quarta-feira, 30 de abril de 2014

ALGO ENTRE: Bill Evans Trio e Lamb Of God

BILL EVANS TRIO
Com direito a Eddie Gomez no baixo. Sem mais.

LAMB OF GOD
Um dos shows mais brutais da história do... YouTube. Assito direto. 

segunda-feira, 28 de abril de 2014

TEM QUE OUVIR: Hüsker Dü - Zen Arcade (1984)

A linha que separa o hardcore do rock alternativo - esse último enquanto vertente musical e não somente enquanto necessidade comercial - da primeira metade da década de 1980 é tênue. No Hüsker Dü, banda oriunda da cena hardcore, a mutação se deu de forma bastante espontânea. Ao priorizar um lado mais melódico e temais pessoais no seminal Zen Arcade (1984), o trio de Minnesota trilhou um caminho independente.


Assim como o R.E.M. e o Replacements, o Hüsker Dü cresceu através de apresentações no circuito universitário. Seus discos não alcançaram grande sucesso comercial, mas foram amplamente influentes e aclamados pela critica, ajudando a estabelecer uma cena que se contrapunha aos shows nas grandes arenas.

Com 70 minutos distribuídos em 23 músicas, o disco intercala composições herdadas do punk rock (vide as velozes/barulhentas "Broken Home, Broken Heart", "Indecision Time", "Beyond The Threshold" e "Pride") com canções influenciadas pelo rock melódico dos Byrds ("Never Talking To You Again"), com direito a uso de violões numa abordagem quase folk psicodélica.

Impossível não visualizar Bob Mould e Grant Hart prevendo o futuro do rock em faixas como "Chartered Trips", "Standing By The Sea", "Pink Turns To Blue" e "Turn On The News". 

Do experimentalismo hendrixiano de "Dreams Reoccurring", passando pela vinheta "One Step A Time" e finalizando com a quebradeira épica "Reoccurring Dreams", o álbum é um manifesto retro-futurístico.

Vale destacar ainda a abertura do disco com "Something I Learned Today", o mantra-shoegaze-punk "Hare Krsna", a frenética "I'll Never Forget You" (tremendas guitarras!), a combinação de Velvet Underground com Stooges em "What's Going On" e a melódica "Newest Industry". Todas interpretadas com intensidade absurda através de timbres grandiosos e ácidos, mérito conseguido com ajuda do icônico produtor Spot.

Do punk rock do Minutemen ao post-hardcore do At The Drive-In, passando pelo rock alternativo do Pixies, o emo do Sunny Day Real State e o grunge do Nirvana, o Hüsker Dü tornou-se um dos primeiros ícones indie, sendo Zen Arcade sua obra-prima.

sábado, 26 de abril de 2014

TEM QUE OUVIR: Sister Sledge - We Are Family (1979)

Ao ouvir o que há de melhor na música POP nos últimos anos, percebemos forte influência da disco music. Como exemplo posso citar o Bruno Mars e o Daft Punk. Parece que finalmente a disco ganhou o prestigio que os bons artistas deste período merecem. Mas voltando no tempo, para conhecer o que há de melhor no estilo é preciso dar uma atenção extra ao espetacular We Are Family (1974) das Sister Sledge. 


Longe de ser aquela música caricata (embora divertida) dos Embalos de Sábado a Noite, o álbum reúne composições que transitam entre o funk, soul e r&b, mas com uma aproximação pop típica da disco music. 

Formada por quatro irmãs, Sister Sledge fez enorme sucesso comercial. Musicalmente, o disco brilha ao contar com Nile Rodgers e Bernard Edwards, a genial dupla do Chic, que não só produziram o disco, mas também contribuíram com suas sempre grooveadas linhas de guitarra e baixo.

Embalado pelo ritmo dançante conquistado através da guitarra/baixo/bateria, temos arranjos de cordas bem elaborados e vocais ultra melódicos, sendo que nos refrães, a harmonia criada pelas vozes é de perfeição extrema. Tudo isso pode ser conferido em faixas que ditaram as noites na virada da década de 1970, como "He's The Greatest Dancer", "Lost In Music", "Think Of You" e, seu principal hit, "We Are Family".

Num único disco é possível sentir o apelo dançante, romântico, social e sexual. E pensar que ainda tem gente que acha que a disco music foi meramente pasteurização comercial. 

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Guitarristas com as melhores palhetadas alternadas

Sei que ando fazendo muito post sobre guitarra, mas tentem não dormir e aproveitem que logo volto com assuntos mais "divertidos".

O post de hoje é um pouco técnico e, de certa forma, completamente babaca. Que diferença faz nos dias de hoje um guitarrista ser exímio numa determinada técnica? Nenhuma! Ainda mais quando a música em si não é boa. De qualquer forma, estava aqui pesquisando alguns músicos e achei interessante compartilhar os grandes achados com os leitores deste humilde blog. Vai que tem algum guitarrista que cai aqui no blog por acidente e acabe descobrindo algum artista.

Explicada minha fase guitarristica e o conteúdo aparentemente inútil do post, acompanhe as músicas selecionadas e se deparem com músicos espetaculares em grandes momentos. Nos vídeos fica bastante claro o que os torna \mestres na palhetada alternada.

Obs: É óbvio que o James Hetfield e o Nile Rodgers (só pra citar dois) comem a palheta com farinha em suas bases poderosas. Entretanto, o conceito de palhetada alternada está ligado aos momentos de solo/melodia em que notas individuais são atacadas em sequência, de forma rápida e precisa, alternando a direção da palhetada. Acompanhem os vídeos e ficará facil entender.

Obs: Tentei ser eclético. Tem jazz, country, fusion e metal.

Les Paul
É fato que o sempre inventivo (literalmente) Les Paul usava recursos de estúdio para acelerar suas passagens na guitarra. Todavia, é possível também dizer que esse mestre do instrumento foi o primeiro a impressionar os guitarristas com sua palhetada.

