sábado, 28 de fevereiro de 2015

Três impressionantes showzaços para não perder de maneira alguma

Fazia tempo que não tínhamos no Brasil uma semana tão impressionante para shows. Não faça como eu de ficar sem grana e perder os espetáculos (pois é, estou recomendando o que sequer eu cumpro). Vá a todos!

Obs: nem vou procurar informações de data e local para não passar raiva. Termine o serviço ai.

The Sonics
Essa banda é a mais conhecida daquela explosão de garage rock que formou-se nos EUA na década de 1960. Seu som potente e letras subversivas influenciaram dos Stooges ao Jack White, passando por Ramones, The Cramps, Nirvana e The Hives. Todavia, o grupo não teve grande êxito comercial e acabou pouco antes da sua formação, voltando somente em 2007. Não perca a chance única de ver os velhinhos detonando. Recomendado principalmente para antropólogos do barulho.

Ministry
O Ministry chega pela primeira vez ao Brasil com uma formação competente, a fama de fazer um dos shows mais caóticos (no bom sentido) da história e uma seleção de músicas que flertam o eletrônico cacofônico com o metal mais doentio possível, o que mais tarde ficou conhecido como industrial. Só o fato da banda ainda existir e o Al Jourgenden (intitulado por mim mesmo como "o maior porra louca da história da música" - procure sua biografia e verá) ainda estar vivo, já torna tudo imperdível. Recomendado principalmente para jovens sedentos por experiências extremas.

Steve Hackett
Guitarrista extremamente subestimado, Steve Hackett, que fez parte da melhor formação do Genesis, vem ao Brasil empunhando seu instrumento e distribuindo frases de delicadeza exuberante, melodias como poucas vezes vista na história da guitarra, timbre apaixonante, técnica pontual, repertório excelente e finesse acima de tudo. Recomendado principalmente para sujeitos de bom gosto a procura de uma noite especial.

Um adendo: escrevo isso após Ringo Starr ter feito uma apresentação em São Paulo. Embora seja um ex-beatle, tenha punhado de canções legais na sua carreira solo e sua banda seja formada por músicos excepcionais (vide Todd Rundgren, Steve Lukather e Gregg Bissonette), não fui e nem recomendaria seu show. Acho meio cafona.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

TEM QUE OUVIR: The Fall - Live At The Witch Trials (1979)

É admirável quando artistas conseguem projeção sem fazer qualquer tipo de concessão. Liderado pelo enigmático cantor/compositor/porra-louca Mark E. Smith, o The Fall sobreviveu a várias encarnações com seu som singular, que caminha entre o pós-punk, krautrock e a no wave. Embora o Live At The Witch Trials (1979) seja apenas o disco de estreia de uma carreira longínqua, o álbum exemplifica muito bem as inventividades do grupo.


O disco é um caos de discrepância estética, circulando por tendências, mas de resultado vanguardista. Exemplo: se a voz de Mark em "Frightened" lembra a do John Lydon, o teclado minimalista de Yvonne Pawlett em "Mother - Sister!" aponta para caminhos experimentais. Pensando nisso, é até possível entender o The Fall como um cruzamento da visceralidade dos Sex Pistols (vide "Industrial Estate" e "Future And Pasts") com as melodias sintetizadas herdadas do Kraftwerk (vide "Two Steps Back").

Embora abordado de maneira bastante particular pela banda, é inegável que faixas como "Crap Rape 2/Like To Blow" e, principalmente, "No Xmas For John Quays", tenham os dois pés fincado no punk rock britânico da época.

A cozinha consistente formada por Marc Riley (baixo) e Karl Burns (bateria) é abrasiva, esquisitamente dançante e insistente no arranjo de "Rebelious Juke Box". Já a guitarra cacofônica/atonal/áspera/doentia de Martin Brahma é inventiva em "Underground Medicine". Músicos talentosos, mas dispensáveis nas mãos de seu líder.

Mesmo com tantas boas faixas, é "Music Scene" a faixa que melhor representa a banda. Um épico de oito minutos, que se prolongaria não fosse o final forçado pelo técnico de som. Enquanto dura, passagens humoradas e críticas a indústria da música são enfileiradas acidamente. Alias, poucos escrevem tão bem quanto Mark E. Smith, um perfeito cronista do submundo da Inglaterra.

