sexta-feira, 2 de setembro de 2011

As drogas na música

Nesta semana o festival Rock In Rio divulgou um vídeo (veja aqui) com participação de grandes artistas - e outros nem tão grandes assim -, da música e telenovela. A pavorosa música do vídeo tem como intuito "conscientizar" o público a ir ao evento "sem droga nenhuma", como diz o próprio refrão desta papagaiada.

Diante desse mar de hipocrisia e corporativismo do Rock In Rio, resolvi ir contra esse moralismo e fazer um post sobre a interferência das drogas na música.

Não estou fazendo apologia a "droga nenhuma" e muito menos ocultarei a história de grandes personagens que tiveram fim trágico em decorrência do abuso de drogas. Ainda assim, acredito que só a informação é capaz de guiar as pessoas para as boas escolhas. Portanto, sem mais delongas, vamos ao que interessa.

Álcool e tabaco
Será que o Rock In Rio vai proibir o uso de álcool e tabaco no evento? Afinal, a campanha é a anti-drogas, não anti uso de substâncias ilegais. Mas sendo o evento que é, aposto que na verdade tem alguma marca de cerveja patrocinando o evento. Deixando o Rock In Rio de lado, várias bandas tem o álcool e o tabaco como fonte de inspiração, vide o Tankard. Até mesmo o timbre das vozes maravilhosamente pavorosas de Lemmy (Motörhead), Brian Johnson (AC/DC) e Dan McCaafferty (Nazareth) devem muito ao uso destas drogas.

Maconha
O uso da maconha é de imediato associado ao reggae. Todavia, ainda antes da popularização do ritmo jamaicano, bandas dos anos 60 fizeram experiência com a erva e adentraram em um mundo de sons tranquilos, longas improvisações e vagarosas viagens. Confira tais características na bela música "Crazy Fingers" do Grateful Dead, escolhida também por conter influência do reggae. Vale ainda dizer que é impossível pensar no hip hop sem o uso da maconha. Snoop Dogg que o diga. 

Cocaína
Muitas artistas tiveram suas carreiras (sem trocadilho) arruinadas pelo abuso de cocaína. Da Elis Regina ao Ol' Dirty Bastard. Sendo que no caso deste último, do flow intenso as letras paranóicas, há muito de cocaína em sua arte (triste ou não, um fato). Todavia, sempre associo a droga ao Black Sabbath. Anos antes do Ozzy pirar e ser expulso da banda inglesa, eles gravaram músicas que deixam a intensidade da droga evidente, dentre elas a ótima "Snowblind".

LSD
O LSD foi moda no final da década de 60. A droga influenciou muitas bandas e, até mesmo, moldou um estilo, o rock psicodélico. Dentre os grupos que se destacaram no gênero está o pioneiro 13th Floor Elevators, que continha passagens instrumentais alucinantes e letras surreais. É importante lembrar também que a droga está diretamente ligada aos sons dos grupos ingleses do final da década de 1980, como Happy Mondays e Primal Scream.

Ecstasy
Todos sabem da relação das anfetaminas com a música eletrônica, principalmente o ecstasy nas raves. O produtor Rusko já chegou a afirmar que costuma fazer uso da substância para produzir suas músicas e que gosta de ver o público tomado pelas drogas em suas apresentações. Declaração polêmica ou franca?

Heroína
Essa droga é tida como uma das grandes vilãs da música, sendo responsável por tirar a vida de artistas como Charlie Parker, Billie Holiday, Chet Baker, Janis Joplin e Jim Morrison. A droga voltou a fazer sucesso nos anos 90 e mais uma vez contribuiu para a morte de dois grande ícones do grunge, Kurt Cobain (Nirvana) e do Layne Staley (Alice In Chains), sendo que esse último teve sua dependência química e depressão narrada no espetacular disco Dirt (1992). Escute "Sickman" e perceba sua terrível agonia.

Crack
Resumir o crack é simples, é um substrato de droga que leva o usuário para autodestruição. Agora, pense em um substrato de artista que leva o público para a destruição. Chegamos ao usuário de crack GG Allin.

Para finalizar gostaria de dizer para você, jovem músico: não vá achando que basta você tomar qualquer uma destas drogas e você terá as qualidades do seu ídolo. Talento e dedicação são melhores apostas.

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