sexta-feira, 16 de agosto de 2013

TEM QUE OUVIR: Pescado Rabioso - Artaud (1973)

Nunca fui um detrator do Brasil. Muito pelo contrário, adoro o meu país (embora sem qualquer tipo de nacionalismo babaca ou cegueira diante dos problemas). 

Todavia, na mesma proporção, sempre admirei a "rival" Argentina. Seu povo, cinema, futebol e, por que não, seu rock. A quem diga que o rock argentino é melhor que o brasileiro. Pensando em Mutantes, Secos & Molhados, Clube da Esquina, Novos Baianos e Sepultura, fica difícil fazer tal afirmação, mas uma coisa é fato, a música dos nossos vizinhos precisa ser mais conhecida pelos brasileiros. Entre inúmeros artistas talentosos de audição fundamental temos o "El Flaco", Luis Alberto Spinetta. 

Não se limitando ao rock, Spinetta é um gênio na música da América do Sul. Seu trabalho passa pelo rock, folk, pop, blues, jazz e AOR. Eleito pela revista Rolling Stone como o melhor disco do rock argentino, Artaud da banda Pescado Rabioso é uma ótima introdução ao trabalho do Spinetta.


Ainda que o disco seja atribuído ao Pescado Rabioso, Artaud mais parece um álbum solo de transição do Spinetta. Sua sonoridade lembra o que ele viria a fazer posteriormente com o grupo Invisible e traz integrantes da antiga banda do mestre argentino, o Almendra. O titulo do trabalho faz referência ao escritor francês Antonin Artaud. Vale ainda lembra que o álbum foi lançado num momento turbulento da política Argentina.

Se por um lado o canto em espanhol de imediato possa soar estranho, com o tempo ele ganha uma qualidade lírica particular do castelhano. É um gosto a ser adquirido.

Difícil não se sensibilizar com as belas "Todas Las Hojas Son Del Viento" e "Por", ambas calcadas numa sonoridade acústica herdada da música folk.

Ainda que muito popular, Spinetta não empobrecia suas composições, vide a rica harmonia de "La Sed Verdadera". Já a vagarosa e dramática "Cementerios Club" tem ótimas melodias de guitarra, que fazem dele um dos melhores instrumentistas do seu país.

O disco ainda reserva outras surpresas. "Superchería" é uma valsa esquizofrênica com ponte estranhamente pesada. A longa "Cantata De Puentes Amarillos" é um típico rock progressivo argentino com influência da música folk, remetendo curiosamente ao grupo brasileiro O Terço.

As espetaculares "Bajan", "A Starosta, El Idota" e "Las Habladurías Del Mundo" fecham esse disco de audição indispensável para todos que desejam sair do eixo Brasil-EUA-Europa.

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