quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Músicas para o Rogério Ceni

Entre tantos posts que quero fazer e não arrumo tempo, fica aqui um rapidinho. Uma pequena homenagem ao Rogério Ceni, maior goleiro da história do futebol e amante de AC/DC, Pink Floyd e Dire Straits.


Alias, já ouviram essa aqui do Dr. Sin? Não é das melhores, mas é uma homenagem válida. 

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

TEM QUE OUVIR: Peter Gabriel - So (1986)

Peter Gabriel tinha tudo para não ser popular, mas é. Com composições complexas - embora bastante melódicas e convidativas - além de fantasias esdrúxulas - como esquecer do girassol ambulante ainda nos tempos de Genesis? -, o homem à frente do grupo de rock progressivo se lançou posteriormente numa carreira solo musicalmente importante e comercialmente rentável.


Embora já com quatro elogiados álbuns solo na bagagem, Peter Gabriel explodiu popularmente com So, lançado em 1986 pela Geffen. Seu alcance foi de extrema importância para a ascensão da chamada "world music" (rótulo besta, mas que pegou). Isso porque o trabalho faz uma mescla de art rock, new wave e pop com ritmos africanos e brasileiros, além de motivos melódicos étnicos, vide a balada "In Your Eyes" e a linda "Mercy Street" (com percussão do Djalma Corrêa e célula rítmica do baião). Ao lado Talking Heads e do Paul Simon, Peter Gabriel foi um dos precursores dessa fundição cultural dentro da segmentada música pop.

A faixa que projetou o álbum foi "Sledgehammer", dona de clipe completamente inventivo e de alta rotação na programação da MTV. O timbre grandioso extraído dos sintetizador Fairlight CMI domina a composição. Por outro lado, uma melodia de flauta com perfume de ancestralidade japonesa traz uma ambiguidade estrutural à canção. Destaque também para a linha borbulhante de baixo.

A força do disco não se deve exclusivamente a Peter Gabriel. A guitarra etérea de David Rhodes, a linguagem particular de Tony Levin no baixo, as levadas criativas dos bateristas Jerry Marotta e Manu Katché, além das produções/arranjos enormes de Daniel Lanois, são de extrema importância para o resultado final. Tudo isso fica evidente nas ótimas "Red Rain" (tremendo groove e Gabriel emulando o Bruce Springsteen) e "That Voice Again" (excelente refrão e estrutura nada convencional).

Na balada "Don't Give Up" é a voz de Kate Bush que realça a composição. Stewart Copeland ataca a bateria na dançante "Big Time". Já em "This Is The Picture (Excellent Birds)" temos Laurie Anderson, Nile Rodgers e Bill Laswell. Um timaço que somente Peter Gabriel poderia reunir.

Tudo aquilo que o Phil Collins sonhou fazer (música pop elaborada com alcance comercial e prestigio da crítica) foi conseguindo em So

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Cirque du Soleil + Poperô = EDC

Minha coluna dessa semana no Maria D'escrita:


Neste último fim de semana, rolou a primeira edição no Brasil do EDC (Electric Daisy Carnival), um dos maiores festivais de música eletrônica do mundo.
 
Controlado pela empresa Insomniac – da gigante Live Nation, que agencia centenas de arenas ao redor do mundo, além de artistas como Madonna e Jay-Z e turnês de nomes como Jonas Brothers e U2 -, o evento passa longe de qualquer experiência sonora limite, sendo a constatação da caretice que a música eletrônica se tornou.
 
Claro que no meio da programação de festivais como EDC é possível destacar algum nome interessantes, vide por exemplo o sempre competente DJ Marky. Mas não dá para levar a sério um lineup que tem o Tiësto como destaque. Colocando na vitrine os principais nomes da EDM, o festival nada no fluxo da indústria musical.
 
EDM é a sigla para Eletronic Dance Music, uma maneira simples (e aparentemente eficaz) de anular qualquer subvertente da música eletrônica, tendo em vista que o público jovem não estaria mais interessado em diferenciar house do techno, trance, electro, drum and bass, bigbeat ou dubstep. EDM é o novo pop, feito para adolescentes que buscam “transgredir” suas rotinas em eventos corporativistas ao som de um poperô insosso. Foi assim que nomes como David Guetta e Calvin Harris adentraram o mainstream.
 
Daí em diante não demorou para Diplo gravar com Britney Spears e Beyoncé; Deadmau5 produzir músicas para videogame; Axwell remixar Usher e o Skrillex fazer parceria com Justin Bieber. Vale dizer, todos esses produtores são muito competentes.
 
Quem mais curtiu essa ascensão da EDM foram os promotores de eventos, já que as apresentações dessas novas estrelas têm custos de produção menores e faturamento maior, o que animou e fomentou patrocínio das companhias de bebidas alcoólicas e energéticos. Com dinheiro em caixa, os megafestivais de EDM viraram um “Cirque du Soleil místico”.
 