John Mclaughlin
Esse gênio do jazz rock foi que deixou explicita a abordagem virtuosa na guitarra. Seus solos intrincados em velocidade chocante ainda hoje são referência para diversos guitarristas. Tocar rápido é relativamente fácil, quero ver é ter a maturidade melódica e harmônica de um Mclaughlin.

Al Di Meola
Pense num Paco de Lucia com influência ainda mais nítida da música latina executando aquelas passagens velocíssimas com palheta. É isso que o Al Di Meola faz, seja na guitarra ou no violão.

Larry Coryell
Sempre gostei muito daquele show do Mclaughlin com o Paco e o Al Di Meola. Mas quando vi apresentações do Coryell substituindo o Meola é que percebi que nada é tão bom que não possa ficar ainda melhor.

Steve Morse
Steve Morse une country, fusion e hard rock na guitarra, sempre apresentando boas melodias em passagens rápidas. O típico virtuose de fraseado maduro.

Yngwie Malmsteen
É fato que o Malmsteen "só" sobe e desce as mesmas escalas há mais de 30 anos. Entretanto, é inegável sua qualidade técnica e influência no mundo das 6 cordas. O grande nome da chamada guitarra neo-clássica. É o Paganini da guitarra.

Paul Gilbert
Ao contrário de muitos fritadores (shreds), Paul Gilbert não é pretensioso e chato. Seus solos são divertidos, rockeiros e cheio de palhetadas incrivelmente limpas. Suas digitações incomuns serão eternamente fonte de estudo aos guitarristas ao redor do mundo.
Obs: achei um vídeo com dicas valiosas para os guitarristas e bastante ilustrativo para os não músicos.

John Petrucci
Há mais de 20 anos, jovens guitarristas se trancam em seus quartos para aprender as passagens desafiadoras de John Petrucci. É tudo muito técnico e mecânico, mas incrivelmente encantador (principalmente para quem tem menos de 15 anos).

Zakk Wylde
Com sua abordagem calcada em frases de blues rock, timbre pesadíssimo e harmônicos brutais, as pessoas até esquecem que o Zakk Wylde tem uma das melhores palhetadas de todos os tempos. E tudo isso com uma pegada assustadora.

Wander Taffo
No Brasil, ninguém batia de frente com Wander Taffo no quesito palhetada alternada. Fortemente influenciado pelo Steve Morse, ele apresentou para muitos brasileiros a técnica, criando (literalmente) uma verdadeira escola musical.

Menção honrosa: Django Reinhardt, Alvin Lee, Albert Lee, Jan Akkerman, Uli Jon Roth, Eddie Van Halen, Steve Vai, Joe Satriani, Shawn Lane, Jason Becker, Nuno Bettencourt, Buckethead, Rusty Cooley, Michael Angelo Batio, Guthrie Govan, Robertinho de Recife, Edu Ardanuy e Juninho Afram.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

TEM QUE OUVIR: The Flaming Lips - The Soft Bulletin (1999)

Se eu tivesse a terrível missão de selecionar apenas três bandas surgidas nas últimas três décadas para ouvir pelo resto da minha vida, o Flaming Lips certamente seria uma delas. Como se não bastasse seus shows surpreendentes e imponentes, a postura de manter-se sempre inventivo nos discos é o que mais me agrada no grupo. Saindo do experimental Zaireeka - trabalho quádruplo feito para ser tocado simultaneamente -, o grupo partiu para uma abordagem muito mais pop e melódica, mas não menos desafiadora e interessante. Nascia The Soft Bulletin (1999).


É não menos que emocionante a sequência inicial do álbum formada por "Race For The Prize" (uma das melhores introduções da história, de timbre espetacularmente reverberoso), "A Spoonful Weighs A Ton" (de beleza corrosiva) e "The Spark That Bled". Nitidamente influenciado pelo Pet Sounds (Beach Boys), o disco transborda uma calmaria assustadora, costurada por arranjos orquestrados e melodias brilhantes.

Em meio a sutileza das composições, é possível viajar pelos mais opostos sentimentos. Tudo isso foi conseguido não somente devido o talento do Wayne Coyne (líder e principal compositor do grupo), mas também ao trabalho impecável do produtor Dave Fridmann e do multi-instrumentista Steven Drozd, que trouxeram grandiosidade sonora para a obra.

A banda consegue mesclar com perfeição - e sem soar presunçoso - timbres modernos de bateria eletrônica, sintetizadores com arranjos orquestrados e camadas de guitarras retro-futuristas, vide a inacreditável "Suddenly, Everything Has Changed".

Entre a contemplação universal, a insanidade mental e o nirvana espiritual, as letras soam esperançosas em meio a crise da humanidade. Ir de encontro a poética do álbum é quase como uma intervenção religiosa. Quer exemplos dessa minha percepção? Escute "Waitin' For A Superman". Se deixe emocionar também com "The Spiderbite Song".

Mas tudo isso é visão muito particular e pouco técnica. Ou não, tendo em vista que o álbum rapidamente tornou-se cult. De grupo obscuro, o Flaming Lips atingiu o hype, sendo muito disso graças ao maravilhoso The Soft Bulletin.

terça-feira, 22 de abril de 2014

ALGO ENTRE: Guerra-Peixe e Greg Koch

GUERRA-PEIXE
Embora criminosamente pouco conhecido, Guerra-Peixe foi um dos maiores compositores brasileiro. De arranjos para Tom Jobim, passando pelas mais emblemáticas composições da música erudita (com forte apelo popular) feitas em território nacional, Guerra-Peixe merece audição continua no ano de seu centenário.

GREG KOCH
Ótimo guitarrista. Embora pouco conhecido, seu trabalho vem há anos conquistando novos ouvintes. Ele destrói em todos os estilos.
 

segunda-feira, 21 de abril de 2014

TEM QUE OUVIR: AC/DC - Highway To Hell (1979)

Tem quem ache as músicas do AC/DC simples demais. "São só 3 acordes", diz um sujeito precipitadamente. O que quero ver é outras banda com apenas 3 acordes reunir um repertório tão bom quanto o que encontramos no clássico Highway To Hell.


Já tendo na bagagem trabalhos espetaculares como High Voltage (1976) e Powerage (1978), Highway To Hell (1979) é a consagração definitiva - musical e comercial - do grupo australiano. É também o último trabalho com o lendário vocalista Bon Scott, que faleceu meses após o lançamento do disco, devido uma enorme quantidade de álcool consumida na noite anterior. Trágico, mas puramente rock n' roll, assim como o som que ecoa dos falantes a partir do momento em que a agulha encosta no vinil. 

Seja através das bases potentes do Malcolm Young, dos solos bluseiros/sexuais/endiabrados de Angus Young, da rouquidão ébria de Bon Scott ou da cozinha eficaz e pé no chão formada pelo baixista Cliff Williams e o baterista Phil Rudd, fato é que tudo o que há de mais energético e divertido no hard rock está reunido aqui.

Pouco importa se as letras só falam de festas na companhia de bebidas, mulheres e do Diabo. E daí se os riffs são uma repetição um do outro quando a matéria prima original é o melhor de todos? Resumindo: Não há como resistir as clássica "Higway To Hell", "Girl's Got Rhythm", "Walk All Over You", "Touch Too Much", e, simplificando, o repertório inteiro, produzido magistralmente pelo Robert Lange.

O disco pode ser traduzido como uma estadia do Chuck Berry no inferno acompanhado de centenas de garotas nuas numa noite open bar. Tem algo melhor que isso? Não por acaso a molecada gostou (e ainda gosta). Clássico definitivo do rock n' roll.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

TEM QUE OUVIR: The Temptations - Cloud Nine (1969)

Quando o The Temptations lançou Cloud Nine (1969), eles já eram um grupo consagrado e experiente, sendo considerado um dos principais nomes do r&b e doo-wop. Todavia, neste trabalho eles abusaram de uma inventiva e espetacular fusão de funk com elementos psicodélicos.


Com hits e singles de sucesso - vide "My Girl" -, precisou esse grupo vocal de prestigio para escancarar de vez essa abordagem funk/psicodélica dentro da conservadora Motown. Para isso eles contaram com a indispensável contribuição do Norman Whitfield na produção e composição, essa última atividade com seu fiel parceiro Barrett Strong. O sucesso comercial foi estrondoso. A critica também adorou, garantindo até mesmo o primeiro Grammy para a gravadora. Além disso, choveram músicos influenciados pela obra, do George Clinton ao Isaac Hayes.

O grupo contava neste instante com Melvin Franklin, Otis Williams, Eddie Kendricks, Paul Williams e Denis Edwards, esse último substituindo David Ruffin. Fora da linha de frente, músicos do Funk Brothers forneciam a base swingada para o disco. 

Bebendo na fonte do Sly And The Family Stone, é possível visualizar a influência nas guitarras recheadas de wah-wah de "Cloud Nine", na percussão latina/psicodélica de "Runaway Child, Running Wild", na liberdade criativa sócio-política de "I Heard It Through The Grapevine" e nas incontáveis linhas de baixo dançantes, vide "Don't Let Him Take Your Love From Me" e "Gonna Keep On Tryin' Till I Win Your Love". Mas The Temptations era um grupo vocal e seu poder de fogo é se mostra gritante em faixas como "Hey Girl" e "I Gotta Find a Way (To Get You Back)".

Cloud Nine é a tradução de uma época. Um documento em nome do que de melhor a black music americana produziu.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Austin City Limits, um templo da guitarra

Coincidentemente, ao vasculhar pelo YouTube vídeos de grandes guitarristas, me deparei com uma sequência de shows gravados em Austin, no Texas, mas precisamente para o programa Austin City Limits. Postarei aqui alguns deles para que vocês possam confirmar a conclusão que tive: Austin City Limits é o um templo da guitarra!

Stevie Ray Vaughan
Show emblemático. O único da lista que tenho em DVD. Sem muito o que acrescentar a respeito deste ícone da guitarra. Sempre especial.

Danny Gatton
A cada audição eu renovo a ideia de que Danny Gatton foi um dos guitarristas mais versáteis de todos os tempos. Em um mesmo solo ele aborda country, blues, jazz, rockabilly e mais o que a quantidade de compassos permitir.

Roy Buchanan
Sempre recorro a essa apresentação quando quero ouvir o genial Roy Buchanan. Assim como Gatton, ele era dono de uma paleta sonora de infinitas possibilidades. Seu timbre cortante é o meu predileto de telecaster. Um dos guitarristas mais expressivos da história.

The Allman Brothers Band
Um combo de guitarras inesgotável. Referência do que há de melhor na música norte-americana.

Richard Thompson
O grande ícone da guitarra folk inglesa marcando presença no lendário palco.

Eric Johnson
Assim como no caso do Buchanan, sempre recorro a esse vídeo para lembrar o quão o Eric Johnson é espetacular. Timbre único, fraseado fluente e melodias atraentes. É a típica composição que só guitarrista gosta? Pode até ser. Mas sou guitarrista, então tá tudo certo.

B.B. King
O rei do blues não poderia ficar de fora desse palco. Genial.

Jack White
O maior nome da guitarra rock do século XXI (ao menos o mais popular) quebrando tudo em Austin.

The Black Keys
Ainda hoje sendo um lugar da vanguarda do blues-rock. [1]

Gary Clark Jr.
Ainda hoje sendo um lugar da vanguarda do blues-rock. [2]

quarta-feira, 16 de abril de 2014

TEM QUE OUVIR: The Germs - (GI) (1979)

Em que momento o punk rock desaguou no hardcore? Sem resposta definitiva, cada um acredita no que quer. Meu palpite é que foi através do clássico obscuro (GI), lançado pelo The Germs no fatídico ano de 1979.


Com Sid Vicious morto e a new wave mostrando as garras, a proposta do The Germs de fazer punk rock de forma ainda mais veloz e agressiva veio a calhar, embora tenha passado quase despercebida, reverberando somente anos depois na cena grunge, que diga o Kurt Cobain, admirador confesso da banda. 

