sábado, 22 de março de 2014

TEM QUE OUVIR: The Specials - The Specials (1979)

O final da década de 1970 originou um surto revival no rock. Exemplos não faltam: o Sex Pistols tinha semelhanças com o New York Dolls, os Stray Cats com o Eddie Cochran, o Dire Straits com o J.J. Cale e o The Jam com o The Who. Já o The Specials não parecia com um grupo específico, mas remetia ao passado, fosse através da vestimenta típica dos rude boys (na Jamaica) e/ou mod (na Inglaterra), ou da fusão musical de estilos. Da capa vintage até a última nota, está tudo testemunhado no ótimo The Specials (1979).


Filhos legítimos da new wave inglesa, o grupo é o maior representante do two tone, "gênero" que se estabeleceu justamente por misturar punk rock com o ska, dub e reggae. A marca/rótulo 2 Tone ficou tão forte que virou até mesmo um selo fundado pelo tecladista Jerry Dammers, por onde saiu o The Specials, produzido por ninguém menos que Elvis Costello.

Sua sonoridade diferenciada é justificada através dos metais típicos do ska, vide a ensolarada "A Message To You Rudy" e a grooveada "Nite Klub". A letra anti segregação racial de "Doesn't Make It Alright" - lançada no auge da resistência inglesa contra os imigrantes - e a sarcasticamente politizada "Too Much Too Young" ajudam a contextualizar a banda em sua época, ainda que nada soe datado.

Músicas como "Concrete Jungle" e a clássica "Monkey Man" (Maytals) são perfeitas para festas. Suas linhas de baixos dançantes, trombones divertidos, letras firmes e ritmos jamaicanos são tudo que o The Clash queria ter feito (provocação barata, mas fundamentada).

Os trajes mod, o combo multirracial, a cultura skinhead e a fusão sonora atraiu atenção de muita gente e rendeu frutos musicais, vide os contemporâneos do Madness e Fishbone, o fraco Sublime e o ótimo Rancid, chegando até mesmo nos Paralamas do Sucesso. E assim o som dos bairros mais pobres da Inglaterra saiu do gueto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário