terça-feira, 30 de setembro de 2014

ALGO ENTRE: Black Tide e Wilson Hawk

BLACK TIDE
Quanto ouvi esse banda pela primeira vez, lá por 2008, fiquei esperançoso. Achei que ia virar algo grande para o heavy/hard. Mas não deu em nada. Ao reouvir agora entendi o porque: não é grande coisa. Todavia, vale deixar registrado.

WILSON HAWK
Projeto do grande (e por vez subestimado) guitarrista/vocalista Richie Kotzen. Se em sua carreira solo ele já demonstra bastante groove, aqui ele se joga na soul music.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

TEM QUE OUVIR: Angra - Temple of Shadows (2004)

*Um post extremamente pessoal.

Final de 2004. Eu, no auge dos meus 14 anos, começava a me interessar seriamente em estudar guitarra. Virtuosismo era premissa básica. Entre os ídolos internacionais que apareciam nas revistas especializadas no instrumento - Steve Morse, Steve Vai, John Petrucci -, alguns nacionais brilhavam - Edu Ardanuy, Juninho Afram e, a dupla do Angra, Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt -, apontando um rumo para milhares de moleques sedentos por heavy metal melódico, técnico e épico. Neste quesito, nenhum outro disco fez tanto minha cabeça quanto o Temple Of Shadows do Angra.


Angels Cry (1993) e Holy Land (1996) já tinham levado o nome do Angra para o exterior (principalmente para o Japão e a França) e feito a cabeça de muita gente. Mas para a minha geração, Temple Of Shadows é que foi o grande álbum da banda.

Se o competente vocalista André Matos já não fazia mais parte da formação, por outro lado, o instrumental do grupo se modernizou através do virtuosismo do Aquiles Priester (bateria) e Felipe Andreoli (baixo). Bastante calcado no power metal, "Spread Your Fire", "Angels And Demons" e "The Temple Of Hate" comprovam isso. Até mesmo para quem não gosta do estilo, essas canções costumam saltar aos ouvidos. Para jovens instrumentistas, um desafio a ser alcançado.

Mas é do meio pra frente que o álbum pende para o espetacular. "The Shadow Hunter" flerta metal progressivo com música brasileira sem soar forçado ou presunçoso. "No Pain For The Dead" é profunda em sua melodia e letra. "Sprouts Of Time" e "Morning Star" são de riqueza sonora impressionante. Já "Late Redemption" traz a participação impecável de ninguém menos que Milton Nascimento, elevando a estado de graça a emotiva composição.

A temática bem amarrada envolvendo uma guerra santa - mérito do subestimado Rafael Bittencourt enquanto compositor -, além do épico final proporcionado pela orquestrada "Gate XIII", dão um brilho conceitual a obra.

Ao me dar contar que se passaram 10 anos que o disco foi lançado, sofro uma mistura de felicidade e tristeza. O tempo não perdoa ninguém, nem a mim, nem ao Angra, que não mais obteve o mesmo êxito. No entanto, guardo com carinho meu CD autografado.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

TEM QUE OUVIR: Pixies - Doolittle (1989)

É coerente dizer que o Pixies escreveu grande parte do manual do rock feito na década de 1990. Musicalmente isso deu desde o intenso Surfer Rosa (1988), disco que deixou Kurt Cobain de queixo caído. Mas é comum encontrar quem prefira Doolittle (1989), um trabalho inegavelmente melhor acabado.


Abandonando a produção caótica/espetacular do Steve Albini, o grupo recorreu ao novato Gil Norton. Embora a visão nebulosa sobre fatos bíblicos, violência e doses nada moderadas de surrealismo continuem a rondar as composições do Black Francis, o disco é consideravelmente mais acessível. Mesmo os momentos barulhentos - e não são poucos -, são seguidos de boas melodias e dinâmica agradável. Daí saiu a fórmula "barulho + sussurros" adotada por milhares de bandas. Um exemplo? Ouça a paulada "Tame" e tente não lembrar do Nirvana.

O hit "Here Comes Your Man", uma balada solar que destoa dentro do repertório, aqueceu as vendas do disco, sendo um sucesso inesperado para a gravadora 4AD. Já a quase shoegaze "Monkey Gone To Heaven" conseguiu destaque no circuito alternativo. Não por acaso, já que é uma tremenda canção.

Se "I Bleed" é uma pérola psicótica que recorre a dobradinha vocal hipnotizante promovida por Black Francis e Kim Deal, "Dead" é guiada pela guitarra freak do Joey Santiano. 