Numa mistura de autodestruição niilista e humor provocativo, Darby Crash, vocalista/líder/porralouca do grupo, fazia de suas performances uma verdadeira catarse de fúria. Em disco a coisa não foi diferente.

Com uma produção nada sofisticada assinada pela Joan Jett - embora longe da porquice que se era esperado -, o álbum soa abrasivo e pronto para entrar em combustão. 

As guitarra do Pat Smear (aquele mesmo do Nirvana e Foo Fighters) fala alto em faixas como "Land Of Treason" e "Richie Dagger's Crime". Ele procura espaço em meio ao caos sonoro e berros eloquentes de seu líder descontrolado. 

A cozinha formada pela Lorna Doom (baixista e figura feminina fundamental na história do punk/hardcore) e Don Bolles (bateria) não deixa o ouvinte respirar, proporcionando uma sequência nocauteante de ritmos certeiros.

Se a curtinha "What We Do Is Secret" é o puro hardcore, "Communist Eyes", "Strange Notes" e "Lexicon Devil" são tudo que qualquer banda punk gostaria de ser.

Como no punk tudo é urgente e explosivo, Darby Crash teve uma overdose proposital de heroína no ano seguinte, justamente no mesmo dia do assassinato do John Lennon, ofuscando qualquer possível repercussão sobre sua morte e terminando o que mal havia começado, deixando esse único disco de legado ao movimento hardcore.

ALGO ENTRE: Noel Rosa e John 5

NOEL ROSA
Existe algum compositor brasileiro melhor que Noel Rosa? Existe algum compositor brasileiro tão mal interpretado? Felizmente temos Aracy de Almeida para salvar o ótimo repertório de Noel.

JOHN 5
Ele quebra tudo com o Rob Zombie e fez o mesmo com o Marilyn Manson, mas sua carreira solo é o que destaco. Fusão maluca e divertida de rock instrumental, heavy metal e country music (!?).

segunda-feira, 14 de abril de 2014

TEM QUE OUVIR: Nick Drake - Five Leaves Left (1969)

Desde que o samba é samba, damos de cara com personagens que transmitem dor, solidão e conflitos existenciais, não somente através de suas obras, mas também na personificação do próprio criador. No altar divino da dramaticidade musical está Nick Drake, cantor/compositor cult, que conquistou popularidade tardia através de álbuns como Five Leaves Left (1969).


Trazendo dois dos melhores instrumentistas do folk inglês - Richard Thompson do Fairport Convention e Danny Thompson do Pentangle -, o disco é calcado na sonoridade acústica e intimista do estilo, sem abrir mão de arranjos bem amarrados e sensibilidade pop. Diante de belas faixas que exemplificam isso estão as delirantes "Three Hours" e "Time Has Told Me", que inclusive cita em sua letra a tal "cura" que levaria Robert Smith a batizar sua banda anos depois.

Embora Nick Drake fosse um cantor contido, suas composições encurtam a comunicação com o ouvinte. Não por acaso sua abordagem poética é tão festejada, mesmo com anos de atraso. Neste quesito é possível destacar a reflexiva "River Man".

Com traços orientas, arranjos de cordas elaborados e flerte psicodélico - características em alta na época -, composições como a linda "Way To Blue" e a ousada "Cello Song" ganham ainda mais profundidade. Já "Day Is Done" destaca-se por sua beleza melódica. Por sua vez, "Man In A Shed" traz seu violão arrojado.

Em meio a uma sociedade cada vez mais carente de respostas práticas, compaixão com o indivíduo e anseios não correspondidos, Five Leaves Left soa como um pequeno antídoto aos males do mundo. Tudo leva a crer que o trabalho tem longa vida garantida e, seu criador, embora não mais presente em vida, se faz presente em obra.

domingo, 13 de abril de 2014

TEM QUE OUVIR: 808 State - 808:90 (1989)

Com a ascensão do electropop na década de 1980, em algum ponto o rock deixou de ser o principal interesse dos jovens. Experimentações eletrônicas começaram a se sobressair. Embalados por uma cena forte que crescia em Manchester, o 808 State foi o grupo que melhor abusou de timbres eletrônicos em músicas dançantes. O que hoje parece comum, começou aqui.


808:90 (1989) é um álbum fundamental para entender a evolução da música pop. Trazendo climas noturnos, ritmos dançantes e bases elaboradas, o disco surpreendeu ao cair no gosto da molecada, que levou o trabalho a boas colocações de vendagem na Inglaterra.

É impossível não notar a ótima produção e o trabalho elaborado na escolha de samples e dos timbres sintéticos, extraídos inclusive dos 808 State, modelo de bateria eletrônica lançado pela Roland. Essas características são gritantes nas espetaculares "Ancodia" e "Cobra Bora", ambas com peso brutal e breakbeats influentes.

Embora tenha uma abordagem moderna, nada adiantaria se as linhas melódicas não agradassem. É neste patamar que entram verdadeiras pérolas como "Magical Dream" e, principalmente, "Pacific 202", ainda hoje um clássicos das raves britânicas.  Já "Donkey Doctor" tem vestígios do miami bass.

Se o Stones Roses abraçou os ainda interessados no rock psicodélico e o New Order explodiu no pop, o 808 State cresceu na marginalizada e sempre interessante cena eletrônica, levando a acid house a níveis estratosféricos.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

TOP 5: Nasceram na época errada

Vira e mexe amigos postam nas redes sociais que "nasceram na época errada", isso junto de algum vídeo de uma banda antiga. Não vou nem entrar no demérito que é não ver as centenas de bons grupos atuais. O intuito deste post é transpor o "nascer na época errada" para os artistas. Ou seja, sabe aquele artista que tem um som datado (não exatamente no sentido pejorativo), que soa como uma espécie de revival? Pois então, tentarei reunir eles aqui.

Só postarei bandas/artistas legais (de acordo com minha percepção). Som ruim já é triste de ouvir quando novidade, imagine o pastiche.

