OK Computer (1997) do Radiohead é provavelmente o último grande clássico do rock. Isso se faz valer ao observamos o status de adoração - exagerado, segundo a própria banda -, que o trabalho adquiriu, tanto do público - ficou em primeiro lugar em países como EUA e Inglaterra -, quanto da critica.
O álbum é o terceiro lançamento do grupo. Ele trafega por sonoridades mais experimentais que o passado da banda, sendo sustentado por timbres modernos e produção rebuscada, além de uma interessante abordagem poética que trata da alienação urbana.
"Airbag" abre o disco com guitarras distorcidas, loop de bateria contagiante, linha de baixo cheia de pausas, teclados futuristas e um texto sobre as vantagens de sobreviver a um acidente de carro.
"Paranoid Android" é delirante em sua letra e bela em sua harmonia, intercalando vários climas, mas tendo como seu ápice o solo furioso do criativo Jonny Greenwood. Destacável também a linha de baixo, os falsetes vocais, a letra surreal e um "rain down" vagaroso, fúnebre, onírico, cósmico... definitivamente uma composição espetacular.
"Subterranean Homesick Alien" traz timbres cristalinos e a voz amargurada de Thom Yorke. Já na 50% acústica "Exit Music (For A Film)", a delicadeza tristonha da composição e o arranjo crescente são tão intensos que chegam a remeter ao Pink Floyd. Por sua vez, a beleza de "Let Down" transparece a eficiência pop da banda.
As músicas do disco que ganharam maior destaque - muito por conta dos videoclipes -, foram "Karma Police" (com mais uma bela harmonia, desta vez com presença de violões e piano no arranjo) e "No Surprises" (com sua letra extremamente depressiva acompanhada por uma melodia à la "Wouldn't It Be Nice" que parece sair de um caixinha de música).
Enquanto os sons sobrepostos em "Fitter Happier" são uma homenagem aos compositores de vanguarda, a crueza de "Electioneering" remete ao passado rockeiro da banda.
As outras faixas deste disco também merecem ser ouvidas com atenção, com destaque para o krautrock atmosférico de "Climbing Up The Walls", a apoteótica "Lucky" e a linda "The Tourist".
A audição desse disco é de extrema importância para entendermos a influência da banda, que continua a reverberar entre os grupos alternativos e compositores/produtores interessados em timbres e arranjos peculiares. Um clássico do nosso tempo. A revolução digital e o século XXI se revelam sombrios aos olhos do Radiohead.
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