sexta-feira, 27 de abril de 2018

ACHADOS DA SEMANA: Big Youth, Elza & Miltinho, Mclusky e This Town Needs Guns

BIG YOUTH
Tentando fugir das obviedades do reggae (que para mim se resume ao Bob Marley), dei de cara com um disco sensacional: Screaming Target (1972). É uma cacetada.

ELZA & MILTINHO
Eu confesso, só agora fui ouvir a parceria da Elza Soares com o Miltinho. E é um espetáculo mesmo! Bastaria esse timbre e groove de chimbal para me deixar entusiasmados. É muito balanço! Alias, é o Wilson das Neves na bateria?

MCLUSKY
Diretamente do País de Gales, um hardcore com influência do Buffalo e Budgie. Essa "Lightsabre Cocksucking Blues" é uma pedrada.

THIS TOWN NEEDS GUNS
Estava pesquisando o início dessa incursão do emo pelo math-rock (com direito a guitarras complexas, repletas de tappings e arpejos em cascata). Cheguei ao disco Animals (2008) do TTNG, que me espanta eu não ter conhecido antes. Muito legal.

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Devaneios sobre o "fim do rock"

Semanas atrás, o sempre divertido poeiraCast fez um programa em que a pauta era "o rock está mesmo em baixa?". É um tema batido, que ora ou outra se repete, mas que sempre dá pano pra manga.

Ali foi abordada questões que não vou trazer para cá. Ouça o programa aqui e tire suas conclusões. O que vou deixar registrado aqui no blog é a resposta que dei ao podcast sobre o tema. Nela tem alguns pontos que valem a reflexão.


segunda-feira, 23 de abril de 2018

Pitacos sobre o show do Radiohead

Alguns shows eu assisto com doses equivalentes de prazer e indiferença. Foi assim com o Chico Buarque há pouco mais de um mês. Claro, ele é um excelente compositor e seu show é ótimo, mas não tenho muito a dizer além disso. Todavia, sobre a apresentação que o Radiohead fez ontem em São Paulo, me vem a vontade de reforçar alguns pontos.


Vale começar dizendo que nem mesmo a promoção "compre 1 leve 2" foi suficiente para lotar o Allianz Parque. Confesso achar natural. Não seria mesmo o single de "Creep" suficiente para levar mais de 60 mil pessoas ao estádio para um show hermético como o do Radiohead. 30 mil pessoas já me impressionam. As brechas livres e o público interessado mais no show do que no hype ajudaram a experiência no evento. Todavia, não estranhem se eles demorarem mais 10 anos para voltar ao Brasil.

Outro ponto foram os shows de abertura. Peguei o final do Aldo The Band, banda que, pelo pouco que ouvi, não me interessou, mas que no momento que adentrei o estádio fazia um esporro shoegaze interessante.

Depois veio o Junun, grupo de música indiana que tem em sua formação o Jonny Greenwood. Claro, não é das apresentações que melhor funcionam num estádio, mas ainda assim foi bem divertido e, até mesmo, psicodélico.

O mesmo vale para o espetacular DJ/produtor Flying Lotus, que conseguiu com seu espetáculo em 3D e canções de peso sônico fazer o tempo passar mais rápido. Rolou até mesmo sample de "Ave Lúcifer" dos Mutantes.

Ah, vale reforçar um ponto: sabe aquelas canções de classic rock que os ouvintes da KISS FM tanto adoram que ficam ecoando nos PA's antes dos shows? Coisas como "Back In Black" do AC/DC e "Sloud I Stay Or Shoul I Go" do The Clash. Pois então, aqui foram substituídas por músicas pianísticas minimalistas na linha do Philip Glass e músicas indígenas, daquelas mais tradicionais possíveis. Seria de alguma tribo brasileira? Fica a dúvida. Só sei que em certo momento, a célula rítmica de uma música me lembrou a introdução de "15 Step". Coincidência? De certeza somente que tais canções passaram pela curadoria do grupo, sendo somente assim justificadas.

Mas vamos logo ao que interessa: a apresentação do Radiohead. E é justamente aqui que a coisa beirou o absurdo.

Como em todos os shows da tour, eles abriram com a delicada "Daydreaming", fazendo pouco uso de iluminação e telões. Nada de abertura de show explosiva, o público teve que adentrar a banda através de uma balada ambient ao piano. Isso para logo na sequência vir a pesada (que grave absurdo!) "Ful Stop". Foi a primeira vez que vi ecoar um krautrock paranóico e repetitivo num estádio. Coisas que só o Radiohead consegue! A sequência com a dançante "15 Step" até ficou pequena perto das demais, sendo esmagada posteriormente pela estrondosa "Myxomatosis".

Aqui vale destacar a qualidade de som. Tudo com volume consideravelmente alto (ao menos nas cadeiras da arquibancada) e definição de timbres impressionante. Acho que foi a primeira vez que ouvi o som da esteira da caixa num show em estádio. Pode parecer bobagem, mas para apreciar o som do Radiohead, tais nuances são fundamentais. O fato de não haver pessoas conversando na platéia e nem celulares levantados tirando a concentração também contribuem para a imersão ao espetáculo.

As experimentações ruidosas e eletrônicas de "Bloom", "Everything In Its Right Place" (rolou um errinho no meio da música que levou o baterista Philip Selway parar e voltar no ritmo correto, não?), "The Gloaming", "Weird Fishes/Apeggi" e, principalmente, da excelente "Idioteque", que eu jurava perder força ao vivo, soaram impressionantes. Parece que a banda consegue reproduzir todas as texturas de estúdio ao vivo, só que com uma energia extra. Não foi difícil encontrar na platéia pessoas dançando em ritmos esquizofrênicos.

Das faixas guitarristicas e explosivas no começo da carreira, tivemos a excelente "My Iron Lung", uma prova definitiva de que o Radiohead é também uma grande banda de rock simples. "2 + 2 = 5" é mais um grande exemplo rockeiro da banda.

Jonny Greenwood fez o melhor uso de arco em guitarra da história (neste momento, foda-se o Jimmy Page) na linda "Pyramid Song", dona de um dos ritmos de pianos mais tortos na música pop. Entre as belas baladas destaco também "All I Need", "Exit Music (For A Film)" e a exuberante "Nude", com um show de iluminação e interpretação majestosa do Thom Yorke. Estranhamente, a ótima "No Surprises" não me causou grande emoção, embora o enigmático "Ninguém faz porra nenhuma por ninguém, e quem faz é jogado na cadeia" do vocalista tenha deixado algumas questões em aberto.

Agora devo salientar que paguei com a língua: sempre disse que considero o Radiohead mais "experimental" do que propriamente "triste", fama que rondeia o grupo desde "Creep". Todavia, não é que a tristeza me dominou em "Let Down" e na derradeira "Fake Plastic Tree". Assumo que deixei algumas silenciosas lágrimas. Acontece.

A clássica/espetacular "Paranoid Android", que arrisco dizer ser a melhor composição da banda, também não fez feio no fim do show. Um final apoteótico que ficará na minha memória durante muito tempo. Um dos melhores shows que já vi em estádio. Um dos melhores de uma banda que emergiu na década de 1990. Um dos melhores grupos da história.

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*Algumas observações após ler a experiência de outras pessoas no show:

Li muitas pessoas reclamando da qualidade do som e, até mesmo, da baixa altura do palco, que dificultou a visão de quem estava na pista comum. Acredito que tudo seja realmente possível. É lamentável pessoas pagarem caro pelo ingresso e não poderem usufruir do espetáculo em toda sua magnitude. Por sorte, nas cadeiras não tive o mesmo problema.