01: Johann Sebastian Bach
Logo de cara temos uma pequena curiosidade. Ainda que Bach seja o compositor mais famosos do período barroco, sua música foi considerada ultrapassada na época, tanto que ele morreu praticamente no anonimato. Seus filhos, hoje pouco lembrados, quando vivos fizeram mais sucesso que ele. Todavia, sua escola contrapontística e as grandes composições para órgão foram devidamente reconhecidas anos depois. Não por acaso o final do período barroco se dá justamente na morte do compositor.

02: The Jam
É fato que o The Jam bebeu muito do punk rock contemporâneo a sua formação, mas é verdade também que o som do grupo é calcado na cultura mod de 15 anos antes, principalmente de grupos como Small Faces e The Who. Dos terninhos, passando pelas composições tipicamente inglesas, o The Jam poderia muito bem ter surgido em 1964.

03: Stray Cats
Fazer rockabilly em pleno início da década de 1980 parecia absurdo, mas ao ouvir o excelente Stray Cats vemos que não. Esse trio poderoso liderado pelo Brian Setzer (que pegou emprestado até mesmo o visual do Eddie Cochran) é minha banda predileta do estilo. Fica a lição: quando uma estética é legal, não tem porque restringi-la ao passado.

04: Black Crowes
Impossível olhar para o Black Crowes e não perceber toques de Led Zeppelin, Rolling Stones, Humble Pie e tantos outros grupos setentistas. Hoje temos grupos assim aos borbotões (vide o Rival Sons), mas quando o Black Crowes surgiu, essa tendência era novidade. Até a roupa deles estava empoeirada.

05: Lenny Kravitz
O Sly & The Family Stone da década de 1990 (ok, fui longe demais!). Lenny Kravitz virou as costas pra tecnologia na música e reviveu estilos do passado. Nem mesmo o corte de cabelo ele fez questão de atualizar.

E aí, que outros casos deste tipo vocês se lembram? Deixem nos comentários.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

TEM QUE OUVIR: Kiss - Kiss (1974)

O rock não está ai para ser levado a sério. Ele não tem compromisso com a moral e os bons costumes. Sendo divertido, intenso e jovem já está ótimo. É por essas e outras que o KISS é um dos melhores exemplos de rock n' roll, sendo seu disco de estreia eternamente empolgante.


O KISS não conquistou a legião de fãs mais fiel do planeta por acaso (Iron Maiden, Grateful Dead e Rush estão logo na sequência). Os shows espetaculares da banda sempre foram um grande atrativo.

No KISS a imagem é tudo, sendo que nos discos isso é transferido para suas espetaculares capas, reunindo personagens que mais parecem demônios aos olhos dos pais e super-heróis aos olhos dos filhos. Essa foi apenas uma entre as milhares de ideias marketeiras do grupo. Mas nada adiantaria se a música não fosse igualmente impactante. E era (é)!

"Strutter" abre o disco escancarando um riff espetacular de Ace Frehley. O refrão malicioso de "Nothin' To Lose" esbanja o que há de mais atraente no rock. O baixo simples, pesado e eficiente de Gene Simmons se revela nas faixas "Firehouse", "Let Me Know" e "100,000 Years".

Apesar de tantas boas canções, "Deuce" tornou-se o hit. Dona de um riff marcante e refrão pegajoso, a música é ainda hoje ponto alto nos shows circenses do grupo, assim como "Black Diamond", faixa de arranjo sofisticado e multi-climático. 

Neste ano de 2014, o KISS foi incluído no Rock And Roll Hall Of Fame e saiu pela primeira vez na capa da revista Rolling Stone. Se a critica até então pouco se importou com a banda, o público rockeiro sempre tratou de enaltecer o quarteto. Um dos ponto altos do hard rock americano.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Artistas ignorados pelo Rock N' Roll Hall Of Fame

Amanhã acontece nos EUA mais uma edição do Rock N' Roll Hall Of Fame, evento anual onde artistas são introduzido a um "seleto" grupo de "medalhões da música". Tudo com o aval de "especialistas". 

Percebeu minha ironia? Ela existe não por eu achar que os "felizardos" não mereçam homenagens, mas sim por considerar esse corporativismo dentro rock n' roll uma bobagem. Pelo visto os integrantes do Sex Pistols também pensam o mesmo:


Feita a critica, surge a indagação: Por que então clamar pela introdução de outros grandes nomes da música numa organização deficiente na sua origem? Não tenho a resposta. Mas vale como brincadeira/discussão.

Deixo aqui então a minha sugestão para os próximo eleitos.

*Pretendo ir atualizando esse post conforme os artistas forem sendo introduzidos ao RN'RHF.


Motörhead
Uma palavra: Lemmy.

King Crimson
Um grupo marginal e inventivo, que conseguiu influenciar do Rush ao Voivod. Foi do mais sublime rock progressivo, passando por uma obscuridade quase heavy metal e se apropriou com categoria da new wave. Fora que revelou um tal de Robert Fripp.

Iron Maiden
Seja pelos cinco primeiros discos excepcionais, pelas tours que rodam o mundo ou pela influência exercida em milhões de jovens espinhentos, fato é que o Iron Maiden é uma das grandes bandas do heavy metal.

The Smiths
Sequer consigo entender a ausência. Uma das bandas inglesas mais brilhantes e influentes.

Sonic Youth
Toda a cena alternativa representada num único grupo. Porque no submundo do rock, foi essa banda que mais fez barulho.

