quarta-feira, 9 de setembro de 2015

TEM QUE OUVIR: Slint - Spiderland (1991)

No que diz respeito as evoluções de cada subvertente do rock, tonou-se comum batizar tal "passo à frente" de "pós/post-qualquer coisa", vide o que aconteceu com o punk rock (e seu pós-punk) e o grunge (e seu post-grunge, este longe de ser uma evolução). Mas o Slint fez mais e rompeu com a célula-tronco do rock, agregando ao estilo arranjos densos e estruturas nada óbvias com traços de música ambient, jazz e até mesmo música erudita. Embora distante do sucesso comercial, de vendas insatisfatórias até mesmo para a gravadora independente Touch And Go, Spiderland, décadas depois, virou a obra cult do post-rock.


Logo na primeira faixa, a banda oriunda de Louisville abandona o peso grunge da época e, até mesmo, as predileções de seu antigo produtor, o lendário Steve Albini, em favor de novas nuances. Entre harmônicos delicados, notas agudas gritantes e acordes arpejados, as guitarras dominam "Breadcrumb Trail". Os compassos complexos e o arranjo nada ortodoxo fez com que muitos rotulassem o som do grupo de math rock. Vale destacar o explosivo refrão da música, evidenciando as influências hardcore da banda.

Uma das principais característica do Slint é o vocal falado, que domina boa parte do disco, inclusive na lenta "Don. Aman". Tal qualidade fez com que esse álbum torna-se exemplo de spoken word no rock.

Dona de excelente "refrão", beat bastante cru e guitarras dissonantes agudíssimas, "Nosferatu Man" é o clássicos da banda. Não por acaso, afinal, sua estrutura é completamente envolvente.

Transitando entre o minimalismo repetitivo quase erudito e a explosão punk, é impossível não entrar em transe com "Washer" e a abstrata/depressiva/corrosiva "Good Morning, Captain".

Nem tão diferente do que fazia o Fugazi na época, o Slint foi bem menos compreendido. Hoje grupos como Tortoise, Mogwai e Godspeed You! Black Emperor parecem ter aprendido a fórmula iniciada aqui.

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