Há ainda momentos enlouquecedores como "Silver" e "Crackity Jones" (com traços de Minutemen). Já as maravilhosas "Debaser" (que baita faixa para abrir um disco, hein!), "Wave Of Mutilation" (emotiva, urgente, ganchuda), "Gouge Away" e "No. 13 Baby" (com traços de Sonic Youth) estão no mais alto escalão do rock alternativo.

Clássico de uma geração destemida.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

TEM QUE OUVIR: The Clash - London Calling (1979)

Existe uma santíssima trindade na discografia do punk rock: The Ramones (1976), que inaugurou o estilo como o conhecemos; Never Mind The Bollocks, Here's The Sex Pistols (1977), uma injúria aos padrões sonoros e comportamentais; e London Calling (1979), a obra que proporcionou sobrevivência, dignidade e maturidade ao gênero.


Após a virulência dos Ramones e Sex Pistols, não havia muito a ser feito além de aperfeiçoar musicalmente e politicamente o punk rock, nem que para isso fosse necessário abandonar a caricatura tosca do próprio estilo.

Digo isso porque, após a audição do caldeirão sonoro presente neste álbum, fica explicito que de punk rock restou somente o passado da banda, além da icônica capa inspirada no disco de estreia do Elvis Presley, só que aqui contendo a fúria do baixista Paul Simonon ao destruir seu instrumento predileto. O momento foi capturado precisamente pela fotógrafa Pennie Smith, que não se intimidava ao dizer que a ampla comercialização da obra deturpou o material, tirando de si sua real essência.

Com dois discos na bagagem e a mão do produtor Guy Stevens, o Clash juntou um material de mais de 1 hora dividido em 19 musicas e 2 LPs (vendidos ao preço de um disco comum). Seria maçante se não fosse tão espetacular.

Joe Strummer e Mick Jones se mostram compositores talentosíssimos na politizada/contestadora/clássica "London Calling", dona de espetacular linha de baixo, guitarras cortantes e letra impressionantemente bem escrita. É importante lembrar que a faixa foi lançada durante a ascensão da Margaret Thatcher. Vale dizer que embora engajada, a canção não soa pedante.

Já em "Spanish Bombs" é a Guerra Civil Espanhola que é abordada, isso dentro de uma maravilhosa introdução e linda melodia.

A ampla paleta musical da banda fica explicita em faixas como "Brand New Cadillac" (rockabilly), "Jimmy Jazz" (skiffle), "Lost In The Supermarket" (pop), "Rudie Can't Fail" (reggae, meio two tone), "Clampdown" (punk rock), "The Card Cheat" (power pop) e na mistura de tudo isso em "Train In Vain".

O álbum pode até ter gordurinhas. Todavia, seu alcance já está enraizado na cultura pop. Um clássico indiscutível.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

TEM QUE OUVIR: Michael Hedges - Aerial Boundaries (1984)

É comum encontrarmos atualmente, principalmente no YouTube, violonistas talentosos extraindo texturas, melodias exóticas, harmonias complexas e até mesmo sons percussivos de seus instrumentos. Como exemplo posso citar Tommy Emmanuel, Kaki King e Andy Mckee. Todavia, quem começou com essa abordagem e influenciou incontáveis instrumentistas foi o Michael Hedges, principalmente através do ótimo Aerial Boundaries (1984).


Guiado por influências variadas - vide música folclórica, new age, Julian Bream e Eddie Van Halen -, Michael Hedges caracterizou-se pela inquietação. Usava violões peculiares - alguns até mesmo com características de harpas -, afinações alternativas e pedais de efeitos num instrumento de natureza acústica, extraindo timbres etéreos recheados de reverb.

Ainda que aparentemente o disco possa se restringir a um público segmentado de violonistas, Aerial Boundaries atingiu em cheio também os fãs de new age e world music.

Se por um lado o álbum é calcado no violão virtuoso de Hedges - com direito a golpes percussivos, tappings e harmônicos -, por outro, a participação pontual do brilhante baixista Michael Manring - mestre do fretless e dono de técnica exuberante - dá ainda mais charme ao disco.

Entre as faixas que merecem destaque estão "Aerial Boundaries", "Ragamuffin", "Hot Type", "Spare Change" e até mesmo "After The Gold Rush", um cover belíssimo para a canção de Neil Young.

