sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

TEM QUE OUVIR: Paul Simon - Graceland (1986)

Durante décadas a África do Sul viveu um embargo cultural. Diversos artistas boicotaram o país como forma de manifesto contra o apartheid. Isolados, a música do país africano enriqueceu organicamente dentro de suas peculiaridades rítmicas e melódicas. Com isso, antes mesmo de pensar em importar, eles estavam exportando sua música e colocando sob holofote a crise social do país. 


Paul Simon, um veterano inquieto em crise de meia-idade, percebeu isso e trouxe sons do país africano para a sua música. Em "Diamonds On The Soles Of Her Shoes" e na bela "Homeless", ele contou com o grupo vocal sul-africano Ladysmith Black Mambazo para essa radiante fusão cultural. 

Uma das peças fundamentais para a peculiaridade sonora do disco é o baixista Bakithi Kumalo, um gênio dos ritmos complexos e do instrumento fretless, vide sua presença nos hits da época "The Boy In Bubble", "Graceland" e "You Can Call Me Al", um pop de sintetizadores oitentistas e letra extensa. 

Em "Under African Skies" é Linda Ronstadt que acompanha os tão estereotipados "umba umba umba ôô". Já em "Crazy Love, Vol. II" é a guitarra de Adrian Belew que marca presença.  

Junto com So do Peter Gabriel - lançado também em 1986 -, Graceland trouxe para a música pop sons regionais pouco explorados. A tal world music virara tendência. Boas vendas e premiações no Grammy deram novo fôlego para o Paul Simon, que anos depois tentaria o mesmo êxito ao lado do Olodum. Pouparemos sua bola fora.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

ACHADOS DO DIA: Taj Mahal, Master's Apprentices, Rollins Band e Helmet

TAJ MAHAL
O que dizer sobre esse disco que acabo de conhecer e já é um dos meus prediletos de blues? Nas guitarras, Ry Cooder e o pouco lembrado Jesse Ed Davis, dois ícones do slide.

MASTER'S APPRENTICES
A qualidade do vídeo, o clima tenso na introdução, os timbres setentistas... é tudo muito rock n' roll.

ROLLINS BAND
Vire e mexe um amigo me manda sons do Rollins Band. Recentemente foi esse. É do caralho!

HELMET
Uma das melhores bandas da década de 1990, aqui tocando uma de suas músicas mais famosas.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

TEM QUE OUVIR: Korn - Life Is Peachy (1996)

Life Is Peachy (1996) foi lançado entre dois grandes discos do Korn: Korn (1994), álbum de estreia da banda que definiu a sonoridade do new/nu metal; e Follow The Leader (1998), o auge comercial do grupo. Todavia, é o segundo trabalho do Korn que me parece mais interessante.


Há algo no disco que evidencia extremo desespero. Talvez sejam as letras problemáticas de Jonathan Davis, ou então os arranjos pouco ortodoxos, que embora sejam indiscutivelmente metal, não agradou todos os fãs do gênero. 

Logo de cara, a curtinha e abstrata "Twist" finca em nossos ouvidos berros estranhos, além do peso e as dissonâncias promovidas pelas guitarras de sete cordas de Head e James "Munky" Shaffer. Isso se prolonga na espetacular "Chi", com direito a interpretação estupenda do cantor e timbres bastante particulares.

Faixas como "Good God" - que raio de riff e pré-refrão são esses? - e "A.D.I.D.A.S." - que tem tudo a ver com o visual à la Run-D.M.C. que a banda adotou -, tornaram-se hinos do new metal. 

O estilo percussivo do Fieldy ao tocar baixo se destaca em "Lost" e "Swallow". É possível sentir referências de hip hop em "Porno Creep". Isso fica ainda mais claro em "Wicked", um cover de Ice Cube com a participação do Chino Moreno (Deftones).  

Outros petardos estranhíssimos se destacam, vide "Mr. Rogers" e "K@#0%!", tudo resultando num trabalho coeso, que agradou muitos adolescentes da época que não se identificavam com os temas mitológicos do Iron Maiden, mas sim com os conflitos existenciais evidenciados pelo Korn. 

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

TEM QUE OUVIR: Magazine - Real Life (1978)

Em 1977, o punk rock havia dominado a Inglaterra através do Sex Pistols e Buzzcocks. Todavia, já no ano seguinte, os dois vocalistas dissidentes das bandas formaram projetos que inauguraram o pós-punk e a new wave. Johnny Rotten veio com o Public Image Ltd., Howard Devoto com o Magazine. 


