terça-feira, 23 de julho de 2013

TEM QUE OUVIR: Queensrÿche - Operation: Mindcrime (1988)

A década de 1980 definitivamente não foi boa para o rock progressivo. O estilo havia sido esmagado pelo punk rock. Todavia, essa vertente outrora cheia de atitude, já não tinha o mesmo impacto no final da década, tendo sido substituída em peso, energia e vendagem pelo hard rock 80's (vulgo hair metal). Foi neste clima que foi lançado Operation: Mindcrime (1988), a obra-prima conceitual do Queensrÿche. Eis a criação do metal progressivo.


Assim como alguns clássicos do The Who - vide Tommy e Quadrophenia -, Operation: Mindcrime pode ser considerado uma ópera-rock, sonoramente se assemelhando a um cruzamento do Pink Floyd (fase The Wall) com Judas Priest, Rush e Ratt.

O álbum narra a historia de Nikki, um yuppie viciado em heroína e descrente da sociedade contemporânea, que tem sua vida desviada para uma organização revolucionária comandada pelo demagogo Dr. X. Essa organização tem como lema "Assassinato e Substituição", o que leva o jovem a cometer atentados a diversos políticos influentes. É importante lembrar que esse disco foi lançado durante os governos Reagan (EUA) e Thatcher (Reino Unido).

Entre vinhetas que ajudam a ilustrar a história ("Anarchy-X" e "Waiting For 22"), canções encorpadas ("Revolution Calling", "Operation: Mindcrime" e "I Don't Believe In Love") e outras dramáticas ("The Mission" e "Electric Requiem"), há uma constante sintonia entre os músicos, esbanjando alto nível técnico em arranjos/composições arrojadas.

A produção extremamente polida é típica da época. Ela é ressaltada pela vasta gama de timbres de guitarras, que ora pende para chorus cristalinos, ora para distorções quentes, dando colorido narrativo para história. 

De domínio técnico vocal inegável, Geoff Tate é um destaque. Suas performances são cheia de vida. A derradeira "Eyes Of A Stranger" é um destaque neste sentido. Não por acaso ele tornou-se um dos cantores de heavy metal mais cultuados. 

Influência declarada de bandas como Dream Theater e Angra, o Queensrÿche inaugurou inconscientemente uma vertente musical venerada. A tour do disco foi um sucesso, mas a banda nunca mais voltou a repetir a mesma excelência, embora o Empire (1990) tenha passado perto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário