terça-feira, 24 de maio de 2016

TEM QUE OUVIR: Soft Machine - Third (1970)

A música no começo da década de 1970 foi igualmente rica e confusa. Dentre os antecedentes que explicam isso está a saturação da psicodelia, o desenvolvimento do rock progressivo, o nascimento do jazz rock e as experiências de vanguarda. Na Inglaterra, mais precisamente em Canterbury, uma nova cena se deu à partir da confluência desses fatores. De lá vinha grupos como Gong, Camel, Caravan, Egg, Henry Cow e, aquela que talvez seja a mais importante delas, o Soft Machine.


Third é, obviamente, o terceiro lançamento da banda. Embora seja comumente apontado como um clássico do período, o clima interno do grupo não parecia favorável. Alias, isso era uma premissa, tendo em vista a alta rotatividade dos integrantes. Músicos importantes como Kevin Ayers e Daevid Allen sequer faziam mais parte do Soft Machine quando a obra foi arquitetada.

Mas o genial Robert Wyatt ainda estava lá, desafiando seu público - e colegas de banda - com letras irônicas, ácidas e até mesmo nonsense. A prova está nos quase 20 minutos da delirante "Moon In June".

Todavia, o começo do álbum se dá com "Facelift" (Hugh Hopper), uma longa faixa instrumental dona de ritmos complexos, sons cacofônicos, solos de sax intensos e interação absurda entre os músicos. É aquele tipo de gravação que explode a mente de qualquer um que ouve.

As jazzísticas "Slightly All The Time" e "Out-Bloody-Rageous" (dona de experimentações eletrônicas na pós-produção) também merecem atenção, dada a complexidade épica das composições.

A música do Soft Machine exige foco para a apreciação, já que sua profunda abordagem musical tende a soar absurda no primeiro instante. Não por acaso a banda chamou mais atenção nos palcos de música erudita do que no festivais de rock do período. Um disco ambicioso.

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