Bastante influenciado por David Bowie, o Magazine apresentou em seu disco de estreia, Real Life (1977), um rock vigoroso e provocativo, mas sem abusar do estereótipo barulhento do punk. Ao contrário, as canções que misturam funk, dub, art rock e krautrock são até mesmo radiofônicas, embora com traços experimentais.

O que molda a sonoridade da banda são os teclados de Dave Formula - vide "Definitive Gaze", faixa que abre o disco -, além do baixo dançante de Barry Adamson - vide "My Tulpa" -, que deixam tudo fantasticamente peculiar. Some a isso o fato do Devoto ser um dos mais talentosos letristas daquela geração.

Dona de extrema energia, "Shot By Both Sides" é um dos grandes singles da época. E esse clima se estende pela "Recoil", a mais punk do disco. 

O ótimo guitarrista John McGeoch demonstra na épica "Burst" o porque de ser tão requisitado, tendo posteriormente tocado Siouxsie And The Banshees, Visage e PiL. Definitivamente um ícone do instrumento daquela geração.

A cena de Manchester se mostrou futuramente bastante influenciada pela obra, que o diga os integrantes do Blur. Discaço importante para entender o pós-punk.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

ACHADOS DA SEMANA: Mick Ronson, Glenn Gould, The Ting Tings e Wrathchild America

MICK RONSON
Passada a morte de David Bowie e todos seus discos já terem sido reouvidos aqui em casa, é hora de partir pra carreira solo desse brilhante músico que o acompanhou na fase glam rock. Incrível como algumas frases lembram o Brian May. Randy Rhoads adorava.

GLENN GOULD
Assisti recentemente um documentário sobre esse brilhante pianista. Além de ser um grande interprete de Bach, ele também debulhava em composições do Schöenberg, vide essa:

THE TING TINGS
Uma das melhores músicas POP da última década? Eu acho.

WRATHCHILD AMERICA
Se o batera do Lamb Of God cita como influência, eu vou atrás pra saber qual é. E é um arregaço!

TEM QUE OUVIR: Elvis Presley - Elvis Presley (1956)

Analisar friamente Elvis Presley - álbum lançado em 1956 pelo posteriormente conhecido como Rei do Rock -, tende a ser covardia. Entre o culto desproporcional e o demérito com olhar de meio século depois, o que sobra é uma obra de valor imensurável para a história do rock n' roll.


Se o Elvis ainda não tinha o amadurecimento que viria apresentar em trabalhos posteriores - vide From Elvis In Meemphis (1969) - ao menos desde o início suas canções foram determinantes para a disseminação rock (inclusive entre os brancos) e trouxe rebeldia para a indústria musical. 

Seu estilo de cantar trazia trejeitos do country, gospel e blues, mas com atitude particular e charme indiscutível.

Através de canções de autoria do Carl Perkins, Ray Charles, dentre outros, ele explorou um repertório que depois tornou-se clássico do rock, vide "Blue Suede Shoes", passando por "Tutti-Frutti" e "I Got A Woman". Todas com vitalidade e organicidade contagiante.

Na banda de apoio, seus primeiros fiéis escudeiros: Scotty Moore (guitarra) e Bill Black (baixo). Na produção: Sam Phillips. Nomes que, somados a capa - homenageada pelo Clash no London Calling (1979) -, retratam grande parte da cultura da década de 1950.

A história mostra que o rock tornou-se muito mais abrangente, sofisticado e contestador, mas isso não diminui o valor estético de um disco que serviu de influência direta para os rumos da música popular.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

RETROSPECTIVA 2015: Shows do ano

Está cada vez mais inviável listar os melhores shows do ano. Isso ocorre devido a dificuldade que é ir aos espetáculos. Coloque neste pacote o preço exorbitante dos ingressos, a canseira que é se locomover por São Paulo, falta de tempo e até mesmo a preguiça de aguentar um público cada vez mais mal educado.

Ainda assim, pude ver um ou outro show que destaco agora, sem ordem de preferência:

01: Johnny Marr
Tinha ficado chateado quando perdi o show do eterno guitarrista do Smiths no Lollapalooza há alguns anos. Mas felizmente ele voltou. E em um dos mais legais festivais de São Paulo, o da Cultura Inglesa. Gratuito, sem muvuca, perto do metrô, acaba cedo, estrutura legal... são muitas as vantagens do festival. O show não surpreendeu, foi "apenas" o artista mandando ver em suas boas canções solo e em clássicos da sua antiga banda. Isso não é pouca coisa.

02: Caetano Veloso e Gilberto Gil
Esse show mereceu um post escrito no calor do momento pós-show (leia aqui).

03: David Gilmour
Um show que aguardo desde que me entendo por gente. Quando pirralho via com brilho nos olhos o VHS do PULSE do Pink Floyd. Ainda assim fui sem tanta expectativa, embora com a certeza do músico brilhante e interessante que o David Gilmour ainda hoje, vide o ótimo disco solo que acabara de lançar. O público que insistia em conversar nas músicas menos conhecidas e nos momentos de dinâmica mais contida fez de tudo para estragar o espetáculo, mas o que vinha do palco era tão especial que não teve jeito. Foi com sorriso no rosto que comprovei que Gilmour não só foi, mas ainda é, um excepcional guitarrista e compositor. Inesquecível.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Ninguém na música pop foi mais importante que David Bowie

Minha coluna dessa semana no Maria D'escrita:


2015 já havia terminado de maneira dolorosa para os amantes de música. Lemmy, o eterno líder do Motörhead, sucumbiu após anos expondo seu corpo aos mais diversos limites. Uma morte triste, mas não imprevisível, tendo em vista os problemas de saúde que ficavam cada vez mais evidentes.

Embora também com um passado regado a cocaína, noites insanas e conhecidos problemas de saúde, 2016 começou com uma baixa inesperada: a morte de David Bowie, um artista de influência imensurável e de atuação importante ainda nos dias de hoje.

Não há ninguém na música popular tão importante quanto ele, sendo difícil até mesmo enquadra-lo num estilo. Glam rock, proto-punk, pós-punk, eletrônico, new wave, blue-eyed soul, industrial, pop... o termo camaleão faz jus ao gênio mutável, que não nadava na onda, e sim ditava tendências musicais, comportamentais, sexuais, cinematográficas e no mundo da moda.

Mas claro, a música era o seu forte. Quando o sucesso chegou com a delirante "Space Oddity" (1969), Bowie parecia já ter planejado a criação do Ziggy Stardust, um fenômeno pop-cultural que narra a absurda história de um alienígena andrógino. Daí em diante ele conquistou a liberdade artística para fazer o que quiser.

Produziu/reergueu o Stooges, Iggy Pop, Lou Reed e Mott The Hoople. Lançou pérolas do glam rock como Hunky Dory (1971) e Aladdin Sane (1973). Desvendou a soul music - e influenciou a disco music - com Young Americans (1975). Inventou o pós-punk e se afundou tanto no ocultismo quanto na cocaína em Station To Station (1976). Fez das experimentações eletrônicas do krautrock algo acessível com a brilhante Trilogia de Berlim (Low, Heroes e Lodger). Deu ao Queen uma de suas melhores canções, "Under Pressure" (1981). Não se rebaixou diante do pop radiofônico de Let's Dance (1983). Montou o indecifrável Tin Machine (1988). Experimentou, acertando e errando até se encontrar novamente no moderno Outside (1995).

Recentemente, após problemas de saúde que o afastaram dos holofotes durante uma década, teve uma volta triunfante com The Next Day (2013), que preparou território para Blackstar (2016), lançado essa semana, mas que confesso ainda não ter escutado. Mas dizem que o camaleão estava agora antenado no Death Grips e na atual cena jazzistica de NY, o que mostra seu faro afiado para novidades.

Impossível ignorar um cara que influenciou artistas tão distintos como John Lennon, Talking Heads, Devo, PIL, Randy Rhoads, Gary Numan, Duran Duran, The Cure, New Order, U2, Madonna, Depeche Mode, Pet Shop Boys, Nirvana, Suede, Trent Reznor, Smashing Pumpkins, Moby, Franz Ferdinand, The Killers, Arcade Fire, LCD Soundsystem, Lady Gaga, Mark Ronson, Rita Lee, dentre outros.

