segunda-feira, 9 de junho de 2014

TEM QUE OUVIR: Frank Zappa - Sheik Yerbouti (1979)

Quando se fala em Frank Zappa, a maioria pensa naquele compositor inventivo e desbocado do final da década de 1960. Os mais desavisados devem até imaginar que ele não desenvolveu mais nada de interessante no decorrer da carreira. Mas é justamente em obras como Sheik Yerbouti (1979) que está suas principais aventuras sonoras, culturais e estruturais.


Criador extremamente produtivo, Frank Zappa lançou em 1979 quatro discos, sendo Sheik Yerbouti o primeiro pelo seu próprio selo, a Zappa Records. Essa guinada para o trabalho independente - numa época em que ninguém pensava isso - se deu por diversas divergências com as gravadoras. Uma atitude ousada pra um cara que estava não só na vanguarda da música, mas também da indústria do entretenimento. 

Além do próprio Zappa - que compõe, canta, produz e esmerilha a guitarra - o disco ainda conta com outros músicos de peso, vide Adrian Belew (guitarrista que trabalhou com David Bowie, Talking Heads, King Crimson) e o virtuoso Terry Bozzio (bateria). Ambos arrebentam na espetacular "City Of Tiny Lites"

O álbum reúne material registrado nos dois anos anteriores, mas não soa como um disco de compilação ou sobras. Muito pelo contrário, mais parece uma coletânea involuntária. A sonoridade não é calcada em estilo algum. Talvez num flerte entre o pop americano - interpretado de forma sarcástica -, jazz, blues, hard rock, new wave e punk rock, explorados de forma rebuscada, para não dizer erudita. A isso se dá o nome de Zappa.

Entre passagens instrumentais intrincadas e letras recheadas de humor e sagacidade, o disco oferece verdadeiras pérolas rebeldes como "Flakes" - com direito a tiração de sarro com o Bob Dylan -, a nada delicada "Broken Hearts Are For Assholes" e a punk "I'm So Cute". 

Vale ainda destacar a clássica/divertida "Baby Snakes" - de produção futurística - e a estupenda "Bobby Brown", satirizando as ambições do cidadão americano comum.

Artista inigualável, ouvir Frank Zappa é entrar em contato com uma das mentes mais criativas do século XX. Um santo remédio para o intelecto.

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