Algo que constatei e que havia esquecido de salientar é que, apesar do público ao meu redor estar em silêncio, os vendedores com seus "cerveja e água gelada, aceitamos cartão" realmente roubam um pouco a atmosfera do espetáculo. Todavia, honestamente, encarei com paciência e naturalidade esse problema. Até ri quando no meio do show hipnótico do Junun um vendedor emulando o canto indiano gritou "achei que era show de roooock, comprem minha cerveeeeeeja". Inaceitável foi pagar 12 reais numa itaipava choca.

Sobre os telões, achei tudo lindo (exceto a parte que deu pane, claro). Prefiro as projeções e o visual que ele causou ao show junto da iluminação, do que simplesmente focar na cara do Thom Yorke. Entendo quem estava longe e achou ruim, mas não foi o meu caso.

Sobre o setlist nem tem muito o que opinar. Tenho minhas preferências, mas sou a favor da banda apresentar o que ela quiser. Não dá para agradar todos. Eu trocaria uma música ou outra, mas aí é mera questão pessoal. No geral eu adorei.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

ACHADOS DA SEMANA: Babes In Toyland, Eliete Negreiros, Herbie Hancock e Hatfield And The North

BABES IN TOYLAND
Essa semana eu estava assistindo o documentário 1991: The Year Punk Broke, que contém imagens de uma tour europeia do Sonic Youth ao lado do Nirvana, Dinosaur Jr., Mudhoney e, dentre outras bandas, Babes In Toyland, um grupo de garotas explosivo. Ouvi o disco Spanking Machine (1990) e achei bem bom!

ELIETE NEGREIROS
Curte o som da vanguarda paulista? Procure então o disco Outros Sons (1982) da Eliete Negreiros. É uma pérola obscura do período.

HERBIE HANCOCK
No auge da minha ignorância, devo assumir que nunca tinha escutado o disco Empyreans Isles (1964) do Herbie Hancock. É uma das mais impressionantes amostras da interação entre músicos e improvisos jazzisticos que eu já ouvi na vida. Freddie Hubbard voa no álbum. Espetacular!

HATFIELD AND THE NORTH
A sempre surpreendente cena de Canterbury.

quinta-feira, 19 de abril de 2018

TOP 12 - RADIOHEAD

Post dessa semana no Maria D'escrita

Neste fim de semana teremos show do Radiohead no Brasil. Vou poupar elogios prévios ao grupo e apresentar de imediato uma lista com 12 músicas. Era pra ser 10, mas as 12 abaixo saíram de maneira tão fluida que achei besteira cortar duas.

Nenhuma grande novidade ou absurdo, é apenas uma lista pessoal em meio a tantas músicas maravilhosas. Para não complicar muito a minha cabeça ao fazer escolhas impossíveis, mantive em ordem cronológica.


Anyone Can Play Guitar
Da fase inicial, em que a banda não tinha ainda aderido as grandes experimentações e o enfoque era nas guitarras, "Anyone Can Play Guitar" é minha faixa predileta. Sua introdução traz as guitarras típicas do indie rock noventista. Já o pré-refrão empolgante, preparando para um refrão mais empolgante ainda - com carinha de abertura de série juvenil americana -, parece feito para todos cantarem a plenos pulmões. Acho demais!

The Bends
Após uma introdução reconhecível já no primeiro acorde, com um "heyyy" resmungado delicioso de cantar junto e algumas das guitarras mais legais da banda, eis um dos melhores refrões noventistas. Chega a lembrar a primeira fase do Wilco. Alias, tudo nessa época meio que se parece (e eu costumo adorar tudo).

Airbag
Queria ter tido a experiência de em 1997 colocar o Ok Computer para tocar e perceber "nossa, tão diferentes, não?". Um riff apoteótico, seguido de frases de baixo cheias de pausa e uma letra surreal sobre a alegria de sobreviver a um acidente de carro. Começou aqui o brilhantismo da banda para escolher grandes faixas de abertura em seus discos.

Paranoid Android
Possivelmente a melhor música do Radiohead. Tem de tudo: a guitarra climática (e também a guitarra estrondosa, com direito a um dos melhores solos da década de 1990), o canto etéreo cheio de falsetes, uma letra surrealista e um "rain down" vagaroso, fúnebre, cósmico... definitivamente uma espetacular composição!

Exit Music (For A Film)
O Ok Computer tem um punhado de lindas canções dolorosas que caberiam nesta lista (vide as clássicas "Let Down", "Karma Police", "No Surprises", "Lucky" e "The Tourist"). Hoje, sem nenhum motivo especial, "Exit Music (For A Film)" falou mais alto.

Everything In Its Right Place
Aqui o caldo entortou de vez! Uma letra abstrata num arranjo esquisito, extremamente moderno, tão dançante quanto bucólico. Uma faixa enigmática que muito exemplifica as peculiaridades da banda.

The National Anthem
Uma linha de baixo gordurosa repetida por quase 6 minutos em cima de um ritmo hipnótico derivado do krautrock e uma sequência de trombones e saxofones amontoados como se fossem uma colagem. Delirante.

How To Disappear Completely
Sempre considerei o Radiohead uma banda mais ousada e experimental do que propriamente "triste". Mas aqui é triste mesmo. Esse walking bass carregando o canto choroso do Thom Yorke, bate lá no fundo. No meio deste estupendo arranjo crescente, lá pelos 5'22'', quando tudo se aquieta, deixando a melodia vocal sobressair, chega a me dar um aperto no peito.

2 + 2 = 5
Um 7/4 ligeiro, quase dançante, se não fosse o canto surreal e desesperançoso. Isso tudo para no fim virar uma enorme canção explosiva. É a "volta" do Radiohead ao "rock".

Myxomatosis
Ritmo estranhíssimo e um dos timbres de guitarra/baixo mais ferozes, ásperos e densos que já ouvi. Acho seu "I. Don't. Know. Why. -I-Fell. So. Tongue. Tied" divertidíssimo. É quase um "corram atrás da gente para cantar essa única parte que faz sentido dentro da música".

15 Step
Um 5/4 altamente dançante (adoro esse timbre esquelético de bateria), seguido por um frenético jeito de ser do Thom Yorke e uma linda harmonia de guitarra. A parte da ponte, quando entra o baixo, é tão esquisitinha quanto bela.

Nude
Uma das canções mais bonitas e dolorosas do Radiohead. Definitivamente isso não é pouca coisa. Linda melodia e interpretação do Thom Yorke. Falsete primoroso!


*Obs: Fui fazendo e deixei de fora "Idioteque". Falha minha. Agora já era.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

TEM QUE OUVIR: Robson Jorge & Lincoln Olivetti - Robson Jorge & Lincoln Olivetti (1982)

Fale com Ed Motta, Lulu Santos, Roberto de Carvalho e tantos outros grandes nomes do pop brasileiro e todos apontarão como referência o álbum do Robson Jorge & Lincoln Olivetti lançado em 1982.


Quando o disco saiu, Robson Jorge já era um dos mais requisitados músico de estúdio (excelente guitarrista), tendo trabalhado com Gal Costa, Tim Maia, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Rita Lee e Moraes Moreira. Todos naquela fase "pop" da virada dos 70 para os 80. Todos em parceria do Lincoln Olivetti, um arranjador e produtor de enorme talento, embora a critica o acusasse pasteurizar a MPB ao criar "mecanismos musicais" voltado a ascensão comercial destes artistas. Passado décadas, hoje seu nome é uma grife que sublinha discos soberbos.

Voltando a essa obra específica, como se não bastasse os nomes que assinam o trabalho, o álbum ainda reúne músicos como Jamil Joanes (baixista icônico da Banda Black Rio), Peninha (percussionista que anos depois integrou o Barão Vermelho), Oberdan (saxofonista também da Black Rio), dentre outros nomes dos metais da região de Padre Miguel. Até o Tony Bizarro dá as caras.

E o que encontramos no disco? Uma mistura acachapante do clima solar carioca com influência do pop internacional, da soul music, funk, disco music, AOR e tudo mais que fosse bem tocado e dançante.

O arranjo de "Jorgea Corisco" já entrega que a música ali feita não tinha nada de amadora. As melodias vocais e os timbres sintetizados são de beleza e complexidade apaixonante. O mesmo vale para o tema divertidíssimo de "Aleluia", com destaque para os metais.

É possível reconhecer um pouco do BRock que explodiria anos depois no groove de baixo de "No Bom Sentido" e na energia de "Fá Sustenido". Já "Pret-À-Porter" é completamente AOR, como até então não tínhamos ouvido no Brasil. Dada as proporções, chega até mesmo a remeter o Steely Dan.

E o disco ainda têm outros grandes momentos, vide o balanço e as melodias de "Squash", "Ginga" (excelentes metais) e "Alegrias" (espetaculares linhas de baixo e guitarra).

Em nenhum outro momento a música instrumental brasileira soou tão POP (com letras garrafais). Em nenhum outro momento o pop brasileiro foi tão bem tocado e arranjado.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

ACHADOS DA SEMANA: Pedro Santos, Alice Coltrane, Poco e Klaus Nomi

PEDRO SANTOS
Somente essa semana parei para escutar o cultuado Krishnanda (1968) do Pedro Santos. Superou minhas expectativas. É tudo muito bem arranjado e bonito. Tem até certa dose de experimentalismo. Impressionante para a sua época.

ALICE COLTRANE
Ao acordar, evite estações de rádios e emissoras de TV. Ouça Alice Coltrane, em especial o clássico Journey In Satchidananda (1871). É capaz que cure doenças. Jazz, música erudita e indiana numa coisa só. Pharoah Sanders brilha.

POCO
Caramba, que discão é o Pickin' Up The Pieces (1969) do Poco, banda do Jim Messina e Richie Furay após deixarem o Buffalo Springfield. Country rock alto astral, com excelentes passagens de guitarra.

KLAUS NOMI
Ah, os anos 80. É vanguardista, é bizarro, é burlesco... É demais!

quinta-feira, 12 de abril de 2018

TOP 5: Theremin

Dias desses a Reninha manifestou interesse em aprender um instrumento. Sugeri vários: baixo, violoncelo, violino, piano e guitarra foram alguns. Ela insistia em instrumentos de percussão e eu tentava encoraja-la a algo mais "melódico". No fim, ela mesmo desistiu do assunto. Como tentativa final, propus um instrumento "fácil", "barato", peculiar e charmoso: sugeri a ela tocar theremin! Só faltou ela tacar objetos em mim. Com olhar tão indignado quanto furioso ela me perguntou: "que raio de instrumento é esse?!". Busquei um vídeo qualquer no YouTube e mostrei. Foi o suficiente para ela achar que estava zuando com a cara dela.

Dito tudo isso, farei justiça a esse instrumento que, ok, não é dos mais ricos, mas tem peculiaridades extremamente interessantes. Seu timbre, a interação do músico com o instrumento, sua história... o theremin é incrível! Tanto que citarei cinco momentos bacanas do instrumento. Os primeiros que vierem a cabeça, embora confesso não lembrar de muitos outros. Ignorância minha, claro. Sem dúvida ele foi muito usado na música erudita, na música de vanguarda, eletrônica, trilhas sonoras e certamente na música popular (do jazz ao rock). Deixo aqui até mesmo o nome da virtuosa Clara Rockmore, que faz o instrumento parecer um canto lírico. É uma beleza!

Sem mais papo furado, vamos para a lista:

01: Pato Fu - Eu
A primeira vez que vi um theremin foi no clipe da música "Eu" do Pato Fu (composição, na verdade, da ótima banda Graforréia Xilarmônica). O instrumento é apresentado no vídeo pelo André Abujamra. É sensacional. Eu adorei de cara.

02: Bernard Hermann - Prelude: The Day The Earth Stood Still
O som do theremin é, se bem usado, espetacular na criação de climas de terror, suspense e ideias futuristas. Pensando nisso, Bernard Hermann, o célebre compositor que trabalhou com o diretor Alfred Hitchcock, fez uso do instrumento em algumas situações bem legais. 

03: The Beach Boys - Good Vibrations
O momento mais emblemático do theremin na música pop. Só mesmo o Brian Wilson para transformar um timbre tão fúnebre em algo solar. Dispensa maiores comentários.

04: Led Zeppelin - Whole Lotta Love
Confesso não ter mais saco para os devaneios de Jimmy Page ao theremin, mas é um clássico!

05: Portishead - Mysterons
O theremin sempre enigmático, sexy e proporcionando sedutoras melodias.

Exposto tudo isso, é impossível não querer tocar o instrumento.

terça-feira, 10 de abril de 2018

TEM QUE OUVIR: Can - Ege Bamyasi (1972)

É comum sentirmos influência do krautrock em muitas bandas do rock alternativo. Isso se revela não necessariamente via as experimentações dos grupos alemães, nem via o uso de elementos eletrônicos, mas principalmente através do ritmo hipnótico que ficou conhecido como motorik. O trabalho que é a fonte primária dessa tendência é o espetacular Ege Bamyasi (1972) do Can.


Um ano antes, o Can já havia produzido o experimental Tago Mago, disco importante, mas inegavelmente de difícil imersão. Não que o Ege Bamyasi seja um diluição da proposta anterior, mas aqui tudo parece tão bem amarrado que sua apreciação é fluída, a começar pela desconcertantemente grooveada "Pinch".

A abordagem repetitiva encontrada neste disco gera um efeito altamente psicodélico. Isso se deve principalmente ao monstro da bateria Jaki Liebezeit e, ao cabeça do grupo, o baixista/produtor Holger Czukay. Neste combo, não dá também para ignorar os delírios vocais do Damo Suzuki, vide sua performance na maluca (e longa) "Soup".

A repetição rítmica de "One More Night" chega a ser dançante. Mas nada se equipara a "Vitamin C", um clássico do absurdo, com seu crescente arranjo abstrato.

A influência do álbum se faz valer no sample da linda "Sing Swan Song" em "Drunk And Hot Girls" do Kanye West e até mesmo ao nome da banda do Britt Daniel, claramente inspirada pela transcendental "Spoon". 

Stephen Malkmus, Thurston Moore, Thom Yorke, James Murphy e Geoff Barrow são outros que citam a obra como referência. Não por acaso é possível ouvir lampejos deste rock alternativo noventista na ótima "I'm So Green".

Na sequência, a banda ainda faria o espetacular Future Days (1973), mas ai é história para um próximo "Tem Que Ouvir".

domingo, 8 de abril de 2018

ACHADOS DA SEMANA: Cassiber, Paulinho Tapajós, Burning Spears e Medeski Martin & Wood with Nels Cline

CASSIBER
O maneiro de assistir um bate-papo do Massari com o Thunderbird é conhecer bandas como essa:

PAULINHO TAPAJÓS
Li sobre o relançamento do disco homônimo lançado em 1974 pelo Paulinho Tapajós e fui ouvi-lo. É uma maravilha! Em alguns momentos é do nível do Chico Buarque.

BURNING SPEARS
Marcus Garvey (1975), clássico do reggae por vezes pouco lembrado.

MEDESKI MARTIN & WOOD with NELS CLINE
Quando um dos mais talentosos guitarristas da atualidade encontra esse brilhante trio de jazz contemporâneo, só pode vir coisa boa. Assisti no BIS.