sexta-feira, 28 de novembro de 2014

TEM QUE OUVIR: O Terço - Criaturas da Noite (1974)

Rio de Janeiro, conhecida musicalmente como o berço do samba e da bossa nova, foi a cidade que mais abraçou o rock progressivo, que explodiu principalmente na Inglaterra na primeira metade da década de 1970. Do Rio saiu O Terço, grupo que lançou Criaturas da Noite (1974), um dos trabalhos fundamentais do rock nacional.


Já com dois discos na bagagem e mudanças de formação, a banda se encontrou na união de Sérgio Hinds (guitarra), Sérgio Magrão (baixo), Luiz Moreno (percussão) e Flavio Venturini (teclados), sendo que todos colaboram com sofisticadas harmonias vocais, vide o que acontece na linda "Criaturas da Noite", com direito a arranjo orquestrado e final épico.

"Hey Amigo" - dona de espetacular introdução de dinâmica crescente, culminando num riff poderoso -, é um dos grandes clássicos do rock nacional setentista. O mesmo vale pra grandiosa "1974", que reúne o que há de mais viajante no progressivo, tendo leves toque de Pink Floyd e melodias fantásticas. Destaque para o solo espacial do Sérgio Hinds.

"Pano de Fundo" (com solo final à la Santana) e "Volte Na Próxima Semana" transparecem uma estranheza tanto na letra (que lembra o que os Titãs fariam anos depois) quanto no instrumental rebuscado. Já "Ponto Final" é uma bela composição calcada em teclados/sintetizadores modernos para o Brasil da época. Lindo arranjo.

Somando ao estilo uma originalidade brasileira, característica herdada pelo Venturini (que fez parte do Clube da Esquina), O Terço conseguiu uma importante identidade sonora. Isso fica nítido na caipira "Queimada" (com direito a excelentes violas) e na folk "Jogo das Pedras", que de algum modo também sinaliza ao rock latino americano.

Embora cultuado somente num nicho “rockeiro saudosista”, ouvir Criaturas da Noite, além de ser uma experiência extremamente prazerosa, pode servir de inspiração para as novas gerações de como fazer rock com raízes brasileiras.

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