quinta-feira, 27 de abril de 2017

ACHADOS DA SEMANA: Brainiac, Fever Ray, Jesters Of Destiny e Lift To Experience

BRAINIAC
Tá rolando um financiamento coletivo para um documentário sobre essa banda que até então nunca tinha ouvido falar. No filme terá depoimentos de caras como Steve Albini, Kim Deal e Jim O'Rourke. Corri para ouvir e achei estranhamente fodão! Destaque para o álbum Bonsai Superstar (1994).

FEVER RAY
Me dei conta que o Anthony Fantano tem escolhido desde de 2009 seus discos prediletos de cada ano. Justamente o de 2009 era o único que não conhecia. Fui ouvir e confesso que não fez minha cabeça. The Knife me soa bem mais interessante.

JESTERS OF DESTINY
Tem quem diga que essa banda representa o pilar do metal alternativo. Não sei se faz muito sentido, mas que seu primeiro disco é bem legal, isso é. Tem traços de rock progressivo e pop na mesma proporção.

LIFT TO EXPERIENCE
O André Barcinski fez um texto sobre essa curiosa banda que nunca tinha ouvido falar. Seu disco The Texas-Jerusalem Crossroads (2001) é um épico sobre o juízo final com elementos de psicodelia, shoegaze e folk. É demais!

quarta-feira, 26 de abril de 2017

MINHA NAMORADA E MEUS DISCOS MERDA: Ambient 1: Music For Airports, do Brian Eno

Tentei sacanear a Renata e dar um dos discos mais monótonos que já ouvi. Incrivelmente foi o que ele mais gostou.

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por Rena Alves, do Maria D'escrita

Apesar do álbum ter apenas 4 faixas, Ambient 1: Music For Airports é longo. As faixas vão de 8 a 17 minutos e o trabalho é totalmente instrumental.

Pela primeira vez falarei da obra como um todo e não analisando faixas, isso porque, na minha concepção, nesse caso é impossível analisar as faixas separadamente. "1/1", "2/1", "1/2" e "2/2" me fizeram despertar um “gostinho” pela música instrumental. 

Na maioria das vezes eu fico angustiada ou entediada com músicas assim. Curiosamente, o álbum de Brian Eno não só me deixou relaxada como também me manteve calma. As músicas trabalham diferentes sonoridades em cada uma, mas todas me deram a impressão de ter um momento etéreo. Acredito que se eu ouvisse as músicas antes de dormir eu ia sonhar que pulava em nuvens.

Porém, o tempo que tive para analisar o disco foi no trajeto entre o trabalho e a faculdade. Um trajeto longo, feito a pé depois de um dia cansativo. Coincidência ou não, me senti menos cansada e cheguei à aula com mais disposição para participar das discussões.

É claro que vocês sabem que não sou capaz de nenhuma análise técnica, mas acredito que Ambient 1 não foi feito só para aeroportos, mas para todas as idas e vindas do nosso cotidiano. O trabalho é lindo.

terça-feira, 25 de abril de 2017

TEM QUE OUVIR: Saxon - Wheels Of Steel (1980)

1980 foi indiscutivelmente a década do heavy metal. Em meio a ascensão comercial do estilo, muitos foram os discos clássicos lançados. Na Inglaterra, bandas como Iron Maiden, Def Leppard e Venom comandavam a segunda onda do heavy metal britânico, o que ficou conhecido como New Wave Of British Heavy Metal (NWOBHM), nada mais que uma repaginada ao que a geração anterior de Black Sabbath, Led Zeppelin e Deep Purple já havia começado. Todavia, foi um outro grupo que sempre saltou aos ouvidos dos jovens e fiéis headbangers. Me refiro ao Saxon, que entre tantos bons discos, tem em seu segundo, Wheels Of Steel (1980), a definição sonora genuína do estilo.