Infelizmente, Michael Hedges morreu ainda jovem num acidente automobilístico no ano de 1997, não chegando a ver o nascimento de várias de suas crias artísticas. Entretanto, é comum especialistas o chamarem de "Jimi Hendrix do violão". Exagero? Escute o disco tire sua conclusão.

ALGO ENTRE: Sleep e Betinho & Seu Conjunto

SLEEP
Um dos pais do stoner. Power trio nervoso. Curto demais os timbres saturados de baixo e guitarra. Fora que os riffs são herdados do Black Sabbath. Uma maravilha!

BETINHO & SEU CONJUNTO
Num mundo pré-Jovem Guarda, o tal do Betinho ("tal" não por desrespeito, mas porque eu desconheço sua obra mesmo) já detonava sua guitarra. Muito legal!

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

TEM QUE OUVIR: The Rolling Stones - Let It Bleed (1969)

Após o caos provocado em Altamont - com direito a assassinato na platéia pelas mãos dos Hells Angels, contratados para fazerem a "segurança" do festival -, os Rolling Stones renasceram mais perigosos do que nunca em Let It Bleed (1969), onde qualquer semelhança com com Let It Be dos Beatles não é mera coincidência. Para muitos, chegava os Stones em sua melhor fase.


Lançando em plena Guerra do Vietnã, o grupo sentiu que não era hora de aliviar a mão. Outra batalha que ocorria na mesma época era a da banda contra um já pirado Brian Jones, sendo esse o último álbum a conter sua participação, mais precisamente nas faixas "You Got The Silver" - a primeira da banda a contar com o vocal principais de Keith Richards - e no épico bluseiro "Midnight Rambler".

Mas é arrasadora/mítica "Gimme Shelter" que abre o disco, com direito a refrão visceral e vozes femininas herdadas do gospel/soul. 

Não é possível também passar batido diante do refrão pegajoso de "Country Honk". Já "Love In Vain" (Robert Johnson) tem a guitarra blues preciosa de Mick Taylor, sendo essa sua primeira participação determinante na obra dos Stones.

Da linha de baixo, passando pela guitarra descomunal de Keith Richards e o vocal intenso de Mick Jagger, "Live With Me" é um dos melhores rock n' roll do grupo. Já acústica "Let It Bleed" é uma típica composição brilhante da dobradinha Keith/Jagger.

Fechando o álbum ainda é possível destacar a espetacular "You Can't Always Get What You Want", uma linda balada gospel que desencadeia num perfeito rock de arena, com direito a inteligentes viradas de bateria do subestimado Charlie Watts.

Após esse trabalho, a banda partiu rumo o colossal de obras como Sticky Fingers (1971) e Exile On Mais St. (1972) - ambos já presentes no "Tem Que Ouvir" deste humilde blog, todos produzidos pelo Jimmy Miller -. Foi aqui que o caldo começou a engrossar pra valer.

domingo, 14 de setembro de 2014

TEM QUE OUVIR: Gram Parsons - Grievous Angel (1974)

Gram Parson construiu em curto período de vida uma obra de prestigio, fosse através dos Byrds, Fying Burritos Brothers ou carreira solo. Em meio a doses desenfreadas de drogas, o artista sucumbiu em 1973, deixando registrado o ótimo álbum póstumo Grievous Angel (1974), uma pérola da música americana.


O disco é calcado na country music. Para isso, Gram Parson contou com um time de música acima da média, dentre eles o lendário guitarrista James Burton, o pedal steel de Al Perkins e a voz impecável de Emmylou Harris, que somada ao timbre de Gram, forma uma harmonia vocal aconchegante. 

Entre os principais momentos da música country estão "Return Of The Grievous Angel", "Love Hurts" e "Brass Buttons". A doçura melódica e a interpretação sensível chegam a um ponto emocionante em "Hearts On Fire" e "$1,000 Wedding", ambas transparecendo doses de amargura e depressão. Mas o trabalho contém também a energia do rock, mais especificamente em "I Can't Dance" e "Ooh Las Vegas".