Sabe aquela piada irônica de quando algum astro da música morre de "sou fã do cara, acabei de baxar a discografia"? Pois então, desfrute das facilidades tecnológicas e faça esse serviço a si mesmo. R.I.P., Bowie.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

RETROSPECTIVA 2015: Tem que conferir

Sabe aquele grupo/artista que não lançou um grande disco, mas soltou uma música legal que não pode passar despercebida numa retrospectiva, seja por ter tocado muito, por apontar novos horizontes, por ter um clipe divertido ou simplesmente devido a música ser bacana? Pois então, são essas faixas que reúno neste post.

Tais músicas não são necessariamente as melhores do ano, até porque exclui deste post as grandes músicas que estão dentro dos grandes discos. Estão aqui as faixas isoladas que merecem atenção.

Em vídeo só apenas as que realmente gostei.

Adanowsky - Would You Be Mine
Ótimo clipe e música bem legal também. Mas nada que vai mudar o mundo ou que recebeu grande destaque.

Anitta - Bang
Eu confesso, achei essa música legal demais. Sua voz soa carismática, tem uma melodia legal de "sax", refrão ganchudo e até mesmo o clipe é ótimo. Bem legal.

Anitta - Essa Minha É Louca
Menos legal que a anterior, mas bacana também. Se a participação de um tal de Jhama não empolga, a presença da Isis Valverde no clipe sobressaí.

Caetano Veloso e Gilberto Gil - As Camélias do Quilombo do Leblon
Uma parceria que sempre merece a atenção. Tive o privilégio de estar no show em que a canção foi executada em público pela primeira vez. Canção simpática.

Fetty Wap - Trap Queen
Um pop rasteiro que se apropria de diversos elementos do trap. Acho bacaninha.

Franz Ferdinand & Sparks (FFS) - Piss Off
Ta aí um encontro inusitado e bacana. Mas honestamente não tive paciência para o disco.

Future User - Mountain Line
Música interessante do projeto liderado pelo baixista Tim Commerford (RATM e Audioslave).

Grateful Dead & John Mayer - Althea
Um encontro inusitado e muito bem aceito pelo público americano. O show deve ser bacana.

J Mascis & Kim Gordon - Slow Boy
Me dou o direito de ficar quieto diante de tamanho esporro.

Justin Bieber feat. Skrillex and Diplo - Where Are Ü Now
E não é que o Justin Bieber finalmente tem uma faixa interessante dentro do seu pobre repertório. Méritos do Skrillex e do Diplo.

Last In Line - Devil In Me
Hard rock dos bons (embora datado) feito por remanescentes da formação clássica da banda Dio. E que guitarrista sensacional é o Vivian Campbell, não? Som para tiozinho rockeiro.

Leonard Cohen - Nevermind
A faixa de 2014 ganhou nova vida como tema da série True Detective.

Mark Ronson feat. Bruno Mars - Uptown Funk!
Tocou muito, todos sabem que ela é ótima. É funky, tem timbres que batem no peito, ótima performance do Bruno Mars, refrão memorável, influência de Chic... sem erro.

Major Lazer - Lean On
A música pop mais tocada no mundo em 2015. Em tempos de globalização e de difusão veloz pelas redes, flertar com a cultura dos países mais populosos dentro de uma produção "americanizada" parece bom negócio. Podem acusar o Diplo de muita coisa, menos de ser burro.

MC Carol - Não Foi Cabral
Ela tem muita atitude e essa faixa é uma cacetada. 

Mr. Catra & Os Templários - O Retorno É De Jedi
É uma merda, mas o Catra é figura, então tudo bem.

Nevermen - Mr Mistake
Mais um entre tantos projetos do Mike Patton, agora acompanhado por membros do TV On The Radio e Doseone.

Pope Francis - Wake Up! Go! Go! Forward!
O Papa é pop. Ou seria progressivo?

Savages - The Answer
Um esquenta para o disco que sai agora em 2016. Promete ser espetacular.

Taylor Swift ft. Kendrick Lamar - Bad Blood
Melhor que na versão do disco, visto a presença do Kendrick. O clipe é bacana também.

The Black Eyed Peas - Yesterday
Música boa (pode acreditar) e clipe sensacional. Surpreendente.

The Sonics - Bad Betty
Porque não é todo dia que idosos lançam uma pedrada dessas.

The Weeknd - Can't Feel My Face
Um pastiche de Michael Jackson com a produção volumosa contemporânea. Boa linha de baixo, refrão cativante, batida dançante, texturas... funciona. 

