terça-feira, 8 de abril de 2014

TEM QUE OUVIR: Jeff Buckley - Grace (1994)

Existem uma enorme quantidade de jovens artistas que tentam galgar espaço usando aparato hereditário. Jeff Buckley poderia ter sido um desses, já que é filho do cultuado cantor folk, Tim Buckley. Todavia, seu trabalho é tão coeso que poucos - ao menos no Brasil - lembram de seu pai. Mesmo com a morte trágica e prematura aos 30 anos, Grace (1994), seu único trabalho em vida, foi bom o suficiente para coloca-lo entre os melhores interpretes da música popular da década de 1990.


Sendo constantemente elogiado por nomes como Robert Plant e Jimmy Page, Jeff Buckley conseguiu espaço na pequena cena alternativa de Nova York. Com todos os holofotes virados para Seattle, a dramaticidade de Jeff Buckley se contrapunha ao esporro grunge. As angústias eram as mesmas, mas foi abusando de belas melodias, arrojadas harmonias e arranjos melancólicos que o artista construiu sua personalidade.

Embora algumas canções carreguem sentimentos depressivos, a atmosfera presente do álbum está mais próxima da reflexão do que do martírio. Essa abordagem foi copiada posteriormente com sucesso por outros artistas, vide o Radiohead.

Compositor de mão cheia, Jeff Buckley emociona nas belas "Mojo Pin", "So Real" - ambas de dinâmica peculiar -, "Grace" e "Last Goodbye" - que linhas de baixo! -, além da pesada "Eternal Life", com interpretação vocal exuberante.

Todavia, nada soa mais sentimental que as versões para "Lilac Wine" - de chorar! - e "Hallelujah", essa última sendo capaz até mesmo de nos fazer esquecer da versão original do Leonard Cohen, o que definitivamente não é pouca coisa. Guitarra e voz parecem ecoar dentro de uma catedral. Uma maravilha.

Vale deixar registrado que esse é um dos poucos discos que trazem a produção, engenharia e mixagem do grande Andy Wallace, mais conhecido por ser exclusivamente mixer. 

Seja através das letras emocionantes, vocal afiado, melodias de amarrar o coração e/ou arranjos perfeitos, fato é que Grace é uma obra de extremo bom gosto de um artista que tinha tudo para dar saltos ainda maiores. 

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