O disco não foi o sucesso esperado, mas tocou em cheio o coração de diversos artistas, vide os Rolling Stones - Keith era inclusive amigo de Gram -, Eagles, Elvis Costello, Lemonheads e Wilco, que beberam do country rock deste trabalho apaixonante.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

ALGO ENTRE: John Zorn e Sá, Rodrix e Guarabyra

JOHN ZORN
Quando se juntam John Zorn, Mike Patton e Marc Ribot, o resultado é esse:

Sá, Rodrix e Guarabyra
Como essa música é boa, não? O instrumental é tão moderno que cheguei a cogitar que era lançamento quando tocou na rádio. Ignorante? Ingênuo? Perdão.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

RETROSPECTIVA 2013: Lançamentos (incluindo os MELHORES DISCOS DO ANO)

Atrasei mais de nove meses, mas finalmente ouvi tudo que queria para poder fazer a minha lista PESSOAL de melhores discos do ano com o "embasamento" necessário. Já aviso que isso prejudicou minha audição de lançamentos de 2014, ou seja, atrasarei esse ano também.

Reconheço que citar mais de 100 discos de um único ano é exagero. Ainda mais nos tempos atuais, onde tudo parece ser tão descartável. Todavia, não deixaria de ouvir/citar algo bacana só para me enquadrar num número pré estabelecido.

Apesar da grande quantidade de discos, fiz descrições (não são criticas, muito menos resenhas, são descrições mesmo) curtinhas dos álbuns, justamente por reconhecer que, embora as pessoas tenham sede de conhecimento, nem todos tem tempo/interesse/prazer de ouvir todos os lançamentos um a um, muito menos ler a minha irrelevante opinião sobre tais obras. 

Mas está ai, o trabalho sujo está feito! Com direito até mesmo a uma faixa destaque para os mais preguiçosos (exceto nos Melhores Discos do Ano, ao menos esses escutem inteiro).

Mais que uma crítica, esse post é uma ajuda pra quem quer caçar uma novidade (e um HD externo para mim mesmo catalogar minhas audições/preferências).

Separei tudo em ordem alfabética. Nacionais e internacionais, tudo misturado. Sem pódio de chegada ou beijo de namorada. Acho que assim fica mais fácil para procurar algum lançamento específico. 

Um adendo interessante: acho que desde 1989 (ano de Happy Mondays e Stone Roses) não tínhamos um ano tão "psicodélico" quanto o de 2013.


PEQUENAS OBSERVAÇÕES

- RELANÇAMENTOS INTERESSANTES: Banda Black Rio, Erasmo Carlos, Nirvana e Odair José.
- DVD: Só vi o do Black Sabbath e adorei, mas ai é chover no molhado.
- PERDÃO, MAS NEM OUVI (NÃO BATEU VONTADE, IA SOAR FORÇADO. QUEM SABE OUTRA HORA): Ana Canãs, Angra (DVD), Avantasia, Baby do Brasil, Black Flag, Ellen Oléria, Emicida, Eric Burdon, Gal Costa, Ivan Busic, John Fogerty, John Mayer, Lady Gaga, Macklemore & Ryan Lewis, Megadeth, Miley Cyrus, Motörhead, Orianthi, Rafael Castro, Robben Ford, Satan, Soilwork, Steve Vai, Suicidal Tendencies, The Strokes, Vampire Weekend e Vespas Mandarinas.

MELHORES DISCOS DO ANO (LISTA CONSERVADORA? ÓBVIA? O QUE É É)

Baptists: Bushcraft 
Um petardo entre o hardcore e o sludge. Tudo tocado de forma visceral, prevalecendo os pesados riffs e a produção consistente. O baterista é espetacular!

Black Sabbath: 13 
Não tem nada de novo, mas tem o que de melhor o Black Sabbath pode oferecer, e isso definitivamente não é pouca coisa. Rick Rubin mais uma vez acerta na produção e resgata uma banda lendária. Iommi e Geezer estão geniais (pra variar). Ozzy acima das expectativas. Brad Wilk foi a escolha perfeita para assumir as baquetas. Discaço!

Church Of Misery: The Kingdom Scum 
Stoner/doom de japorongas figuraças. É sujo, podrão, pesado e energético. Não vai mudar o mundo, mas vai chacoalhar a cabeça de quem ouvir. Afina, no Japão não tem só pop estranho e metal tonto.

David Bowie: The Next Day 
A volta de um maiores artistas de todos os tempos. Confesso que precisei de mais de uma audição para aprecia-lo em sua totalidade, mas a persistência foi recompensadora. Guitarras ásperas, letras bem sacadas e o toque de genialidade melódica típica do Bowie. O lançamento silencioso reinventa a forma de divulgação. Atitude estranha para um mundo onde qualquer "ídolo" pop tem twitter. 