Embora no Brasil o The Fall não tenha conquistado popularidade, sua influência ao redor do mundo alcançou nomes como Sonic Youth, Happy Mondays, Pavement, Franz Ferdinand, LCD Soundsystem, dentre outros.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

TEM QUE OUVIR: Dead Kennedys - Fresh Fruit For Rotting Vegetables (1980)

Os EUA entraram na década de 1980 rumo a caretice violenta de Ronald Reagan. Todavia, muitos artistas não pareciam se incomodar com a ascensão do conservadorismo. Até mesmo o punk rock, que na Inglaterra se mostrava tão contestador, na América continuava a apostar nas loucuras junkies e, quando tomava posição, era em defesa de Reagan, vide respectivamente a postura de Dee Dee e Johnny Ramone. Liderado por Jello Biafra, o Dead Kennedys surgiu para trazer rebeldia politica ao punk rock norte-americano, a começar pelo impactante nome da banda.


Lançado pela Alternative Tentacles, lendária gravadora de seu líder/vocalista, Fresh Fruit For Rotting Vegetables (1980) é não somente o disco de estreia da banda, mas também o alicerce do hardcore.

Embora fosse explicitamente uma banda punk, instrumentalmente eles não se limitam aos básicos três acordes. Com humor ácido e velocidade descomunal, o grupo flerta com o garage rock e a surf music, o que é natural para uma banda oriunda da Califórnia. Essa abordagem fica evidente nas divertidas "Let's Lynch The Land Lord", "Chemical Warfare" e na icônica "Holiday In Cambodia", canção misteriosa, intoxicante e memorável.

O discurso selvagem, sagaz e cômico de "Kill The Poor" e "I Kill Children" caiu feito uma luva para o momento político da época. Nem mesmo o governador democrata Jerry Brown ficou impune diante da voz aguda, anasalada e bizarra do Biafra, vide o que acontece na clássica "California Über Alles", dona de introdução e refrão poderosos. Alias, sua interpretação eufórica beira o absurdo em "Stealing Peoples' Mail". Já em "Viva Las Vegas" ele aposta no seu conhecido humor canastrão.

A intensidade das aceleradas "Forward To Death", "When Ya Get Drafted" e "Your Emotions" não deixa pedra sob pedra. Os riffs estranhíssimos de East Bay Ray (guitarra) e Klaus Fouride (baixo) em "Ill In The Head" e a bateria animalesca do Ted em faixas como "Drug Me" evidenciam a criatividade instrumental do grupo. É um petardo atrás do outro, soando abrasivo mesmo décadas após o lançamento.

ACHADOS DO DIA: Lady Gaga, Sandro Haick, Aeroblus e Townes Van Zandt

LADY GAGA
A Lady Gaga é versátil. Junto da apresentação do John Legend com o Common, foi o único momento do Oscar que valeu a pena assistir.

SANDRO HAICK
Porque não bastar se auto intitular "multi-instrumentista", o importante é ter o fraseado apropriado para cada instrumento. Poucos no mundo fazem isso tão bem quanto o Sandro Haick. Chega a assustar.

AEROBLUS
Um amigo na Argentina e essa cultuada banda na capa da última edição da Poeira Zine, logo me deu vontade de reouvir o disco.

TOWNES VAN ZANDT
Honestamente, conheci o artista no último episódio que vi do Sonic Highways. Tô pesquisando ainda, mas já achei muita coisa boa.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

TEM QUE OUVIR: Run–D.M.C. - Run–D.M.C. (1984)

A música rap, antes mesmo da concretização do movimento hip hop, nasceu como música de festa periférica. Nas block party que rolavam nos subúrbios das comunidades jamaicanas, latinas e afro-americanas, os ritmos funkeados estavam destinados a entreter as classes marginalizadas da sociedade. Oriundo do Queens (Nova York), o Run-D.M.C. representa a transição do estilo para uma abordagem mais contestadora e agressiva, tanto no discurso quanto nas bases.


Embora a produção fosse bastante crua, os ritmos extraídos de bateria eletrônica são brutais em todo o disco. "Hard Times" talvez seja o maior destaque neste sentido. 

Jam Master Jay pilota as pickups, jogando na cara scratches nervosos, samples pontuais, além de explorar com sabedoria os sintetizados da época, vide o que acontece na faixa que leva seu nome, "Jam-Master Jay". 

O grupo trouxe as guitarras do rock para a sonoridade do rap. "Rock Box" é o maior exemplo dessa nova abordagem. Entretanto, de nada adiantaria toda essas inovações instrumentais se o discurso não fosse igualmente revolucionário. 

