Existem alguns fenômenos da cultura popular que transcendem a música. Em determinado momento, a introspecção sonora fez muito mais sentido que os gritos de protestos contra a Guerra do Vietnã. Ao criar belas canções que serviram de hinos para uma geração, alguns compositores transformaram sua arte em trilha sonora de um período, tornando-os legítimos herdeiros do trovadorismo. É desta forma que vejo Simon & Garfunkel, principalmente em seu melhor e mais popular disco, Brookends (1968).
O trabalho de Paul Simon e Art Garfunkel é calcado da música folk americana, mas adaptado ao pop contemporâneo do período. Até então, o duo já havia ganhado prestígio pela bela canção "The Sounds of Silence", lançada 4 anos antes.
Brookends representa o auge da popularidade da dupla. O disco é recheado de sucessos que levaram o álbum ao primeiro lugar. Dentre tantos hits estão a balada power pop "Mrs. Robinson" - regravada posteriormente pelo Lemonheads - e a espetacular "A Hazy Shade Of Winter".
Paul Simon é um compositor e violonista maravilhoso, vide verdadeiras pérolas que ele escreveu como "Save The Life Of My Child" - com direito a corais de música gospel -, a encantadora "America" e as lindas "Overs" e "Old Friends", essa última de arranjo grandioso.
Se Garfunkel não tem a mesma produtividade/qualidade para compor, todavia esbanja ótima e delicada voz em músicas como "Fakin' It" e "Punky's Dilema".
A epifania da dupla pode até sido o lendário show no Central Park, mas foi o espetacular repertório presente neste disco que serviu de matéria prima para toda a lenda que veio a seguir. Foi também nessa época em que a relação dos dois começou a azedar. Sucesso e conflito de egos sempre lado a lado.
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