terça-feira, 28 de janeiro de 2014

TEM QUE OUVIR: The Notorious B.I.G. - Ready To Die (1994)

Muito se fala sobre a rivalidade sangrenta envolvendo o hip hop da costa oeste contra o da costa leste dos EUA. Embora o conflito entre as gangues fosse igualmente forte, musicalmente falando, Notorious B.I.G. carregou praticamente sozinho a bandeira da costa leste (ok, tinha o Nas e o Wu-Tang, mas eles sempre foram mais "alternativos"). Ready To Die (1994), único álbum em vida assinado por B.I.G., é o representante máximo do east coast hip hop da década de 1990.


Lançado pela Bad Boy Records, o disco foi sucesso de vendas e ainda hoje é reverenciado, seja através de novos rappers que se dizem influenciados pela obra ou via a mídia especializada, que frequentemente o coloca entre os principais trabalhos do hip hop.

Logo de cara, o que primeiramente chama atenção é sua capa emblemática, que somada ao nome premonitório do disco torna-se chocante.

Sonoramente, o peso boom bap da produção - mérito do Easy Mo Bee -, os timbres de caixa na cara, as linhas de baixo encorpadas, os sons de tiro e a escolha primorosa de samples - que vão de Curtis Mayfield, James Brown, Isaac Hayves e Miles Davis, passando por Gang Starr, A Tribe Called Quest e até mesmo Dr. Dre - são imponentes até mesmo para quem não gosta de rap.

Entre diálogos e sons ambiente que ajudam a construir um enredo sonoro quase épico, Notorious B.I.G. não poupa xingamentos e ameaças, personificando o comportamento dos traficantes que conheceu quando era apenas um garoto pobre de Nova Iorque. É o puro gangsta rap autobiográfico.

Da sombria "Things Done Changed", passando pela mafiosa "Gimme The Loot", pelo diálogo com ele mesmo em "Warning", pela raivosa "Ready To Die", a obscena "One More Chance", a ostensiva "Juicy" (single de sucesso presente no disco por exigência do Puffy Daddy), a melódica/cativante/clássica "Big Poppa" (total g-funk, do baixo ao synth inicial), a reflexiva "Suicidal Thoughts" e as espetaculares "Me & My B*tch" e "Unbelievable" (com produção do lendário DJ Premier), o disco não perdoa ninguém. É o rap em seu estado mais perigoso e pesado.

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