Frozen". Outras faixas como "Skin", "Swim" e "Little Star" são ainda mais elegantes e sofisticadas, principalmente no que diz respeito a produção.

Com tamanho brilhantismo atingido, o prestigio foi alcançado e logo a Madonna se rendeu ao pop rasteiro, vide o apenas ok, Music (2000). Ao menos Ray Of Light mostra que ela é uma artista diferenciada e que, quando quer, surpreende a todos.

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