E mais uma "listinha" para inspirar o RN'RHF: Dick Dale, Moby Grape, The Sonics, The Meters, Cliff Richard & The Shadows, John Mayall & The Bluesbreakers, Albert Collins, Iggy Pop (solo), Ozzy Osbourne (solo), Nick Drake, Love, Iron Butterfly, Ten Years After, Grand Funk Railroad, Mountain, Steppenwolf, Uriah Heep, The New York Dolls, MC5, Big Star, Brian Eno (solo), Slade, Ry Cooder, Jethro Tull, Soft Machine, Faust, Can, Free, Bad Company, Rainbow, Rory Gallagher, Thin Lizzy, Scorpions, The Runaways, The Specials, The Jam, Gang Of Four, PIL, Magazine, Siouxsie & The Banshees, Joy Division, Gary Numan, Chic, B-52's, Devo, New Order, Television, Stray Cats, The Cramps, Killing Joke, X, Echo & The Bunnymen, Tears For Fears, Nick Cave, Butthole Surfers, Dead Kennedys, Black Flag, Bad Brains, Minor Threat, Saxon, Mötley Crüe, Slayer, Anthrax, Megadeth, Fugazi, Pixies, The Jesus And Mary Chain, My Bloody Valentine, Dinosaur Jr., Pavement, Faith No More, Jane's Addiction, Soundgarden, Mudhoney, Alice In Chains, Teenage Fanclub, Primal Scream, The Stone Roses, Happy Mondays, Smashing Pumpkins, Daniel Johnston, Flaming Lips, Ministry, Massive Attack, Portishead, PJ Harvey, Björk, Wu-Tang Clan, Pantera, The Prodigy, Blur, Oasis, Weezer, Wilco, Korn, Deftones, Sigus Rós, Sepultura, System Of A Down, The White Stripes...

terça-feira, 8 de abril de 2014

TEM QUE OUVIR: Jeff Buckley - Grace (1994)

Existem uma enorme quantidade de jovens artistas que tentam galgar espaço usando aparato hereditário. Jeff Buckley poderia ter sido um desses, já que é filho do cultuado cantor folk, Tim Buckley. Todavia, seu trabalho é tão coeso que poucos - ao menos no Brasil - lembram de seu pai. Mesmo com a morte trágica e prematura aos 30 anos, Grace (1994), seu único trabalho em vida, foi bom o suficiente para coloca-lo entre os melhores interpretes da música popular da década de 1990.


Sendo constantemente elogiado por nomes como Robert Plant e Jimmy Page, Jeff Buckley conseguiu espaço na pequena cena alternativa de Nova York. Com todos os holofotes virados para Seattle, a dramaticidade de Jeff Buckley se contrapunha ao esporro grunge. As angústias eram as mesmas, mas foi abusando de belas melodias, arrojadas harmonias e arranjos melancólicos que o artista construiu sua personalidade.

Embora algumas canções carreguem sentimentos depressivos, a atmosfera presente do álbum está mais próxima da reflexão do que do martírio. Essa abordagem foi copiada posteriormente com sucesso por outros artistas, vide o Radiohead.

Compositor de mão cheia, Jeff Buckley emociona nas belas "Mojo Pin", "So Real" - ambas de dinâmica peculiar -, "Grace" e "Last Goodbye" - que linhas de baixo! -, além da pesada "Eternal Life", com interpretação vocal exuberante.

Todavia, nada soa mais sentimental que as versões para "Lilac Wine" - de chorar! - e "Hallelujah", essa última sendo capaz até mesmo de nos fazer esquecer da versão original do Leonard Cohen, o que definitivamente não é pouca coisa. Guitarra e voz parecem ecoar dentro de uma catedral. Uma maravilha.

Vale deixar registrado que esse é um dos poucos discos que trazem a produção, engenharia e mixagem do grande Andy Wallace, mais conhecido por ser exclusivamente mixer. 

Seja através das letras emocionantes, vocal afiado, melodias de amarrar o coração e/ou arranjos perfeitos, fato é que Grace é uma obra de extremo bom gosto de um artista que tinha tudo para dar saltos ainda maiores. 

segunda-feira, 7 de abril de 2014

ALGO ENTRE: Za! e Russian Circles

ZA!
Duo esquisito. Tocou no Sónar em São Paulo anos atrás.

RUSSIAN CIRCLES
Power trio instrumental de stoner/doom. O baixista manda muito bem.

domingo, 6 de abril de 2014

TEM QUE OUVIR: Ratt - Out Of The Cellar (1984)

Já se passaram décadas desde que aquela cena de heavy metal/hard rock oitentista (para nós brasileiros, hard farofa) oriunda da Califórnia foi aniquilada. Os cabelos espalhafatosos, guitarristas virtuosos, refrães pegajosos e temas festivos não sobreviveram bem ao tempo. Mas ao rever a história, em meio a toda aquela palhaçada, é preciso admitir que o Ratt apresentou um bom repertório, vide o ótimo Out Of The Cellar, uma ovelha negra em meio a tantos trabalhos medonhos.


Com músicos acima da média, vide o excepcional guitarrista Warren DeMartini (elogiado até mesmo pelo Frank Zappa), a banda apresenta momentos divertidos, embalados por riffs empolgantes ("Lack Of Communication"), solos mirabolantes ("In Your Direction") e refrães energéticos ("She Wants Money"). Mesmo em "Wanted Man", faixa que abre o disco, já é possível notar uma maturidade no arranjo.

Embora tenha feito enorme sucesso nos EUA, a banda não abre mão do peso nas canções, sendo incrível pensar no alcance que "Round & Round" teve na época. E o esporro se prolonga pela ótima "Back For More" e pelas tipicamente heavy metal "The Morning After" e "I'm Insane".

Resumindo, toda a energia que nos remete a festas intermináveis frequentadas por coelhinhas da Playboy e com cocaína consumida desenfreadamente estão enraizadas na atmosfera deste disco. É óbvio que nem tudo está salvo, como comprova as letras imaturas, timbres polidos, excesso de euforia e a capa datada. Todavia, se há algo daquela época que pode ser aproveitado está justamente aqui.

sábado, 5 de abril de 2014

TEM QUE OUVIR: Nirvana - MTV Unplugged In New York (1994)

Há exatos 20 anos morria Kurt Cobain, o último grande ícone do rock. Nada mais apropriado que reouvirmos seu suspiro final presente no MTV Unplugged do Nirvana.


Antes mesmo do acústico virar um modelo/engodo feito pra galgar público e, consequentemente, grana fácil, o Nirvana apostou num repertório desafiador e estética desconfortável. Gravado poucos meses antes do suicídio de Kurt Cobain, o cenário do espetáculo, coberto por flores e velas, remete diretamente a um premonitório velório.