O álbum não faz qualquer tipo de concessão a quem não se interessa por heavy metal. Tudo o que encontramos aqui são faixas para balançar a cabeça bebendo cerveja barata e infringindo a lei dirigindo em alta velocidade, a começar pela intensa "Motorcycle Man". Uma caricatura do estilo, mas que casa perfeitamente com a atmosfera criada pela banda.

Com a herança melódica típica dos ingleses, o vocalista Biff Byford despeja sua competência nas excelentes "747" (ótimo trabalho de guitarras!) e na cadenciada "See The Light Shining". Todavia, é preciso lembrar que o punk rock havia acabado de deixar sua marca, sendo sua velocidade sentida nas energéticas "Freeway Mad" e "Street Fight Gang". Isso, claro, sem abandonar a destreza técnica, vide a execução precisa em "Machine Gun".

"Stand Up And Be Counted" é puro rock n' roll, só que com um peso extra. Tal característica já vinha sendo explorada pelo Motörhead, mas se aperfeiçoou na NWOBHM. Não demorou para grupos anteriores ao movimento embarcarem na sonoridade, vide o Judas Priest.

Vale ainda se atentar ao apelo quase "pop" (com tempero de Beatles até) em "Suzie Hold On". Adoro sua melodia, dinâmica e solo de guitarras gêmeas. A faixa prevê sonoramente muito dos momentos comercialmente mais exitosos do heavy metal nos anos seguintes. 

Posteriormente o Saxon deu uma pasteurizada no som, tentando adentrar o mercado americano. Sendo assim, é mesmo Wheels Of Steel a obra definitiva da banda.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

ACHADOS DA SEMANA: Demented Are Go, The Graham Bond Organisation, Hank Williams Jr. e James Taylor

DEMENTED ARE GO
Percebi que o máximo que conhecia de psychobilly era o Cramps. Então entrei numa fase de pesquisar (e curtir) o gênero. O primeiro disco dessa banda é um clássico.

THE GRAHAM BOND ORGANISATION
Um malucaço seguidor de Aleister Crowley em companhia de Jack Bruce e Ginger Baker? Me interesso!

HANK WILLIAMS JR.
Quando um cara como o Jimmy Bower (Down, Eyehategod, Crowbar e Superjoint Ritual) diz adorar um disco de country, eu corro pra ouvir. E não é que é bacana.

JAMES TAYLOR
Ele veio no Brasil e não dei a mínima. Logo depois me deu uma pequena bad por não ter ido ao show. Tô amenizando ouvindo seus discos. Tem músicas xaropentas, mas também muita coisa boa. Tudo muito bem tocado e produzido.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Os índios na música pop

Hoje é "Dia do Índio". Num país que ignora a demarcação das terras indígenas, venho humildemente homenagear esse povo que tem sua cultura e direitos aniquilados diariamente.

Todavia, não postarei nada de música folclórica/tradicional, o lance aqui vai ser os índios tomando de assalto a música pop mundial. Veja abaixo alguns exemplos interessantes:

Charley Patton
Um dos alicerces do delta blues e, consequente, da música popular norte-americana, Charley Patton traz muito da África no seu som, mas também dos nativos americanos. Basta ouvir com atenção para perceber.

Redbone
Quarteto formado exclusivamente por indígenas. Chegaram a fazer algum sucesso, sendo "Come And Get Your Love" um super hit.

XIT
Banda americana composta somente por indígenas. O visual do grupo e o peso quase tribal da músicas tem muito da cultura de seu povo. Saiu pelo selo do Earth Wind & Fire. O nome significa "cruz".

Indigenous
Banda de blues da Dakota do Sul. Surgiu no final da década de 1990 e existe até hoje. Quem curte Stevie Ray Vaughan vai curtir.

Los Lonely Boys
Um blues pop com referências latinas de boa qualidade. O ótimo guitarrista Henry é indígena. A música "Heaven" chegou a fazer bastante sucesso.

Blackfoot
Banda formada por descendentes de nativos americanos. Chegou a fazer sucesso na Inglaterra, principalmente entre o público de heavy metal. Eles tem uma cultuada "trilogia animal", lançada entre os anos de 1979 e 1981.

Buffy Sainte-Marie
Cantora e violonista folk canadense que fez bastante sucesso, tendo inclusive sido gravada pelo Elvis Presley. O álbum Illuminations (1969) é bem interessante, principalmente por unir ótimas passagens de violões com experimentações eletrônicas ainda embrionárias.

Willie Dunn
Outro nome canadense da música folk que dedicou grande parte da sua obra aos direitos dos nativos e contra o colonialismo foi o Willie Dunn. Sua voz é poderosíssima.

Link Wray
Ao que consta, Jimi Hendrix era descendente de indígenas. Todavia, como a música dele todos já conhecem, venho lembra de outro guitarrista filho de índios. Me refiro ao grande Link Wray, o pai da guitarra rebelde.

Jesse Ed Davis
Falando em guitarra, lembro também do espetacular Jesse Ed Davis, exímio guitarrista que influenciou até mesmo Duane Allman. Fez carreira acompanhando Taj Mahal, chegou a dividir os palcos com o George Harrison e participou de gravações do John Lennon.

Jimmy Carl Black
Guitarrista do Mothers Of Invention. Na música "Are You Hang Up" ele chega até mesmo a mandar a frase: "Hi Boys and Girls, I'm Jimmy Carl Black and I'm the Indian of the group".

Los Jaivas
Na América do Sul, mais precisamente no Chile, é impossível desassociar grupos como o Los Jaivas da cultura andina.

Testament
Os nativos tem no thrash metal americano o Chuck Billy como um de seus representantes.

Anthrax
Os nativos tem no thrash metal americano o Joey Belladona como outro representante.

Randy Castillo
Mesmo em sua pior fase, o Ozzy Osbourne sempre esteve cercado de excelentes instrumentistas, vide o baterista Randy Castillo, que brilhava no final da década de 1980 ao lado do despirocado ex-Black Sabbath. Muito dizem que o som estrondoso do baterista tinha muito de sua herança tribal indígena.


Acho legal também deixar registrado a influência que a cultura indígena teve na obra do Neil Young, vide o nome de sua banda (Crazy Horse), seus colares, totens nos palcos e até mesmo o disco Zuma (1975). Essa influência também se faz presente nos Doors e no The Cult.

Já no Brasil, o quão próximo chegamos da cultura indígena? Capa de disco da Gal Costa? "Cachimbo da Paz" do Gabriel Pensador? Roots do Sepultura? "Um Índio" do Caetano Veloso? "Tribo Dos Carajás (Arauña Açu)" do Matinho da Vila? Acho que é o Frankito Lopes, o índio apaixonado.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Achados do livro "Discoteca Básica"

Tempos atrás comprei o livro "Discoteca Básica - 100 Personalidades e Seus 10 Discos Favoritos" (Zé Antonio Algodoal). Era pra ser apenas um livro de mesa, pra virar página e, quem sabe, engatilhar uma conversa com os amigos. Todavia, bitolado que sou, desembestei a ler e caçar os discos que mais me pareciam interessantes. Aqui vai um curto relato da minha visão sobre os tais álbuns, ignorando a opinião de quem os citou.

Obs: Mais pra frente, só por onda, farei um post com os meus 10 discos favoritos.

- Anberlin: Cities
Uma explosão emo-crente. O instrumental é bacana, mas quando o vocal desembesta a resmungar eu não aguento não.

- Antipop Consortium: Tragic Epilogue
Hip Hop de produção consistente e, de certa forma, claustrofóbica. Pesado e de flow espertíssimo. Discão!

- Bruckner Symphony 8 In C Minor Berliner Philharmoniker, Nikolaus Harnoncourt
Isso daqui é muito mais rico e intenso do que uma simples audição permite capturar. Vou deixar só como registro.

- Buffalo Tom: Let Me Come Over
O inicio da década de 1990 e suas maravilhas. Uma mistura de Dinosaur Jr. com R.E.M.. Isso não é pouca coisa.

