domingo, 3 de julho de 2011

TEM QUE OUVIR: The Doors - The Doors (1967)

Em 1967 o rock era o maior representante da contracultura, fosse a psicodelia das bandas de São Francisco ou o lirismo marginal dos novaiorquinos do Velvet Underground. O Doors conseguiu unir as duas costas americanas em seu homônimo álbum de estreia. O culto ao Jim Morrison nasceu de imediato.


Em "Break On Through (To The Other Side)", faixa que abre o disco, os instrumentos vão se amontoando até o ponto em que o esporro sonoro chega ao ápice num refrão empolgante. É interessante notar a levada de bateria do eficiente John Densmore, bastante influenciada pela bossa nova.

"Soul Kitchen" é uma alucinante canção que embarca no clima psicodélico da época, guiado pelo teclado minimalista de Ray Manzarek. Já "The Crystal Ship" é uma linda balada em que Morrison despeja sua imponente voz típica de crooner bêbado.

Em "Twentieth Century Fox" o que mais chama atenção é a pesada e contagiante linha de baixo. Fato curioso para uma banda que sequer tinha um baixista na formação.

"Alabama Song (Whisky Bar)" traz um clima cinematográfico - lembrando que Morrison e Manzarek se conheceram na faculdade de cinema -, com direito ao teclado extremamente eficiente e característico na escolha dos timbres. Tal característica fica ainda mais evidente na clássica "Light My Fire". Sua introdução é o cartão de visita da banda. A faixa chegou ao primeiro lugar nos EUA, driblando a caretice do país numa letra sobre "ficar chapado". Vale destacar também o ótimo solo do guitarrista Robby Krieger - compositor da faixa -, que transita com naturalidade pelo jazz, blues e música flamenca, comprovando que o Doors tinha instrumentistas bastante competentes, ainda que subestimado.

O disco segue com o paranoico blues "Back Door Man", onde Morrison demonstra toda sua porralouquice vocal, berrando a letra com intensidade absurda. O teclado de Manzarek volta a chamar atenção na ótima "Take It As It Comes". O clima dá uma esfriada na psicodélica "I Looked At You" e na dark "End Of The Night", mais ainda assim mantém a viagem do disco assegurada.

Embora com tantas excelentes composições, a mais impressionante está no final. Me refiro a longa "The End", que contribuiu para que Morrison ganhasse a fama de poeta existencialista. A canção é um verdadeiro épico sobre luxuria e morte (não necessariamente nesta ordem, já que primeiro ele mata o pai para só depois transar com a mãe). Nietzsche aprovaria. Sonoramente é extremamente climática, sombria e desafiadora. Não por acaso a peça foi a escolhida pelo Francis Coppola para abrir o filme Apocalipse Now (1979).

Disco determinante não só para o rock, mas para toda a contracultura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário