sexta-feira, 28 de outubro de 2016

ACHADOS DA SEMANA: Renato Mendes, Lipps Inc., Birdland e Fates Warning

RENATO MENDES
Tido com o primeiro disco eletrônico brasileiro, Electronicus (1974) do Renato Mendes traz versões bastante curiosas para clássicos da MPB. Lembra Trapalhões (!!!). Ouça e entenderá.

LIPPS INC.
Não manjo nada, apenas tivesse acesso a essa música através de uma amiga. É demais. Algo como se o Kraftwerk fosse um grupo da disco music.

BIRDLAND
Mais uma da série "A década de 80 era legal SIM!".

FATES WARNING
É cafonão, já aviso. Mas se você curte metal progressivo e até mesmo, hum, metal melódico (que vergonha!), dê uma conferida no disco Parallels do Fates Warning. Eu gosto (que vergonha [2]!).

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

TEM QUE OUVIR: Bob Marley And The Wailers - Exodus (1977)

Em 1977, Bob Marley já era uma realidade fora da Jamaica. Ele tinha levado o reggae para outros continentes, tornando-se um ícone do terceiro mundo. Mas foi em seu país de origem, com o intuito de apaziguar o violento clima politico, que acabou pagando por suas ações, sofrendo uma tentativa de assassinato. Como método de autopreservação, exilou-se em Londres, onde gravou Exodus, seu disco mais universal.


Acompanhado dos sempre fundamentais Aston "Family Man" Barrett (baixo), Carlton Barrett (bateria), Tyrone Downie (teclado) e Julian Marvin (guitarra), o disco é um dos mais políticos e religiosos de Marley. Isso fica evidente logo de cara na vagarosa "Natural Mystic". O mesmo vale para alucinante "The Heathen".

Tem que ser muito odioso para não se deliciar com o clima tropical de "So Much Things To Say" e o ritmo hipnótico de "Exodus" em seus delirantes sete minutos.

Muito mais pop - e não menos fantástica - é a sequência formada pelas apaixonantes/clássicas "Waiting In Vain", "Turn Your Lights Down Low", "Three Little Birds" e a dobradinha "One Love/People Get Reddy".

Após ouvir tais canções é fácil entender o culto por trás da figura de Bob Marley. Maravilhado, alguns tornaram-se rastafáris, outros deram um jeito de inserir o reggae em seu som (né, The Police!) e outros, mais precisamente alguns jornalistas da Time, classificaram Exodus como o melhor disco do século. Eis a força de Bob Marley.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

ACHADOS DA SEMANA: Especial Obscene Extreme Fest

* Tenho tentado toda sexta-feira trazer algumas músicas que fizeram minha cabeça durante a semana. Mas justo na quinta-feira, nada mais fez a menor diferença. Só o que acontece no Obscene Extreme Fest importa. Uma banda mais bagaceira que a outra. No público, um bando de maluco fazendo um carnaval ao som grindcore. Divirta-se!

GUTALAX

SPASM

RECTAL SMEGMA

CLITGORE

ULTIMO MONDO CANNIBALE

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

TOP 5: Álbuns póstumos

Após uma espera de mais de 10 anos, essa semana saiu Sabotage, disco póstumo homônimo do rapper Maestro do Canão. Já adianto que é um dos melhores lançamentos nacionais do ano e, talvez, o melhor disco póstumo de um artista brasileiro (vale uma pesquisa/reflexão mais atenta).

Discos póstumos costumam ser um engodo da indústria para gerar dinheiro em cima do saudosismo putrefato. Que outra explicação teria para aquele disco do Michael Jackson de 2010? Justificativa artística não há.

Mas, é claro, temos exceções. E é disso que vou tratar aqui. Uma listinha rápida. Os 5 primeiros que lembrei. Ao vivo não vale. Deixe nos comentários seus prediletos.

Obs: por mais melancólico e "conceitualmente póstumo" que seja, Blackstar do David Bowie, tecnicamente, não se enquadra na lista, já que foi lançado dois dias antes de sua morte.


01: Janis Joplin - Pearl
Não só um dos grandes discos da época, mas disparado o melhor da icônica Janis Joplin. Não se trata de sobras de estúdio, mas sim de uma obra 90% finalizada pela cantora. É triste pensar que a própria artista não desfrutou do seu auge.

02: Otis Redding - The Dock Of The Bay
Lançado poucos meses após a morte prematura de um dos maiores cantores de todos os tempos, o álbum traz na faixa-titulo o maior sucesso do artista. Nada que Otis gravou é ruim.

03: The Notorious B.I.G. - Life After Death
Obviamente que não supera Ready To Die, mas um disco só não saciaria toda a demanda para obra deste gigante do rap. Um álbum digno.

04: Roy Orbison - Mystery Girl
A vida de Roy foi uma sucessão de fracassos e tragédias. Quando ele finalmente poderia ter paz e desfrutar de seu talento, bateu as botas. Algumas participações dão uma sensação oportunista, mas a melancolia presente nas composições ressaltam a genialidade de Roy.

05: Johnny Cash - American V: A Hundred Higways e American VI: Ain't No Grave
Rick Rubin fez milagre ao trazer novamente relevância a carreira de Johnny Cash com sua sequência American. Neste pacote estão os V e VI, talvez mais fracos que os anteriores, mais ainda preservando o charme fúnebre do homem de preto já fragilizado pela idade.


*Ato falho meu: Acho injusto mudar a lista depois de feita, mas não posso deixar de mencionar os discos Sun Ship do John Coltrane, Out to Lunch! do Eric Dolphy, Grievous Angel do Gram Parsons, Closer do Joy Division, The Sky Is Crying do Stevie Ray Vaughan e Donuts do J Dilla.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

TEM QUE OUVIR: Chuck Berry - Chuck Berry Is On Top (1959)

"Se o Rock N' Roll tivesse outro nome seria Chuck Berry". Essa frase do John Lennon dá uma ideia da relevância do guitarrista-compositor americano para o estilo mais popular do século XX. Elvis pode até ter popularizado o rock, mas é Chuck Berry o legitimo alicerce.


Chuck Berry se diferenciava de seus contemporâneos devido o grande criador e guitarrista que era. Um letrista que com poucos minutos conseguia narrar verdadeiros épicos. Um cronista legitimo do lado mais perigoso da América.

Como guitarrista, teve seus licks energéticos recheados por bends bluseiros copiado por Keith Richards, Billy Gibbons, Angus Young e tantos outros. Impossível pensar no desenvolvimento do instrumento - e do rock, até então mais calcado no piano - sem Chuck Berry.

Para entrar em contato com sua obra, Chuck Berry In On Top (1959) é preciso. Sem enrolação, o álbum traz o resumo de seus primeiros anos de carreira na Chess Records. 12 clássicos que dispensa apresentações. Algumas faixas contam até mesmo com o baixo do lendário Willie Dixon e o piano majestoso do Johnnie Johnson.

Dentre as mais famosas estão "Carol", "Maybellene", "Johnny B. Goode", "Little Queenie" e "Roll Over Beethoven". Ainda hoje são poucas as composições na música popular que superam isso. Audição fundamental.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

A Trilogia Gay do Agnaldo Timóteo

A década de 1970 foi muito rica pra música popular brasileira. E quando falo em popular, me refiro aos artistas donos de sucesso comercial, que tocavam nas rádios e faziam a trilha sonora de grande parte população. Nada de Chico Buarque ou Milton Nascimento. Falo do pop brasileiro tão subestimado.

Passada décadas, Odair José e Fernando Mendes tornaram-se cult para a nova geração. Parte devido a elogios de Caetano Veloso, parte ao livro Eu Não Sou Cachorro Não (Paulo César de Araújo) que contextualizou o período, mas também graças ao real valor artístico. Exemplo? Não tem quem ouse negar a qualidade de discos como O Filho de José e Maria, obra conceitual lançada por Odair José e que tinha em sua ficha técnica membros do Azymuth.


Um cara que ainda não conseguiu o hype artístico da molecada é o Agnaldo Timóteo. Tem quem sinta asco pelo político ou vê apenas como piada o "sempre polêmico" convidado do programa da Luciana Gimenez. Todavia, três discos lançados pelo cantor na década de 1970 merecem atenção.

A Galeria do Amor (1975), Perdido da Noite (1976) e Eu Pecador (1977) são hoje facilmente encontrados no Spotify, mas sofreram resistência da EMI-Odeon. O primeiro deles logo de cara devido a faixa-título, uma crônica ambientada na Galeria Alaska, famoso reduto gay carioca da época. Já a canção que nomeia o segundo disco é um hino a favor da liberdade sexual. "Eu Pecador" por sua vez põe em xeque preceitos religiosos.


Tá certo que poucos associaram as letras homossexuais a um homem brucutu como Timóteo. Se fosse o Ney Matogrosso daria na cara. E eis o mérito desses artistas ditos populares/bregas. Eles conseguiam em meio a uma truculenta ditadura militar e ambiente conservador armado pela censura, cantar sobre prostitutas, anticoncepcional e homossexualismo. Transgressor é pouco para eles.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

ACHADOS DA SEMANA: The Roches, Eirc B. & Rakim, The Primitives e Art Of Noise

THE ROCHES
Com produção do Robert Fripp, esse grupo passeia por um repertório consiste em arranjos vocais inusitados.

ERIC B. & RAKIM
Conheci essa semana e já é das minhas faixas prediletas de hip hop. Sou desses. Dupla fundamental no alicerce do estilo.

THE PRIMITIVES
Ah, o final da década de 1980. Musicão.

ART OF NOISE
Synthpop dos bons. O debut da banda é espetacular. Ele traz ao gênero doses de ousadia.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

TOP 5: Músicas que justificam o Nobel de Bob Dylan

Bob Dylan ganhou o prêmio Nobel de literatura. Ele é o primeiro músico a conquistar tal feito. Justo! Se tinha alguém da classe musical que mereceria era ele mesmo. Claro que podemos entrar no mérito do quão relevante e de "cartas marcadas" é a premiação, mas prefiro concentrar a energia em exaltar Bob Dylan. Sendo assim, eis um TOP 5 das melhores letras deste menestrel.

Alias, ao contrário do que li por aí, vale reforçar que Bob Dylan faz literatura sim! A escrita é apenas uma ferramenta tecnológica de registro de uma tradição oral poética. Sendo assim, a canção do Dylan (além de suas crônicas), pode muito bem ser compreendida enquanto literatura.

Já sobre minha seleção de músicas, desculpem qualquer obviedade, mas é que quando Bob Dylan alcança seu ápice é difícil ignorar. Ainda assim é normal sentir falta de "A Hard Rain's A-Gonna Fall", "Desolation Row", "Sad Eyed Lady Of The Lowlands", "All Along The Watchtower" e tantas outras. Essa é a graça do TOP 5.


Masters Of War
Dylan tinha apenas 22 anos, mas já escrevia como poucos. O tão corriqueiro tema de oposição as guerras tem seu primeiro hino. Completamente inspirado por Woody Guthrie.

Blowin' In The Wind
Um clássico da música popular, que elevou o nível da música folk e trouxe uma poética exuberante em tempos de descrença na humanidade. Hino dos direitos civis.

Subterranean Homesick Blues
Influenciado tanto pela poesia beat de Allen Ginsberg quanto pelas sonoridades elétricas do rock, Dylan cria um petardo cantado em letra corrida. Não é absurdo chamar de pré-rap.

Like A Rolling Stone
Dispensa apresentações. Uma quebra de padrões da música pop. 6 minutos de despretensão poética a favor do rock. O estilo enfim atingia a maturidade.

Hurricane
Nada de refrão. Um texto corrido sobre a prisão indevida do boxeador Rubin Carter, acusado injustamente de assassinato. Dylan expõe na canção o racismo envolto a condenação. Uma verdadeira epopeia.

Deixem o TOP 5 de vocês nos comentários.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

TEM QUE OUVIR: Tom Zé - Estudando o Samba (1976)

A carreira de Tom Zé é uma montanha-russa. Ele estave na célula tronco do tropicalismo, desfrutou de algum sucesso com "São, São Paulo", mas viu sua carreira degringolar comercialmente, a ponto de ser chamado de "artista maldito". Foi só no final da década de 1980 quando o David Byrne (Talking Heads) ouviu Estudando o Samba (1976) e relançou sua obra nos EUA que Tom Zé tornou-se um ícone cult da música brasileira, elogiado por diversas publicações internacionais.


O que justifica seu trabalho ter sido tanto ignorado quando aclamado é a riqueza de suas composições. E isso não passa somente por suas letras, mas também pela estrutura instrumental, já que o artista baiano cresceu em meio a bossa nova e estudou com músicos de vanguarda como Ernst Widmer, Walter Smetak e Koellreautter.

Com produção de Heraldo do Monte, a criação de Tom Zé tornou-se ainda mais refinada. Isso fica nítido logo em "Mã", onde cantos típicos da cultura afro-brasileira se fundem a um arranjo nada convencional.

A versão de "A Felicidade" (Tom e Vinicius) pode facilmente ser considerada a definitiva. Já sua parceria com Élton Medeiros em "Mãe Solteira" e "Tô" evidencia o talento de um dos mais brilhantes sambistas da história, sendo que a letra desta última destaca toda a transgressão proposta por Tom Zé.

Impossível não se encantar com a graça turbinada de "Vai (Menina Amanhã de Manhã)", o arranjo vanguardista de "Toc", a tropicalista "Dói", a linda/orquestrada "Só (Solidão)" e o samba de morro "Se".

Dentro de um contexto rítmico improvável e desconcertante do que se espera do samba, vale ainda mencionar o nome do Dirceu Medeiros, lendário baterista que participou da gravação deste álbum.

Estudando o Samba não só assegurou a carreira de Tom Zé - embora tardiamente - como também foi influência direta para inúmeros artistas, do Arrigo Barnabé a Tulipa Ruiz.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

ACHADOS DA SEMANA: Buddy Guy, José Feliciano, Organisation e Ryuichi Sakamoto & Alva Noto

BUDDY GUY
Tá escolhido, Sweet Tea (2001) é meu disco predileto do Buddy Guy. Timbres/climas vintages com um aura moderna. Fora que ele tá tocando demais. Sensacional!

JOSÉ FELICIANO
Feliciano! (1969). Ao que parece esse disco fez enorme sucesso quando lançado. É bem bonito. Tem arranjos de cordas cinematográficos. Tudo isso em clássicos da época. Ray Brown tocou os baixos e o José Feliciano é um excelente violonista.

ORGANISATION
Lendo o livro do Kraftwerk cheguei a essa banda, para muitos percussores da sonoridade krautrock. Mais interessante do que propriamente legal.

RYUICHI SAKAMOTO & ALVA NOTO
Vrioon (2002), álbum do Ryuichi Sakamoto lançado em parceria com o Alva Noto, grande produtor de glitch e microsound. Apesar de admirar essa proposta de som, nunca me dou o trabalho de ouvir. Mas como um amigo recomendou, fiz uma força. É de beleza claustrofóbica. Os caras do Radiohead devem adorar. Bem bonito.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

TEM QUE OUVIR: Teenage Fanclub - Bandwagonesque (1991)

O rock do Reino Unido viveu tempos estranhos na entrada da década de 1990. Deslumbrado com a cena de Madchester e atropelado pelo grunge americano, poucos se atentaram a força de Bandwagonesque (1991), hoje um clássico daquele período e obra-prima do Teenage Fanclub.


Com uma mistura bombástica de shoegaze e power pop, o grupo atualiza a fórmula do Big Star. Nas maravilhosa balada "December" e na rockeira "What You Do To Me" isso fica mais que nítido. São perfeitas composições para cantar de peito aberto.

Mas é a icônica "The Concept" que abre o disco, com sua força juvenil, astral contido, abertura de vozes e melodia apaixonante. Tudo isso desencadeado em seu solo final, uma espécie de "Free Bird" do anos 90.

Poucas são as músicas que retratam melhor aquele período que a contagiante "Star Sign", uma canção energética com doses cavalares de Byrds. Ainda vale destacar também a doçura barulhenta de "Metal Baby" e as brianwilsonanas "Sidewinder" e "Guiding Star".

Lançado pela Creation, eis um dos clássicos embrionários do indie rock. Sabe quem adorava? Kurt Cobain.

WILCO: UMA MÚSICA POR DISCO

Post dessa semana no Maria D'escrita

Estou na semana Wilco! Após 10 anos admirando o grupo à distância, vou ter a oportunidade de assistir não um, mas dois shows da banda (obrigado, Luciana!).

