sexta-feira, 4 de julho de 2014

TEM QUE OUVIR: The Who - Tommy (1969)

O The Who nunca esteve na música para brincadeira. Fosse através da sua intensa postura nos palcos ou de suas magnificas obras em estúdio, a ousadia os coloca entre os grandes nomes das artes de todos os tempos. Com a finalidade de deixar seu trabalho musical ainda mais amplo, Pete Townshend revisitou seus fantasmas infantis para conceber Tommy, o personagem principal do álbum homônimo lançado em 1969.


A narrativa do disco é surreal. Tommy, um garoto de sete anos, presencia o assassinato de seu pai (que acabara de voltar da Primeira Guerra Mundial) pelo amante de sua mãe. O casal força o menino a acreditar que ele nada viu/ouviu e não contará o ocorrido a ninguém. Como resultado, Tommy torna-se cego, surdo e mudo.

O jovem cresce atormentado em conflitos existenciais, abusos sexuais e jornadas espirituais. Já adulto, consagra-se mestre do pinball, arrebatando seguidores que o tratam como o novo messias. Sua queda de popularidade se da através da exploração de seus parentes, que o leva novamente ao aprisionamento interno.

Saindo da fórmula básica (embora espetacular) que a banda adotou no começo da carreira através de seu mod encorpado, o The Who se mostra cada vez mais ousado em seus arranjos, trazendo elementos sinfônicos, psicodélicos e melódicos. Se na qualidade técnica o grupo nunca foi posto em dúvida, as composições brilhantes só enfatizam o talento do quarteto.

É isso que presenciamos desde a fabulosa "Overture" - onde Pete revela o porque de ser sempre mencionado como um dos principais guitarristas rítmicos e criadores de todos os tempos - até a épica "We're Not Gonna Take", passando por "Christimas", "Cousin Kevin", "The Acid Queen" e, claro, a clássica "Pinball Wizard".

Lançado em formato de ópera rock, com direito a show apoteótico de divulgação no festival de Woodstock e, posteriormente, releitura no cinema, Tommy foi um sucesso artístico e comercial. Mas a ambição não parou por aí. Quatro anos depois a banda aperfeiçoou o formato através do Quadrophenia. Um marco na história das artes.

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