quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

TEM QUE OUVIR: Green Day - Dookie (1994)

Em 1994 o rock vivia um de seus grandes momentos. O grunge ainda reinava (embora com sinais de pane na máquina), o britpop se manifestava com força na Inglaterra e outros grupos, vide RATM, Smashing Pumpkins e Nine Inch Nails, vendiam milhões de cópias com suas letras politizadas e/ou sombrias. Não que eu queira reclamar, mas faltava menos seriedade num período em que até o Melvins estava assinando com grandes gravadoras. Foi nessa mão que explodiu o pop punk descompromissado do Green Day, representado pelo Dookie (1994), álbum produzido pela dobradinha Rob Cavallo e Jerry Finn.


Embora lançado também por uma grande gravadora, a Reprise, o disco se diferenciava ao abordar temas banais como masturbação, maconha e ex-namoradas, como fica explicito na ótima "Longview" (excelente linha de baixo e refrão acachapante). A molecada obviamente se identificou. A MTV, rádios, revistas e o festival de Woodstock de 1994 logo sacaram a ideia da banda. O estrago estava feito.

Com guitarras falando alto e uma cozinha ultra competente, a banda deixa transparecer sua essência punk rock, vide "Having A Blast", "Chump" e "Welcome To Paradise" (atenção para as ótimas dobras vocais!), todas elas muito melódicas e pouco contestadoras, o que levou muitos a torcerem o nariz para o trio. Vale ainda destacar o apelo power pop em canções como "Burnout" e "Pulling Teeth".

Entre os principais hits do disco estão as espetaculares "She" (com o baixo preciso do Mike Dirnt) e as já clássicas "Basket Case" (ótima performance do bateria Tré Cool) e "When I Come Around" (grande riff do Billie Joe Armstrong). O apelo pop, a timbragem, execução e interação nestas faixas são extremamente azeitadas, tornando-as clássicos do período.

Com o sucesso do disco, vieram na mesma onda Rancid, Offspring, Sublime e Blink 182, influenciando centenas de grupos por todo o mundo, principalmente na virada do século. Mas foi o Green Day a banda que melhor sobreviveu ao tempo, tornando não só a artisticamente mais representativa, como também a comercialmente mais rentável, vide o sucesso que a banda alcançou década depois com o American Idiot (2004). Mas é justamente o efervescer juvenil de Dookie o mais representativo e adorável.

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