quarta-feira, 23 de setembro de 2015

TEM QUE OUVIR: Adam And The Ants - Kings Of The Wild Frontier (1980)

Tem quem pense que a figura do Malcolm McLaren está ligada apenas ao Sex Pistols. Todavia, sua carreira de empresário se confunde a boa parte do punk rock inglês, chegando até mesmo ao pós-punk do Adam And The Ants.


Adam Ant era o líder do grupo. Talentoso e rodado na cena punk, demorou para construir reputação. Foi com a ajuda de McLaren que ele deu luz ao New Romantic, uma subdivisão da new wave que enfatizava a imagem sexualmente espalhafatosa (de certo ponto até andrógina), apelo jovem e abordagem musical ainda mais pop. Tudo isso combinou perfeitamente com o nascimento da MTV americana.

Musicalmente, se por um lado o Duran Duran se jogava em ritmos funkeados, o Adam And The Ants buscou referência em instrumentos percussivos do Burundi, pequeno país africano com vasta opções de tambores. McLaren se encantou com essa sonoridade, roubou a ideia e boa parte da banda de Adam e formou o Bow Wow Wow. Todavia, o inquieto cantor se reuniu com o guitarrista Marco Pirroni e arquitetou Kings Of The Wild Frontier (1980), o mais bem sucedido resultado alcançado no que ficou conhecido como Borundi Beat.

Ritmos tribais, guitarras que bebem na fonte do rockabilly, surf rock e garage rock, baixos estrondosos e camadas vocais entrelaçadas dominam singles de sucesso como "Dog Eat Dog", faixa que abre disco.

A sonoridade ousada do álbum combina bem com o nome da faixa "Antmusic". Ainda sim, o grupo conseguiu emplacar a fantástica "King Of The Wild Frontier" no topo da parada do Reino Unido.

Enquanto "Feed Me Too The Lions" é fruto do punk rock, "Los Roncheros" mais parece uma caricatura cinematográfica de um "western africano", se é que isso existe. Já "Ants Invasion" é uma pérola do pós-punk dona de misteriosa melodia e variadas linhas de guitarras.

Hoje por vezes ignorado, Adam And The Ants é a prova de que a sede por novidades artísticas (e um tiquinho de raiva do antigo empresário) se sobressai a ganância financeira e resulta em obras desafiadoras. Michael Jackson, Marilyn Manson, Blur, Timbaland e tantos outros artistas ditos influenciados pela obra agradecem.

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