Daft Punk: Random Access Memories 
Ótima produção, composições e execução. A influência dançante da disco music foi precisa. É o pop (não só no som, mas também no incrível alcance) retro-futurista perfeito. Gente do calibre do Nile Rodgers, Giorgio Moroder, Panda Bear, Pharrell, Nathan East, John Robinson, Omar Hakim, Greg Leisz, Paul Jackson Jr, dentre outros, tem papel fundamental no sucesso do álbum. Nasceu já clássico!

Death Grips: Government Plates 
Hip Hop do mal. Sequer me atentei-me as letras. Só a produção/interpretação caótica e ríspida já é impactante por si só. Um absurdo! 

Deafheaven: Sunbather 
O cruzamento absurdo do post-rock com o black metal. Virou um shoegaze do capeta. Tão brutal e barulhento quanto melódico e dramático. Beira o surreal. Nasce o "blackgaze" como tendência.

Earthless: From The Ages
Power trio instrumental com influência psicodélica, mas de resultado modernizado. As músicas são tão interessantes que até esquecemos que é instrumental (tem gente que vai ficar nervoso, mas é isso mesmo). Riffs e solos de primeira, além de dinâmica voraz que da ritmo ao trabalho. 

Elton John: The Diving Board 
Boas letras (Bernie Taupin, vou dizer o que?), produção cristalina, bem tocado (menção tanto para o Elton John quanto para a sua afiada banda) e acessível (melodias lindas). Que maravilha! A prova que seus bons discos não se restringem ao passado.

Girls Names: The New Life
Bastante calcado no pós-punk dos anos 80. Tem pitadas de Joy Division (nos baixos e vocais) e Smiths (nas guitarras). Isso não é pouca coisa. 

Gov't Mule: Shout!
Das bandas atuais com pegada setentista, essa é a mais relevante e consistente. Um show de guitarras a serviço de ótimas composições. Simples assim. 

Haim: Days Are Gone 
Soft rock do século XXI, bem feito e apaixonante. Essas três garotas sabem compor, tocar e encantam com suas personalidades. É pop, com guitarras e feito por mulheres. Acho a fórmula perfeita. Tremenda estreia.

Johnny Marr: The Messenger
Finalmente a estreia solo deste guitarrista e compositor acima de qualquer suspeita. Ótimas composições e execução que explicam sua influência. Tudo que se pode esperar de Johnny Marr é garantido pelo álbum. 

Laura Marling: Once I Was As Eagle
Fui ouvir sem grande expectativas e encontrei lindos arranjos (piano e cordas), interpretação vocal impressionante, composições sofisticadas e melodias bucólicas. Perfeito para dias introspectivos.

Melt Banana: Fetch
Noise japonês com vocais "pop". Bizarro, barulhento e especial.

My Bloody Valentine: MBV
Para o bem e para o mal, a banda voltou (após mais de 20 anos) exatamente de onde parou. Os fãs de shoegaze vão ao deleite. Discão!

Passo Torto: Passo Elétrico
Poucos músicos me chamam mais atenção hoje no Brasil que esses aqui presentes. Um combo de gente talentosa disposta a fazer musica desafiadora, de arranjos tão complexos quanto minimalista e letra angustiantes.

Purling Hiss: Water On Mars
Shoegaze "moderno", que ora empurra para o ultra melódico, ora para o excesivamente (no bem sentido) barulhento. Se lançado em 1991 seria um clássico. 

Savages: Silence Yourself
Quatro mulheres de atitude fazendo um som pós-punk barulhento e climático. Quem gosta de Siouxsie And The Banshees vai adorar. Revelação do ano.

Shining: One One One
Caótico e do mal. Sax de free jazz em composições que transitam entre o industrial e o black metal progressivo. Produção insana e climas apocalípticos. É claustrofóbico. 

Speedy Ortiz: Major Arcana
Arranjos ousado, até mesmo estranhos, para composições de doçura melódica. Interpretação precisa e guitarras enigmáticas, ora com intensidade absurda. Tem a cara do rock alternativo noventista, mas com uma produção coerente com a atualidade. Eu adoro.

Steven Wilson: The Raven That Refused To Sing 
Músicos (Guthrie Govan, Marco Minnemann) e produtor de primeira (Alan Parsons) trabalhando com o cara mais talentoso do rock progressivo dos últimos 35 anos. Alguns acusaram de ser pastiche. Talvez até seja mesmo, mas é muito bem feito e inspirado.

Suede: Bloodsports 
Bandaça lançando discão depois de uma década em silêncio. Incrível como algumas melodias são tão características de determinados grupos. Ainda que eu não tenha percebido, essa sonoridade estava fazendo falta. Só agora me liguei que o Mat Osman é um baixista muito acima da média. 

The Dillinger Escape Plan: One Of Us Is The Killer
Cada vez mais técnico, pesado e absurdo. O metal com passagens nada convencionais. Todavia, indicado somente para a molecada que curte doideras rítmicas e barulhentas.

The Virginmarys: King Of Conflict
Disco de estreia desta ótima banda de rock n' roll que faz um som consistente e sem firula. Não vai mudar o mundo, mas é muito bem tocado, divertido e energético. É o suficiente. 

Thee Oh Sees: Floating Coffin 
Uma mistura agradavelmente provocativa de garage rock, psicodelia e indie. Olha para o passado, mas aponta para o futuro. Ótimo repertório e execução.

Young Knives: Sick Octave
Não saquei muito bem do que se trata, mas soa muito bem. Um pouco graças ao sax, as programações eletrônicas, a produção e os arranjos ousados, além da influência de Talking Heads. Que combo, não?

Yuck: Glow And Behold 
Noise-pop na medida certa, chegando próximo do shoegaze. Se lançado em 1991 seria um clássico do rock alternativo. Restou ao menos ser uma grande obra atual, com chances de aclamação no futuro.
 


DAQUI PRA BAIXO É O GROSSO DA LISTA. SÃO ALBUNS QUE OUVI DO COMEÇO AO FIM (ACREDITE SE QUISER) PARA FORMAR OS MEUS PREDILETOS. CLIQUE NO MAIS INFORMAÇÕES CASO SE INTERESSAR. 

RECONHEÇO QUE AO CONTRÁRIO DOS MELHORES CITADOS ACIMA, POSSIVELMENTE NÃO VOLTAREI A ESCUTA-LOS INTEIRO. PROVAVELMENTE UMA FAIXA OU OUTRA.

AS DECEPÇÕES E OS RUINS ESTÃO NO FIM DO POST

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

TEM QUE OUVIR: Ratos de Porão - Brasil (1989)

Por mais que sejam subvalorizados nacionalmente pela mídia, devo tomar a palavra e afirmar categoricamente: Ratos de Porão é um patrimônio do rock brasileiro. Sem qualquer traço de ufanismo, dá para dizer que é uma das grandes bandas do hardcore mundial. Conseguiram isso por méritos próprios, desbravando territórios e exploraram sonoridades cada vez mais extremas, para desgosto de parte da cena punk na qual ajudaram a fomentar no país. Em 1989, já com anos de estrada e experiência internacional, lançaram uma pérola que une punk rock, thrash metal e hardcore. Brasil, um clássico do crossover.


As letras de contestação social/política/religiosa mantém-se no trabalho. Já o instrumental se mostra bastante influenciado por bandas como Discharge e pelos camaradas do Sepultura (influência neste caso mútua).

Gravado em Berlim pelo produtor Harris Johns, o álbum é muito bem acabado. A capa do disco, de autoria do Marcatti, condiz brilhantemente com a temática. Já a execução, antes tosca, aqui é suficientemente aprimorada.

No auge da inspiração e da chapação, a banda reuniu um repertório destruidor. Algumas músicas tornaram-se hinos, vide a sagaz "Aids, Pop, Repressão" e a divertida "Beber Até Morrer".

João Gordo ataca ferozmente as letras de critica a política nacional, embora de forma muitas vezes incompreensível. É possível destacar neste quesito as imperdoáveis "Amazônia Nunca Mais", "Plano Furado II", "Crianças Sem Futuro", "Farsa Nacionalista" e "Terra do Carnaval". Todas curtinhas e intensas, berradas e recheadas de ótimos riffs do subestimado Jão. Atenção também para a cozinha precisa formada por Jabá (baixo) e Spaghetti (bateria).

Fora da tendência mercadológica que reinava no rock brazuca, o Ratos de Porão criou um som consistente que ultrapassou a barreira nacional. É ainda hoje um grupo referência em atitude e pegada sonora.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

ALGO ENTRE: Vanusa e Ravi Shankar

VANUSA
Parece "Sabbath Bloody Sabbath", não? Pois é. E você achando que ela era apenas uma cantora esquecida que interpretou o hino nacional num momento xarope.

