terça-feira, 5 de janeiro de 2016

TEM QUE OUVIR: Robert Johnson - The Complete Recordings (1990)

Não costumo trazer coletâneas para o "Tem Que Ouvir" deste humilde blog, mas neste caso é inevitável. Para recorrer a obra de muitos artistas antigos, compilações são o que melhor nos ampara. E no caso do Robert Johnson existe a definitiva The Complete Recordings, lançada em 1990 pela Columbia.


Como bem entrega o nome, o álbum duplo é uma compilação de todas as gravações do lendário ícone do delta blues, realizadas em duas sessões no Texas (uma em Dallas, outra em San Antonio) nos anos de 1936 e 1937. No total, são 29 canções, que com seus takes alternativos formam 41 faixas.

E porque a obra de Robert Johnson é tão fundamental? Porque ela é uma das raízes do blues e influência direta para músicos como Eric Clapton, Duane Allman, Rolling Stones, Led Zeppelin, Red Hot Chili Peppers, Nick Cave e White Stripes, só para citar alguns.

Suas canções trazem a beleza, mas também a amargura do blues do Mississipi. Entre plantações de algodão, passando pelo whisky barato, encontros sobrenaturais e relações humanas tumultuadas, é possível destacar pérolas como "Kind Hearted Woman Blues", "Sweet Home Chicago", "Terraplane Blues", "Love In Vain" e "Cross Road Blues (Crossroads)".

Robert Johnson faz miséria com apenas 12 compassos. Uma aula de composição e interpretação, onde a complexidade natural no modo de tocar violão se contrapõem a rusticidade charmosa da gravação, registrada num quarto de hotel, com o músico voltado para a parede e um único violão captando. Lá fora, o vento levantava as ruas de terra batida.

Muito mais que uma lenda envolto ao pacto com o Diabo na encruzilhada que culminou em sua prematura morte aos famigerados 27 anos, Robert Johnson é uma das matrizes da música popular do século XX.

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