terça-feira, 13 de janeiro de 2015

TEM QUE OUVIR: Joni Mitchell - Blue (1971)

Uma garota de coração partido, que acabara de perder o namorado - neste caso, ninguém menos que Graham Nash -, se joga na arte da composição. Não, essa não é (somente) a história da Adele ou da Taylor Swift. 40 anos antes, Joni Mitchell lidava com suas dores escrevendo as canções do clássico Blue (1971).


Confessional, cru e intimista, Joni Mitchell é a abordagem feminina para o desbrotar folk de trovadores como Leonard Cohen, Neil Young, Van Morrison, Nick Drake, dentre outros.

A abertura do álbum com "All I Want" revela que estamos diante de uma artista muito acima da média. Tremenda melodia, interpretada com força singela. Isso enquanto é sustentada pelo violão convicto do James Taylor.

Em tom de compaixão e despedida, "My Old Man" invoca temperos jazzísticos, seja através dos acordes do piano ou dos caminhos melódicos.

Mas não somente por seu relacionamento fracassado que Joni Mitchell chora. "Little Green" é uma comovente canção sobre a filha que ela deu para adoção anos antes de conseguir se estabelecer financeiramente, fato que a traumatizou por toda a vida. Faixa tão devastadora quanto linda. Vale aqui destacar sua performance ao violão.

Embora calcado na música folk, há uma proposta quase pop dado aos arranjos, o que fez com que a artista canadense requeresse os violões de Stephen Stills ("Carey") e James Taylor ("A Case Of You") para lapidar a obra. Por sua vez, seu uso de afinações alternativas em seu violão proporcionou sonoridades profundas e rústicas, vide "This Flight Tonight". 

Mais uma vez o canto gracioso e desenvolto - recheado de inspiradas melodias que dramatizam as dolorosas letras -, volta a transparecer magia na apaixonante "River".

Entre sucessos como a pianistica "Blue" e "The Last Time I Saw Richard" (que chegou a ser regravada pela Legião Urbana), o álbum tornou-se o grande clássico de uma artista que viria a dar saltos ainda mais ousados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário