quarta-feira, 14 de junho de 2017

TEM QUE OUVIR: Serge Gainsbourg - Histoire de Melody Nelson (1971)

Poucos homens são páreo para Serge Gainsbourg. Cantor, compositor, cineasta, pintor, provocador e "galã-feio", o artista francês chamou atenção devido sua relação com a musa das musas, Brigitte Bardot. Abandonado por ela, afagou a tristeza na bebida e renasceu através de um novo amor, novamente com uma beldade, a Jane Birkin. De tal relação amorosa (ou apenas explicitamente sexual) veio o hit pornô-kitsch, "Je T'Aime... Moi Non Plus" (1968). Todavia, a parceria rendeu mais que a pioneira e maliciosa "canção de motel", sendo o álbum Histoire de Melody Nelson (1971) um clássico do yé-yé, o tipico pop francês.


A linda capa - que mais parece um pôster de filme -, contendo a jovem Jane Birkin de topless abraçando um macaquinho de pelúcia, é o primeiro ato erótico da obra. Musicalmente, o épico "Melody" eleva ao limite o potencial sexy que uma canção pode alcançar.

Com arranjos do maestro Jean-Claude Vannier, todo a magia musical de Gainsbourg ganha a força de enormes orquestrações, além da densidade delirante das guitarras tocadas pelo lendário Big Jim Sullivan, o ritmo hipnótico da bateria do Dougie Writh e os baixos opacos do Herbie Flowers.

Intercalando entre o canto ao pé do ouvido e suspiros orgasmáticos, está a interpretação maravilhosa - tanto de Serge quanto de Jane - em "Ballade de Melody Nelson". Muito mais galanteador que meramente carnal é o clima criado na dobradinha "Velse de Melody" e "Ah Melody".

Em meio a gargalhadas e gritinhos lúbricos, Jane parece se deliciar no clima funkeado de "En Melody". Tudo é arrebatado na grandiosa "Cargo Culte", com direito a coro de vozes celestial.

O disco não vendeu muito, mas com o passar dos anos foi sendo redescoberto, sendo hoje um cult, amado por integrantes do Air, Beach House, Franz Ferdinand, além de Nick Cave, Beck, David Holmes e Edgard Scandurra.

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