Wesley Safadão - Camarote
A música mais tocada no Brasil em 2015? Não tenho dúvida, mas não me empolgou em nada.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

RETROSPECTIVA 2015: Bandas que acabaram / Bandas que voltaram

Ficou claro no título do post sobre o que ele trata, então sem mais conversa fiada vamos as tais bandas.

BANDAS QUE ACABARAM
Pela milésima vez.

Beastie Boys
Após a morte de Adam Yauch demorou para os remanescentes soltarem uma nota sobre o futuro do grupo. Não teve jeito, o fim foi inevitável.

Dr. Sin
Ao que parece o Edu Ardanuy cansou de tocar em shows mal organizados para um público cada vez menor. E assim a grande banda de hard rock brasileira chega ao fim. Uma pena.

Motörhead
Sem Lemmy, sem Motörhead. Uma das maiores bandas de todos os tempos chegou ao fim.

Funeral For A Friend, Restart, Catedral, Forfun...
Honestamente, vão fazer falta?

BANDAS QUE VOLTARAM
L7
Se com o passar dos anos as bandas 90's vem ganhando prestigio e o feminismo virando pauta universal, nada mais justo que essa ótima banda voltar.

Ride
Para delírio dos "shoegazers".

Gryphon
E voltaram com a formação clássica. Surpreendente! Não que alguém tenha pedido, mas é legal que aconteça.

Luna 
Era questão de tempo. O grupo ainda tem lenha para queimar.

13th Floor Elevators
Capitaneando em cima do hype. Tá certo!

Camisa de Vênus
Tá certo que só tem o Marcelo Nova e o Robério Santana da formação original e que até o momento não produziram material novo, mas só de ter a oportunidade de reouvir alguns clássicos dessa excelente banda já vale a picaretagem.

Faces
Rod Stewart se reúne com seus amigos do passado para levantar uma grana em cima do saudosismo. Desnecessário, mas legal.

Sleater-Kinney
Se com o passar dos anos as bandas 90's vem ganhando prestigio e o feminismo virando pauta universal, nada mais justo que essa ótima banda voltar [2]. Com direito a bom lançamento.

Ah, teve também a "volta" engana trouxa do Los Hermanos. E como tem trouxa.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

TEM QUE OUVIR: Robert Johnson - The Complete Recordings (1990)

Não costumo trazer coletâneas para o "Tem Que Ouvir" deste humilde blog, mas neste caso é inevitável. Para recorrer a obra de muitos artistas antigos, compilações são o que melhor nos ampara. E no caso do Robert Johnson existe a definitiva The Complete Recordings, lançada em 1990 pela Columbia.


Como bem entrega o nome, o álbum duplo é uma compilação de todas as gravações do lendário ícone do delta blues, realizadas em duas sessões no Texas (uma em Dallas, outra em San Antonio) nos anos de 1936 e 1937. No total, são 29 canções, que com seus takes alternativos formam 41 faixas.

E porque a obra de Robert Johnson é tão fundamental? Porque ela é uma das raízes do blues e influência direta para músicos como Eric Clapton, Duane Allman, Rolling Stones, Led Zeppelin, Red Hot Chili Peppers, Nick Cave e White Stripes, só para citar alguns.

Suas canções trazem a beleza, mas também a amargura do blues do Mississipi. Entre plantações de algodão, passando pelo whisky barato, encontros sobrenaturais e relações humanas tumultuadas, é possível destacar pérolas como "Kind Hearted Woman Blues", "Sweet Home Chicago", "Terraplane Blues", "Love In Vain" e "Cross Road Blues (Crossroads)".

Robert Johnson faz miséria com apenas 12 compassos. Uma aula de composição e interpretação, onde a complexidade natural no modo de tocar violão se contrapõem a rusticidade charmosa da gravação, registrada num quarto de hotel, com o músico voltado para a parede e um único violão captando. Lá fora, o vento levantava as ruas de terra batida.

Muito mais que uma lenda envolto ao pacto com o Diabo na encruzilhada que culminou em sua prematura morte aos famigerados 27 anos, Robert Johnson é uma das matrizes da música popular do século XX.

RETROSPECTIVA 2015: Mortes

Vou começar essa retrospectiva de 2015 lembrando os nomes da música que nos deixaram.

Lincoln Olivetti
Parceiro do Robson Jorge e produtor/arranjador de Gal Costa, Gilberto Gil, Tim Maia, Jorge Ben, Rita Lee, Roberto Carlos, Caetano Veloso, Lulu Santos, dentre outros.
 