- Clara Nunes: Canto das Três Raças
Nunca tinha parado para ouvir um disco da Clara Nunes. Ela é inquestionavelmente uma ótima cantora e aqui aparece interpretando um repertório excelente. Todavia, ainda que seja uma boa pedida, não faz minha cabeça.

- Cluster: Curiosum
Disco bem experimental do krautrock. Os ritmos minimalistas e repetitivos quando ouvidos com atenção nos leva a uma abstração quase religiosa. Delirante.

- CocoRosie: Noah's Ark
Nem achei tão legal assim, mas a música "Bear Hides And Buffalo" é demais.

- Copeland: Beneath Medicine Tree
Emozão até que bonito, mas excessivamente frouxo. Tenho bode. [1]

- Dashboard Confessional: The Places You Have Come To Fear The Most
Emozão até que bonito, mas excessivamente frouxo. Tenho bode. [2]

- Derek Bailey: Guitar Drums 'n' Bass
Ah, é uma doidera né! Improvisações que soam de certa forma muito há frente do tempo. Ainda assim, não consegui embarcar na maluquice não.

- Discharge: Hear Nothing See Nothing Say Nothing
Conheço a banda de tanto o João Gordo falar. Quis ouvir o disco exato que fez a cabeça do líder do Ratos. É o puro d-beat. Demais!

- Iceburn: Poetry Of Fire
Um post-rock jazzistico, bastante encorpado, experimental, viajandão e, de certa forma, confuso. Vale como pesquisa.

- Lô Borges: A Página do Relâmpago Elétrico
Já conhecia, mas fazia tempo que não ouvia. Sempre bucólico, de voz frágil e com composições acima da média. Disco muito bonito.

- Maya Deren: Divine Horsemen/The Voodoo Gods Of Haiti
O afrobeat é moderno perto do que encontramos aqui. Musica tradicional, rítmica e religiosa. É delirante. 

- Mr. Fingers: Amnesia
Deep house muito bem construída. É de 1992, ou seja, tem alguns timbres meio datados, mas ok quando se pensa na linha evolutiva da música eletrônica. Achei muito bom.

- Nelson Gonçalves: A Volta do Boêmio
Porque a gente não precisa ficar pagando pau só para o Johnny Cash, afinal, nós temos o nosso "homem de preto". Espetacular!

- PiL: The Flowers Of Romance
O PiL não é das bandas mais fáceis, mas aqui me pareceu ainda mais complexo e experimental que o normal. É bom, mas tem que ir preparado para uma imersão na estranheza.

- Poison Idea: War All Time
Puro "hardcore gordão" (definição cunhada por mim mesmo e difícil de explicar). Eu gosto.

- Rod Stewart: Never A Dull Moment
A cada disco solo do Rod que ouço, reforço minhas predileções pelo Ron Wood. Que grande guitarrista rítmico!

- Roni Size: New Forms
Um clássico que até então não conhecia. E ouvir pela primeira vez é não menos que surpreendente. Afinal, que raio é isso!? Drum n' bass esqusitão com rap e pitadas nada moderadas de jazz? Muito bom.

- Shut Up And Dance: Dance Before The Police Come!
Hip Hop britânico, urgente, old school, contagiante e com ótimos samples. Todavia, honestamente, nem me atentei as letras. Escutem ao menos a espetacular "This Town Needs A Sheriff".

- Spacemen 3: Sound Of Confusion
Grupo do grande Jason Pierce e que esqueço de dar maior atenção. Esse disco bateu em cheio em mim. É oitentista e é garage. Fodão!

- Sun Ra: Strange Strings
O gênio do free jazz em um momento de música aleatória e grande experimentalismo, até mesmo na construção de instrumentos. Por incrível que pareça, não é só desafiador, mas também bastante cativante. 

- Soft Machine: The Soft Machine
Claro, conheço (e adoro) o Third. Fui ouvir esse e gostei muito. Bem mais pé no chão (embora com improvisos espetaculares), mas não menos interessante.

