quarta-feira, 21 de junho de 2017

TEM QUE OUVIR: Norah Jones - Come Away With Me (2002)

De tempos em tempos surge na música POP algo surpreendente. Come Away With Me (2002) da Norah Jones foi um desses momentos. Por mais que muitos considerem o álbum inofensivo, sua ascensão em meio a um mercado infestado de cópias da Britney Spears foi um espanto.


Sem dançar, ao piano e com canto contido, o álbum revela logo de cara o hit jazzistico "Don't Know Why", assegurando ao disco 10 milhões de cópias somente nos EUA, sendo a artista da icônica gravadora Blue Note a mais vender um disco. Aqui no Brasil, foi até trilha sonora de novela.

Mas a obra apresenta um leque sonoro ainda mais variado. Sendo filha do ícone da música indiana Ravi Shankar, Norah Jones encanta e surpreende ao mapear sonoramente a música ocidental. As divas da música folk parecem encarnar em sua doce voz em "Seven Years". Já em "Cold Cold Heart" ela traz ao século XXI a música de Hank Williams, ainda que invocando sonoridades acústica do inicio do jazz. Alias, fica o destaque para a produção orgânica e enxuta de todo o disco, feita no auge das evoluções tecnológicas de gravação.

Outro compositor revisitado é Hoagy Carmichael, vide a esplendida "The Nearness Of You", onde em cima de bela harmonia, Norah parece soprar em nossos ouvidos a letra da canção. É não menos que maliciosa a interpretação de "I've Got To See You Again", feito originalmente para uma stripper.

Entre outros destaques está o convite sexual "Come Away With Me", a apaixonante "Turn Me On" e "The Long Day Is Over", com direito a delicada guitarra de Bill Frisell.

Nem tanto ao POP, nem tanto ao jazz, Norah Jones seguiu um caminho próprio de muitíssimo bom gosto. Quem dera toda música de valor questionável fosse assim.

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