terça-feira, 30 de outubro de 2018

Grandes refrães do rock

Dias desses, no sempre bacana poeiraCast, os participantes começaram a listar sem grande compromisso refrães que eles mais gostavam. Decidi fazer o mesmo. Sem pesquisa, sem nada. Apenas saí escrevendo. Existem melhores? Muito provavelmente, mas essa é a graça de fazer listas.

Façam o mesmo e coloquem seus refrães prediletos nos comentários.

Obs: me restringi ao rock. Adoro pop, música brasileira, soul music, rap, dentre tantos outros estilos que certamente tem refrães legais. Todavia, talvez inconscientemente guiado pelo poeiraCast, só consegui pensar em refrão de rock.

The Mamas & The Papas - California Dreamin'
Faixa símbolo do Verão do Amor. Seu refrão lúdico, de produção reverberosa tipica do Phil Spector e vozes em coro, é o retrato sonoro de uma época.

Janis Joplin - Cry Baby
Um dos momentos vocais mais intensos e impressionantes da Janis Joplin. Um refrão tão forte que sabiamente foi explorado já na introdução. Espetacular.

The Doors - Touche Me
Sou fã do The Soft Parade dos Doors. Aqui está uma demonstração clara do porquê. O senso melódico do Morrison está aperfeiçoado, sua interpretação é relaxada, os arranjos são soberbos... baita refrão!

Rolling Stones - Gimme Shelter
A apropriação da música gospel num refrão que contagiou até mesmo o Martin Scorsese.

The Band - The Night They Drove Old Dixie Down
Lindo refrão de uma faixa sobre a Guerra da Secessão. É para cantar junto.

AC/DC - Jailbreak
O hard rock é um estilo que prima por bons refrães e, sendo o AC/DC uma das bandas mais competentes do estilo, eles são donos de inúmeros refrães empolgantes. Pessoalmente adoro o de "Jailbreak", principalmente já no fim da música.

Thin Lizzy - Cowboy Song
Falando em hard rock, eis outra pérola do estilo. Muito groove e dinâmica crescente que chega ao ápice no seu espetacular refrão.

Led Zeppelin - Ramble On
Ah, tinha que ter um Led Zeppelin, né? O primeiro refrão que lembrei foi esse. Adoro sua potência hard rock em meio a uma canção folk. Excelente linha de baixo.

Alice Cooper Band - School's Out
Crianças em uníssono berrando em cima de uma levada criativa de bateria. Acho muito legal. Clássico!

Elton John - Tiny Dancer
A música inteira é um sequência maravilhosa de melodias, mas o refrão é o ponto alto. O filme Quase Famosos eternizou o espirito de entrega da canção ao propor canta-la com os amigos.

David Bowie - Young Americans
A faixa como um todo é poderosa, mas o refrão em coro talvez seja o momento mais contagiante desta espetacular canção.

New Order - Bizarre Love Traingle
Daquelas melodias apaixonantes que por si só bastam para fazer da música um hino pop.

New Model Army - 51St State
Uma ótima letra e um arranjo direcionado para um refrão explosivo cantado de peito cheio. Clássico!

The Smiths - There Is A Light That Never Goes Out
Bem carne de cava, mas liricamente poucos refrães me emocionam mais. Adoro a letra, a interpretação vocal do Morrissey e o arranjo de cordas.

Fugazi - Turnover
Praticamente uma escola de refrão dentro do hardcore. O At The Drive-In e o Refused copiaram inúmeras vezes.

Suede - Animal Nitrate
Mestre da melodia, da performance vocal e tudo que há de melhor no britpop, Brett Anderson evidencia seu poder de fogo nesta brilhante faixa.

Manic Street Preachers - Yes
Após um 7/4 dançante, um pré-refrão poderoso seguido de um refrão ainda mais intenso.

Oasis - Don't Look Back In Anger'
Vou fazer o que, é a melhor música do Oasis! Um hit guiado por seu poderoso refrão.

Smashing Pumpkins - Bullet With Butterfly Wings
Parece que a música toda é construída para culminar em seu refrão explosivo.

Weezer - Undone - The Sweater Song
Versos esquisitos (bastante influenciados por Pixies) que preparam terreno para seu refrão gorduroso.

Ryan Adams - To Be Young (Is To Be Sad, Is To Be High)
Pitadas de Bob Dylan e Rolling Stones num refrão tão legal e de espirito "classic rock" que nem parece que é do século XXI.

