segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Ninguém na música pop foi mais importante que David Bowie

Minha coluna dessa semana no Maria D'escrita:


2015 já havia terminado de maneira dolorosa para os amantes de música. Lemmy, o eterno líder do Motörhead, sucumbiu após anos expondo seu corpo aos mais diversos limites. Uma morte triste, mas não imprevisível, tendo em vista os problemas de saúde que ficavam cada vez mais evidentes.

Embora também com um passado regado a cocaína, noites insanas e conhecidos problemas de saúde, 2016 começou com uma baixa inesperada: a morte de David Bowie, um artista de influência imensurável e de atuação importante ainda nos dias de hoje.

Não há ninguém na música popular tão importante quanto ele, sendo difícil até mesmo enquadra-lo num estilo. Glam rock, proto-punk, pós-punk, eletrônico, new wave, blue-eyed soul, industrial, pop... o termo camaleão faz jus ao gênio mutável, que não nadava na onda, e sim ditava tendências musicais, comportamentais, sexuais, cinematográficas e no mundo da moda.

Mas claro, a música era o seu forte. Quando o sucesso chegou com a delirante "Space Oddity" (1969), Bowie parecia já ter planejado a criação do Ziggy Stardust, um fenômeno pop-cultural que narra a absurda história de um alienígena andrógino. Daí em diante ele conquistou a liberdade artística para fazer o que quiser.

Produziu/reergueu o Stooges, Iggy Pop, Lou Reed e Mott The Hoople. Lançou pérolas do glam rock como Hunky Dory (1971) e Aladdin Sane (1973). Desvendou a soul music - e influenciou a disco music - com Young Americans (1975). Inventou o pós-punk e se afundou tanto no ocultismo quanto na cocaína em Station To Station (1976). Fez das experimentações eletrônicas do krautrock algo acessível com a brilhante Trilogia de Berlim (Low, Heroes e Lodger). Deu ao Queen uma de suas melhores canções, "Under Pressure" (1981). Não se rebaixou diante do pop radiofônico de Let's Dance (1983). Montou o indecifrável Tin Machine (1988). Experimentou, acertando e errando até se encontrar novamente no moderno Outside (1995).

Recentemente, após problemas de saúde que o afastaram dos holofotes durante uma década, teve uma volta triunfante com The Next Day (2013), que preparou território para Blackstar (2016), lançado essa semana, mas que confesso ainda não ter escutado. Mas dizem que o camaleão estava agora antenado no Death Grips e na atual cena jazzistica de NY, o que mostra seu faro afiado para novidades.

Impossível ignorar um cara que influenciou artistas tão distintos como John Lennon, Talking Heads, Devo, PIL, Randy Rhoads, Gary Numan, Duran Duran, The Cure, New Order, U2, Madonna, Depeche Mode, Pet Shop Boys, Nirvana, Suede, Trent Reznor, Smashing Pumpkins, Moby, Franz Ferdinand, The Killers, Arcade Fire, LCD Soundsystem, Lady Gaga, Mark Ronson, Rita Lee, dentre outros.

Sabe aquela piada irônica de quando algum astro da música morre de "sou fã do cara, acabei de baxar a discografia"? Pois então, desfrute das facilidades tecnológicas e faça esse serviço a si mesmo. R.I.P., Bowie.

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