terça-feira, 20 de agosto de 2013

TEM QUE OUVIR: Faust - Faust IV (1973)

No enigmático mundo da música, existem obras em que a ousadia do artista deve ser colocada em primeiro plano em contrapartida ao fracasso comercial e a sonoridade de difícil assimilação. Só assim é possível compreender e apreciar discos como Faust IV.


Lançado após o importante The Faust Tapes (1973) - que trazia colagens e uso não moderado de samples -, Faust IV é melhor arquitetado, ainda que menos cultuado.

O disco é um dos mais representativos do chamado krautrock, uma vertente alemã do rock progressivo, recheada de experimentação herdada da música de vanguarda de compositores como Stockhausen. 

E é exatamente a faixa que dá nome ao estilo que abre o disco. A longa "Krautrock" traz diversos sons improvisadamente sobrepostos, criando uma espécie de mantra/drone hipnótico e nauseante, guiado principalmente pelo beat repetitivo (motorik) e texturas espaciais (muito delay, muito reverb). O uso de ruídos - explorados também por objetos comumente não musicais - coloca as composições num território bastante parecido com a da música concreta.

No meio desse turbilhão sonoro, a banda tentava (ou não) elaborar canções mais palatáveis, vide a dadaísta pré-new wave "The Sad Skinhead", a estranhamente melódica "Jennifer", a eletronicamente cósmica "Just A Second", o folk lírico cacofônico "It's A Bit Of Pain" e a progressiva "Picnic On A Frozen River". 

Inegavelmente ousado, influente - não é mesmo, David Bowie? - e atraente em sua esquisitice, Faust IV se firmou como uma obra de extrema relevância. Não por acaso o disco ainda hoje é redescoberto por artistas dos mais variados estilos.

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