Tim Maia - Bom Senso
A pregação do Tim Maia na fase Racional as vezes empapuça, mas não aqui. Groove sacolejante e refrão divertido em uma de suas grandes canções.

Caetano Veloso - Não Identificado
Um refrão intenso e psicodélico numa linda composição que soa como uma balada pastiche de Roberto Carlos.

Novos Baianos - Brasil Pandeiro
A brasilidade dos Novos Baianos resumida num único refrão.

Barão Vermelho - Pro Dia Nascer Feliz
É carne de vaca? Claro, mas acho uma ótima canção do rock nacional oitentista. O refrão resume muito bem a juventude em meio a abertura politica.

Paralamas do Sucesso - Trac Trac
Confesso que essa quem lembrou foi o Ricardo Alpendre do poeiraCast. Muito bem lembrado por sinal. Ótima canção do Fito Paez que culmina num refrão melodioso e atraente.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

TEM QUE OUVIR: Willie Nelson - Red Headed Stranger (1975)

É fácil ser fã do Willie Nelson antes mesmo de conhecer sua música. Um velho caipira, de chapéu e tranças, fumador de maconha e sempre acompanhado de um violão surrado. Não precisa nem gostar de country e sequer dos EUA, Willie Nelson reina em seu mundo particular. Dito isso, afirmo: ele acima de tudo é um grande artista.


Quando lançou Red Headed Stranger (1975), Willie Nelson já tinha mais de uma década de estrada e 17 álbuns nas costas. E mesmo que a country music não estivesse no auge da popularidade, o cantor/compositor chegara no ápice de sua carreira.

O disco é uma obra conceitual que narra a fuga de um homem que assassinou a esposa e seu amante. É liricamente uma história climática e divertida. No vinil da época, vinha acompanhada de um quadrinho. "Red Headed Stranger" é a faixa que amarra toda essa narrativa western.

A linda voz de Willie Nelson (de afinação e dicção perfeita), está muita acima da caricatura dos cantores country. Sua interpretação é tão boa que dispensa arranjos pomposos. Aqui temos a velha música americana acompanhada de violões (com direito a bons solos), gaita, piano e pontuada percussão.

Logo nas duas primeiras faixas do disco, já temos a amostra de duas linguagens da música country. "Time Of The Preacher" é melódica, dolorosa e esfumaçada. Por sua vez, "I Couldn't Believe It Was True" tem aquele ritmo contagiante perfeito para acompanhar batendo o pé. Ela é agitada, mas sem ser festiva.

"Blues Eyes Crying In The Rain" é um dos maiores sucessos do Willie Nelson e, consequentemente, da música country.  É não menos que emocionante a versão instrumental para a já na época centenária "Just As I Am". É interessante também encontrar no disco o toque latino de "Sobra Las Olas" e a levada honky-tonk ao piano em "Down Yonder".

Willie Nelson é o cancioneiro perfeito que alimenta nosso imaginário sobre o marginal caipira norte-americano. Eu adoro isso.

ACHADOS DA SEMANA: Geto Boys, E-40, Paris e Ram Jam

Durante essa semana, assisti os quatro episódios da segunda temporada da ótima série Hip-Hop Evolution da Netflix. Com isso, conheci alguns artistas bacanas que trago hoje ao blog.

GETO BOYS
Confesso não reconhecer características particulares tão evidentes do southern hip hop no som do Geto Boys, embora eles sejam precursores da cena local. Todavia, em cima de bases que poderia ser tanto do Public Enemy quanto do N.W.A. (e isso é um tremendo elogio), os MC's se destacam por ter cada um sua personalidade, embora a do Scarface realmente se sobressaia. Muito bom. Rap old school extremamente bem feito, violento e divertido. Grip It On That Other Level (1989) é um clássico de período.

E-40
Em tempos onde se fala tanto sobre flow, é legal conhecer o E-40. É impressionante como ele estica, atrasa, prolonga, acelera e caminha pelo seu fraseado vocal. Ele rima demais!

PARIS
Rapper voraz e de grande engajamento politico, tendo sido diretamente influenciado pelos Panteras Negras. Os álbuns The Devil Made Do It (1990) e Sleeping With The Enemy (1992) são uma paulada em todos os sentidos. Foda!

RAM JAM
Nem só de rap vive o homem. Durante essa semana descobri por acaso de quem é a música "Black Betty", um daquelas faixas de classic rock bacanas que todos conhecem e ninguém sabe de quem é. Não me interessei em ouvir o disco da banda, mas acho essa música legal. Tem ótimas levadas de bateria.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

TEM QUE OUVIR: LL Cool J - Mama Said Knock You Out (1990)

Em 1990 o hip hop estava efervescente. Diferentes cenas eclodiam por todo os EUA. Quem não estava em alta era o LL Cool J, rapper que muito havia contribuído para o desenvolvimento do estilo, mas que após fazer algumas concessões sonoras, aparentava ter perdido seu prestígio. Sendo assim, em seu quarto álbum, o clássico Mama Said Knock You Out, ele decidiu recuperar o posto de grande MC que é.


Lançado pela Def Jam, o álbum logo de cara apresenta "The Boomin' System", sampleando James Brown e com LL Cool J rimando com a autoridade de um dos precursores do rap.

Ainda que com um beat denso, não dá para negar a veia pop presente em "Around The Way Girl". Por outro lado, sua metralhadora verbal em "Mama Said Knock You Out" é tão arrebatadora que lhe rendeu o Grammy de melhor performance de rap.

Por trás do groove de "To Da Break Of Dawn" - vale lembrar que a faixa foi lançada enquanto single pela Motown -, havia na letra um forte ataque (diss) endereçado ao Mc Hammer e Ice-T.

É possível ainda destacar a quase rockeira "Mr. Goodbar" e tão dançante quanto marrenta "Illegal Search".

Voltando a abordar temas corriqueiros das ruas, Mama Said Knock You Out (1990) é o registro definitivo de um rapper inquieto em seu auge consideravelmente tardio. Não por acaso o veterano e prestigiado crítico Robert Christgau elegeu esse o melhor disco daquele ano.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

MINHA NAMORADA E MEUS DISCOS MERDA: Toys In The Attic, do Aerosmith

A Re não gosta rock. Talvez de uma banda ou outra (tipo Beatles ou Mutantes), mas no geral, o lance dela é mais música brasileira, rap e pop. Tá tudo bem, ninguém precisa gostar de nada. Todavia, gosto de provoca-la. Sendo assim, pedi para ela analisar um clássico do Aerosmith, já que o disco tem tudo que eu sei que ela não gosta (riffs básicos, sonoridade tradicional, vocais agudos...). Eu adoro (como vocês podem conferir clicando aqui). Já ela...

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por Rena Alves, do Maria D'escrita

Vou falar uma coisa para vocês, se tem uma oportunidade que o Juliano não perde é a de me zoar. Tava demorando demais pra ele me mandar um disco do Aerosmith, banda que eu acho cafonérrima. Mas quando eu aceitei escrever nessa coluna, eu automaticamente aceitei esse desafio né? E pensando bem ele poderia ter me dado um disco do Guns N’ Roses, o que seria realmente doloroso. Bom, vamos acabar logo com isso. A análise de hoje é de Toys In The Attic do Aerosmith.

A primeira música é um homônimo do disco. Animada, bem rockeirinho dos anos 90 que usa 
jaqueta de couro, mostra a língua e faz aquele símbolo com a mão que a Palmirinha adora reproduzir. Os pés do Steven Tyler voltam para o chão em "Uncle Salty", admito que ela nem é tão ruim. Ouvi inteira sem grandes problemas. "Adam’s Apple" é ótima para uma cena de filme em que o cara marrento sai de moto pelo deserto e para num posto para tomar uma lata de Coca-Cola num gole só. Não sei nem se acho ruim, só acho chato e caricato.

Opa! Eu adoro essa guitarra no começo de "Walk This Way". Não é dessa música que existe uma versão com o Run-D.M.C? Gosto só por isso.

Do nada parece que eu voltei algumas décadas e caí nos anos 50 com "Big Ten Inch Record". O que eles queriam com isso? Me poupe. Zoado!

"Sweet Emotion" já é uma parada mais zen(?) e eu começo a ficar confusa com esse disco. Até gostei do comecinho, mas quando o Steven começou a cantar eu me desanimei. A parte que fica repetindo “sweet emotion” é legal. Só isso.

"No More No More" é chata, mas se eu ouvir 3x fico cantando por uma semana. Preguiça de "Round And Round", acho que é a pior do disco todo. Como vocês ouvem esses caras?