Com o show me vem a oportunidade de, mais uma vez, recomendar esse grupo maravilhoso que, incompreensivelmente, não desfruta do reconhecimento que mereceria no Brasil.

Barack Obama, Bob Dylan, Neil Young, Ethan Hawke... são muitos os que se dizem admiradores do Wilco. Para que você também possa ser guiado para banda, trago uma música de cada um de seus belos discos, tentado construir um panorama de mais de duas décadas em apenas 10 canções.

Vale registrar que me limitei apenas aos discos de estúdio exclusivos do Wilco, deixando de fora o ótimo ao vivo Kicking Television (2005) e os lançados em parceria com o Billy Bragg. Sem mais delongas, eis minha seleção.


01: "Box Full Of Letters", do A.M. (1995)
Com o término do Uncle Tupelo, Jeff Tweedy e seu parceiro John Stirratt montam o Wilco calcado na sonoridade do antigo grupo. É puro alt-country, ou seja, influência de Byrds em tempos de Pavement. "Box Full Of Letters" é um belo cartão de visita.

02: "Misunderstood", do Being There (1996)
Não que o alt-country ainda não estivesse lá, mas com Being There o Wilco ganha personalidade. Tem vestígios de power pop, psicodelia e o bom gosto do Jay Bennett ao proporcionar guitarras rockeiras em arranjos agora mais elaborados, ora energéticos, ora completamente melódico, como na crescente "Misunderstood".

03: "Can't Stand It", do Summerteeth (1999)
Jeff Tweedy evolui enquanto compositor. Suas letras ficam mais confessionais e os arranjos mais cristalinos. Algumas das canções mais memoráveis do grupo estão aqui. Mais um salto de qualidade que reafirma o valor da banda.

04: "Jesus, etc.", do Yankee Hotel Foxtrot (2001)
Enfrentando um enredo brilhantemente conturbado com a gravadora, Wilco lança seu maior clássico. Um dos grandes discos do século XXI. Um apanhado de maravilhosas melodias em canções não menos que memoráveis. Tão indie quanto art rock. Difícil selecionar apenas uma faixa, mas vou de "Jesus, etc.", uma balada folk das mais belas.

05: "Spiders (Kidsmoke)", do A Ghost Is Born (2004)
Após todas as adversidades e a consagração do álbum anterior, Tweedy foi para a reabilitação tratar seus vícios e Jay Bennett abandonou a banda. O resultado foi um trabalho mais experimental, pessoal e até mesmo depressivo. Musicalmente, nenhum problema, já que a colaboração de Jim O'Rourke foi de total excelência, agora com mais ênfase em ruídos e elementos do krautrock, vide a épica "Spiders (Kidsmoke)", com direito a frases de guitarra que deixariam Coltrane intrigado.

06: "Impossible Germany", do Sky Blue Sky (2007)
Foi aqui que conheci o grupo. O espetacular guitarrista Nels Cline acabara de entrar para a banda e ajudou a construir belos arranjos para lindas canções. Disco suave, completamente oposto ao experimentalismo do trabalho anterior. Chega a ser um tanto quanto progressivo de tão bonito. "Impossible Germany" tem o melhor solo de guitarra das últimas décadas.

07: "One Wing", do Wilco (The Album) (2009)
Um álbum cristalino, pop, melódico e que em alguns momentos remete aos Beatles. Uma boa porta de entrada. Chegou a levar um Grammy. Por que a banda não é mainstream?

08: "Art Of Almost", do The Whole Love (2011)
Talvez a primeira grande queda. Não exatamente em qualidade, mas não percebo nenhum crescimento ou mudança de direção. Talvez o único destaque seja o baterista Glenn Kotche. Como ele toca, não? Claramente um trabalho menor, embora com bons momentos.

09: "You Satellite", do Star Wars (2015)
Do nada, sem prévio aviso, eis que surge Star Wars, oposto ao perfeccionismo dos últimos lançamentos, muito mais cru e experimental. Nels Cline detona. O krautrock e o Television voltam a ser referência. Ousado e difícil. Discão.

10: "Common Sense", do Schmilco (2016)
Tem muitas semelhanças com Star Wars, embora mais acústico e ainda menos polido. Fora a temática triste e confessional. A country music volta a dar sinais. Mais um disco difícil de uma banda criativa e nada acomodada.