quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

TEM QUE OUVIR: Pink Floyd - The Piper At The Gates Of Dawn (1967)

Não foram muitos os grupos que conseguiram com seu álbum de estreia influenciar os Beatles e continuar despertando interesse nas gerações posteriores décadas após o seu lançamento. Um dos poucos casos, talvez o único, seja o Pink Floyd com o seu cultuado The Piper At The Gates Of Dawn (1967).


Embora ache que o disco esteja longe de ser um dos melhores do grupo, sua influência dentro da cultura pop ocidental é de extrema importância. Antes mesmo da gravação, que o ocorreu no estúdio Abbey Road, a banda já chamava atenção por seus shows lisérgicos - principalmente no folclórico UFO Club -, repleto de intervenções visuais altamente experimentais. Esse lado vanguardista do Pink Floyd está ligado ao curso de arquitetura que os integrantes faziam na época. Outro ponto fundamental para tais experimentações era a liderança criativa do malucaço Syd Barrett nas composições da banda.

"Astronomy Domine" é a música clássica desta época. É onde Syd Barrett explora sua guitarra com maior competência, criando um ótimo riff e o costurando com pequenos detalhes. Sua letra lisérgica tem tudo a ver com o rock psicodelico da época. 

Nos quase 10 minutos de "Interstellar Overdrive" está o auge criativo desta fase. A música é referência em space rock e chega a se aproximar da música concreta, remetendo diretamente ao que faria posteriormente as bandas alemãs de krautrock.

A psicodelia é explicita nas letras malucas, embora infantis - no sentido lúdico -, de "Lucifer Sam", "Matilda Mother" "The Gnome" e "The Scarecrow". Verdadeiros retratos da explosão mental de Syd Barrett.

O piano jazzistico de Richard Wright se confunde com a levada tribral do Nick Mason na estranha "Pow R. Toc H." Já as rockeiras "Take Up Thy Stethoscope And Walk" e "Bike" se assemelham a sonoridade das bandas beat, só que com dose extra de ousadia, horas remetendo até mesmo ao free jazz.

O arranjo de "Chapter 24" é extremamente bem elaborado, com destaque para as vocalizações e o baixo eficaz de um ainda discreto Roger Waters.

Se no primeiro instante o frenético consumo de drogas desencadeou nesse importante álbum, com o passar do tempo aprisionou Syd Barrett dentro de sua própria loucura, construindo em torno de si uma muro (The Wall?) impenetrável. O disco sobrevive. A lenda sobrevive.

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