Até que enfim chegamos na última música, "You See Me Crying", sinto cheiro de balada romântica, não suporto balada romântica, não suporto o Steven Tyler cantando, O QUE É ESSA COISA QUE ACONTECE AOS 2 minutos e 27 segundos? Ah gente, vocês tão de brincadeira! Eu me recuso a ouvir essa música até o final.

Nota do disco 6.5, mas descontando 0.5 da minha birra com a banda e 0.5 do stress em que me encontro hoje, eles fecham com 5.5. Se dê por satisfeito, Tyler.

ACHADOS DA SEMANA: Fantasy, Khan, The House Of Love e Oval

FANTASY
Para quem gosta do lado mais melodioso do rock progressivo, Paint A Picture (1973) do Fantasy é prato cheio. Disco bem bonito. Tem bastante mellotron.

KHAN
Bandaça do grande Steve Hillage. Lançaram um único álbum em 1972. É daqueles discos que ficam entre o hard rock e o progressivo. Pesado, bem composto e bem tocado.

THE HOUSE OF LOVE
The House Of Love (1988) é indicado para quem adora a sonoridade do pop/indie rock oitentista, mas não quer abrir mão de ótimas guitarras. 

OVAL
Fui procurar algum álbum precursor na sonoridade glitch e cheguei ao Systemisch (1996) do Oval. Ele é bastante denso e experimental. Ótima produção. Achei bem bom.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

TEM QUE OUVIR: Napalm Death - Scum (1987)

Alguns álbuns são verdadeiras pérolas do absurdo. Scum (1987) do Napalm Death é um exemplo. Outrora segmentado a um nicho de pessoas interessadas em sons extremos, hoje virou um clássico cult.


É verdade que em 1987 já havia o Slayer e até mesmo o Celtic Frost. Todavia, o Napalm Death trouxe uma atitude genuinamente podre e esporrenta para o metal, dando origem a subvertentes como o grindcore.

Muito do encanto presente no disco se deve a sua precariedade. É conhecida a história que boa parte do álbum foi gravado com o orçamento ridículo de 50 libras. Tamanha façanha se manifesta no som imundo do grupo. Por outro lado, a ótima arte grafica do disco, de autoria do Jeffrey Walker (Carcass) - contendo agentes do imperialismo envolto a uma família africana miserável e o logo de multinacionais capitalistas em meio a crânios - é uma marca do êxito estético daquela geração.

A abertura do disco com "Multination Corporations" mais parece um prefácio de algo terrível que está preste acontecer. Após um riff ríspido, um verdadeiro esporro não linear formado por guturais ofegantes e blast beat urgentes dominam "Instinct Of Survival".

"The Kill" inaugura as absurdas, divertidas e incompreendidas faixas de poucos segundos que tamanha força e dinâmica trazem ao estilo. A canção que sintetiza isso é a clássica "You Suffer", uma cacetada de 1 segundo.

A densidade contida nos timbres da música "Scum" beira o absurdo. Já "Polluted Minds" mais parece uma versão satânica do Bad Brains. "Sacrificied", por sua vez, é capaz de causar convulsão num ouvinte despreparado.

O lado B do disco traz a curiosidade de apresentar diferente formação. O resultado é ainda mais frenético. Os berros horrendos em "Life?" e "Pseudo Youth" são bizarros e versáteis. A bateria de "Negative Approach" é um guia de levadas para qualquer banda de metal extremo. "Success?" soa claustrofóbica de tão insana. John Coltrane ficaria confuso com as frases de guitarra em "Parasites".

Embora muitas vezes incompreensível, é importante também se atentar as criticas presente nas letras, vide o engajamento ambiental em "Point Of No Return" e a critica a direita conservadora em "C.S.".

Resumindo, um bagaceira esporrenta, energética, veloz, pesada e politicamente incisiva. Incomparável a qualquer disco de metal do período. Não por acaso até o John Peel adorou. Absurdo!

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

ACHADOS DA SEMANA: Ahmad Jamal, Oscar Peterson e Brad Mehldau

Essa semana, pesquisei superficialmente sobre alguns pianista que sempre leio o nome, mas nunca havia parado para escutar. Eis aqui algumas observações:

AHMAD JAMAL
Peguei o At The Pershing - But Not For Me (1958) e fiquei impressionando com sua qualidade ao criar belos motivos. Disco ao vivo, de improvisos deliciosos e que captam a atmosfera do ambiente.

OSCAR PETERSON
On The Town (1958), outro álbum ao vivo e do mesmo ano, esse mais intenso, vigoroso e até mesmo virtuoso. Adoro trios de jazz sem bateria. Alias, vale mencionar que o guitarrista é o Herb Ellis e o baixista é o Ray Brown. Nama mal, né! É legal também se atentar aos solfejos despirocados do Oscar Peterson durante seus improvisos. 

BRAD MEHLDAU
Como nunca havia escutado nada deste conceituado pianista, fui num território de conforto e ouvi seu disco em duo com o Pat Metheny. É lindo! Os "voicing" ao piano são primorosos. 

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

TEM QUE OUVIR: Ian Dury - New Boots and Panties!! (1977)

Ian Dury é daquelas figuras singulares na história da música. Dono de uma vida repleta de negativas vicissitudes, conseguiu em 1977, já aos 36 anos, lançar seu primeiro álbum.


Em meio ao efervescente cenário punk na Inglaterra, Ian Dury correspondia as demandas do estilo com sua atitude. Todavia, musicalmente o álbum é bem menos feroz. Isso fica nitido logo na ótima "Wake Up And Make Love With Me", onde a batida dançante e os sintetizadores da disco music ditam o ritmo lascivo da composição. Tais características se repetem na contidamente sacolejante "Clevor Trever".

A tradição das baladas do rock n' roll e a energia explosiva do estilo ecoam na espetacular "Sweet Gene Vincent", dona de variada e criativa dinâmica. É interessante também a atmosfera saloon/vaudeville de "Billericay Dickie".

Há um fundição entre a crueza do pub rock com um balanço pop bastante particular nas faixas "I'm Partial To Your Abracadabra" e "If I Was With A Woman" (essa última quase AOR). A execução destas canções demonstram que o Blockheads era uma banda bastante azeitada.

"My Old Man" é um dos pontos altos do lirismo do Ian Dury. Além disso, vale destacar a entorpecida linha de baixo do Norman Watt-Roy. Já o mais próximo que temos do punk rock neste disco são as divertidas e intensas "Blockheads" e "Plaistow Patricia".

É importante ressaltar que algumas prensagens do disco contam com a clássica "Sex & Drugs & Rock & Roll", um dos principais singles do período.

Lançado pela Stiff, New Boots And Panties!! é um retrato nada empoeirado de uma época de criatividade, atitude e urgência no rock.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

TEM QUE OUVIR: Itamar Assumpção (e banda Isca de Polícia) - Beleléu, Leléu, Eu (1980)

Em 1980, poucos anos antes do ensolarado BRock monopolizar a música pop/jovem brasileira, um bisneto de escravos angolanos nascido no bairro do Tiete lançou algumas das maiores pérolas da canção popular nacional. Obviamente me refiro ao Itamar Assumpção e seu disco de estreia, o cultuado Beleléu, Leléu, Eu.


Produzido de maneira independente pelo selo Lira Paulistana - reduto da tal Vanguarda Paulista -, o álbum traz a companhia da Isca de Policia, espetacular banda de apoio que tinha como grande diferencial um divertido e teatral coro feminino (mais uma vez vale lembrar, anos antes da Blitz).

Musicalmente o álbum parece uma desconstrução rítmica no reggae numa visão bastante brasileira. "Luzia" deixa isso mais que explicito. A métrica vocal da canção é extremamente criativa e sofisticada.

A tradição da canção popular se manifesta nas lindas "Fon Fin Fan Fin Fun" (de arranjo brejeiro nada ortodoxo), "Nega Música" (linda e criativa, mesmo em sua instrumentação compacta) e "Beijo Na Boca" (de genuinidade pop impressionante).

Existe uma poética cinzenta e urbana em "Baby" e nas auto-descritivas "Fico Louco" e "Nego Dito", sendo que o refrão desta última ecoa por todo o disco. A estranhice de vanguarda presente em "Embalos" serve como uma oxigenação para a música brasileira.

Clássico da MPB, do rock, da música alternativa, dos malditos, do pop não reconhecido... da Vanguarda Paulista.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

ACHADOS DA SEMANA: Botch, Taraf de Haidouks, Fantomas e Little Feat

BOTCH
O ótimo canal do YouTube, Deep Cuts, selecionou cinco importantes álbuns para entender o mathcore. Entre discos que eu adoro, em primeiro estava o We Are The Romans (1999) do Botch, que até então eu nunca havia escutado. É obviamente uma paulada absurda.

