sábado, 23 de maio de 2015

TEM QUE OUVIR: Frank Sinatra - In The Wee Small Hours (1955)

Durante muito tempo, o LP (Long Play) foi uma mídia inviável. Era caro para o consumidor e de difícil divulgação pelo artista/gravadora. Desta forma, os compactos eram o principal meio de se adquirir música gravada. Essa cultura começou a mudar via In The Wee Small Hours (1955) do Frank Sinatra, não somente  o primeiro trabalho do lendário cantor neste formato - inicialmente em 10 polegadas, posteriormente em 12 polegadas -, mas também o primeiro a entregar/embalar/unir as músicas como uma obra única acabada.


As composições são amarradas numa mesma temática: conflito amoroso. Isso leva a muitos considerarem esse o primeiro disco conceitual da história.

Vale lembrar que a carreira de Frank Sinatra não passava por seu melhor momento. Ele acabara de ser chutado da Columbia, mas graças ao empresário Alan Livingston, foi acolhido pela Capitol, onde lançou esse trabalho seminal.

Ao romper sua relação com a estrela hollywoodiana, Ava Gardner, Sinatra mergulhou no isolamento da vida noturna e nas dores de uma paixão perdida. Não deixa de ser um atrativo ver um sujeito intocável, amigo da máfia e elegante por natureza num momento tão vulnerável. Isso fica evidente não somente nas letras, mas também nos belíssimos e lentos arranjos orquestrados por Nelson Riddle. Easy listening? Pode até ser, mas com enorme classe e talento.

Logo na introdução de "In The Wee Small Hours of The Morning", temos um exemplo da delicadeza dos arranjos e da preciosidade melódica que acompanha todo o disco. Já seu canto empostado, de timbre único e dicção perfeita, traz vestígios da riqueza jazzística do período. Uma abertura no mínimo emotiva.

É interessante notar como ele com sua voz, em plena maturidade, faz da interpretação um elemento quase dissociável da composição. 

Entre faixas que merecem destaque estão as lindas "Deep In A Dream" (tremendo arranjo), "What Is This Thing Called Love?" (que melodia! Cole Porter, né) e "I'll Be Around" (uma bossa ainda sem bossa). Ouvir essas canções olhando para a capa do disco é uma experiência cinematográfica.

Vale ainda dizer que embora passado tantas décadas e novas tecnologias tenham surgido, esse álbum é de sublime produção, soando cristalino e vital. 

Se hoje essas músicas soam nostálgicas - no bom sentido -, no passado elas eram preferência de uma juventude que reconhecia na figura de Sinatra uma estrela pop do cinema e da música.

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