RAVI SHANKAR
Minha irmã ganhou um CD contendo essa música faz tempo. Ontem dormi ouvindo. Me fez bem.

TEM QUE OUVIR: Madonna - Like A Prayer (1989)

É incrível a dificuldade que muitas pessoas - incluindo críticos musicais - tem em reconhecer a Madonna não só como um fenômeno comercial e comportamental, mas também como uma artista dona de valoroso trabalho musical. Representando todas estas qualidades está Like A Prayer (1989), uma preciosidade do pop.


Se desde sempre a Madonna subvertia ao andar na companhia de b-boyz, além de sensualizar numa América extremamente machista - vide o bom Like A Virgin (1984) -, a maturidade artística, sem abrir mão da polêmica abordagem sexual - hoje tão banal, no passado tão impactante -, deu as caras em Like A Prayer.

O sucesso foi tão estrondoso que a chama de Cyndi Lauper - até então sua rival artística -, começou a se apagar. Isso se deu através da maturidade sonora, não somente da Madonna, mas do produtor Pat Leonard, que fez do disco um tributo não declarado ao Prince - que participa na ótima "Love Song" -, Phil Spector, Motown e a Stax. Daí se deu uma mistura de dance music com rock, soul, gospel e funk. É a célula tronco da música pop como a conhecemos hoje.

Produção pulsante, ritmos dançantes, melodias grudentas e performances instrumentais primorosas são encontradas nas maravilhosas "Like A Prayer" (um hit instantâneo, um épico do pop), "Express Yourself" (um hino feminista com as mão do Stephen Bray em seu groove sacolejante), "Cherish" (um pop perfeito, teen e de execução orgânica com estética AOR), "Dead Jessie" (de arranjo quase lisérgico) e "Keep It Together" (de groove espetacular à la Sly And The Family Stone, mas com timbres atualizados a época).

Gwen Stefani, Spice Girls, Jennifer Lopez, Kylie Minogue, Shakira, Christina Aguilera, Britney Spears, Pink, Lady Gaga, Rihanna, Katy Perry, Miley Cyrus... são infinitas as cantoras - talentosas ou não - influenciadas tanto pela postura quanto pela música da Madonna. Nenhuma delas tão relevante quanto a "Rainha do POP". A legitima sucessora de Marilyn Monroe.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Eu estava errado, o thrash metal tem bons guitarristas solo sim!

Sempre gostei tanto do thrash metal (principalmente o americano). Todavia, não achava os guitarristas do estilo bons solistas. Curtia mais pelas bases caprichadas de caras como James Hetfield (Metallica), Scott Ian (Anthrax), Andreas Kisser (Sepultura), Dave Mustaine (Megadeth), as duplas do Slayer, Lamb Of God, dentre tantas outras.

Mas isso mudou. E citarei caras que fizeram eu reconhecer isso.

01: Gary Holt
Embora ele seja idolatrado pelo Kerry King e o Kirk Hammett (um dos caras que me levaram a ter preconceito com os solistas do thrash), o público (e me incluo nessa) ainda não aprendeu a valorizar devidamente o Gary Holt, o espetacular guitarrista do Exodus. Talvez agora que ele esteja no Slayer a coisa mude. Precisão acima de tudo!

02: Chris Poland
Alguém me responde o que são aquelas frases sensacionais que o Chris Poland apresenta a cada solo do Peace Sells, clássico do Megadeth? Ele tem dá uns bends bem insanos. Ultra criativo e desafiador.

03: Marty Friedman
Típico virtuoso do metal. Toca passagens impossíveis não só pela técnica, mas por sua abordagem melódica pouco usual, recheada de escalas exóticas. Seu fraseado, bends e vibratos são muito expressivos.

04: Alex Skolnick
Estudou com o Joe Satriani, ouviu jazz desde pequeno e quando adolescente se aprofundou no fusion. Quando foi tocar metal somou tudo isso ao seu repertório. Abordagem rica e técnica.

05: Jeff Hanneman e Kerry King
Aqui está o grande aprendizado. Os solos do Slayer não são ruins como achava. Eles condizem perfeitamente com a imundice dos riffs, das letras... da agressividade do conceito. E é justamente isso que um bom guitarrista tem que fazer. Alavancadas claustrofóbicas, notas atropeladas, harmônicos infernais... está tudo ai, e eu acho ótimo.

06: Dimebag Darrell
Ele é de outra geração, nem sei se posso por no mesmo pacote. Tecnicamente preciso, criativo, dono de um timbre enorme, influenciado por nomes que vão de Billy Gibbons ao Eddie Van Halen. Não tem erro! Dele eu sempre gostei.

07: Jeff Waters
O Annihilator é ultra subestimado, assim como seu guitarrista/líder, Jeff Waters. A galera que gosta de thrash metal e quer fugir do óbvio tem que conhecer essa excelente banda já veterana.

TEM QUE OUVIR: The Kinks - Arthur (or The Decline And Fall Of The British Empire) (1969)

Em 1969, era cada vez mais difícil se manter relevante no seleto grupo que deu origem a Invasão Britânica. Beatles, Rolling Stones e The Who estavam numa ascensão impressionante de qualidade nas composições e galgando cada vez mais espaço no mercado americano. Todavia, os sempre subestimados The Kinks não ficaram para trás. Com Arthur, a banda conseguiu - apesar do sucesso moderado -, elevar sua excelência lirica.


Não foi só o The Who que se dedicou a ópera rock. Arthur, originalmente uma trilha sonora de um projeto cancelado para a TV britânica, narra a história do personagem homônimo, um inglês que tem sua vida destruída ao defender seu país na guerra. Após se estabelecer com sua esposa Rose numa linda casa (Shangri-la), ele tem sua tranquilidade novamente posta em risco ao perceber seu filho Derek na linha do tiro.

Ainda que os arranjos sinfônicos sejam encontrados por todo o disco - principalmente no que se diz ao naipe de metais -, as guitarras dos irmão Ray e Dave Davies ainda estão no centro das atenções. O solo em meio a canção de "Yes Sir, No Sir" é espetacular. Já o riff à la Creedence de "Victoria" embala um dos principais hits do grupo. Isso sem falar nas guitarras pesadas de "Brainwashed".

O pop barroco dos arranjos e as harmonias vocais em canções como "Some Mother's Son" e "Drivin" evidenciam a preciosa abordagem melódica e o típico humor inglês do grupo.

Mas é somente através da riquíssima "Australia" e do incrível lado B - formado pela rockeira "Mr. Churchill Says" (com direito a genial solo de guitarra), além das épicas "Shangri-la", "She's Bought A Hat Like Princes Marina" e "Arthur" (para não citar todas) -, é que o disco alcança o brilhantismo, capaz de ser reconhecido décadas após o lançamento como uma das obras mais importantes do rock britânico.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Me afogando nas lágrimas do hardcore melódico brazuca

Dentre tantas cenas musicais distorcidas pela grande mídia e pelo público ignorante (de ignorar/desconhecer, não de ser "burro") está o hardcore melódico brasileiro. Nem vou me estender ao assunto, apenas recomendo que todos assistam o ótimo documentário Do Underground Ao Emo (Daniel Ferro), produzido pelo canal BIS.


O que farei aqui é postar algumas músicas dos grupos desta cena. Algumas faixas são bastante conhecidas, outras nem tantos. Caso se interesse por alguma canção especifica, recomendo se aprofundar na respectiva banda. 

Dead Fish
Inegavelmente o melhor grupo dentre todos da cena. As letras são bacanas, o instrumental é encorpado, tem boas melodias e, o principal, a atitude DIY da banda é louvável. Um dos principais grupos do estado do Espírito Santo.

Sugar Kane
Grande banda curitibana que só vem melhorando com o passar do tempo. Recomendo fortemente a audição do mais recente disco deles, Ignorância Pluralística (2014).

CPM 22
A banda que fomentou toda a explosão desta cena. Não é a melhor nem de longe e, para ser honesto, acho as letras bem ruins. Todavia, é interessante observar a popularidade incrível que a banda alcançou. Chega a parecer utópico para o rock nacional dos dias de hoje. Fez parte da minha pré-adolescência.

Hateen
O verdadeiro emo brasileiro. Melódico, com letras bastante pessoais e feito numa época que isso era alternativo. Dear Life (2000) é no minimo honesto.

Garage Fuzz
Não conheço muito bem, mas sempre que ouço lembro do Pennywise. Ainda que não seja a minha onda, acho The Morning Walk (2005) um discão.

Dance Of Days
Sabe aquela banda que de tão ruim é legal? Pois então... 

Rancore
Ainda que não apareça no documentário citado acima, acho que da para colocar o grupo na mesma cena, não? Eu gosto do disco Seiva (2011). A produção do Rafael Ramos é impecável e os arranjos de guitarra são bem interessantes.