TARAF DE HAIDOUKS
Essa vai para aqueles que enaltecem o Dream Theater e o Rush por serem uma banda impecável ao vivo. E são mesmo, mas de uma conferida nesta execução. Obs: cheguei ao grupo via recomendação do Dave Lombardo.

FANTOMAS
Falando em Dave Lombardo, que puta disco é o The Directos's Cut (2001) do Fantomas, não?

LITTLE FEAT
O classic rock americano do meio da década de 1970 não costuma fazer a minha cabeça. Todavia, Waiting For Columbus (1977) do Little Feat é um tremendo disco ao vivo. Ótimas composições, banda azeida (com direito a arranjos de metal e ótimas guitarras), tudo muito caprichado. Um disco para curtir sem grande compromisso tomando cerveja. Pois é, as vezes bate um espirito tiozão em mim.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Introdução ao Noel Rosa

Já faz alguns meses que venho tentando destrinchar o Noel Rosa enquanto compositor. Me debruço em algumas de suas principais canções com o intuito de tentar captar seu raciocínio ao compor.

Deixarei aqui algumas das faixas que mais gosto caso alguém se interesse. Ouvir acompanhando a letra é uma das experiências mais enriquecedoras e prazerosas que a música pode proporcionar.

Seu Jacinto
Em tempo onde pobre acredita em estado mínimo, "Seu Jacinto" continua brilhantemente atual. Muito divertida.

Filosofia
Conheci na regravação do Chico Buarque. Uma composição verdadeiramente socrática. 

Coração
Fugindo da obviedade, Noel trata o coração enquanto órgão biológico, embora sem descartar seu lirismo através de metáforas muito bem estruturadas.

São Coisas Nossas
Uma letra cheia de ironia nacionalista em cima de uma linda melodia.

Quem Dá Mais
A faixa tem alguns dos versos mais absurdos do Noel Rosa. Escolhi meu predileto: "Quem dá mais por um samba feito nas regras da arte, sem introdução e sem segunda parte. Só tem estribilho, nasceu no Salgueiro e exprime dois terços do Rio de Janeiro".

Gago Apaixonado
Me desculpe Roger Daltrey, mas a melhor interpretação vocal gaguejada numa música é de Noel. Atente-se também para a "percussão" feita com um lápis nos dentes.

O "x" do Problema
Composição que ganhou vida na voz de Aracy de Almeida. A canção narra a história de uma mulher "convidada" a largar a boemia.

Conversa de Botequim
Definitivamente sua obra-prima. Sua métrica é criativa e letra descritiva sào precisas. Muito mais carioca que qualquer clássico da bossa nova.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

TOP 5: Discos clássicos que não gosto

O grande Gastão Moreira fez um vídeo bem legal em seu canal no YouTube (o Kazagastão) em que citou 5 discos que ele tentou gostar, mas não conseguiu. Na verdade, tá mais para "clássicos que eu não gosto". Vou roubar a ideia e listar os meus.


Nada na minha lista apresenta experiências sonoras muito complexas. Não trata-se de não gostar por não entender a obra. São discos que simplesmente não atendem minhas predileções sonoras.

Escolhi clássicos indiscutíveis. Todos venderam muito, são adorados e marcaram época.

Vale reforçar que essa é apenas a minha opinião. Listem os de vocês e deixem nos comentários.

Pink Floyd - The Wall
Uma das minhas bandas prediletas. Todavia, acho esse álbum pedante. Claro, tem "Comfortably Numb" e outras faixas magnificas, mas acho a experiência de ouvir o álbum na integra bem chata.

The Human League - Dare!
Esse disco foi fundamental para a inclusão dos sintetizadores na música pop. Todavia, devo confessar que acho os dois inventivos e obscuros trabalhos anteriores do grupo bem mais legais.

Def Leppard - Hysteria
Eu consigo curtir a produção polida do grupo até o Pyromania (1983), mas me incomoda a direção comercial presente nas composições do Hysteria.

Bon Jovi - Slippery When Wet
Até tenho na minha coleção e acho o Sambora um bom guitarrista, mas não encaro ouvir na íntegra. Acho extremamente datado e chato.

Slayer - Show No Mercy
Primeirão do Slayer, indiscutivelmente um clássico de thrash metal. Até entendo que ele tem uma urgência e uma inovação estética dentro do metal que seja válida, mas não curto tanto as composições e nem a produção. Por ser uma banda que adoro, ainda darei nova chance.