Vale dizer que aponto tudo isso sem o menor "moralismo prol música de verdade". É só a constatação dos fatos. Dito isso, para os que não se importam com essa diluição artística e está nessa por diversão, Tomorrowland Brasil 2016 promete ser um prato cheio. Eu prefiro quando a música eletrônica chega ao grande público sem fazer concessões artísticas, vide aqui:

sábado, 5 de dezembro de 2015

TEM QUE OUVIR: Beastie Boys - Licensed To Ill (1986)

Ao contrário do que possa parecer para uma juventude menos atenta, o rap nem sempre foi popular. Abordando temas que somente os negros dos subúrbios se identificavam, o estilo cresceu no gueto da indústria. O primeiro salto para o mainstream se deu com o Beastie Boys e seu álbum de estreia, Licensed To Ill (1986).


É verdade que quando o disco foi lançado, a parceria do Run-D.M.C. com o Aerosmith acabara de estourar na MTV. Todavia, foram os três branquelos judeus fãs de Bad Brains e Grandmaster Flash que levaram o hip hop pela primeira vez ao topo da Billboard. O rap finalmente chegara ao grande público.

Um dos grandes responsáveis pelo sucesso dos Beasties Boys foi Rick Rubin, que aperfeiçoou o rap dos moleques, produziu o disco, os colocou numa tour com a Madonna e outros mestres do hip hop (LL Cool J e o próprio Run-D.M.C., por exemplo) e lançou o álbum pela Def Jam, na época um pequeno selo da Columbia.

O trabalho traz muito das influências rockeiras do trio, vide o sample de Black Sabbath em "Rhymin & Stealin", Led Zeppelin em "She's Crafty" e até mesmo a participação do Kerry King do Slayer - que na época também era produzido por Rubin - em "No Sleep Till Brooklyn" (nome em homenagem ao clássico disco ao vivo do Motörhead, No Sleep Till Hammersmith) e no hit "(You Gotta) Fight For Your Right (To Party)", que fez estrondoso sucesso na programação da MTV.

Todavia, os timbres de bateria eletrônica e o estilo de rimar em "The New Style", "Posse In Effect" e "Hold It Now, Hit It", além dos scratchs em "Paul Revere", o clima festivo do miami bass em "Brass Monkey" e a aula de discotecagem em "Time To Get Ill", são a pura essência do rap. Os três estavam naquilo para se divertir e falar besteiras - algumas delas bastante problemáticas -, mas também tinham conhecimento de causa.

O grupo fez trabalhos mais sofisticados e interessantes no decorrer da carreira, mas Licensed To Ill se mantém como pedra fundamental do rap, além de sonoramente divertido.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

ACHADOS DA SEMANA: Stone Temple Pilots, Arnaldo Baptista, Tank e Antonio Adolfo

STONE TEMPLE PILOTS
É inevitável no dia da morte do Scott Weiland não se pegar reouvindo os ótimos discos do STP (e constar novamente que o Velvet Revolver não foi grande coisa). Essa música fez parte da minha infância:

ARNALDO BAPTISTA
Caixa dos Mutantes, caixa da carreira solo do Arnaldo Baptista (com direito a registros com a Patrulha do Espaço) e esse vídeo vazado. Que semana especial para os fãs do grande Arnaldo!

TANK
Gosta de Motörhead? Claro, né. Então faça como eu e pesquise por essa banda. Heavy rock simples e direto.

ANTONIO ADOLFO
Feito Em Casa (1977). Dizem ser o primeiro disco independente lançando no Brasil. Mas muito além disso, o álbum é uma pérola da música brasileira que precisa ser descoberto pelo seu conteúdo sonoro.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

TEM QUE OUVIR: Earth, Wind & Fire - That's The Way Of The World (1975)

Narrar a história de That's The Way Of The World (1975) é percorrer por fracassos. Primeiro do filme homônimo, que caiu no limbo deixando ao menos essa brilhante trilha sonora para posteridade. O segundo fracasso é do Earth, Wind & Fire, que mesmo com cinco discos na bagagem, ainda não havia conseguido grande sucesso comercial.


Foi na sexta tentativa que as coisas começaram mudar para a banda. Guiados pelo carismático Maurice White e o espetacular baixista Verdine White, o grupo fez do trabalho uma coleção de hits. A começar por "Shining Star", dona de balanço contagiante e passagens que ajudariam a popularizar a disco music anos depois.

A balada "That's The Way Of The World" também fez enorme sucesso. Seus vocais agudos e arranjo esplêndido são um símbolo da produção fonográfica da época. O mesmo vale para "Reasons", uma canção de grande apelo radiofônico, mas que passa longe da mediocridade. 

O groove de "Happy Feeling" (que baixo!), o instrumental afiado de "Africano", o tempero tão latino quanto jazzistico de "See The Light", a dançante e cheia de metais "Yearnin' Learnin'", além do arranjo quase cinematográfico da balada romântica "All About Love", completam esse trabalho espetacular.

Ao ouvir That's The Way Of The World, não pude deixar de pensar em qualidades oriundas ao "funk" e "pop" que foram perdidas. E digo isso sem qualquer juízo de valor moralista, é apenas a impressão que fica.