Edgar Froese
Líder do Tangerine Dream, grupo alemão de krautrock expoente da música eletrônica.

Inezita Barroso
Cantora e importante divulgadora da música sertaneja/caipira.

Daevid Allen
Líder do Gong e um dos principais nomes da cena de Canterbury.

Mike Porcaro
Ótimo baixista do Toto e requisitado músico de estúdio.

Andy Fraser
Espetacular baixista que fez parte do Free e Sharks.

B.B. King
Genial guitarrista, cantor, compositor e lenda do blues.

Louis Johnson
Grande baixista que fez parte do The Brothers Johnson e tocou em inúmeros hits do Michael Jackson.

Ornette Coleman
Um dos mais transgressores instrumentistas do jazz. Criador do free jazz.

Chris Squire
Lendário baixista e fundador do Yes. Um dos ícones do contrabaixo.

Steve MacKay
Saxofonista do Stooges.

Luíz Carlos Miele
Resumidamente, um agitador cultural brasileiro. Fez de tudo.

Allen Toussaint
Arranjador e compositor extremamente importante, além de ícone da cena de Nova Orleans.

Phil "Animal" Taylor
Baterista da formação original/clássica do Motörhead.

Lemmy Kilmister
Dispensa apresentações.

Scott Weiland
Vocalista que fez parte do Stone Temple Pilots e Velvet Revolver.

Júpiter Maçã
Ícone do rock gaúcho e da cena independente brasileira.