Ainda que no decorrer do show eventualmente apareça os hits dos álbuns anteriores, vide "Come As You Are", "About A Girl" e "Polly" - todas transparecendo com nitidez as boas melodias antes escondidas pelo esporro das versões originais, além da voz áspera de Kurt -, chama atenção o fato deles apostarem em canções até então pouco aclamadas pelo grande público ("On A Plain") e, principalmente, o fato de terem deixado "Smells Like Teen Spirit" de fora do setlist.

O álbum é recheado de covers emblemáticos, fosse de uma desconhecida banda do rock alternativo, como acontece em "Jesus Wants Me For A Sunbeam" do Vaselines, ou de um dos grandes medalhões da música do século XX, vide a brilhante "The Man Who Sold The World" do David Bowie. 

Entretanto, é na sequência das ótimas músicas do Meat Puppets, feita na companhia dos próprios criadores, que está uma das grandes heranças deixada pelo Kurt ao rock, que é de trazer aos holofotes excelentes grupos restritos ao underground.

Tudo se encerra numa versão emocionante de "Where Did You Sleep Last Night" (Leadbelly, um dos pioneiros do blues), lamentada e berrada por um Kurt Cobain imerso em seu destrutivo brilhantismo. Uma música "voz e violão" nunca soou tão ríspida e saturada quanto aqui. 

O Acústico MTV do Nirvana é o modelo definitivo para este tipo de trabalho. É também o único acústico corporativo que merece estar em sua estante.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

O que assistir no Lollapalooza 2014

Neste fim de semana rola em São Paulo o Lollapalooza 2014. Pensando nisso, trago ao blog bandas/artistas que você não pode deixar de conferir no festival, vá você nele ou não. 

Eu mesmo assistirei tudo pela TV, acomodado no meu sofá, tomando cerveja, comendo polenta frita, com banheiro limpo a disposição e estando cinco metros da minha cama. Independentemente de você fazer o mesmo, ou preferir se aventurar no Autódromo de Interlagos ao lado 70 mil hipsters, o importante é escolher bem o que você vai assistir. Fica aqui as minhas dicas:

Observações:
- Apesar dos dois primeiros discos serem espetaculares, o Pixies ao vivo costuma ser bem maçante, ainda mais agora sem a Kim Gordon.
- Lorde e Jake Bugg ainda não sei o que esperar, mas creio que não vou gostar. Aguardarei.
- Não acho o Cage The Elephant tão ruim assim. E ouvi dizer que o show até que é bem energético.
- Vale dar uma checada no show do Phoenix, mas sem grandes expectativas.
- Já digo desde já (o que, alias, muitos já sabem): o pior show de todo o festival vai ser o do Imagine Dragons. Fuja desta merda! Consegue ser pior que o Julian Casablancas.

Muse
Não entendo as criticas que a banda sofre. O repertório é bom, os músicos tocam bem, visualmente o show funciona... se for no mesmo nível do show do Rock In Rio que rolou seis meses atrás, vai ser ótimo. Agora, se o Matthew Bellamy tiver mesmo sem voz como andam falando, corre o risco de ser fiasco.

Arcade Fire
Os quatro discos lançados pelo Arcade Fire são bem legais. Ao vivo eu não faço ideia de como é, mas acredito que ao menos passa longe de ser ruim. Veremos.
Obs: o que mais valorizo no Lollapalooza é o fato deles apostarem nas "bandas do momento", sendo o Arcade Fire a escolha deste ano. Chega de ver somente Metallica e Iron Maiden nos grandes festivais do Brasil.

Soundgarden
Banda vetenara, com ótimos músicos, repertório fantástico e que consegue passar por cima até mesmo das desafinações ao vivo do carismático Chris Cornell. Acho que não vai ter erro. É showzão.

Nine Inch Nails
Tem tudo para ser o grande show do festival. Trent Reznor é um criador de mão cheia, sendo que repertório para ele não é problema, podendo inclusive contar com as músicas do Hesitation Marks, o elogiado recém trabalho do grupo. Visualmente os shows do NIN costumam ser sombrios e apoteóticos. E para garantir a excelência sonora, na banda de apoio estará o requisitado baixista Pino Palladino. Resumindo: não perca esse show por nada.

New Order
A banda perde ao não contar mais com o baixo característico do Peter Hook? É claro. Mas o caminhão de hits é tanto que o show tem tudo para ser ao menos divertido. Obs: vai ser no mesmo horário que o Arcade Fire. A escolha fica a critério da aposta de cada um.

Johnny Marr
O eterno guitarrista do The Smiths não apenas abusará das excelentes músicas de sua ex banda (com destaque pra "Bigmouth Strikes Again"), como também destacará seu ótimo disco solo (The Messenger). Esse show não tem erro, não perca por nada.

Savages
Formada apenas por mulheres, o Savages foi uma das maiores revelações do ano passado e é a grande novidade do festival para o grande público. Silent Youself é discão (meio dark, meio pós punk). Se fizerem jus ao que está registrado em disco vai ser no mínimo um ótimo show.

Nação Zumbi
A única banda brasileira escalada no festival que eu pagaria para assistir. Triste, não? Bandas boas não faltam. Todavia, a organização decidiu apostar no indie modernoso inofensivo.


Constatações pós o evento: o show do Pixies até que foi bem divertido (dado o padrão dos shows do Pixies). Vampire Weekend conseguiu ser pior que o Imagine Dragons. Savages conseguiu se sair melhor que o NIN. Soundgarden superou minhas expectativasArcade Fire convence ao vivo. New Order envelheceu terrivelmente, mas o repertório fala positivamente por si só.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

TEM QUE OUVIR: The B-52's - The B-52's (1979)

Sempre tive dificuldade de entender o B-52's. Por muito tempo achei que era uma palhaçada oitentista. Entretanto, ao ver gente do gabarito do Lux Interior, Dave Grohl e Kid Vinil elogiando o grupo, decidi rever meus conceitos. Foi ai que compreendi que é justamente no disco de estreia da banda lançado em 1979 que está o grande legado do grupo.


