domingo, 26 de junho de 2011

A Parada Gay na música

Apesar de estarmos no século XXI, existem alguns problemas que a humanidade ainda não superou. Dentre tantos está o preconceito. 

Barreiras impostas por políticas reacionárias e doutrinas religiosas servem de combustível para o desrespeito com pessoas que vivem diferente do que propõem os "moralistas em defesa da família e propriedade".

Hoje é dia de um evento muito importante para a sociedade: a Parada Gay. Pesando nisso, venho aqui lembrar o trabalho de alguns artistas LGBTQ+. Eles não são melhores nem piores por conta de suas opções sexuais, apenas merecem o reconhecimento que conquistaram. Esse post é uma pequena homenagem pela coragem que tiveram e barreiras que quebraram. Vale ainda refletir a interferência (se existente) dessa questão pessoal em suas respectivas obras.

Little Richard
Como se não bastasse ser negro e pobre numa América terrivelmente opressora, Little Richard é também homossexual. Um transgressor comportamental. Isso é rock n' roll.

Billy Strayhorn
Parceiro histórico do Duke Ellington, esse brilhante compositor, arranjador e pianista foi peça fundamental no sucesso artístico do Duke. Na época, chegaram a cogitar que eles tinham um caso, o que nunca foi comprovado.

Wendy Carlos
Nascido Walter Carlos, o importante músico é um dos exemplos de troca de sexo no mundo da música (David Palmer, ex-tecladista do Jethro Tull é outro exemplo). Wendy é uma das mais importantes compositoras do século XX. Suas experimentações eletrônicas a levaram para a concepção e produção da trilha sonora do filme Laranja Mecânica. Além de músicas originais, a trilha traz também um importante trabalho de releitura para peças eruditas. É interessante notar que Wendy é creditada no filme como Walter, já que o filme foi feito antes da sua transição.

Freddie Mercury
Quando pensamos em algum homossexual do mundo da música, Freddie Mercury é dos primeiros que vem em mente. O eterno líder do Queen foi um ótimo vocalista, pianista e compositor, além de um farol em cima dos palcos. Com voz e postura imponente, era capaz de levar a plateia em suas mãos.

Dave Davies
Assumidamente gay, o espetacular guitarrista do Kinks tem inclusive uma composição (o hit "Lola") que narra uma história "constrangedora" com um travesti. Tem quem ache transfóbica, o que pode fazer sentido, mas também mostra o quão essa acusação pode atingir as pessoas erradas.

Lou Reed
Além de ter morado com uma travesti, ninguém cantou sobre esse mundo melhor que Lou Reed. Isso numa época em que o tema era um tabu. Ruptura natural para um dos grandes letristas da história.

Elton John
Figura ultra carismática, de talento musical gritante. Tem que não desvincule seu brilho de sua orientação sexual, o que de certa forma é uma visão antiquada.

Rob Halford 
A homossexualidade de Rob Halford já foi "piada" entre os fãs de heavy metal. Felizmente isso tem caído por terra. Além de ser umas das figuras mais importantes e respeitadas do metal, ele foi capaz de influenciar muita gente não só com sua voz, mas também pelas suas roupas de couro cheias de rebites e tachinhas compradas em sex shop. É a estética definitiva do gênero. Sua "saída do armário" levou outros músicos de heavy metal a fazer o mesmo, vide o ex-Gorgoroth, Gaahl. 

Limp Wrist
Banda de hardcore militante no movimente LGBT. Dai saiu o que ficou conhecido como Queercore. Extremamente recomendada pra quem curte punk/hardcore. É espetacular!

Big John Duncan
Ainda no cenário punk/hardcore, vale lembrar deste lendário guitarrista do The Exploited, que posteriormente ainda ficou conhecido por trabalhar de roadie para bandas como Nirvana, Ministry e Foo Fighters. 

Boy George
Não há nada que ainda não foi dito sobre a aparência transvestida do Boy George. O que ficou para escanteio nessa história é que o Culture Club tem canções bem bacanas.

George Michael
George Michael reúne todos atributos que os homofóbicos "valentões" odeiam: é aquele típico gay expansivo, artisticamente talentoso e que faz (ou fazia) muito sucesso com a mulherada. Mas por mais que ele tentasse (a pressão da industrial é cruel), não teve como esconder sua orientação sexual. Até sua música é "tipicamente gay". E não por nada não, mas se você falar que essa música é ruim você tá equivocado. É pop dos bons.

Mykki Blanco
E hip hop feito por um performista, hein! Não consigo encontrar outra palavra pra descrever que não seja "atitude". E o som é bem bom.

Johnny Alf
Gênio subestimado da bossa nova. Até onde sei, nunca assumiu a homossexualidade publicamente, embora não fosse segredo entre os que o conhecia. Ainda assim, isso contribuiu para sua personalidade reservada. 

Ney Matogrosso
No Brasil temos vários exemplos de cantores gays: Renato Russo, Cazuza e até mesmo o contratenor Edson Cordeiro. Mas o que apresenta o trabalho musical mais interessante é mesmo o Ney Matogrosso, principalmente quando ainda era um jovem cantor projetado pelo excelente grupo Secos & Molhados. Apesar de Ney não ser o líder do grupo como muitos pensam - João Ricardo era o verdadeiro líder da banda -, sua presença de palco somada a potente/única voz acabou se sobressaindo aos demais companheiros de banda.

Cássia Eller
Honestamente, não me vem em mente muitas mulheres homossexuais do mundo da música. A maioria que lembro são projetos de cantoras de uma MPB xarope. Mas tem uma que foge desta tendência: Cássia Eller. Ela transitava entre o samba e o rock com uma facilidade/atitude espantosa.

Textículos de Mary
Quer um exemplo da discriminação que os gays sofrem? É só ler a história do Texticulos de Mary e ver o boicote que a banda sofreu por parte do público conservador e de empresas que não queriam a banda em festivais que patrocinavam. O som? Uma mistura absurda de punk rock com glam.

Tchaikovsky
E por fim, mas não menos importante, vale dizer que há uma lenda envolto a sexualidade do Tchaikovsky, compositor russo de verdadeiras obras-primas do balé. Dizem que sua personalidade angustiante era fruto de uma repressão do estado contra o fato de ser homossexual. 

É legal citar também bandas/artistas que flertaram de alguma forma com a androginia, homossexualidade, transexualidade ou qualquer coisa do tipo, mesmo não sendo propriamente gays: David Bowie, Mick Jagger, T. Rex, New York Dolls, Iggy Pop, Brian Eno, Bryan Ferry, Pete Burns, Genesis Breyer P-Orridge, Soft Cell, The Smiths, Prince, Twisted Sister, Mötley Crüe, Suede, Lady Gaga, Caetano Veloso, Made In Brazil, Edy Star, Serguei, Mirian Batucada, Maria Alcina, Agnaldo Timóteo, dentre outros.

Tá ai, um post repleto de gigantes da música que deixam muito metido a machão com cara de bunda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário