quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

TEM QUE OUVIR: King Crimson - In The Court Of The Crimson King (1969)

O ano era 1969 e o rock parecia já ter oferecido ao mundo tudo que podia. A subversão do Chuck Berry, o rebolado do Elvis, a beatlemania, a eletrificação do Bob Dylan, a sofisticação do Frank Zappa, as viagens do Pink Floyd, a psicodelia do Hendrix, a porralouquice marginal do Velvet Underground... O que mais restava acontecer? 

O ano era 1969 e eis que é lançado In the Court of the Crimson King, disco de estreia do King Crimson, que além de apresentar uma das capas mais extraordinárias de todos os tempos, deixou claro uma coisa: o rock tinha muito para onde evoluir.


Liderado pelo gênio da guitarra Robert Fripp - que anos depois emprestaria seu dotes para David Bowie, Peter Gabriel, dentre outros -, o King Crimson passou por diversas formações. Neste disco, a banda conta com o tecladista Ian McDonald (futuro líder do Foreigner), o baixista/vocalista Greg Lake (aquele mesmo que posteriormente formou o Emerson, Lake & Palmer), o baterista Michael Giles e o letrista Peter Sinfield. O fato deles terem alguém exclusivamente para elaborar as letras explica a beleza das composições aqui encontradas, vide as ultra melódicas/bucólicas/pastorais "I Talk To The Wind" e "Epitaph", faixas espetaculares que transitam entre o rock progressivo e o folk inglês.

O alto grau de experimentação presente na longa "Moonchild" aborda desde melodias sofisticadas até cacofonias incompreensíveis. Todavia, tudo torna-se aconchegante no despertar de "In The Court Of The Crimson King", canção embelezada pelo arranjo sinfônico de mellotron.

Mas é mesmo a fantasmagórica "21st Century Schizoid Man" a grande faixa do disco. Seu riff sombrio, somado a um sax nervoso, letra apocalíptica com traços de ficção cientifica (em timbre saturado) e solo de guitarra herdado do free jazz, fez da canção um hino marginal do rock. 

Ou seja, em um único álbum a banda reuniu rock progressivo, folk, música erudita, jazz, heavy metal, avant-garde, poesia, ficção cientifica e arte plástica surrealista.

Influenciando do David Bowie ao Mastodon, passando por Rush, Voivod, Porcupine Tree, Opeth e The Mars Volta, o King Crimson cresceu e tornou-se uma lenda não só do rock progressivo, mas da música como um todo, sendo cultuada por diversos artistas e fãs ao redor do globo terrestre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário