domingo, 3 de novembro de 2013

TEM QUE OUVIR: Devo - Q: Are We Not Men? A: We Are Devo! (1978)

O Devo é uma aberração musical (no bom sentido, claro). Quando muitos começavam a assimilar o punk rock, a banda já apontava a direção para o pós-punk, ajudando a criar aquilo que ficou conhecido como new wave. O disco de estreia da banda transcende gêneros, sendo uma corajosa explosão dançante e bem humorada de art rock.


Guiados pela produção do Brian Eno - no auge de sua famigerada música ambiente - e por criativos timbres de sintetizadores - influenciados por Kraftwerk -, a banda liderada pelo figuraça Mark Mothersbaugh passeia pelo surrealismo instrumental, que serve de trilha para a ideia de "de-evolução", formando um complexo conceito e moderna sonoridade. Entre os exemplos estão a futurista "Praying Hands", a esquisita "Jocko Home", a punk vanguardista "Too Much Paranoias" e o pré-synthpop "Mongoloid".

Tem quem ache datado, mas é impossível não querer balançar o esqueleto diante de "Uncontrollable Urge" (com pitada de Public Image Ltd.), "Space Junk" (com vestígios de Television) e "Gut Feeling" (prevendo o Joy Division).

A inacreditável versão para "Satisfaction (I Can't Get No)" dos Rolling Stones está entre os mais bizarros momentos da música pop. A clássica canção é desconstruída ritmicamente e transformada num esquizofrênico amontoado sonoro. 

Os pitorescos capacetes, os clipes nonsense, a postura no palco frenética, as letras bem sagazes (com traços de ficção cientifica) e a sonoridade esquisita não foram suficientes para atrair o grande público de imediato para o conceito ambicioso do Devo. Todavia, a influência do grupo pode ser sentida do Talking Heads e David Bowie ao Man Or Astro-Man?.

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