A abordagem retro-futurista bem humorada presente nas perucas pitorescas, roupas burlescas de brechó e, claro, no som, que misturava punk rock com surf music e o doo-wop das girls groups, era o que tinha de mais criativo no auge da new wave. Não teve uma alma sequer que não deixou se levar pelo som dançante do grupo.

Não foi só a beleza exótica de Cindy Wilson e Kate Pierson que chamaram atenção. A postura no palco e as vozes "defeituosas" eram de uma liberdade quase infantil. Querendo ou não, isso era muito punk rock, não só em atitude, mas também sonoramente, vide "52 Girls" e "Hero Worship".

As divertidas "Rock Lobster" e "Planet Claire" - com direito a riff roubado de "Peter Gunn" do Duane Eddy - foram singles que por si só garantiram o sucesso do álbum. Não que as outras faixas também não merecessem atenção, muito pelo contrário, são justamente nas descompromissadas "Dance This Mess Around" e "Thre's A Moon In The Sky" que estão os grandes momentos do disco.

The B-52's é um exemplo de criatividade, liberdade artística, talento, personalidade, bom humor e de como soar jovem e festivo. Como é que pude um dia achar isso bobagem?

quarta-feira, 2 de abril de 2014

TOP 5: O apogeu do BRock 80's na década de 1990

Há tempos eu defendo a ideia de que as grandes bandas do tal BRock 80's - bandas brasileiras de rock que surgiram na década de 1980 - lançaram os seus melhores discos na década de 1990.

Curiosamente, todos os grupos viviam momentos desfavoráveis, mas ao escutar tais músicas é que sentimos o amadurecimento e a criação da identidade sonora.

01 - Titãs
Criticados em peso pela revista BIZZ, que via nos Titãs uma "surfada na onda" ao tentar emular a sonoridade grunge - chegando até mesmo a trabalhar com o produtor Jack Endino, o mesmo de Bleach do Nirvana, no álbum Titanomaquia -, fato é que os dois primeiros trabalhos lançados no início da década de 90 pelo grupo trazem a rebeldia e o peso sonoro que tanto fazem falta no rock nacional mainstream atual. Se não é a melhor fase da banda - gosto muito do Cabeça Dinossauro -, é uma das melhores.

02 - Barão Vermelho
Entre os anos de 1988 e 1996, foram lançados os melhores discos do Barão Vermelho, todos já sem o Cazuza - bom letrista, fraco cantor -, todos com pouca vendagem. As músicas são rock n' roll da melhor qualidade feito no Brasil. O Frejat é um guitarrista/vocalista/compositor de mão cheia. A produção dos discos lançados neste período são impecáveis (remetem até mesmo ao Aerosmith). Definitivamente é a melhor fase do Barão.

03 - Os Paralamas do Sucesso
Os Paralamas passaram o início da década de 90 tomando pedrada da imprensa brasileira e fazendo sucesso na Argentina. O brilho voltou por completo no ótimo Hey Na Na (1998), talvez o melhor disco da banda, feito com muita personalidade, longe da sonoridade do Police tão explorada na década anterior.

04 - Ira!
Justamente na fase em que o Ira! vendia uma quantidade risível de discos, que o Nasi estava pegando pesado na cocaína e o interesse do Scandurra em trabalhar com música eletrônica crescia, foi que a banda lançou seus discos mais pesados e rockeiros.
Obs: gosto muito do Ira! na década de 80 também. Os três primeiros discos são clássicos indiscutíveis do rock nacional, mas os trabalhos posteriores merecem atenção.

05 - Camisa de Vênus
O Camisa de Vênus não lançou sequer um único disco ruim, mas sua fase na década de 1990, que contava com a participação do Luiz Carlini na guitarra e Franklin Paolilo na bateria (ambos ex-Tutti-Frutti), é hoje a minha predileta. Vira e mexe boto pra rolar os discos Plugado e Quem É Você?. São os trabalhos da banda com as melhores performances instrumentais e produção. Todavia, volto a lembrar: curto muito o Camisa na década de 80, principalmente seu disco de estreia e o clássico ao vivo Viva.

terça-feira, 1 de abril de 2014

TEM QUE OUVIR: Dusty Springfield - A Girl Called Dusty (1964)

O vasto acesso a informação que a internet possibilitou não está ai para ser desperdiçado. Uma das principais funções da rede é a de sanar as barreiras da comunicação impostas no passado. Todavia, é incrível o quanto a Dusty Springfield ainda é desconhecida no Brasil, mesmo tendo feito enorme sucesso na Inglaterra (sua terra natal) e nos EUA desde seu primeiro disco, o impecável A Girl Calles Dusty (1964).


A Invasão Britânica liderada pelos Beatles não levou para a América do Norte somente bandas como Rolling Stones, The Who e Kinks, mas também cantoras, vide o sucesso alcançado principalmente por Dusty Springfield. 

Aquela jovem e inofensiva lolita inglesa presente na capa do álbum, guarda em sua voz potência suficiente para deixar até mesmo Aretha Franklin intrigada (ok, talvez eu esteja exagerando, mas nem tanto). Seu trabalho é calcado na soul music americana, embora a melodia pop britânica esteja enraizada em seu canto.

"Mama Said" e "Do Re Mi" são canções POP's - com letras garrafais - que arrebataram milhares de jovens. Paralelo a simplicidade encantadora da cantora estão os arranjos grandiosos e melodiosos de faixas como "You Don't Own Me" e "My Coloring Book". É possível encontrar também faixas de peso quase rockeiro, vide "When The Lovelight Shining Through His Eyes", até então conhecida através das Supremes.

Tendo no repertório composições de Burt Bacharach ("Twenty Four Hours From Tulsa" e "Anyone Who Had a Heart") e Ray Charles ("Don't You Know"), restou a Dusty fazer o que melhor sabia, interpretar as canções com sua grandiosa voz.

O EUA pode até ser dono das divas mais famosas da música, mas Dusty Springfield tem um trabalho bom o suficiente para bater de frente com qualquer uma delas. Não por acaso foi uma das primeiras brancas adorada pelo público negro.