quinta-feira, 14 de abril de 2011

Por que ir em shows?

O que leva uma pessoa a sair de seu aconchegante lar para enfrentar filas quilométricas, valentões bêbados, histeria infantil, transito infernal e, ainda por cima, pagar caro por isso? A resposta para essa questão pode ser das mais diversas. Talvez a vontade de ver um ídolo de perto, ou então a curiosidade de conhecer melhor uma banda. Infelizmente nada disso é o que parece acontecer realmente.

Ontem assisti um ótimo show do U2 (com abertura do Muse) no Estádio do Morumbi. O show foi de altíssimo nível, com músicos excelentes em cima do palco, som satisfatório e repertório coeso. Mas infelizmente parece que pouco isso importa para as pessoas. O que notei é que a maioria dos presentes no espetáculo estavam lá levados pelo clima de "oba-oba", da mais simples e patética "pagação de pau" para um artista internacional ou então na tentativa de fazer inveja para algum amigo que não conseguiu ir ao show.

Usando o evento de ontem como exemplo (que diga-se de passagem, não foi um caso isolado), enquanto o Muse tocava, o que mais se ouvia era uma falação desgraçada. O que seria a oportunidade de conhecer uma nova banda, virou espaço para ver se era possível falar mais alto que o som que saía dos falantes.

Na vez do U2 a coisa foi mais esquisita ainda. Já que eles eram a banda principal, logo o público está ali para prestar atenção na performance da banda, correto? Errado! O que eu vi foi gente do meu lado ligando para o amigo para falar "eu to no show, uhul!", ou então comprando cerveja bem do meio de uma música. Mesmo concentrado no show, a inquietação vazia das pessoas ao meu redor era tão grande (maior até que gigantesco palco dos irlandeses) que era impossível não se sentir incomodado.

Não quero dar uma de velho "cri-cri", mas os shows no Brasil estão virando cada vez mais um portal para ver algum artista da Globo em algum camarote do que para assistir a banda que está no palco. O show deixou de ser um espetáculo artístico e virou uma simples "balada", onde se vai mais para conhecer uma companhia do que para assistir o artista.

É preciso que essa patética síndrome do "EU VOU!" se encerre o mais rápido possível e que no lugar dela entre o comportamento e a postura do "eu presenciei", "eu senti", "eu ouvi"...

Ivete Sangalo no show do U2. Nada contra ela, mas vocês acham mesmo que ela está interessada nos timbres do The Edge?

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