quinta-feira, 8 de junho de 2017

TEM QUE OUVIR: Lulu Santos - O Ritmo Do Momento (1983)

Quando se fala em rock nacional, a cabeça da maioria das pessoas vai direto para a década de 1980. Claro que o gênero já existia no Brasil desde muito antes, mas é verdade também que foi nos anos 80 que ele se consolidou no mercado, sendo um reflexo da cultura pop jovem.


Se grupos como João Penca & Seus Miquinhos Adestrados e Blitz já sinalizavam para a nova onda, foi Lulu Santo que deu o polimento (e refinamento) estético ao estilo e consagrou o BRock como algo possível.

Com 30 anos nas costas, Lulu era jovem demais para ser hippie e velho demais para ser punk. Foi progressivo no supergrupo obscuro Vimana (que tinha também Ritchie e Lobão), mas não alcançou sucesso. Se encontrou ao estourar em Tempos Modernos (1982).

Lançado um ano depois, O Ritmo Do Momento (1983) é muito melhor acabado. Mérito do produtor Liminha, que após voltar de uma viagem dos EUA - onde masterizou o álbum Luar do Gilberto Gil -, chegou repleto de equipamentos, desenvolvendo uma sonoridade ainda não vista no Brasil.

Com um livro guia de composição e muito talento, Lulu deixou (um pouco) de lado sua virtuosidade guitarristica em prol da música pop, criando verdadeiros hits. Logo de cara "Advinha O Que", dona de um groove irresistível. Na sequencia temos "Um Certo Alguém", de harmonia elaborada, belo arranjo de guitarras (ótimos slides, bom riff), estupenda linha de baixo e refrão envolvente.

Assim como a capa do disco, "Você Teima" é a completa apropriação da new wave pelo Brasil, uma ainda novidade em terras tupiniquins. Todavia, o grande sucesso foi "Como Uma Onda - Zen Surfismo", que se por um lado é um bolero cafoníssimo, por outro embalou muita rodinha de violão envolto a fogueira no Rio de Janeiro da época.

Entre outros destaque estão a divertida "Chicana" (ótimo solo de guitarra!), a instrumental "Tudo Mais" e a dançante "O Ritmo do Momento", todas trazendo como banda de apoio músicos como Ivan Mamão Conti e Serginho Herval (bateria), Leo Gandelman (sax), além do próprio Liminha (baixo).

A partir daqui Lulu virou guru de uma geração. Produziu Titãs e Kid Abelha, foi enaltecido pelos Paralamas e é ainda hoje um dos grandes artesãos de sucessos, goste você ou não.

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