Led Zeppelin é um grupo de regularidade altíssima, sendo impossível citar seu auge. Em todo caso, arrisco um: Physical Graffiti (1975).
Sucesso inquestionável de vendas, dono de shows abarrotados e com a critica de joelhos diante a evolução do grupo, o sexto trabalho da banda serviu para concretizar o que era óbvio: em 1975 o Led Zeppelin era a maior banda do mundo.
Mas nada de comodismo. Logo o que se ouve no disco duplo - de capa rebuscada/clássica, contendo janelas de Manhattan cortadas, revelando parcialmente uma imagem interna -, é a fantástica "Custard Pie", onde Jimmy Page entrega um de seus melhores riffs, que logo é acompanhado pelo baixo enorme e o clavinete característico do John Paul Jones, além da bateria impiedosa de John Bonham, que parece preencher uma caverna, tamanha a potência que reverbera diante da gravação.
Mesmo contendo algumas sobras de discos passados, o álbum não caí de nível, muito pelo contrário, chega a ser surpreendente como eles conseguiram abrir mão anteriormente de "The Rover" - faixa com os pés fincados no blues, mas de qualidade que foge dos clichês estilo - ou então da contagiante "Houses Of The Holy" e da radiofônica "Down By The Seaside".
A guitarra slide na introdução de "In My Time Of Dying" é apenas um prefácio para um épico do blues-rock. Page e Bonham destroem seus instrumentos através de improvisos alucinantes. Absurdo!
E o que falar do groove funkeado de "Trampled Under Foot", onde Paul Jones invoca Stevie Wonder? Já em "Ten Years Gone", o que salta aos ouvidos é o vocal de Robert Plant e as camadas de guitarra de Page.
Quando o assunto é hard rock, poucas faixas superam "The Wanton Song" e seu riff cheio de pausas. Já os momentos acústicos tão característicos do Led pode ser representado por "Black Country Woman".
Mas não é "só" isso. O disco ainda reserva a emblemática "Kashmir", pérola do rock, dona de polirritmia, riff vampiresco, arranjo monstruoso de cordas via o mellotron de John Paul Jones, tempero de melodia oriental e sussurros/berros quase sexuais de Plant em uma letra cheia de misticismo. Um verdadeiro épico!
Sendo o primeiro disco do Led lançado pelo próprio selo, o Swan Song, Physical Graffiti supera todas as adversidades das sessões de gravação interrompidas e se mantém como um entre tantos clássicos do quarteto.
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