- Steve Reich: Music For A Large Ensemble
Claro que é ótimo, mas exige um tipo de abstração que eu não consegui ter. Culpa minha, claro.

- Swervedriver: Raise
O rock alternativo em 1991 nunca decepciona.

- Tal Farlow: Tal
Lenda da guitarra jazz que até então havia ignorado. Ouvi e de imediato lembrei do Hélio Delmiro. Seria uma influência dele? Provavelmente.

- The Get Up Kids: Something To Write Home
Aqui o emo passou dos meus limites. Não deu pra ouvir não.

- The Pop Group: For How Much Long Do We Tolerate Mass Murder?
Não se deixe levar pelo nome do grupo, a parada aqui é bizarrice. Linhas de baixos intensas e ritmos esquizofrênicos, vocal de atitude punk (meio Beefheart), toques de funk, de free jazz... deve ser fruto da no wave.

- The Waterboys: This Is The Sea
Banda do Mike Scott, um compositor não menos que talentoso. No mínimo um bom momento do rock oitentista.

- The Wedding Present: George Best
Vire e mexe me deparo com esse disco. Total indie britânico oitentista. O nome e a capa já faz valer conhecer. E vocês já repararam que, mesmo com a bateria carregada de reverb e as guitarras priorizando texturas, como as gravações do rock oitentista eram extremamente encorpadas? Acho isso curioso.

- Wire Train: In A Chamber
Gosta do instrumental do U2, mas tem bode do Bono? Tá aqui uma boa saída. Tem guitarras à la The Edge muito boas.

- Young Marble Giants: Colossal Youth
Zeca Camargo disse gostar, mas o que me levou a querer ouvir foi ele ter dito que quem curtia mesmo era o Kurt Cobain. Eu gostei muito! É quase como uma mistura dos baixos do Fugazi em músicas do The XX numa abordagem mais orgânica, se é que isso é possível.

terça-feira, 11 de abril de 2017

TEM QUE OUVIR: The Doors - L.A. Woman (1971)

É difícil passar ileso diante da carreira apoteótica dos Doors. Entretanto, verdade seja dita, após um álbum de estreia emblemático lançado em 1967, a música do grupo foi jogada para segundo plano devido os shows tumultuados, bebedeiras que viravam caso de policia e a imagem de poeta/sex symbol de Jim Morrison. Os discos seguintes, ainda que ótimos, não receberam o devido destaque.

Foi então que após o subestimado Soft Parade (1969), o grupo colocou a bola no chão e deu uma guinada bluseira ao seu som, voltando a soar relevante perante mídia e público. As características já estavam em Morrison Hotel (1970), mas L.A. Woman (1971) foi o aperfeiçoamento dessa nova fase da banda.


Sendo um cruzamento do Love com o Velvet Underground, o álbum soa lisérgico e perigoso. A começar pela grooveada "The Changeling", guiada pela órgão borbulhante do Ray Manzarek, temperado por um solo interessante do subestimado Robby Krieger e com berros graves/ébrios do Morrison. A gravação parece bastante espontânea. 

Envolto a porralouquice do seu líder, o grupo soa divertido e bem humorado, principalmente em "Love Her Madly". Já a balada "Hyacinth House" chega a ter certa doçura.

O blues fala alto na pedrada "Been Down So Long", na embriagada "Cars Hiss By My Window", na sexual "Crawling King Snake" e na misteriosa "L'America", essa última dona de ótimo riff.

Mas os clássicos do álbum são mesmo "L.A. Woman", um épico estradeiro de momentos delirantes; e "Riders On The Storm", faixa climática conduzida pelo baixo do Jerry Scheff, a bateria pontual do John Densmore e o órgão característico de Manzarek.