- Jeff Golub (Guitarrista americano com grande carreira solo e trabalhos de destaque como sideman).
- Pino Daniele (Um dos mais populares cantores italianos).
- Andraé Crouch (Cantor, produtor e arranjador. Lenda da música gospel).
- Tim Drummond (Baixista que tocou com Bob Dylan, James Brown, Eric Clapton, Neil Young, J.J. Cale, Ry Cooder, dentre outros).
- Alex Olmes (Fundador da Ultra Music Festival, evento dedicado a música eletrônica).
- Kim Fowley (Criador e empresario das Runaways, além de produtor de nomes como Kiss e Alice Cooper).
- Dallas Taylor (Baterista que tocou com Crosby, Stills & Nash).
- Joe B. Mauldin (Baixista que acompanhava Buddy Holly no Crickets).
- Demis Roussos (Cantor do Aphrodite's Child e dono de uma carreira solo de sucesso).
- Steve Strange (Cantor do Visage e ícone da cultura pop londrina).
- David Carr (Colunista do New York Times).
- Sam Andrew (Guitarrista fundador da Big Brother and The Holding Company, banda que acompanhou a Janis Joplin).
- Zé do Rancho (Músico e compositor da autentica música caipira).
- Lesley Gore (Cantora famosa por "It's My Party" e por defender o direito das mulheres).
- Clark Terry (Lendário trompetista americano de jazz).
- Renato Rocha (Também conhecido como Negrete, foi baixista da formação original da Legião Urbana).
- Bruce Sinofsky (Diretor de cinema que, entre tantos trabalhos, dirigiu o Some Kind Of Monster do Metallica).
- Chris Rainbow (Cantor que fez parte do Alan Parsons Project e do Camel).
- Dave "Hobbs" Hilsden (Engenheiro de som de longa data do Motörhead).
- José Rico (Parceiro de Milionário na lendária dupla sertaneja).
- Vital (Primeiro baterista do Paralamas do Sucesso e personagem descrito na canção que leva seu nome).
- Brian Carman (Pioneiro da guitarra surf rock. Membro do Chantays).
- Lew Soloff (Trompetista do Blood, Sweat and Tears).
- Jimmy Greenspoon (Tecladista do Three Dog Night e que acompanhou nomes como Eric Clapton, Jeff Beck, dentre outros).
- AJ Pero (Baterista do Twisted Sister e que mais recentemente fazia parte do Adrenaline Mob).
- Michael Brown (Tecladista do Left Banke).
- Scott Clendenin (Baixista que fez parte do Death).
- John Renbourn (Compositor e guitarrista do lendário grupo folk Pentangle).
- Fabiano Andrade (Guitarrista que fez parte do Bling Pigs - Porcos Cegos).
- Jeremy Brown (Guitarrista do The Wildabouts, banda de apoio do Scott Weiland).
- Egidio Conde (Guitarrista que tocou com o Moto Perpétuo e Som Nosso de Cada Dia).
- Bob Burns (Baterista da formação original do Lynyrd Skynyrd).
- Percy Sledge (Lendário cantor de R&B, famoso principalmente pelo hit "When A Man Loves A Woman").
- Percy Weiss (Vocalista que fez parte do Made In Brazil, Patrulha do Espaço e Harppia).
- Richard Anthony (Cantor francês autor do hit "J'entends Siffler Le Train").
- Camarão (Veterano sanfoneiro pernambucano).
- Mangabinha (Cantor do Trio Parada Dura).
- Daniel Cardona Romani (Guitarrista do Módulo 1000).
- Jack Ely (Vocalista do The Kingsmen).
- Ben E. King (Cantor de R&B famoso pelo hit "Stand By Me").
- Craig Gruber (Baixista do Elf e da formação original do Rainbow).
- Rutger Gunnarsson (Baixista que tocou em diversos sucessos do ABBA).
- Bruce Lundvall (Ex-presidente da Blue Note Records).
- Sam Zaman (O homem por trás do State of Began. DJ e produtor que participou do coletivo Asian Underground e trabalhou com o Massive Attack).
- Arthur Bonilla (Violonista brasileiro conhecido no circuito instrumental).
- Tati Ivanovici (Jornalista brasileira especializada na cultura hip hop).
- Christopher Lee (Lendário ator, que chegou a trabalhar com bandas com Manowar e Rhapsody Of Fire, além de ter gravado um disco de heavy metal aos 90 anos).
- José Messias (Cantor e compositor. Mais conhecido como jurado do programa do Raul Gil).
- Fernando Brant (Compositor fundamental para o movimento do Clube da Esquina).
- Ivinho (Guitarrista cultuado da cena rockeira nordestina. Fez parte do Ave Sangria).
- James Horner (Compositor de trilhas sonoras de filmes como Titanic e Avatar).
- Cristiano Araújo (Famoso cantor dentro do cenário sertanejo universitário).
- Neto Fagundes (Artista e divulgador da música tradicional gaúcha).
- Dieter Moebius (Músicos alemão de krautrock, percursor da música eletrônica).
- Eddie Hardin (Compositor e tecladista inglês que colaborou com o Spencer Davis Group).
- Lynn Anderson (Cantora americana de música country).
- Cilla Black (Cantora britânica ícone de Liverpool).
- Renato Ladeira (Guitarrista e tecladista da Bolha e que fez parte do grupo Herva Doce).
- Bob Johnston (Produtor de nomes como Bob Dylan, Johnny Cash e Leonard Cohen).
- Giancarlo Golzi (Baterista do Museo Rosenbach).
- Paulo Bagunça (Artista cult brasileiro autor de um único disco lançado na década de 1970).
- Gary Richarath (Guitarrista do REO Speedwagon).
- Ray Warleight (Saxofonista e flautista inglês).
- Phil Woods (Renomado saxofonista de bebop).
- Al Abrams (Pioneiro na gravadora Motown).
- Gail Zappa (Viúva do Frank Zappa responsável por diversos lançamentos póstumos do artista).
- Cláudia Barroso (Cantora brasileira que fez sucesso na década de 1970).
- Diane Charlemagne (Cantora que participou de trabalhos do Goldie).
- Raul Rekow (Percussionista que durante muitas décadas tocou com o Santana).
- Sergio Pamplona Pamps (Guitarrista do grupo paulistano Smack).
- Delores Rhoads (Professora de música e mãe do Randy Rhoads).
- John Garner (Baterista do Sir Lord Baltimore).
- Peggy Jones (Também conhecida como Lady Bo, foi uma das mulheres percursoras do rock).
- John "Dawk" Stillwell (Técnico de som que ficou conhecido por trabalhar com Rainbow, Black Sabbath e Manowar).
- John Bradbury (Baterista do Specials).
- Stevie Wright (Vocalista do Easybeats).
- Kurt Masur (Maestro alemão).
- Selma Reis (Cantora e atriz brasileira).

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

RETROSPECTIVA 2015

Mais um ano ficou para a história. Da mesma forma que fiz nos anos anteriores, postarei uma retrospectiva contendo os grandes lançamentos (e relançamentos), as decepções, as músicas que não podem passar despercebidas, os melhores shows vistos por mim, os clipes mais legais, as bandas que voltaram, as que acabaram, além de uma pequena homenagem aos ídolos da música que se foram. Aguardem!