terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

RENA RECOMENDA: ROLLING STONES NO BRASIL

Tenho postado aqui no blog textos que faço para o Maria D'escrita. Da mesma forma farei com os vídeos que faço para o vlog da minha namorada, Rena Alves. Segue o segundo abaixo:

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

TEM QUE OUVIR: Ice Cube - The Predator (1992)

Ice Cube é um gigante. Tem prestigio como MC, letrista, produtor e astro do cinema. É cercado por gente disposta a defende-lo. Definitivamente ele não precisa de elogios de mais ninguém, mas você precisa se atentar para The Predator, ótimo álbum lançado por ele em 1992.


Após atuar na linha de frente do polêmico e influente N.W.A. - grupo difusor do gangsta rap -, Ice Cube debandou para uma carreira solo de picos altíssimos, vide os furiosos Amerikkka's Most Wanted (1990) e Death Certificate (1991). Mas um acontecimento histórico nos EUA deu ao The Predator um significado ainda maior.

O álbum foi lançado em meio aos tumultos raciais ocorridos em Los Angeles, numa guerra direta contra a policia. O combate lírico de Ice Cube foi muito bem recebido por todos os negros oprimidos da América. Não por acaso o disco estreou em primeiro lugar tanto nas paradas de r&b quanto de pop, um feito e tanto para o hip hop.

Esse clima de opressão social é abordado nas espetaculares "We Had To Tear This Mothafucka Up" e "Who Got The Camera?".

O som g-funk tão evidente na época se faz valer na grooveada "Now I Gotta We 'Cha". O single pesado/urgente "Wicked" - com direito a espetacular beat e flow de ragga - teve tamanho alcance que anos depois foi regravado pelo Korn. 

É acachapante a interpretação visceral e a produção enorme em "When Will The Shoot?", com direito a batida clássica de "We Will Rock You" do Queen, só que aqui muito mais funky. A canção é dona de mais um esporro lirico.

A malandragem vocal em "The Predator" traz luz mesmo explorando temas nebulosos. Já a sensibilidade melódica de "It Was A Good Day" faz da faixa um dos grandes momentos do álbum. Uma das melhores "baladas" do hip hop.

A linha de baixo e os samples vocais em "Gangsta's Fairytale 2" são divertidíssimos. Com participação do duo Das EFX e o groove de Wilson Pickett no sample, "Check Yo Self" é outro destaque.

Agressivo, cheio de balanço e radical, The Predator é um marco do hip hop e um dos pontos altos do Ice Cube (para desespero de Eazy-E). Um disco de força politica e intensidade hardcore.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

TEM QUE OUVIR: The Cult - Electric (1987)

Não faltam detratores que acusem o The Cult de oportunismo. Como prova apontam os cliches setentistas, o salto do som gótico para o tipico hard rock em ascensão em meados da década de 1980, a postura afetada de artistas deslumbrados pela fama, dentre outras atitudes questionáveis. O que ninguém critica é o resultado sonoro alcançado pelo grupo, vigoroso durante toda sua primeira década.


É verdade que a banda outrora de pós-punk/gótico se deixou levar pelo hard rock tão em voga no mercado ao lançar Electric (1987), mas é verdade também que foi aqui onde eles alcançaram o melhor resultado (do grupo e do gênero).

De alguma forma, esse álbum pode ser compreendido como um estudo sobre o rock n' roll curto e direto. Isso se revela na excelência, mas também na repetição disciplinada de uma fórmula que envolve timbres, arranjos, levadas e atitude.

Produzido pelo Rick Rubin, o disco bebe diretamente na fonte do AC/DC. Os riffs do subestimado Billy Duffy são básicos, mas abrasivos. Destaque para seu enorme som de guitarra. 

A trinca inicial formada por "Wild Flower", "Peace Dog" e "Lil' Devil" acompanha uma boa festa. Até mesmo a versão para a óbvia "Born To Be Wild" (Steppenwolf) é surpreendente em seu êxito visceral. 

Com berrinhos à la Robert Plant, trejeitos de Mick Jagger e timbre de Jim Morrison, Ian Astbury demonstra o porque de ser lembrado como um dos grandes vocalistas daquela época. E são justamente suas qualidades que elevam o hit "Love Removal Machine".

Rock feito por rockeiros de plástico? E quem disse que o rock é honesto com ele mesmo. Deixe o papo de "música genuína" para os ingênuos. The Cult fez do oportunismo um disco entusiasmante, competente e avassalador dentro da sua proposta. Quem dera toda caricatura fosse assim.

RENA RECOMENDA: TOP 5 JU E RENA

Tenho postado aqui no blog textos que faço para o Maria D'escrita. Da mesma forma farei com os vídeos que faço para o vlog da minha namorada, Rena Alves. Segue o primeiro abaixo:

ACHADOS DA SEMANA: Steppenwolf, Gustav Mahler, Violeta de Outono e Mundo Livre S/A

STEPPENWOLF
Um amigo, um litro de cachaça e o disco de estreia do Steppenwolf. Assim foi minha tarde dia desses pós carnaval. Viramos tiozões.

GUSTAV MAHLER
Nem me pergunte como cheguei a essa maravilha. Não é do meu nível.

VIOLETA DE OUTONO
Uma das mais subestimadas bandas do rock nacional da década de 1980 num espetacular disco lançado já no século XXI (Volume 7, de 2007). Cheguei a assistir show na época. O pós-punk encontra o rock progressivo e psicodélico. Acho ótimo

MUNDO LIVRE S/A
O Outro Mundo de Manuela Rosário (2004), mais um disco ultra subestimado. Talvez o melhor neste século de uma banda oriunda do manguebeat.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

RETROSPECTIVA 2015: Lançamento (Incluindo os MELHORES DISCOS DO ANO)

Finalmente saiu minha lista pessoal com os melhores lançamentos de 2015. Reconheço que citar mais de 100 discos de um único ano é exagero, ainda mais nos tempos atuais em que tudo parece ser tão descartável. Todavia, não deixaria de citar algo bacana só para me enquadrar num numero pré estabelecido.

Apesar da grande quantidade de discos, fiz descrições (não são criticas, muito menos resenhas, são descrições) curtinhas dos álbuns, justamente por reconhecer que, embora as pessoas tenham sede de conhecimento, nem todos tem tempo/interesse/prazer de ouvir todos os lançamentos um a um, muito menos ler a minha irrelevante opinião sobre tais obras. 

Mas tá ai, o trabalho sujo está feito, com direito a uma faixa destaque para os mais preguiçosos (exceto nos "Melhores Discos do Ano", ao menos esses escutem inteiro).

Mais que uma critica, esse post é uma ajuda para quem quer caçar uma novidade (e um HD externo para eu mesmo catalogar minhas audições/preferências).

PEQUENAS OBSERVAÇÕES 

- RELANÇAMENTOS: Entre tantos relançamentos que a falta de dinheiro não nos permite desfrutar, os que mais me chamaram atenção foram os do Mutantes e o do Arnaldo Baptista.
- LIVROS: A biografia do Nile Rodgers e The Song Machine, que discorre sobre a música POP das últimas duas décadas e seus produtores/compositores invisíveis aos olhos do grande público.
- FILME: Sem dúvida, a cinebiografia da Nina Simone.
- SHOW EM DVD/BLU-RAY: Aceito dicas. Não lembro de nada que tenha me chamado atenção.
- PERDÃO, MAS NEM OUVI: Anthrax, Estelle, Slayer (mas o primeiro single achei muito fraco).


MELHORES DISCOS DO ANO (SEGUNDO EU MESMO)

BadBadNotGood & Ghostface Killah: Sour Soul 
Desde que o Gang Starr incorporou o jazz ao rap, a fusão vem proporcionando momentos de puro brilhantismo. Na parceria deste talentoso grupo instrumental com o lendário membro do Wu-Tang Clan saiu mais uma pérola.

Björk: Vulnicura 
Embora de carreira conhecidamente ousada, a Björk sempre me surpreende. Desta vez, o que me encantou foram as melodias. Produção e arranjos como sempre exuberantes. Fora que o término do seu relacionamento abordado nas letras deu uma interessante veia intimista ao disco, algo que não lembro ter acontecido anteriormente em seu trabalho.

Courtney Barnett: Sometimes I Sit And Think, And Sometimes I Just Sit 
Disco estreante de uma garota que é meio Chrissie Hynde, meio PJ Harvey, só que mais indie/pop. Composições inspiradas e interpretação vigorosa. Não dá para começar melhor que isso. 

Deafheaven: New Bermuda 
Entre o post-rock, shoegaze, emo e black metal, o Deafheaven vem se consagrando com discos sensacionais. Esse o mais acessível até agora, embora ainda profundo.

Death Grips - The Powers That B
Álbum duplo. Um épico do inferno. A produção esquisita/cacofônica/caótica/abstrata/saturada do grupo ganha sofisticação em "parceria" da Björk. É loucura.

Dope Body: Kunk 
Embora não tenha causado nenhum burburinho, o som deste grupo é puro esporro. As guitarras barulhentas encontram ruídos até então pouco explorados em canções viscerais e pegajosas. É sujeira! 

Elza Soares: A Mulher do Fim do Mundo 
Alguém esperava que Elza Soares nessa altura do campeonato lançasse um de seus melhores trabalhos? Sua peculiar voz está mais contida, embora não menos impactante. As poderosas letras merecem atenção e os arranjos remetem a vanguarda paulista. Méritos também de Guilherme Kastrup, Kiko Dinucci e tantos outros novos talentos envolvidos. 

Jim O'Rourke: Simple Songs 
Após anos oferecendo ao mundos suas esquisitices sonoras ao lado de Sonic Youth, Wilco e tantos outros, eis aqui um disco bem mais melódico. Tem um pouco de clima do rock rural setentista, arranjos que lembram Steely Dan e outras passagens mais progressivas remetendo a Genesis e Jethro Tull. Tudo isso com muita classe. Nada mal.

Kamasi Washington: The Epic 
Um épico jazzistico sinfônico-cinematográfico. Adoro como as composições ganham valor quase espiritual devido a força da interpretação. Surpreendente, rico e espetacular. Incrivelmente fez bastante barulho.

Kendrick Lamar: To Pimp A Butterfly 
Liricamente o álbum vai desde elaboradas rimas até entrevista do além com o Tupac. Isso diante de uma interpretação convicta, emocionante e até mesmo eufórica do Kendrick, uma das vozes mais singulares desta geração do hip hop. A produção é pesada e as referências vão de jazz ao Prince. Um trabalho tão ousado e complexo chamar tanta atenção é um feito incrível.

KEN Mode: Success 
Ah, o velho rock, tão fácil de me convencer! Canções energéticas, doses não moderas de ruído, convicção na execução e produção do Steve Albini. É tudo que o mundo precisa. Perfeito ao despertar do dia.

Krisiun: Forged In Fury 
Seria esse o melhor disco do Krisiun? Possivelmente. Mais elaborado, técnico e com a fúria e velocidade de sempre. Um dos melhores de death metal dos últimos anos.

Lamb Of God: VII: Sturm and Drang 
É impressionante como o Lamb Of God se supera a cada novo disco. As composições estão bem mais versáteis e elaboradas. Gosta de metal? Escute. Não gosta? Dê uma chance. 

Lil Ugly Mane: Third Side Of Tape 
Travis Miller num disco de hip hop ousado, de produção complexa e influência variada, as vezes recorrendo ao jazz, as vezes ao noise, mas sempre interessante. Um sopro de esquisitice. 

The Dear Hunter: Act IV: Rebirth In Reprise 
Tem quem possa considerar extremamente pomposo, mas os ótimos arranjos e a desenvoltura progressiva fornecem belos momentos de melodia e sofisticação atraente. É discaço.

Wilco: Star Wars 
Nels Cline voando num disco "noventista" do Wilco. Algumas guitarras lembram até mesmo o Pavement. Mas os arranjos ousados típicos da banda e as composições maravilhosas do Jeff Tweedy não negam: eis mais um grande álbum do Wilco.

DAQUI PRA BAIXO É O GROSSO DA LISTA. SÃO ÁLBUNS QUE OUVI DO COMEÇO AO FIM (ACREDITE SE QUISER) PRA FORMAR OS MEUS PREDILETOS. CLIQUE NO MAIS INFORMAÇÕES CASO SE INTERESSAR. 

AS DECEPÇÕES E OS RUINS ESTÃO NO FIM DO POST