Barbudo, gordo, bêbado e aparentando 50 anos embora tivesse apenas 27, Jim Morrison morreu três meses após o lançamento do disco. Embora os três sobreviventes tenham lançado outros trabalhos, L.A. Woman é a verdadeira saída de cena de uma banda histórica.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

ACHADOS DA SEMANA: Eyehategod, John McLaughlin, King Diamond e Stan Getz

EYEHATEGOD
Alimentando pelo ótimo livro Nós Somos A Tempestade, fui ouvir essa bandaça que até então não conhecia. É sludge dos bons. Não é nenhum absurdo considerar o Take As Needed For Pain (1993) o grande disco do gênero.

JOHN MCLAUGHLIN
Thieves And Poets, álbum de 2003 dessa lenda da guitarra fusion. Ótima capa, arranjos orquestrados soberbos, belas composições, execução de qualidade inquestionável... um disco que precisa ser descoberto.

KING DIAMOND
Ele vai fazer show no Brasil e me dei conta que só conheço o Marcyful Fate (que gosto e, de certa forma, acho engraçado). No que diz respeito a sua carreira solo, o álbum Abigail (1987) me foi recomendado. Eu achei divertido (não dá para levar muito a sério) e muito bem feito. Tem na escalação músicos como Andy LaRocque e Mikkey Dee. Para quem gosta de heavy metal não tem muito erro.

STAN GETZ
Focus (1961) do Stan Getz, Recomendação do Guinga. Disco do saxofonista feito pouco antes de sua guinada pela bossa nova. Tem arranjos orquestrados do Eddie Sauter e a bateria do lendário Roy Haynes. Juro pra vocês, mal conheci e já é um dos meus álbuns de jazz prediletos. Não estou exagerando. Ouçam!

segunda-feira, 3 de abril de 2017

TEM QUE OUVIR: The Smashing Pumpkins - Mellon Collie And The Infinite Sadness (1995)

Na década de 1990 o rock alternativo foi levado ao mainstream via a cena grunge. Deste modo, muitas das bandas deste período foram jogados no mesmo pacote. A fim de explicitar que sua música era mais lírica e arrojada que a dos grupos de Seattle, Billy Corgan arquitetou o ambicioso (e duplo) Mellon Collie And The Infinite Sadness (1995).


Após uma bela pianística introdução, é a clássica "Tonight, Tonight" que abre o álbum, com arranjo orquestrado capaz de provocar catarse emocional. Seu clipe, que faz referência ao filme Viagem À Lua, passou incansavelmente na programação da MTV, sendo um hit instantâneo.

Entre outras faixas que tiveram enorme alcance está a linda "1979", onde fica nítido o talento do Corgan para interlocução com os ouvintes, principalmente se tratando de jovens desiludidos. Sua melodia é lindíssima.

Composições belas como a quase shoegaze "Here Is No Why", a dilacerante "To Forgive" e a balada de sucesso "Thirty-Three" revelam um senso melódico diferenciado.

Mas quem acha que o grupo abriu mão do peso das guitarras engana-se, basta conferir a introdução paranoica (e heavy metal) de "Jellybelly", o riff apoteótico de "Zero", a cacetada "An Ode To No One" (tremenda performance do do baterista Jimmy Chamberlin), a brutal/lo-fi/noise" Tales Of A Schorched Earth" e a intensa "Bullet With Butterfly Wings", de arranjo crescente e um dos mais emblemáticos refrães daquela época.

Extenso e épico, o álbum duplo ainda revela a delirante "Cupid De Locke" (tremendo arranjo com toques orientais), o power pop perfeito de "Muzzle", a acústica/etérea "Take Me Down", o hard rock moderno (a.k.a. grunge) de "Where Boys Fear To Tread", a virulência stoner de "X.Y.U." e as progressivas "Porcelina Of The Vast Oceans" e "Thru The Eyes Of Ruby".

Embora o álbum tenha feito sucesso de imediato tanto com a critica - recebeu sete indicações ao Grammy - quanto com o público, os conflitos de egos e os problemas com as drogas - que levaram a morte do tecladista Jonathan Melvin e demissão do Jimmy Chamberlin -, fizeram com que a banda nunca mais repetisse o mesmo êxito. Um dos maiores exemplos de inquietação artística no rock mainstream.