De forma de cantar feroz - com rimas criativas, letras agressivas, entrosamento espantoso e um dos flows mais influentes da história - a dupla formada por Rev Run e Darryl McDaniels DMC é impiedosa em "Hollis Crew" e "Sucker M.C.'s".

A escola do miami bass do Afrika Bambaataa está presente na clássica "It's Like That", um hino da primeira geração do hip hop. Todavia, é a novidade sonora presente em canções como "30 Days" e na instrumental "Jay's Game" que apontou a direção para o futuro de um estilo que hoje domina a música mainstream americana.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

TEM QUE OUVIR: ABBA - Arrival (1976)

Não é em qualquer roda de amigos que podemos dizer que o ABBA foi uma grande banda sem receber olhares tortos. Mas a ignorância é para se lamentar, não para negarmos os fatos. Digo isso porque, apesar do grupo sueco soar datado, eles são donos de muitas das principais pérolas da música POP (com letras garrafais). Sendo assim, aumente o som, afaste os móveis da sala e se deixe levar pelas canções do clássico Arrival (1976).


Vale dizer que, se hoje é comum vermos produtores/compositores suecos dominando o mercado musical (vide o celebrado Max Martin), na década de 1970 a Suécia era uma aberração para a música pop. Foi com o ABBA que tivemos esse ponto de virada. Eis o surgimento da europop.

Ainda que o grupo já tivesse lançado grandes hits até então - vide "Mamma Mia" e “Waterloo”, essa última vendedora da Eurovision -, foi com álbum de 1976 que o quarteto chegou ao apogeu criativo, além de ter elevado a níveis estratosférico o sucesso comercial. 

De perfeccionismo impressionante, resultando em gravações polidas, arranjos primorosos e melodias certeiras, a dupla masculina formada por Benny Anderson e Björn Ulvaeus é meticulosa em cada nota que ecoa no álbum. Restou as suas respectivas esposas, as lindas Anni-Frid Lyngstad e Agnetha Fältskog, encantarem os ouvintes do mundo todo através de doces linhas vocais. Um grande exemplo deste casamento musical é a divertida "That's Me".

Difícil escolher o refrão mais marcante: "Dum Dum Diddle", "Knowing Me, Knowing You" e "Tiger" são épicos do pop perfeito. A coisa só melhora diante da espetacular "Money, Money, Money", dona de arranjo ousado, clima detetivesco e timbres extremamente modernos para a época.

Mas nada se compara a dançante "Dancing Queen", um sucesso estrondoso que ajudou a impulsionar (e esbranquiçar) a disco music. Música de encerramento de "festa da firma"? Pode até ser, mas quem disse que isso não pode ser divertido?

Junto do sucesso do grupo veio a ruína pessoal, que destruiu não só os casais, mas também a alegria das composições, tornando-as brilhantemente sombrias no álbum posterior, o subestimado The Visitors (1981). Ao menos a época meticulosamente descontraída da música pop se mantém intacta neste disco.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Resumindo as cansativas horas de Grammy em poucas palavras.

Gosto de assistir o Grammy. Não levo o evento a sério, nem concordo com as premiações em si - ainda que tenha achado legal Beck ter ganhado o "Melhor Disco Do Ano" pelo ótimo Morning Phase, com direito a uma quase interrupção/protesto do Kanye West -. O que importa mesmo para mim são as apresentações, embora algumas sejam extremamente cafonas e cansativas - vide (ou melhor, não veja) o que fez Ariana Grande e Katy Perry -, e outras mais parecem um tributo medonho ao Circo de Soleil - vide Madonna e Pharrell, sendo que esse último conseguiu estragar a simpática Happy (com direito a desnecessária participação do virtuoso pianista chinês Lang Lang).

Mas teve bons momentos: os velhinhos do AC/DC, novamente com o ótimo batera Chris Slade, consistentes e divertidos como sempre, ainda que ritmicamente com o pé no freio e deslocados de boa parte da plateia/artistas - dinossauros causam estranhamento na galera "moderna" -; a surpreendente união de Kanye West, Rihanna e Paul McCartney numa bela canção, com direito Nuno Bittencourt (Extreme) na guitarra; John Legend e Common numa performance linda de "Glory"; Tony Bennett e Lady Gaga apresentando para a nova geração "Cheek To Cheek" (Irving Berlin) e Beyoncé interpretando o clássico centenário do Gospel, "Take My Hand, Precious Lord".

Melhor ainda foi a versão do jovem Hozier e da fantástica Annie Lennox para "I Put A Spell On You", de autoria do Screamin' Jay Hawkins, mas famosa na voz de Nina Simona. Sensacional!

Agora, se for para procurar algo do YouTube, limite-se a apresentação da Electric Light Orchestra, do genial Jeff Lynne. É o POP perfeito. Com direito a Paul McCartney sendo o único na plateia dançando e cantando. Precisa de mais alguém? Nem mesmo a participação do Ed Sheeran conseguiu estragar. O que seria da melodia sem os ingleses?

Mais alguns adendos importantes:

- O extraordinário Herbie Hancock, ao fundo, no escuro, fazendo piano para o som raquítico do Ed Sheeran, comprova como o mundo da música é ingrato.

- John Mayer, após treta com Fender, está usando uma Jackson rosa com Floyd Rose que mais parece um instrumento do C.C. DeVille (Poison). Embora o Jeff Beck já tenha feito estrago com uma dessas, não deixa de ser curioso.

- Sia e Sam Smith (esse último, fez uma rapa nos prêmios) são um porre.

- Organizadores do Grammy, se for para fazer uma "homenagem" ao genial Stevie Wonder com o patético Usher, é melhor não fazer nada.

- A música "Heart Is A Drum" do Beck é tão boa que nem a participação do Chris Martin conseguiu estragar. Muito pelo contrário, ficou até legal.

- Prince apareceu, falou meia dúzia de palavras defendendo o formato "álbum", deixou a plateia eufórica, Beck desconcertado e sumiu tão rápido quanto apareceu. Foi impactante.

- Uma vez na vida o Dave Grohl não foi arroz de festa. 

- Tanto a Taylor Swift quanto as três integrantes da Haim são apaixonantes. Ficaram a premiação toda juntas e andam curtindo a vida graciosamente.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

TEM QUE OUVIR: Bob Dylan - Highway 61 Revisited (1965)

A história todos já sabem, mas não custa resumir: Bob Dylan - até então jovem promessa da música americana, cantor/violonista de personalidade e, acima de tudo, compositor genial -, chamava atenção como principal representante da música folk, sendo seu trabalho importante não só para a música, mas para toda a contracultura e o processo em defesa dos direitos civis que ocorria nos EUA. Preso a uma fórmula sonora, o artista sobe ao palco do Festival Folk de Newport em julho de 1965 empunhando uma guitarra. Entre vaias e gritos de "traidor", Bob Dylan funde-se ao rock. Se no começo essa eletrificação da música folk causou burburinho entre os mais conservadores, um mês depois a maioria já havia se rendido ao som vigoroso de Highway 61 Revisited (1965).


Além obviamente da qualidade enquanto letrista, o grande triunfo do Bob Dylan neste período foi trazer as raízes do rock (principalmente a tradicional country music americana e o blues rural) para uma linguagem mais contemporânea, tanto no que diz respeito a produção, quanto a instrumentação e desenvolvimento das composições.

Distante de fórmulas radiofônicas, Dylan abre o álbum com um clássico inusitado. "Like A Rolling Stone" e seus mais de 6 minutos é um épico guiado pelo som do órgão de Al Kooper, a produção reverberosa do Tom Wilson e a interpretação convicta do compositor, onde sua letra corrida e contestadora chega até mesmo a remeter ao que o rap faria no minimo 20 anos depois.

A tão polêmica guitarra elétrica é crucial na intensa "Tombstone Blues", onde as frases quentes do instrumento empunhado pelo lendário Michael Bloomfield parecem borbulhar. Por outro lado, é a gaita e o piano saloon que dominam a vagarosa e esfumaçada " I Takes A Lot To Laugh, It Takes A Train To Cry".

Bob Dylan muda a trajetória do rock através dos textos ferozes de "From A Buick 6" e "Highway 61 Revisited", além da stoniana "pré" Stones "Queen Jane Approximately". Ele também se mostra inspirado na bela balada "Just Like Tom Thum's Blues" e na espetacularmente tensa "Ballad Of A Thin Man", dona de uma das suas melhores performances vocais.

Sua raiz folk se manifesta na acústica "Desolation Row", contendo um dos mais belos (e abstratos) textos da história da música, distribuído em seus rápidos 11 minutos.

Genial e revolucionário, Highway 61 Revisited é fundamental para entender não só a carreira do Bob Dylan, mas a música popular do século XX.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

TEM QUE OUVIR: Aerosmith - Toys In The Attic (1975)

Responda rápido: qual o maior grupo de rock dos EUA? Levando em conta os vários bons discos, as turnês gigantescas, o apelo midiático inquestionável, a popularidade sempre acima da média, além dos causos que dariam uma trilogia cinematográfica, responder Aerosmith não parece absurdo.


É fato que o grupo demorou para encontrar sua identidade. Todavia, ao misturar Rolling Stones com New York Dolls, a banda moldou o hard rock, influenciando inúmeras bandas que surgiriam anos depois (Guns N' Roses, só para citar uma) e envelhecendo as bandas anteriores (Led Zeppelin, só para citar uma). O Aerosmith era acima de tudo energia, crueza e loucura.

Em seu terceiro disco, Toys In The Attic (1975), o grupo finalmente reuniu um repertório acima da média. Como passar ileso diante de rocks certeiros como "Adam's Apple", "No More No More" e da faixa titulo?

Se em "Round And Round" a banda soa quase heavy metal, em "Big Ten Inch Record" eles se entregam as raízes do rockabilly. Mas o mais curioso acaba sendo a batida reta, letra corrida e o balanço quase funk da emblemática "Walk This Way", que anos depois seria regravada em parceria com o Run-D.M.C., dando origem a fusão do rap com o rock. Aqui, em sua versão original, ele é suficientemente sensacional.

Os toxis twins, como era chamada a dupla junkie formada por Steven Tyler e Joe Perry, é intensa respectivamente nos vocais agudos e riffs/solos certeiros de guitarra, sempre com influência do blues, mas com uma pegada mais visceral e grooveada. Todavia, o grande instrumentista da banda é o subestimado baixista Tom Hamilton. Suas linhas melódicas chamam atenção desde a sacana "Uncle Salty", passando pela clássica introdução de "Sweet Emotion".

Se no decorrer da carreira - sem duplo sentido - o grupo percorreu por caminhos questionáveis que renderam longevidade a banda, a inquestionável boa fase musical do Aerosmith está nos longínquos trabalhos da década de 1970, sendo Toys In The Attic possivelmente o principal.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

ACHADOS DO DIA: Melvins, Chick Corea Elektric Band, Massacre e The Rat Pack

MELVINS
Paulada!

CHICK COREA ELEKTRIC BAND
Comecinho do grupo, ainda com Scott Henderson (que seria depois substituído pelo Frank Gambale). Gosto mais do Scott.

MASSACRE
Banda estranhaça formada por Fred Frith e Bill Laswell. Só conheci agora. Sensacional

THE RAT PACK
Que time de cantores era o Rat Pack! Frank Sinatra, Sammy Davis, Dean Martin... coisa fina.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

TEM QUE OUVIR: The Byrds - Mr. Tambourine Man (1965)

A importância que o The Byrds teve para o desenvolvimento da música popular é por vezes ignorado. Sendo um elo sonoro entre Bob Dylan e os Beatles, o grupo foi um dos grandes nomes na década de 1960, sendo seu disco de estreia determinante para essa premissa.


Longe da amplitude sonora que o grupo percorreria no decorrer da ousada carreira, Mr. Tambourine Man (1965) é o alicerce da banda, focado basicamente na música pop e folk, embora agregando a típica abordagem rockeira hippie da época. Era o som da Califórnia. 

De autoria do Bob Dylan, "Mr. Tambourine Man", embebida pela guitarra rickenbacker de 12 cordas do Roger McGuinn, fez enorme sucesso quando single e por si só bancou o lançamento do disco. A faixa é o alicerce daquilo que ficou conhecido como jangle pop (jingle-jange).

Outras três composições do Dylan preenchem o trabalho: "Spanish Harlem Incident", "All I Really Want To Do" e "Chimes Of Freedom". A eletrificação do tradicionalismo folk se dá através de "The Bells Of Rhymney", composição do lendário/veterano Peter Seeger.

Embora com tantas versões, as canções autorais dos Byrds não ficam para trás, vide a energia jovem power pop de "I'll Feel A Whole Let Better", a doçura melódica vocal de "You Won't Have To Cry", a psicodelia de "Here Without You" e o arranjo primoroso de "I Knew I'd Want You", com direito a participação Leon Russel no piano elétrico.

O álbum pode até não ser o principal dentro da discografia da banda, mas registra a fase inicial, com David Crosby e Gene Clark ainda disputando a rédea. Obra fundamental.